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  • Salvar uma vida ou seguir a religião?
    Iniciado por Puca
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Puca
Hoje fiz uma coisa que não fazia há anos, vi um episódio de uma novela. :)

Com isso e dentro do enredo da história surgiu uma situação interessante, sobre a qual gostava de saber as vossas opiniões.

Imaginem que são um médico, chega-vos ao hospital um doente inconsciente que para lhe salvar a vida é necessário uma transfusão de sangue. Mas a família opõe-se a esse procedimento pois a religião de todos eles não permite que receba sangue de outra pessoa, têm uma declaração assinada pelo doente onde claramente se recusa a receber sangue. O que fariam? Salvavam-lhe a vida ou deixavam-no morrer?

Citaçãotêm uma declaração assinada pelo doente onde claramente se recusa a receber sangue.

para mim não existe dúvida... acima de tudo o médico está ali para defender os interesses do doente... mesmo que estes ditem a sua morte... se lhe salva-se a vida estaria a sobrepor a minha vontade à vontade dele... e com isto a afectar o seu livre alvedrio.
a minha religião é a verdade...

Puca


Também penso que não o deveria fazer...mas o médico é médico para salvar vidas. A razão diz-me que não está correcto faze-lo, mas parece que o coração não colabora. :)

Ola Puca boa noite, também vi o episódio

Falando na religião ou mesmo não tendo religião se temos uma ideia de como queremos ser tratados, devemos mesmo assumir de forma total as nossas vontades, ou seja esse paciente primeiro nem devia de ir ao hospital, onde os médicos fizeram uma jura de tentar salvar todas as vidas  que conseguirem, ou seja todas não interessa quem é ou que acredita ou o que fez.

E se uma religião tem regras diferentes das de um hospital então deviam ter um hospital que funcionasse com essas mesmas regras, fizessem menos igrejas(ou salas de culto) e mais hospitais e teriam médicos que tivessem as mesma religião.

Não acho nada justo os médicos terem de passar por essas decisões, medicina convencional  não é religião.

Por isso existem medicinas alternativas.

digo também que estou completamente de acordo com a religião de cada um e conheço bem a religião em questão e sei o que os move aliás essa religião até tem bastantes pontos positivos. No final estão todos certos, quem não quer receber a transfusão e de quem aplica a transfusão.
Nameste
Nameste

independentemente das crenças ou "vontades" do doente, antes de mais nada ele é um cidadão e deve ser tratado como eu gostaria de ser tratado... as crenças dos médicos são uma conversa à parte...  ;)
a minha religião é a verdade...

Citação de: Puca em 21 maio, 2015, 01:30
Hoje fiz uma coisa que não fazia há anos, vi um episódio de uma novela. :)

Com isso e dentro do enredo da história surgiu uma situação interessante, sobre a qual gostava de saber as vossas opiniões.

Imaginem que são um médico, chega-vos ao hospital um doente inconsciente que para lhe salvar a vida é necessário uma transfusão de sangue. Mas a família opõe-se a esse procedimento pois a religião de todos eles não permite que receba sangue de outra pessoa, têm uma declaração assinada pelo doente onde claramente se recusa a receber sangue. O que fariam? Salvavam-lhe a vida ou deixavam-no morrer?

sendo como um medico... o ideal, devia salvar lhe a vida
como medico, escolheu esse profissao para tratar doentes, salvar vidas... fazer tudo para terem uma vida saudavel

mas na realidade, nao e tao facil como queremos... nao iriamos salvar porque iria contra regra, assim EU nao o salvaria NAO por causa de sua religiao mas SIM por causa das consequencias que poderei ter (eu sou um cidadao nao exemplar, espero que outras pessoas sigam os ideais)

tambem nao gostei dessa religiao... "a religião de todos eles não permite que receba sangue de outra pessoa"... nao somos todos "iguais"?

Os desejos de qualquer um de nós, quando inconscientes ou impossibilitados de nos pronunciar são como o "testamento vital".

#7
Bom dia!
Vou opinar neste tópico porque já me deparei com esta situação. Vou então contar-vos.
Aconteceu-me a cerca de 5 anos. Sem muito pormenor técnico (não é isso que interessa), numa noite de urgência entra um rapaz, bastante novo (cerca 17 anos), depois de analisado era um caso Oncológico. Internamento com ele!
Para quem não sabe os casos oncológicos são dos mais transfundidos.
Bom! hora de falar com a família. Mãe e irmã.
O seu filho blá blá... E vamos esfectuar uma transfusão sanguínea e plaquetária imprescindível para que sobreviva...
Parecia que tinha acabado de dizer que lhes iria remover um membro a sangue frio!
Resposta :" Impensável! Não quero a alma de outra pessoa no meu filho! Somos da "religião X" e não permito que o faça"
Depois deixou um cartão na cabeceira da cama do jovem com esta mesma informação.
Aquele jovem estava na verdade condenado e nós sabíamos! Comecei por optar por hemoderivados ( derivados do sangue). Afinal só não podia transfundir! Certo?
Depois de estar exausta e ver o jovem a definhar, já não aguentava. Doia-me ver aquilo.
Decidi ter uma conversa com o jovem e perguntar-lhe se partilhava da mesma religião que a mãe. Disse-me que não. Que apenas respeitava o que lhe era imposto, não tinha muita opção. Apenas lhe fiz ver que era um ser livre. Livre de escolha. E naquele momento a decisão implicava a vida dele.
Depois de duas horas nocturnas de reflexão, ele disse-me que queria fazer as transfusões. Queria viver! Fizemos um acordo. As transfusões seriam nocturnas com a autorização escrita do mesmo. (Fez 18 entretanto :)
Este jovem teve alta e sobreviveu .
Esta foi uma das minhas situações deste género.
Em casos inconscientes eu opto pela vida. Nem sempre se sabe as religiões ;)
"A Consciência é a própria Essência do homem em completa transformação, o Ser Primitivo Celeste"

Conheço o caso de quem tenha sido proibido de exercer por ter autorizado uma transfusão mesmo contra a vontade da família.

