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  • cepticismo saudável - alguns conceitos a reter
    Iniciado por pontozero
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Para quem se interessa pelo estudo do paranormal e deseja investigá-lo, há certos cuidados a ter. Não se tratam de cuidados supersticiosos mas antes cuidados científicos se queremos ser o mais correctos possível nas nossas conclusões. É aqui que o erro recai constantemente pois aos interessados no paranormal está sempre associado um lado afectivo pessoal bastante forte e é esse lado afectivo que tolda a razão e influencia resultados. É desta forma que se acaba por ouvir constantemente "eu senti/eu vi/eu ouvi e sei que é verdade". Errado. Se há algo que nos engana constantemente são os nossos sentidos e devemos estar conscientes da falsidade dos mesmos.

Assim, deve-se partir do pressuposto de que para qualquer fenómeno paranormal está normalmente associado uma razão lógica explicável. Mais desconhecido que o mundo do oculto é a mente humana e a forma como se comporta. Só depois de eliminarmos todas as possíveis razões lógicas é que se poderá supor a experiência como algo sobrenatural.

A melhor técnica para a análise de um fenómeno é o distanciamento emocional sobre o mesmo. Pensar "fora da caixa" é a chave.  Ao distanciamento e frieza de análise por quem é céptico está normalmente associada a arrogância/ignorância/negação. Contudo não se trata de ser arrogante mas de se ser o mais verdadeiro possível na investigação. Se formos a julgar os fenómenos por pressupostos pessoais ideológicos/culturais/emocionais estamos desde logo a influenciar o resultado e a coloca-lo em causa.

Ao longo dos anos em que fui participando em fóruns de paranormal/ocultismo tenho reparado que há determinados conceitos que não são conhecidos ou são ignorados pela maioria e que são extremamente úteis para o estudo de fenómenos e experiências pessoais. Deste modo achei que seria útil reunir um pequeno apanhado dos principais conceitos que acho serem essenciais ao estudo do paranormal.

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+ Pareidolia

Já muito falada e referida neste fórum é de facto um dos principais fenómenos psicológicos a ter em conta. Em resumo:
Citaçãodescreve um fenômeno psicológico que envolve um vago e aleatório estímulo (em geral uma imagem ou som) sendo percebido como algo distinto e significativo. Exemplos comuns incluem imagens de animais ou faces em nuvens, em janelas de vidro e em mensagens ocultas em músicas executadas do contrário.
(fonte: wikipédia)

+ Apofenia

Fenómeno psicológico que falsamente atribui relações lógicas a eventos e situações que nada têm de comum entre si. Em resumo, ver padrões onde eles não existem na realidade. É fácil recair-se neste erro quando estamos ligados de forma afectiva a determinado fenómeno, acabando por procurar mesmo que inconscientemente relações que justifiquem a veracidade do mesmo.

+ Confabulação e falsas memórias

A substituição, inconsciente ou consciente, de uma realidade por uma fantasia, muitas vezes com elementos verídicos. É natural tal acontecer por exemplo em testemunhas oculares, que acabam por alterar o conteúdo do seu relato por influências externas e internas, sem se aperceberem.

+ Falácia "add populum"

"add populum" é o argumento de que a popularidade de um fenómeno é razão suficiente para o tomar por verdadeiro. Contudo esta ideia é falsa, pois a quantidade de pessoas é irrelevante para a veracidade de um fenómeno. Cai-se no erro de julgar que a maioria está sempre certa, quando tal nem sempre é verdade.  É uma das artimanhas mais usadas na manipulação de ideias e opiniões.

+ Apelo à autoridade e à tradição

A tendência para se remeter a veracidade de um facto, não aos argumentos pró e contra a sua natureza, mas à sua origem seja ela uma personalidade ou uma tradição/cultura. É comum ver-se pessoas a defender as suas ideologias não pela discussão de argumentos mas apoiando-se em personalidades (religiosas por exemplo) ou na antiguidade dos costumes/tradições. Mais uma vez é um falso argumento, pois nenhum destes pontos é suficiente para justificar a veracidade/legitimidade de um fenómeno.

