A Costureirinha

Hoje falei disto à céptica da minha mãe (tenta nunca acreditar nestas coisas...) e qual não foi o meu espanto quando ela me disse que se lembrava bem e que ouviam muito bem, a noite, a partir das 21h, a Costureirinha, principalmente quando era pequena (veio trabalhar cedo, sozinha para Lisboa), e estava ao serão com os 5 irmãos, e com a minha avó, que pedia silencio para se ouvir a costureirinha, ela disse-me que no inicio não ouvia nada, estavam sempre a perguntar, qual costureirinha, não oiço nada, mas depois começou a ouvir, as vezes eram um dos irmãos que ouvia mais cedo.

Ela é toda medrosa com estas coisas, perguntei-lhe se tinha medo, disse-me que no inicio tinha, mas depois, como quase sempre a ouvia, acabou por se acostumar.

Agora anos mais tarde, tivemos a ver o que poderia ser.. a hipótese mais provável era o bicho da madeira, pois ela diz que se ouvia de todo o lado, mas principalmente do guarda fato e de um móvel da cozinha (já nada disso existe, a casa foi abaixo devido a ser de madeira e estar a cair), mas ela garante que era o exacto barulho de uma maquina de costura, e a minha avó materna nunca costurou...

A terra da minha mãe é uma pequena povoação chamada S. Jorge, onde se deu a batalha de Aljubarrota, próximo da Batalha e Porto de Mós.

Verdade ou não... não sei, quando for a terra (com uma casa nova no lugar da antiga) vou ver se oiço, também temos algum "caruncho" no soalho, vamos a ver se é daí, ou se a costureirinha ainda faz o seu vestido de noiva...

Os meus pais são de Olhão e ouvia-se a costureirinha, quase todas as noites. O tal barulho da máquina, da tesoura e do pedal a andar para cima e para baixo. A lenda que lá corria era que a costureirinha adoeceu gravemente e teve de vender a máquina de costura para se tratar. Fez uma promessa que se ficasse boa iria fazer um peditório de porta em porta, em várias terras, para obter dinheiro suficiente para oferecer um manto bordado,  a Nossa Senhora. Acontece que ela melhorou, fez o tal peditório mas em vez de comprar o tecido e bordar o manto que prometera, comprou antes uma máquina de costura e nunca cumpriu a promessa de oferecer o manto. Por isso o seu espírito erra por aí e não há muito tempo a ouvi na minha despensa. É um barulho muito baixinho e senti uma alegria enorme por ouvi-la, pois diziam que ela já tinha encontrado a luz. Assim encaminhei-a com as minhas orações e espero que ela tenha finalmente encontrado a paz. Houve um episódio em casa dos meus avós, há cerca de 70 anos, em que a máquina de costura começou a trabalhar sozinha e ouvia-se o barulho da teoura. A minha avó com o susto chamou um vizinho que tinha a fama de gostar da sua pinguita e de estar quase sempre "tocado". O homem quando viu a máquina a trabalhar sozinha, começou a incentivar a entidade a pedalar com mais força e chegou a um ponto de a máquina levantar do chão. Foram chamar o Padre que morava a 20 metros lá de casa e só assim a máquina parou, depois de ele ter feito uma oração em latim. Ainda hoje essa história é muito comentada em Olhão pelas pessoas mais antigas. Diziam que era a tal costureirinha que estava ainda no início da sua pena e que por isso se manifestava com mais força.