Eu não vi este episódio de novela, mas vi um da "Anatomia de Grey" semelhante. Um jovem (menor) entra na urgência politraumatizado. Enquanto o tentam estabilizar, e se preparam para uma transfusão de sangue, encontram uma chapinha (daquelas que identificam alergias, por exemplo) que ele trazia ao pescoço que dizia "testemunha de Jeová".

A médica assistente mandou de imediato suspender a transfusão, que ainda não tinha dado início, e estabilizou-o de outra forma até chegarem os pais. A transfusão era vital, principalmente na cirurgia que ele ia fazer. Os pais não a autorizaram, afirmando mesmo que preferiam que ele morresse a "violar" os princípios da religião deles. A médica interna, revoltadíssima, tentava convencê-los do contrário e mesmo assim queria proceder à transfusão, mas a assistente explicou-lhe que o protocolo era assim e que elas poderiam perder as cédulas profissionais se o fizessem.
Em conversa com o amigo do miúdo que estava com ele no acidente, ele também lhe diz que o jovem não era nada crente naquela religião, e só praticava por obrigação da família. Mas era menor...
Acabou por morrer.

Isto para dizer que sim, penso que a salvar a vida deveria ser a ordem primeira, mas nestes casos protocolares e de regras a seguir torna-se complicado. Se o médico destruísse a carreira dele em prol de um doente, e perdesse a licença para exercer medicina, quantas vidas depois ele iria deixar de salvar?... É uma questão muito delicada no meu entender. Por um lado, o peso na consciência de não salvar uma pessoa por causa da religião, por outro acabar com uma carreira e com a hipótese de salvar muitas outras por ter salvo uma. É muito difícil...

mestrecruz
Claro,sempre salvar uma vida ;D
Mas cada um vai responder pela sua alma e todos são livres de escolher o caminho.
Respeito todos.

Puca
Acho que todos vocês têm razão.

Mas deixo-vos o texto do "Juramento de Hipócrates", feito por todos os médicos:

Prometo solenemente consagrar a minha vida ao serviço da Humanidade.
Darei aos meus Mestres o respeito e o reconhecimento que lhes são devidos.

Exercerei a minha arte com consciência e dignidade.

A Saúde do meu Doente será a minha primeira preocupação.

Mesmo após a morte do doente respeitarei os segredos que me tiver confiado.

Manterei por todos os meios ao meu alcance, a honra e as nobres tradições da profissão médica.

Os meus Colegas serão meus irmãos.

Não permitirei que considerações de religião, nacionalidade, raça, partido político, ou posição social se interponham entre o meu dever e o meu Doente.

Guardarei respeito absoluto pela Vida Humana desde o seu início, mesmo sob ameaça e não farei uso dos meus conhecimentos Médicos contra as leis da Humanidade.

Faço estas promessas solenemente, livremente e sob a minha honra



"Não permitirei que considerações de religião, nacionalidade, raça, partido político, ou posição social se interponham entre o meu dever e o meu Doente."

Então qual é a dúvida?! :o
Faz-se o que for preciso, certo!?

Não conhecia o juramento na íntegra, obrigada. :)

Puca
Pois cepticoucrente, mas parece que não é assim tão linear. O médico e o hospital podem ter problemas judiciais se o fizerem.

Penso que a opinião que mais se aproxima da minha, será a do/a Love. Ora a "religião" do médico faz com que ele salve vidas com todos os recursos ao seu dispor, a religião do doente não aceita certo tipo de procedimentos. O mais sensato na minha opinião seria essa instituição religiosa (do doente) criar condições para que os seus membros tivessem acesso aos cuidados de saúde adequados ás suas regras e restrições e não forçar os outros médicos a quebrarem o seu próprio juramento. A partir de um momento que um doente entra num hospital convencional, tudo será feito para o salvar e deverá estar consciente disso mesmo. Se não quiser recorre a um tipo de serviço direcionado e regido pelas mesmas crenças.

Pois há dois factores que colidem nesta situação, os valores de quem exerce medicina e os valores do paciênte, o livre arbitreo do médico em cumprir o seu juramento e o livre arbitreo do paciente em seguir os seus padrões morais.
Alguém tem de quebrar as suas regras para solucionar a situação.

Em situação de emergência não se consegue aceder a certos dados ou mesmo nenhuns. O doente por vezes é inscrito sem a sua identidade, ate esta ser descoberta. Nestes termos não se pode responsabilizar nenhuma entidade, nem profissional nem institucional, por padrões morais. Deixo só este aspecto saliente. :)
"A Consciência é a própria Essência do homem em completa transformação, o Ser Primitivo Celeste"