Bem-vindo ao Portugal Paranormal. Por favor, faça o login ou registe-se.
Total de membros
19.519
Total de mensagens
369.632
Total de tópicos
26.969
  • Ciência explica aparições de fantasmas
    Iniciado por anokidas
    Lido 19.290 vezes
0 Membros e 1 Visitante estão a ver este tópico.
anokidas

Mephisto

anokidas
É uma pena que quando se discute um assunto desta importância com pessoas que até teem um bom nível de cultura se dissipe assim por uma questão de egos e  levarem as coisas para o nível pessoal,pelo menos foi o que me pareceu  >:(

Mephisto
#93
Citação de: Danny_Almeida em 15 janeiro, 2013, 01:01
Já expliquei o que é para mim a consciência. Se estiveres interessado vai algumas páginas atrás e lê... também ja expliquei, para mim, de que modo a consiência difere da mente.
Nunca te falei em deus ou consciência divina (nem sei o que é isso)...

Aqui fica algo que poderias/deverias ter feito pelo teu argumento (por ele, por mim, pelos utilizadores). Tomei a liberdade de transcrever este parco texto para que fiques a saber o que é Deus e consciência divina na física quântica; o que muito me surpreende não saberes disso...

«««
A consciência é uma questão difícil?

Hoje em dia alguns filósofos começam a designar a consciência como «a questão difícil» da ciência (Chalmers, 1995). Como é claro, essa designação depende do contexto em que é utilizada.

No contexto da neuropsicologia, a ciência que estuda o cérebro, considera-se que o cérebro gera todas as nossas experiências subjectivas. Os neuropsicólogos defendem que a consciência é um epifenómeno (efeito secundário), ilusório e ornamental, do complexo material a que chamamos cérebro. Por outras palavras, tal como o fígado segrega a bílis, o cérebro segrega a consciência.

Isto recorda-me uma parábola Zen. Um homem conhece uma família (dois pais e dois filhos crescidos), os quais são todos iluminados. Como esta  é a oportunidade de descobrir se a iluminação é fácil ou difícil de alcançar, ele pergunta ao pai e este responde-lhe, «A iluminação é muito difícil.» Ele pergunta depois à mãe, que lhe responde, «Não é nem fácil nem difícil.» Finalmente, ele pergunta à filha, que lhe responde, «A iluminação é fácil se a facilitar; e difícil, se a dificultar.»

Se pensarmos na consciência como um epifenómeno (efeito secundário) do cérebro, a consciência é sem dúvida uma questão difícil; porque estamos a dificultar a questão. Levemos em conta que um modelo objectivo procura sempre uma resposta para a questão em termos objectivos. Desta forma, os neuropsicólogos procuram compreender a consciência em termos de outros objectos: o cérebro, os neurónios, etc. O pressuposto subjacente é que a consciência é um objecto. Mas a consciência também é um sujeito – aquele que observa e reflecte sobre o(s) objecto(s). Esta componente subjectiva revela uma das fraquezas do modelo neuropsicológico.

A verdade é que a consciência não é uma questão difícil, mas antes impossível para os materialistas. Isso deve-se ao facto de, mesmo para as religiões popularuchas e para o seu modelo simplista de causalidade descendente, sempre deixaram bem claro uma coisa: que nós temos a liberdade de escolha e que, sem a liberdade para escolhermos Deus, o seu poder de causalidade descendente será nulo. Se escolhermos Deus, definindo-o como um bem maior, escolhemos os valores éticos. Mas precisamos do livre-arbítrio para fazer essa escolha.

Mas se tivermos liberdade de escolha, deveria haver uma fonte de causalidade descendente exterior ao universo material. E é por isso que os defensores da causalidade ascendente discutem fervorosamente o conceito de livre-arbítrio. Se tivermos livre-arbítrio a perspectiva behaviorista, que nos descreve como produtos do condicionamento psicossocial, deixa de ser aplicável. Logo, eles alteram o conceito. Tal como a nossa consciência, o nosso livre-arbítrio deverá também ser um ilusório epifenómeno cerebral. Insistindo que nós somos máquinas ou zombies com comportamentos predeterminados, a sua ciência denigre não somente Deus e a religião mas ainda os valores éticos, que são as bases sob as quais se apoiam as nossas sociedades e culturas.