Os meus pais são de Olhão e ouvia-se a costureirinha, quase todas as noites. O tal barulho da máquina, da tesoura e do pedal a andar para cima e para baixo. A lenda que lá corria era que a costureirinha adoeceu gravemente e teve de vender a máquina de costura para se tratar. Fez uma promessa que se ficasse boa iria fazer um peditório de porta em porta, em várias terras, para obter dinheiro suficiente para oferecer um manto bordado,  a Nossa Senhora. Acontece que ela melhorou, fez o tal peditório mas em vez de comprar o tecido e bordar o manto que prometera, comprou antes uma máquina de costura e nunca cumpriu a promessa de oferecer o manto. Por isso o seu espírito erra por aí e não há muito tempo a ouvi na minha despensa. É um barulho muito baixinho e senti uma alegria enorme por ouvi-la, pois diziam que ela já tinha encontrado a luz. Assim encaminhei-a com as minhas orações e espero que ela tenha finalmente encontrado a paz. Houve um episódio em casa dos meus avós, há cerca de 70 anos, em que a máquina de costura começou a trabalhar sozinha e ouvia-se o barulho da teoura. A minha avó com o susto chamou um vizinho que tinha a fama de gostar da sua pinguita e de estar quase sempre "tocado". O homem quando viu a máquina a trabalhar sozinha, começou a incentivar a entidade a pedalar com mais força e chegou a um ponto de a máquina levantar do chão. Foram chamar o Padre que morava a 20 metros lá de casa e só assim a máquina parou, depois de ele ter feito uma oração em latim. Ainda hoje essa história é muito comentada em Olhão pelas pessoas mais antigas. Diziam que era a tal costureirinha que estava ainda no início da sua pena e que por isso se manifestava com mais força.

Historia fascinante

Eu também sou algarvio, de Olhão e nós temos a Floripes, o Menino dos Olhos Grandes e também sei essa estória da custureirinha. Pelo que hoje sei, é o caruncho, o bicho da madeira, a criar esse mito. No entanto, o meu avô, que era coveiro, "iniciou" uma lenda em que os mortos pediam lume para o tabaco.
A realidade, é que o meu avô fazia as "covas" à noite, durante o verão, pois o calor durante o dia era muito. Certo dia, esqueceu-se do "lume".
Quem conhece o cemitério aqui da zona, sabe que fica quase ao nível de um primeiro andar.
Ora, alguém, num muro destes a pedir lume, está mesmo à espera que seja assombração. Em especial, numa altura em que a iluminação pública era inesistente...ou apenas para certos locais.
E eis que surge o oculto...

Fiquem bem.
S.

Eu também sou algarvio, de Olhão e nós temos a Floripes, o Menino dos Olhos Grandes e também sei essa estória da custureirinha. Pelo que hoje sei, é o caruncho, o bicho da madeira, a criar esse mito. No entanto, o meu avô, que era coveiro, "iniciou" uma lenda em que os mortos pediam lume para o tabaco.
A realidade, é que o meu avô fazia as "covas" à noite, durante o verão, pois o calor durante o dia era muito. Certo dia, esqueceu-se do "lume".
Quem conhece o cemitério aqui da zona, sabe que fica quase ao nível de um primeiro andar.
Ora, alguém, num muro destes a pedir lume, está mesmo à espera que seja assombração. Em especial, numa altura em que a iluminação pública era inesistente...ou apenas para certos locais.
E eis que surge o oculto...

Fiquem bem.

Essa de pedir lume para o tabaco, aconteceu com um tio meu, que tinha a mania de ir aos bailaricos das aldeias vizinhas de Olhão. Uma noite, no regresso a pé (naquele tempo não havia transportes) de mais uma borga, deviam ser umas 3 da manhã, viu um homem agachado junto de uma fogueira à porta de uma fábrica que estava desactivada há alguns anos, porque o dono se tinha suicidado por estar na falência. O meu tio dirigiu-se ao homem a pedir uma brasa para acender um cigarro e o homem deu-lhe a brasa, sem lhe dirigir qualquer palavra. Quando o meu tio fez o gesto de aproximação para acender o cigarro, a luz da brasa incandescente iluminou o rosto do homem e ele verificou que era o tal dono da fábrica, que se tinha suicidado. O meu tio largou tudo e desatou a correr e só parou em casa, a cerca de 5 quilómetro de distância da fábrica. Ficou muito abalado. Depois viemos a saber que já outras pessoas tinham tido a mesma experiência. A família do homem que se tinha enforcado lá mandou rezar muitas missas, e parece que pouco tempo depois ele deixou de aparecer .

A minha mãe também ouvia ás vezes durante anos.
Um dia ouviu a partir de dentro de uma caixa de medicamentos que estava em cima de um armário, pegou no raio da caixa e lançou pela janela fora e nunca mais ouviu. Estranho.

Bicho da madeira não é. É bater e não roer.