+ Argumento da ignorância

Dos argumentos mais comuns especialmente no que toca a discussões religiosas. Estamos perante este argumento quando alguém defende que algo é verdadeiro só porque até ao momento ainda nada o provou como sendo falso. Ilusoriamente fiável é tão vulnerável quanto outros, pois na realidade não há provas que suportem ou neguem a existência de um fenómeno. A não existência de provas não pode ser encarado como uma mais valia, mas antes como a estaca zero. Daqui nada se pode concluir.

+ Efeito auto-quinético

A percepção de movimento num ponto luminoso, quando este está na realidade imóvel. Normalmente deve-se a movimentos involuntários do olho. Estudos revelam que as pessoas são facilmente influenciáveis a sofrer desta ilusão quando alguém lhes sugere o movimento de algo. À ignorância deste factor estão normalmente associados relatos de avistamentos de OVNIS.

+ Alucinações colectivas/histeria de massas

Uma alucinação colectiva é uma alucinação sensorial gerada através do poder da sugestão num grupo de pessoas. Normalmente obtém-se este tipo de alucinação em grupos com níveis emocionais extremamente altos, como por exemplo grupos religiosos. Note-se por exemplo a grande vontade de se presenciar um milagre aliada a um número extenso de horas a fitar um objecto ou lugar leva pessoas a ficarem susceptíveis de presenciar fenómenos como estátuas que choram, objectos em movimento, ou imagens religiosas em nuvens.

+ Validação subjectiva

É um dos erros mais comuns por pessoas a quem é feita uma leitura por mediuns, astrólogos, tarólogos, etc. A pessoa a quem é feita a leitura acaba por estabelecer significados e relações pessoais a elementos vagos que são referidos durante a sessão. Desta forma é a componente emocional da pessoa que a faz acreditar e ver relações no que lhe é dito.

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"Extraordinary claims require extraordinary evidence" - Carl Sagan

"Just 'cause you feel it doesn't mean its there." - Radiohead

Moon*
Bom post. Como referes há que ter vários factores em conta para que haja o máximo de rigor o quanto possível cientifico, pois algumas coisas é difícil de momento pela ciência comprovar, mas de certo de alguns a uns anos e não muito, na minha opinião vai haver algumas e grandes transformações na visão de determinadas coisas pela ciência.

Citação de: Moon* em 19 janeiro, 2010, 01:16
Bom post. Como referes há que ter vários factores em conta para que haja o máximo de rigor o quanto possível cientifico, pois algumas coisas é difícil de momento pela ciência comprovar, mas de certo de alguns a uns anos e não muito, na minha opinião vai haver algumas e grandes transformações na visão de determinadas coisas pela ciência.

Olá Moon*

Concordo em parte com o que dizes, pois é impossível à Ciência comprovar tudo mas lá vai aos poucos fazendo os seus avanços e a visão das coisas tem sofrido alterações. No entanto acho que a "não-ciência" também tem de sofrer algumas modificações para que possa ser mais fiável nos seus resultados.
"Extraordinary claims require extraordinary evidence" - Carl Sagan

"Just 'cause you feel it doesn't mean its there." - Radiohead

Moon*
Mas por vezes é difícil a "não-ciência" ser algo mais linear, pois de facto não é linear e depende sempre de pessoa para pessoa. Agora é claro, existem coisas que pode-se tentar em parceria com a ciência ter possibilidades maiores de ser comprovada. Falo por exemplo de conceber algo fiável que capte vultos ou fantasmas.

A meu ver, a melhor abordagem que podemos fazer a assuntos paranormais é usando um pouco de cepticismo, mesmo quando somos crentes, lembro-me de quando fiz o 3º grau de Reiki que o meu mestre me disse eu iria entrar num período de autoconhecimento profundo em que duvidaria inclusive de mim próprio e até mesmo do próprio Reiki. Ou seja, não devemos entrar num determinado assunto sem o questionar e usar uma critica mais ou menos profunda, não acreditar por acreditar mas sim porque temos fundamentos para acreditar.