Existirá então Deus e a causalidade descendente? Será a consciência um epifenómeno da matéria? Teremos nós livre-arbítrio? Será o verdadeiro modelo da causalidade ascendente? Ou existirão novas provas cientificas que indiquem o contrário?

Sim, existem provas. No principio do século passado ocorreu uma revolução na física, com a descoberta da física quântica. A mensagem da física quântica é: Sim, existe um Deus. Podem designá-lo por consciência quântica, se assim o preferirem. Algumas pessoas preferem designá-lo por um termo mais objectivo, como campo vácuo quântico, ou segundo a sabedoria oriental, campo akashico (Laszlo, 2004). Mas uma rosa com outro nome teria sempre o mesmo aroma.


A bem dizer, a matemática da física quântica é determinista e baseia-se no modelo de causalidade ascendente. No entanto, ela prevê os movimentos dos objectos não como eventos predeterminados (tal como a física newtoniana) mas como possibilidades – ondas de possibilidade descritas matematicamente como funções de onda, como as que já mencionamos. As probabilidades destas possibilidades podem ser calculadas pela matemática quântica, permitindo-nos desenvolver uma previsão cientifica bastante precisa para uma vasta gama de objectos e/ou eventos. Esta é a parte da física quântica em que os materialistas se sentem à vontade.

Infelizmente, existe uma coisa com a qual nem os físicos quânticos se sentem à vontade – o evento do colapso: basta mencioná-lo para Deus ressurgir dentro da ciência. Quando olhamos para um objecto quântico, não o percepcionamos como um punhado de possibilidades, mas como um evento real e localizado, à imagem de uma partícula newtoniana. E todavia, tal como já mencionamos, a física quântica não possui quaisquer mecanismos, matemáticos ou não, que expliquem o colapso de possibilidades num único evento real. De facto, a física quântica afirma rotundamente que existe um limite para a certeza matemática da física. A matemática não nos permite relacionar as possibilidades deterministas quânticas com a certeza de um único evento observável. Então, como é que as possibilidades quânticas se transformam numa realidade observada, somente através da interacção com a nossa consciência, pelo simples facto de nós o observarmos? Como podemos explicar o misterioso «efeito do observador»?

Em linguagem quântica, o modelo da causalidade ascendente dos neuropsicólogos traduz-se da seguinte forma: os possíveis movimentos das partículas elementares originam possíveis movimentos dos átomos, que originam possíveis movimentos das células, que originam possíveis estados cerebrais e originam a consciência. A consciência propriamente dita é, neste caso, um conglomerado de possibilidades; chamemos-lhe uma onda de possibilidades. Como pode uma onda de possibilidades provocar um colapso a uma outra onda de possibilidades, ao interagirem entre si? Se somarmos uma possibilidade a outra possibilidade, tudo o que obteremos será a possibilidade maior, não a realidade.

Suponhamos que imagina um possível influxo de dinheiro na sua conta bancária. Junte-lhe todos os possíveis carros que consegue imaginar. Poderá este exercício alguma vez fazer materializar-se um carro na sua garagem?

Não podemos negá-lo. Segundo o modelo da consciência enquanto epifenómeno neuropsicológico a asserção que, ao observarmos algo, podemos transformar a possibilidade em realidade é um paradoxo lógico. E um paradoxo é um indicador fiável que o modelo neuropsicológico para a nossa consciência é, na melhor das hipóteses , falível ou incompleto.

O paradoxo persiste até reconhecermos dois factores. Primeiro, que as possibilidades quânticas são possibilidades da nossa própria consciência, que é a base de toda a existência. O que nos reporta à filosofia do idealismo monístico. Segundo, que a observação é o acto de escolher, entre todas as possibilidades quânticas, a única faceta que se torna na realidade que percepcionamos.

