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  • As Bruxas que somos hoje!
    Iniciado por MMFH
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O estigma social das bruxas, como seres maléficos, feios e velhos sempre me incomodou muito.
Esse ódio pelas mulheres curandeiras, benzedeiras, mães e sacerdotisas nasceu há séculos atrás e teve o seu auge com a publicação do livro Malleus Malleficarum (Martelo das Bruxas) escrito pelos dominicanos Kramer e Sprenger em 1486, um verdadeiro manual de Caça às Bruxas.

Kramer foi considerado insano pela Igreja e condenado em 1490, mas o livro continuou a ser publicado, ajudando fortemente a disseminar e incitar o ódio contra mulheres que tivessem conhecimentos sobre ervas e ousassem competir, mesmo que não fosse essa a intenção, com os únicos detentores da conexão espiritual-Deus e os homens.
Protestantes e adeptos do Cristianismo diziam não legitimar a obra Malleus Malleficarum mas entraram na onda de histeria e foram responsáveis por mais de nove milhões de crimes durante a Inquisição, a Era das Fogueiras.

A sabedoria pagã, conhecimentos ancestrais sobre ervas e plantas, era passada por oralidade. Como medida de proteção, os próprios "bruxos e bruxas" ajudaram a propagar a ideia de que seriam seres velhos, disformes, caricatos, de que não passavam de lendas, numa tentativa de enfraquecerem os seus poderes e assim quem sabe, as perseguições diminuíssem.
As perseguições e matanças só foram extintas no século XVIII mas ainda hoje temos os resquícios culturais desse período histórico.

A figura da bruxa como um ser horrendo, invejoso e transformadora de príncipes em sapos ainda é bastante reforçada, as produções da Walt Disney são especialistas em divulgar esta ideia.

São séculos e séculos de opressão às mulheres, violências psicológicas cada dia mais refinadas e eficazes, criando algemas mentais invisíveis e poderosas, enfraquecendo e escravizando milhares de mulheres em relacionamentos doentios, uso de drogas e aceitando condições na sociedade em que as colocam em lugares de inferioridade e subserviência.
As que ousam empoderar-se e tomar as rédeas das suas vidas, estão muitas vezes sozinhas, são classificadas de "mulheres de vida fácil", vadias, feministas, "feminazis" e por aí vai...
Esta necessidade de se classificar, demonizar o que foge da "normalidade" tem os seus conceitos muito bem enraizados desde há muitos séculos atrás.

Mas estamos numa Era, numa Nova Era, em que não suportamos mais viver enclausuradas mentalmente e as que não conseguem lutar, estão a ficar doentes, depressivas ou com sintomas de ansiedade.
As religiões que fazem uso desses conhecimentos ancestrais das ervas nos  seus cultos e rituais também são fortemente atacadas e demonizadas.

No que errámos em tratarmos as nossas vidas com os presentes da Natureza, em celebrarmos as estações, em nos curarmos com tudo que vem dela, que é nosso, nos foi dado?

Errámos, pois, somos mestras de nós mesmas, não damos lucro a nenhuma empresa e nem precisamos da bênção da água benta de nenhum padre e nem do óleo ungido de nenhum pastor.

Porque conhecemos a passagem estreita entre a vida e a morte, sabemos do poder e da força que carregamos nas nossas entranhas, conectámo-nos com a sagrada sabedoria que vem da Natureza, somos senhoras de nós mesmas, não precisamos de ninguém para dizer por onde devemos seguir.
Vamos continuar a ser perseguidas durante vários séculos ainda. Está nas nossas mãos deixarmo-nos escravizar novamente ou levantarmo-nos e empoderarmo-nos de nós mesmas.

Mulheres que dizem basta  nos relacionamentos abusivos e opressores.
Mulheres que se demitem dos seus empregos e se tornam grandes empreendedoras.
Mulheres que não terceirizam a educação dos seus filhos.
Mulheres que usam a sua intuição e a voz do coração e chegam a lugares inacreditáveis.
Mulheres que se libertam das drogas vendidas em farmácias e respeitam os seus corpos.
Mulheres que acedem aos saberes ancestrais e se curam com a ajuda da Natureza.
Mulheres que anulam toda a competitividade criada culturalmente e se aliam às outras mulheres, pois sabem da força que possuem quando estão juntas.

É com essas que quero ficar!

"Que o fogo das fogueiras que queimaram milhares de mulheres, há séculos atrás, seja o mesmo fogo restaurador e purificador, que nos limpa de todas as amarras do passado. Que este mesmo fogo nos empodere e nos conecte, nos una nesta grande teia da VIDA."

Amor incondicional é aquele que quer o bem do outro, independente do seu "eu" individual


Lunga vita alle streghe,

Que hoje em dia tanto precisamos (e sempre precisamos, não digam o contrário, pois não digam que eram padres que faziam os medicamentos na altura...entre outros)
Como uma pedra na água, como um pássaro no céu, Como uma criança para o seu pai, tu nunca perguntas "porquê", apenas segues a corrente até morreres.