Espero ter feito algum sentido

crashy
eu pelo que me apercebi do que li na minha curta estadia por este fórum foi que muitas das descrições que as pessoas usam foi que sentiram algo, sentiram uma presença, sentiram um vulto, sentiram mais frio, ouviram um barulho, etc... são fenómenos sensoriais no geral correcto?

Se são fenómenos sensoriais uma máquina fotográfica, gravador, ou qualquer outro equipamento nunca vão gravar o que as pessoas vêem, pois uma máquina só vê a realidade, só ouve a realidade... As máquinas não filmam sensações, não há fotografias do amor que uma pessoa tem pela outra! Eu já tenho pensado nisto e cada vez mais acho que é impossível alguém conseguir captar qualquer registo.

Que o paranormal interaja com o mundo físico, aí sim poderá haver registos... agora que se filme ou se ouça um espirito? isso já é outra história...

Citação de: crashy em 19 janeiro, 2010, 21:49
eu pelo que me apercebi do que li na minha curta estadia por este fórum foi que muitas das descrições que as pessoas usam foi que sentiram algo, sentiram uma presença, sentiram um vulto, sentiram mais frio, ouviram um barulho, etc... são fenómenos sensoriais no geral correcto?

Se são fenómenos sensoriais uma máquina fotográfica, gravador, ou qualquer outro equipamento nunca vão gravar o que as pessoas vêem, pois uma máquina só vê a realidade, só ouve a realidade... As máquinas não filmam sensações, não há fotografias do amor que uma pessoa tem pela outra! Eu já tenho pensado nisto e cada vez mais acho que é impossível alguém conseguir captar qualquer registo.

Que o paranormal interaja com o mundo físico, aí sim poderá haver registos... agora que se filme ou se ouça um espirito? isso já é outra história...

Concordo contigo

Mas há "coisas" que não sentidas pelos humanos e podem ser captadas por máquinas...
Sou como sou, quem gosta, muito bem.
Quem não gosta, paciência!
Viva a liberdade de escolha!

crashy
quanto a isso tenho muitas dúvidas... As únicas máquinas que sentem são robots que reagem a estímulos provocados pela nossa voz... Ora se apenas denotam diferenças no nosso tom de voz duvido que consigam captar coisas que os humanos sentem. A não ser claro está que haja interação entre mundo real e "mundo dos espíritos" e se estes mexerem um quadro ou deixarem cair um quadro, é normal que uma câmara capte, pois capta o movimento, não capta a presença a deitar abaixo o quadro.

Excelente post!

É sempre bom ter em mente estes factores antes de se partir para o "sobrenatural".

Citação de: crashy em 19 janeiro, 2010, 22:10
quanto a isso tenho muitas dúvidas... As únicas máquinas que sentem são robots que reagem a estímulos provocados pela nossa voz... Ora se apenas denotam diferenças no nosso tom de voz duvido que consigam captar coisas que os humanos sentem. A não ser claro está que haja interação entre mundo real e "mundo dos espíritos" e se estes mexerem um quadro ou deixarem cair um quadro, é normal que uma câmara capte, pois capta o movimento, não capta a presença a deitar abaixo o quadro.

Enquanto não temos provas concretas temos de aceitar todas as possibilidades e ir riscando as que se tornam fora do assunto.
Agora há que manter um espirito aberto e ter em consideração não a nossa única opinião, poir por muito cepticos que sejamos não somos os donos da razão, e se assim fosse sempre nem a palavra paranormal existiria.
Sou como sou, quem gosta, muito bem.
Quem não gosta, paciência!
Viva a liberdade de escolha!

AndreiaLi
+ Validação subjectiva

É um dos erros mais comuns por pessoas a quem é feita uma leitura por mediuns, astrólogos, tarólogos, etc. A pessoa a quem é feita a leitura acaba por estabelecer significados e relações pessoais a elementos vagos que são referidos durante a sessão. Desta forma é a componente emocional da pessoa que a faz acreditar e ver relações no que lhe é dito.



Exacto, acontece muitas vezes alguem mandar algo vago assim para o ar e a outra pessoa completa o que é dito quase duma forma inconsciente, nao se apercebendo do que fez.

Bom post, é sempre bom reforçar alguns destes conceitos.