Para clarificar esta situação, examinemos como são percepcionadas as imagens gestalistas – o que vemos em primeiro numa imagem que contém, na verdade, duas imagens. Talvez já tenha visto uma que representa simultaneamente uma jovem mulher e uma esposa idosa, a que o autor deu o titulo «A Minha Esposa e a Minha Sogra». Uma outra representa ao mesmo tempo um vaso e dois rostos. Repare que, ao mudar de uma percepção para a outra a imagem não é afectada. Ambas as possibilidades existem dentro de si. Você simplesmente escolhe uma delas, ao escolher a sua perspectiva. Desta forma, uma consciência transcendente pode exercer uma causalidade descendente sem qualquer dualismo.


Vaso de dois rostos


A minha mulher e a minha sogra

O mais empedernido materialista poderá ainda assim protestar: como pode a realidade ser tão subjectiva que cada um de nós, enquanto observadores, escolha as nossas realidades entre as possibilidades quânticas? Assim sendo, como poderá haver alguma realidade consensual? Sem uma realidade consensual, como é possível haver ciência?

Surpresa! Nós não escolhemos, no vulgar estado de consciência individual a que designamos ego, a faceta subjectiva de nós próprios que os behavioristas estudam e que é um produto do condicionamento. Em vez disso, nós escolhemos a partir de um estado objectivo de consciência unitária e não condicionada, um invulgar estado de consciência em que somos um só, um estado que facilmente podemos identificar como Deus (Bass, 1971; Goswami, 1989, 1993, 2001)

(.....)

As assinaturas quânticas de Deus

Aqui temos os pontos cruciais que merecem ser repetidos. Nós percepcionamos um objecto quântico, mas apenas quando escolhemos uma faceta especifica da sua onda de possibilidades; apenas então, as possibilidades quânticas de um objecto se transmudam num evento real, E, no estado a partir do qual escolhemos, nós somos um só, nós estamos numa consciência divina. O nosso acto de escolher, o evento a que os físicos quânticos chamam colapso da onda de possibilidades quânticas, é o exercício de Deus do poder de causalidade descendente. E a forma como a causalidade descendente de Deus funciona é assim: entre os muitos objectos e muitos eventos, a escolha é feita de acordo com as previsões objectivas contidas nas probabilidades quânticas; no entanto, no que toca aos eventos individuais, a criatividade subjectiva é assaz limitada.

Desta forma, a primeira das provas cientificas da existência de Deus consiste na vasta gama de provas que validam a física quântica (que praticamente ninguém põe em dúvida) e a validade das nossas interpretações da física quântica (que já levantam dúvidas)

Felizmente, existem duas opções cientificas para responder a estas dúvidas; primeiro, ao demonstrar que esta interpretação resolve paradoxos lógicos (em vez de revelar mais, como acontece com o modelo de causalidade ascendente), e o segundo, ao fazer previsões que podem ser cientificamente verificáveis. A prova cientifica da existência de Deus, baseada no primado da consciência (a teoria que a consciência cria a realidade) e a interpretação da física quântica que estou a apresentar, passaram nestes testes de validação cientifica. Para futura referência, designamo-la por ciência consciente (um termo proposto pelo filósofo Willis Harman) ou, simplesmente, ciência idealista. (........)»»

Fonte: Amit Goswami: God is Not Dead (Planeta Editora 2008) pp 34 a 41.

Nota: Tens o tópico no exacto ponto que pretendias através do teu argumento da consciência (devidamente esclarecido), se quiseres andar com ele para a frente. Eu rodeei a questão com aquilo que chamas sofismas, para perceber até que ponto conseguias defendê-lo, pois abre muitas portas. Por esse motivo balizei o meu argumento na consciência apresentada através da obra de António Damásio, o mesmo que por cada livro remete a uma infindável bibliografia -de estudos que tu dizes não existir um único! Para que verifiques que isto não é um coelho tirado da cartola via google para ficar bonito (até porque foi processado à lá pata), deixo-te a prova de sugestão para que percebas que eu sabia exactamente daquilo que estavas a falar, sobretudo, para que reflictas antes de tentar passar novo atestado de estupidez a outro membro deste fórum.

https://portugalparanormal.com/index.php/topic,19099.msg173199.html#msg173199

À parte isto (não estou aziado contigo mas sim com a tua atitude, porque estava convicto de poder articular um diálogo frutuoso, para mim pelo menos) estamos na boa.  ;)