Essa lenda é bem conhecida no Alentejo Central onde vivo e eu própria já tive o prazer de ouvir duas vezes .
A primeira vez que ouvi a costureirinha era pequenina e estava na casa da minha avó, aliás foi ela que me foi chamar para a ouvir! O som saia de dentro de um lava louças em tijolo que a minha avó tinha na rua e era tal qual o de uma máquina de costura das antigas a funcionar. Nesse dia a minha avó contou-me a lenda que é um pouco diferente das versões que li aqui. Na versão da minha avó existiram duas irmãs que se zangaram durante as partilhas das heranças da mãe porque ambas queriam a máquina de costura, como só uma ficou com a máquina a outra rogou-lhe a praga de passar o resto da eternidade a costurar sem parar.
Há cerca de uns 10 anos atrás voltei a ouvir o mesmo som na casa dos meus pais. O som parecia vir de um relógio sem pilhas que estava no armário da sala lá de casa, prolongou-se durante cerca de uma hora e toda e todos o ouvimos. Acho que antigamente era muito comum ouvir a dita costureirinha mas agora já nem tanto.
O som existe, disso não tenho dúvidas algumas, porém tenho para mim que é um insecto...

Essa versão da história da costureirinha, eu não conhecia! Obrigada por partilhares connosco!

Eu sou de Lagos e lembro-me dessa costureirinha. Lembro-me de ouvir esse som quando era pequena, talvez ainda nos anos 80. Ouvia-se o pedalar, o som da máquina de costura, ouvia-se a pousar a tesoura. Era assustador levava alguns minutos e depois passava. Fiquei com isso na memória. A mim o que me foi dito foi que essa costureira tinha prometido fazer uma mantinha ou algo assim para a nossa senhora e oferecer, mas não cumpriu a promessa e ficou a penar, por isso ouvia-se o barulho.

Entrei aqui para vos falar sobre este tema, "a Costureirinha", e na minha infancia lidei com o bicho da madeira, e este assunto não tem nada a ver com o mesmo. Na minha infância aprendi a lidar com o barulho de máquina de costura que a minha falecida Mãe usava, mas TB com aquele que a Costureirinha fazia, e em diversos locais da casa, mas mais na cozinha, o qual saia normalmente de dentro de uma panela, e eu olhava para dentro tentando vêr, é evidente k não via nada... a minha Mãe ensinou-me a não ter medo e a rezar-lhe uma oração para aliviar a sua alma, pois que estava a cumprir uma promessa não cumprida em vida. Existem várias opiniões, "lendas" mas a que me foi contada é que ela tinha adoecido e ofereceu a máquina de costura a um determinado santo, caso se curasse, quando ficou boa, pensou nisso, mas como era o ganha pão dela, disse que preferia dar a volta ao mundo com ela as costas do k a dar. Já li por aqui algumas gracinhas, mas eu garanto-vos que ouvi dezenas de vêzes este som caracteristico da máquina de costura, e a tezoura a ser pousada. As ultimas vezes que a ouvi foi pelo final dos anos 70, princípio de 80. Deus queira que a sua alma já descanse em páz...

Essa lenda é bem conhecida no Alentejo Central onde vivo e eu própria já tive o prazer de ouvir duas vezes .
A primeira vez que ouvi a costureirinha era pequenina e estava na casa da minha avó, aliás foi ela que me foi chamar para a ouvir! O som saia de dentro de um lava louças em tijolo que a minha avó tinha na rua e era tal qual o de uma máquina de costura das antigas a funcionar. Nesse dia a minha avó contou-me a lenda que é um pouco diferente das versões que li aqui. Na versão da minha avó existiram duas irmãs que se zangaram durante as partilhas das heranças da mãe porque ambas queriam a máquina de costura, como só uma ficou com a máquina a outra rogou-lhe a praga de passar o resto da eternidade a costurar sem parar.
Há cerca de uns 10 anos atrás voltei a ouvir o mesmo som na casa dos meus pais. O som parecia vir de um relógio sem pilhas que estava no armário da sala lá de casa, prolongou-se durante cerca de uma hora e toda e todos o ouvimos. Acho que antigamente era muito comum ouvir a dita costureirinha mas agora já nem tanto.
O som existe, disso não tenho dúvidas algumas, porém tenho para mim que é um insecto...

Se o som existe, e não tem duvidas algumas, qual será o insecto que produz som de máquina de costura e tesoura a cair, já para não procurar qual o insecto que sabe costurar?...

