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  • Dia Mundial Da Poesia
    Iniciado por Nightshade
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Hoje é o dia mundial da poesia e aqui vou postar um poema de tributo a um poeta que adoro. A minha sugestão é que escrevam aqui um poema ou um texto a homenagear algum poeta de vossa eleição.

«Tributo a Antero»

Na verde Ilha de Bruma
Viveu um poeta de sensível trato,
Uma alma romântica e frágil,
Uma gaivota solitária e ágil,
Vogando nas tempestades da poesia.

Contemplando a cadência da rebentação,
Chicoteado pelos ventos da amargura,
Recitando canções de embalar à distância,
Acometido pelas saudades de sua infância,
Sonhava regressar ao ventre materno.

O céu velava seu tormento de infame,
Mil mulheres amou sem se entregar,
Seu mal advinha de seu poético coração,
Louco e condenado como seu irmão,
Viajou pelas fronteiras da pura insanidade.

Foi-lhe diagnosticada a doença de Histeria,
Um pânico indescritível de vaguear errante,
Arrastado por marés que o despedaçavam,
Enquanto seus demónios o devoravam,
Reduzindo-o a fiapos de eterno tormento.

Ao ventre de sua mãe não poderia voltar,
Esta foi tragada pela Eternidade,
Nenhum porto o poderia por bem acolher,
Ao encontrar-se aos poucos a morrer,
Vítima de uma febre sem cura possível.

Assim o poeta cansado foi vencido,
Pela tragédia que seu Fado vaticinou,
Num banco se sentou Antero de Quental,
Paladino da Poesia de Portugal,
E com sua vida terminou.

Com uma arma destruíu sua vida
Numa fatídica manhã de ouro vestida.

"A Poetisa"

É linda e bela,
Gira e formosa,
Não há ninguém como ela,
De tal maneira graciosa.

Dos seus sonhos se inspira,
Apressa-se a escrever,
De forma eloquente admira,
Esse êxtase que é viver.

Poetisa com certeza,
Exalta a sua criação,
Contemplando tal beleza,
Sinto orgulho no coração.

A ti Nightshade porque és a minha poetisa de eleição. O meu orgulho.
:)

Moon*
Aqui fica o meu contributo:


Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!

Florbela Espanca

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Poema Melancólico a não sei que Mulher


Dei-te os dias, as horas e os minutos
Destes anos de vida que passaram;
Nos meus versos ficaram
Imagens que são máscaras anónimas
Do teu rosto proibido;
A fome insatisfeita que senti
Era de ti,
Fome do instinto que não foi ouvido.

Agora retrocedo, leio os versos,
Conto as desilusões no rol do coração,
Recordo o pesadelo dos desejos,
Olho o deserto humano desolado,
E pergunto porquê, por que razão
Nas dunas do teu peito o vento passa
Sem tropeçar na graça
Do mais leve sinal da minha mão...

Miguel Torga, in 'Diário VII'

Amor é fogo que arde sem se ver

Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

                           Luís de Camões