Abraço

Ligeia
#94
Afinal voltei, desculpem lá  ;D
Danny, agarrei nos teus argumentos e pus os meus parcos conhecimentos a trabalhar. A fonte do que aqui lês é académica, científica e filosófica. De mim (pessoal) nada encontrarás, pelo que te peço para que tenhas presente que são factos e não subjectividades que aqui apresento  :)

Citação de: Danny_Almeida em 14 janeiro, 2013, 19:10
Estão aqui os argumentos:

1º "Há outros casos de crianças que devido a determinadas doenças, como por exemplo a epilepsia, um dos hemisférios do cérebro tem que ser removido. Acontece que após a remoção não se notam nenhumas diferenças nem ao nivel cognitivo, nem ao nivel da memória". (...) "Vê por esta perspetiva: se tens uma fábrica com 100 máquinas e eliminas 50 não podes continuar a ter a mesma produção. Por muito que tornes os processos mais eficientes, por muitas pessoas que contrates (plasticidade) não vais conseguir porque eliminaste metade das máquinas. Mesmo que eventualmente conseguisses ter uma produção igual à anterior, sem as 50 máquinas, provavelmente demorarias algum tempo a adaptar-te. Durante esse periodo de tempo a produção teria que ser menor do qua a que desejarias... ora isso não se verifica no caso da remoção de um dos hemisférios: imediatamente após a remoção as capacidades cognitivas mantêm-se iguais e não se pode invocar a plasticidade pois, tanto quanto sei, é um processo que demora algum tempo a operar"

A hemisferectomia apenas se faz em casos muito raros e não se remove um hemisfério, antes uma parte do mesmo (o que faz toda a diferença). O facto de as crianças ficarem com sequelas motoras e não tanto cognitivas relaciona-se com o facto de a parte não removida e o outro hemisfério "tomarem" conta de algumas funções da parte que foi cirurgicamente removida (é que apesar da especialização hemisférica/lateralização cerebral os hemisférios funcionam de modo complementar e adaptativo - e em encéfalos ainda em desenvolvimento, maior e mais eficiente é o grau de adaptabilidade).
A recuperação "rápida" das capacidades cognitivas deve-se à extinção do "foco" mecânico/electroquímico causador de epilepsia; cessando as convulsões deixa de existir "saturação" neuronal em termos electro-químicos, permitindo ao cérebro recuperar o seu estado de "equilíbrio" funcional.

Citação de: Danny_Almeida em 14 janeiro, 2013, 19:10
2º "Agora o meu argumento favorito: Se o cérebro produz a consciência, então cada neurónio tem que ter, pelo menos, uma certa forma de proto-consciência. Porém os neurónios são feitos de proteinas, então cada proteina tem que ter também uma certa forma de proto-consciência (reduzida). Pelo mesmo argumento, chegamos ao ponto de ter que afirmar que até os átomos têm, eles também, que ter uma proto-consciência (ainda mais reduzida), o que parece muito improvável!"
As proteínas são os tijolos dos neurónios (estes não são exclusivamente proteína).
Proto-consciência: compreendo-a como sendo uma espécie de consciência parcial e primitiva, ainda ligada à matéria, pelo que tudo - até os átomos - tem uma forma de proto-consciência. Mas provavelmente não estou a compreender o que entendes por proto-consciência! Se até aqui fui sempre factual, neste ponto estou a fazer uma interpretação meramente subjectiva de acordo com a visão que apreendi do que é a proto-consciência.

Voltando aos factos...