Sei lá, há o bicho-da-madeira, o bicho-da-seda... Pode haver o bicho da costura, há pessoas até que têm o bichinho...

Estou a brincar, o que eu acho é que se fosse barulho do cupim as pessoas mais antigas não se deixavam enganar, o som deles é de roer e não de dar ao pedal, é completamente diferente, nem havia tantas pessoas a falar disso, quando oiço o bicho da madeira não me parece nada uma maquina de costura a pedal.

Geralmente o "som" da Costureirinha é mais o dos antigos contadores de água do que do "caruncho".
As casas antigas, pelo menos aqui no Algarve, logo na entrada, tinham uma sala grande abobadada.
Os contadores da água estavam logo à entrada (quando não estavam dentro das casas) e a acústica é propicia à propagação do som, em especial, numa altura em que havia poucos ou nenhum carros nas ruas.

No entanto, nunca ouvi a "parte" de uma tesoura a cair, mas, quem conta um conto, acrescenta um ponto!

Eu também não acreditava na história da costureirinha quando só meus pais e avos me contavam.
Até a ouvir pela primeira vez. Estava sozinha em casa, à noite, deitada na cama prestes a ir dormir, e sou sincera não achei graça nenhuma à situação na altura.. lool
E hoje, ao ouvi-la novamente, vim aqui procurar na net alguma coisa sobre esta lenda, e vi este topico aqui..
Estou aqui na minha cozinha, e estava a fazer um trabalho para a faculdade, quando ouvi de novo, pela 2ª vez em 22anos, o tique, tique, tique, tique, tique ritmando.
Começa, dura alguns segundos, e depois para, mais alguns segundo em silencio, e volta de novo..
Visto que a minha casa tem cerca de 27 anos +-, e a minha cozinha foi toda remodela à cerca de 10 anos, o barulho não é do frigorifico, nem de nenhum relógio ou outra maquina, porque estava tudo em silencio, nem tinha mais nenhum eletrodoméstico a ser usado para além do frigorifico. E não acredito que seja o bicho da madeira, nem os tetos de madeira loool
E já agora, sim a minha mae tem uma máquina da costura

Os meus avós que já faleceram também me contavam esta historia, e até mesmo a minha mãe se lembra de ouvir a "Costureirinha" quando era pequena...

Mas mais estranho foi o que aconteceu ao meu avô, ele era mineiro, e devido à profissão... sempre teve muitos problemas. A certa altura ele adoeceu muito, ficou de cama bastante tempo... quando isso aconteceu, no quarto onde ele dormia, começou a ouvir um barulho, como se algo estivesse a bater na madeira, um toc toc, forte... a minha avó mandou alguém ir ver se estava algum bicho no forro do tecto, e nada... o barulho continuou, o meu avô mudou de quarto, e o barulho foi atrás dele... sinceramente já não me lembro bem como é que o barulho acabou por desaparecer, tenho que perguntar a minha mãe, que ela ainda deve saber isso... o que é certo é que o meu avô melhorou e o barulho desapareceu...

Eu sou de Coimbra, por oposição aos relatos mais a sul...
Ora sempre ouvi a minha família falar-me das máquinas de costura que se moviam à noite - começavam a trabalhar, viam-nas mesmo mexer, como se estivessem a costurar, sem que alguém estivesse a utilizá-las.
Imaginem o pânico naquela casa, onde existiam 3 costureiras (a minha bisavó, a minha avó e a irmã desta) e 3 máquinas, ouvindo-se por vezes as 3 trabalhar simultaneamente.
Pensei inicialmente que fosse história da minha bisavó e avó, mentes mais susceptíveis de serem influenciadas, mas a minha mãe (céptica) fez os mesmos relatos, já que viveu na mesma casa até casar.
Entretanto mudaram-se de casa (a casa da minha infância) e eu própria, que dormia na divisão por cima e ao lado, de onde existiam as duas máquinas de costura da casa, ouvi várias vezes um barulho semelhante à máquina a funcionar, embora, apesar das tentativas, nunca as tenha visto mexer.

Apesar destes relatos, nunca tinha ouvido falar da lenda/mito da costureirinha, fiquei a conhecê-lo aqui... achava até que fosse algo que acontecesse apenas lá por casa.