Citação de: Danny_Almeida em 14 janeiro, 2013, 19:10
3º "há também os casos de experiências de quase-morte relatadas no momento em que o cérebro está a ser medido por eletroencefalogramas. O mais curioso é que as experiências ocorrem quando esses aparelhos não registam nenhuma atividade cortical (pode existir, eventualmente, atividade sub-cortical... o que mesmo assim torna dificil de explicar como é que estas experiências são tão ricas em conteudo)".
Pois... O problema é que, além da actividade cortical/sub-cortical, é condição necessária que exista flatline no monitor... E a grande maioria dos casos de EQM (ou melhor dos seus relatos) são anteriores à flatline - se fossem posteriores não seriam EQM mas sim EME (experiências de morte efectiva :P). O exemplo da Pam Reynolds é - precisamente - o caso mais flagrante de tal; só mesmo os estudiosos das EQM's (muitos deles nem conhecimentos básicos de fisiologia têm, pelo que me interrogo como é que podem aferir certas condições) é que continuam a defender que a senhora é um caso verídico quando não o é e o processo clínico dessa cirurgia o demonstra (e não como a necessidade de fama e de provar algo o impõe). Podem sempre argumentar que é quase-morte e não morte, pelo que a flatline não é condição para o estado. O que se torna, no mínimo, caricato, já que depois a grande maioria faz questão de afirmar que estava em paragem cardíaca - quando, na verdade, não estavam.

Citação de: Danny_Almeida em 14 janeiro, 2013, 19:10
4º "Segundo a fisica quântica a matéria está em constante estado de superposição, ou seja, qualquer particula - como por ex. um eletrão - existe em todos os seus estados possiveis ao mesmo tempo. Porém, quando a consciência mede ou observa essa mesma particula ela "fixa-se" em apenas um dos seus estados possiveis. Como o cérebro é um sistema fisico as particulas que estão dentro dos microtubulos dos neurónios estão também elas em estado de superposição e só se tornam "efetivas" a partir do momento em que a consciência faz uma medição. Por esta teoria depreende-se que a consciência tem que existir fora do cérebro, senão o cérebro estaria constantemente em estado de superposição, o que não acontece, já que se efetivam diferentes padrões de atividade eletrica no cérebro".


Falso (o sublinhado). Ainda não há muito se concluiu que não há "fixação" num só estado; os Nobel Serge Haroche e David J. Wineland conseguiram demonstrá-lo  ;)
Assim cai por terra o argumento, já que parte de um enunciado falso.

Considerações finais (por favor, Danny, não as tomes como dirigidas a ti, antes ao assunto e ao modo como é usual ver temas muito interessante e promissores a "morrerem na praia" por padecerem dos chamados "vícios formais"):

Uma teoria explicativa/visão do mundo, para o ser de facto pressupõe (mais do que experimentações e argumentações) que conheçamos ou tenhamos bases firmes daquilo que queremos articular. Se falo de cérebro e suas afecções convém que saiba - efectivamente - o que é o cérebro, como funciona, and so on. Se falo de patologias, enfermidades e anomalias idem aspas. Se falo de física quântica e seus pressupostos convém que os conheça através de autores com méritos reconhecidos e não porque os new age (que se aproveitam forte e feio da incipiência de informação acerca da quântica) afirmam ou porque aquilo na Wikipedia está muito giro.
Quando queremos debater ideias a sério o background sólido, coerente e formalmente válido é obrigatório. Caso contrário são achismos, posta de pescadismos e bastante imaginação desinformada - é tentar chegar a uma meta sem ter ponto de partida.
A passagem de um modelo explicativo do mundo para outro (ainda que inicialmente sejam apenas conjecturas e hipóteses) só se pode dar quando o modelo vigente é conceptualmente sólido naquilo que pretende estudar/demonstrar/prever/explicar; mais que isso é ainda a necessidade da existência de anomalias em número e relevância significativos para que se parta para a procura de novos modelos. Ou seja: se ainda não nos acertamos (filosoficamente, cientificamente, etcteramente) naquilo que é a consciência como podemos arriscar noutros vôos? Só porque o que tenho não responde? Como se sabe, em ciência, inicialmente tentam-se encaixar as anomalias nos paradigmas vigentes e só quando este encaixe é impossível é que se avança... Em suma, muito simplesmente: se eu não sei o que é a consciência no paradigma vigente como posso afirmar que é a quântica a resolver a equação daquilo que ainda não está sequer devidamente explorado? Dêmos tempo à quântica, acabou de nascer e já a querem a mandar no Mundo sem que a piquena saiba sequer sentar-se ;)

Acrescento ainda a impossibilidade de querermos explicar cada caso/anomalia sob pena de termos que arranjar teorias para cada um de nós e aí é que ninguém se entenderia mesmo... Fazer das excepções a norma não funciona na Natureza, seja ela material ou imaterial. É tudo uma questão de coerência  ;)


Ó Ligeia, deixa lá, de certeza que vão deixar a quântica em paz: já aí está a nanologia.
"Somos seres espirituais com corpo físico, e não seres humanos que buscam a condição espiritual." (Sara Marriott).

Ligeia

anokidas
Ou não Salomé o nanismo também pode virar desempreguismo e aí é que a porca torce o rabo ;D

Mephisto
#98
Muito obrigado pela tua intervenção técnica Ligeia.  ;)

Derrubados os argumentos que instigavam a não continuidade do tópico, passemos em frente. Temos duas perspectivas de consciência a debate, qualquer uma delas válida para ser defendida, e a mediunidade, que foi aqui colocada como não sendo um fenómeno operado pela mente. Como defensor de que toda a realidade é mental, enquanto concepção, deixo aqui um excelente texto para dar corpo a esta minha "crença". Desta forma podemos articular amplamente o diálogo entre a consciência, a mente e a mediunidade. Digo eu...

Percepção e Realidade

Nossa percepção não identifica o mundo exterior como ele é na realidade, e sim como as transformações, efetuadas pelos nossos órgãos dos sentidos, nos permitem reconhecê-lo. Assim é que transformamos fótons em imagens, vibrações em sons e ruídos e reações químicas em cheiros e gostos específicos. Na verdade, o universo é incolor, inodoro, insípido e silencioso.

Para a moderna neurociência, o real conceito de percepção começou a brotar, quando Weber e Fechner descobriram que o sistema sensorial extrai quatro atributos básicos de um estímulo : modalidade, intensidade, tempo e localização, Hoje não mais se admite, como acontecia no passado, que o nosso universo perceptivo resulte do encontro entre um cérebro "ingênuo" e as propriedades físicas de um estímulo. Na verdade, as percepções diferem, qualitativamente, das características físicas do estímulo, porque o cérebro dele extrai uma informação e a interpreta em função de experiências anteriores com as quais ela se associe. Nós experimentamos ondas eletromagnéticas, não como ondas, mas como cores.

Experimentamos objetos vibrando, não como vibrações mas como sons. Experimentamos substâncias químicas dissolvidas em ar ou água , não como químicos, mas como cheiros e gostos específicos. Cores, tons, cheiros e gostos são construções da mente, a partir de experiências sensoriais. Eles não existem, como tais, fora do nosso cérebro. Na verdade, o universo é incolor, inodoro, insípido e silencioso.

Assim, já se pode responder a uma das questões tradicionais dos filósofos : Há som, quando uma árvore desaba numa floresta, se não tiver alguém para ouvir ? Não, a queda da árvore gera vibrações. O som só ocorre se elas forem percebidas por um ser vivo ! As informações, oriundas do meio ambiente ou do próprio corpo, são captadas pelos sistemas sensoriais e o cérebro as utiliza para três funções : percepção, controle dos movimentos corporais e manutenção do estado de vigília.

O sistema sensorial começa a operar quando um estímulo, via de regra, ambiental, é detectado por um neurônio sensitivo, o primeiro receptor sensorial. Este converte a expressão física do estímulo (luz, som, calor, pressão, paladar, cheiro ) em potenciais de ação, que o transformam em sinais elétricos. Daí ele é conduzido a uma área de processamento primário, onde se elaboram as características iniciais da informação : cor, forma, distância, tonalidade, etc, de acordo com a natureza do estímulo original.

Em seguida, a informação, já elaborada, é transmitida aos centros de processamento secundário do tálamo. ( se originada por estímulos olfativos, ela vai ser processada no bulbo olfatório e depois segue para a parte média do lobo temporal). Nos centros talámicos, à informação se incorporam outras, de origem límbica ou cortical, relacionadas com experiências passadas similares.

Finalmente, bem mais alterada, a informação é enviada ao seu centro cortical específico. A esse nível, a natureza e a importância do que foi detectado são determinados por um processo de identificação consciente a que denominamos percepção.

O que percebemos ?

Percebemos o mundo ao redor, através dos nossos sistemas sensoriais. Cada sistema é nomeado de acordo com o tipo da informação : visão, audição, tato, paladar, olfato e gravidade. Esta última ligada à sensação de equilíbrio. Discretos receptores sensitivos, captam estímulos proprioceptivos, que indicam a posição do corpo e de suas partes, enquanto outros, que recebem estímulos denominados kinestésicos, são responsáveis pela monitorização dos movimentos, auxiliando - nos a andar, correr e realizar outras atividades cinéticas, segura e coordenadamente.

"Sensores", mais sutis, captam informações como temperatura, excitação sexual e volume sanguíneo. Cada um dos sistemas sensoriais também distingue as qualidades do sinal detectado. Assim é que percebemos a luz em termos de cor e brilho. Em um som, detectamos tonalidade e altura. O paladar indica se o alimento é doce, amargo ou salgado. Receptores táteis permitem distinguir como as sensações atuam sobre a pele : por pressão contínua ou por vibração.

Receptores especiais informam sobre a intensidade de cada estímulo, enquanto outros dizem de onde ele vem, quando começou e por quanto tempo persiste. Ainda que dois seres humanos dividam a mesma arquitetura biológica e genética, talvez o que eu percebo como uma cor distinta e cheiro, não é exatamente igual à cor e cheiro que você percebe. Nós damos o mesmo nome a esta percepção, mas nós não sabemos como elas se relacionam à realidade do mundo externo. Talvez nunca saberemos.

Autor: Jorge Martins de Oliveira, MD, PhD Professor Titular e Mestre da UFRJ. Livre-Docente da UFF. Coordenador Científico e Diretor do Departamento de Neurociências do Instituto da Pessoa Humana (RJ). Fellow em Pesquisa pelo Saint Vincent Charity Hospital, Cleveland, USA. Membro Titular da Academia Brasileira de Medicina Militar. Membro da Academia Brasileira de Médicos Escritores, Diplomado pela Escola Superior de Guerra (ESG).

1997 Universidade Estadual de Campinas



anokidas
Grande Mephisto,é isso podemos dar continuação porque este tema também me interessa  ;) amanhã tento elaborar a minha reflexão sobre a consciência.

Mephisto
Bora lá que a mim também. Daqui nada parece o Matrix  :laugh:

anokidas

anokidas
                                                     Consciência humana

A minha teoria sobre a consciência humana é muito simples.Todos os seres humanos são dotados de instintos, quando nascemos os instintos são as  armas para a sobrevivência .

O reflexo de alimentação – os bebés sentem a necessidade de se alimentarem e por isso tendem a mover a boca no sentido da fonte de alimentação, ficando de boca aberta e pronto a mamar; este reflexo geralmente dura apenas alguns meses até que o bebé aprende de onde vem a comida que ingere e já sabe antecipar a sua hora.

O reflexo de sucção – quando um objecto é colocado na boca do bebé, este tende imediatamente a chupar nele. Isto acontece mesmo que não tenha fome pois é um reflexo que poderá durar também alguns meses até que o bebé consiga associar a mamada à satisfação da fome.

O reflexo de preensão – os bebés tendem a agarrar tudo aquilo que lhes é colocado próximo da mão ou na sola do pé. A firmeza com que o bebé pode agarrar o dedo da mãe poderá ser de tal ordem que possa suportar o peso do seu corpo. Este reflexo também tende a desaparecer ao longo do primeiro ano de vida.

O reflexo da marcha– ao colocar um bebé de pé em cima de uma mesa ou no chão, logo a partir do quarto dia, ele tem tendência para se tentar firmar nas pernas e dar alguns passos.

O reflexo de Moro – O reflexo de Moro é testado para verificar se o bebé reage adequadamente a uma situação em que é assustado. Um teste positivo é um bom indicador da saúde do bebé e das suas respostas futuras ao seu crescimento e desenvolvimento.

Como se pode constatar nascemos programados para a sobrevivência, e á medida que os meses passam na vida de uma criança os reflexos desaparecem para passarem e a serem substituídos por movimentos voluntários do mesmo género.
Aprender significa realizar uma mini mudança na estrutura do cérebro. Os sinais encontram o seu caminho através da rede de neurônios no cérebro, e sinais repetidos tendem a tomar sempre o mesmo caminho, passando de um neurônio para outro através das sinapses.
Com mais exercícios a sinapses se desenvolvem novos caminhos e evoluem.
O cérebro de um bebê tem menos conexões entre seus neurônios do que o de um adulto. Essas conexões aumentam muito rapidamente à medida que o bebê aprende sobre o mundo ao seu redor. Por isso é muito importante falar com os bebês e dar-lhes grande quantidade de brinquedos para captar seu interesse enquanto seu cérebro se desenvolve mais completamente. A aprendizagem e a memória são semelhantes e ambas, provavelmente, dependem de alterações no cérebro. Teoricamente falando todas estas transformações resultam na evolução do ser humano.

O que entendo por consciência humana? a partir do momento em que temos uma experiência, formamos uma consciência. A consciência é o resultado de memórias e experiências que temos ao longo da vida.
Como o ser humano tem tendência a evoluir, logo a sua consciência será maior.
Por exemplo um primata tem consciência? Têm consciência á medida que sentem que têm de sobreviver, mas dizer que se regem só por extintos também não tem muita lógica ,portanto os animais têm consciência das suas experiências de sobrevivência.

Talvez a minha teoria seja virada para o Darwismo mas o que é certo é que não vemos animais falantes nem plantas falantes (se bem que estas ultimas não precisam de consciência para evoluir).
Como se forma então a consciência? Fisicamente todos nós somos células, todas as células estão programadas para trabalharem de forma diferente. Por exemplo as células do coração não trabalham da mesma forma que as células de um pulmão.

O cérebro é composto por cerca de 100 biliões de células nervosas, conectadas umas às outras e responsáveis pelo controle de todas as funções mentais. Além das células nervosas (neurónios), o cérebro contém células da glia (células de sustentação), vasos sanguíneos e órgãos secretores. Os neurónios são as células responsáveis pela recepção e transmissão dos estímulos do meio (interno e externo), possibilitando ao organismo a execução de respostas adequadas para a manutenção da homeostasia.

Um neurónio é uma célula composta de um corpo celular  (onde está o núcleo, o citoplasma e o cito-esqueleto), e de finos prolongamentos celulares denominados neuritos, que podem ser subdivididos em dendritos e axonios.
A região de passagem do impulso nervoso de um neurónio para a célula adjacente chama-se sinapse.

Portanto poderia estar a fazer copy past deste ou daquele artigo para conseguir explicar como o cérebro funciona, mas a minha percepção como ser humano a consciência é um aglomerado de processos físicos químicos e neurológicos que vão dar lugar às informações, memorias e experiências armazenadas. Isto é a consciência.
Como já foi dito aqui no tópico e muito bem, a consciência não sobrevive sem o cérebro mas o cérebro vive sem consciência. Por exemplo casos de pessoas em estado vegetativo. O que suporta a sua sob revivência é o sistema nervoso. O cérebro parou no sentido de consciência humana, apenas trabalha para a manutenção corporal.

E posto isto para mim a consciência somos nos as nossas experiências os nossos pensamentos do aqui e do agora, as nossas memorias a nossa personalidade a nossa essência a nossa percepção da realidade. Filosoficamente falando é a centelha da vida ou o sopro de Deus.
Esta é a minha analogia sobre um tema que interessa bastante embora os conhecimentos sobre neurologia sejam parcos,pois não é de todo a minha área. No entanto o meu desejo era ver postados aqui neste tópico várias reflexões sobre a consciência certamente haverá outros desenvolvimentos e formas de pensar.Este é um tema que cada vez mais está a ser discutido na comunidade cientifica ao qual ainda ninguém consegui provar a existência da consciência humana.Existem diversas teorias umas mais lógicas do que outras mas até lá cabe ao homem tentar descobrir.


Mephisto
Muito fixe Anokidas.  ;) Então defendes que a consciência humana é um resultado exclusivo dos dispositivos fisiológicos, certo?


anokidas
Obrigado ;) sim em certa parte sim porque sem eles a consciência era nula.