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  • As prioridades dos tempos modernos
    Iniciado por Cassandra
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Reportagem chocante feita aos meandros da IURD revelam um negócio obscuro de adopções ilegais. O povo indigna-se, revolta-se, faz-se uma manifestação em frente à Assembleia. E bem, que há certas coisas com as quais não se deve ter meias medidas.

No entanto, fico perplexa ao verificar que por cá se retiram crianças às suas famílias para adopções que de legal têm pouco e ninguém diz nada.
Não é um caso, nem dois. São vários. As famílias são abordadas pelas comissões de protecção, dizem-lhes que têm de melhorar as condições em que habitam ou as suas situações profissionais, caso contrário as crianças serão retiradas pois não podem viver assim. As pessoas fazem o possível e o impossível, conseguem mudar o que lhes foi pedido, mas mesmo assim, os filhos são levados e desaparecem no sistema de adopção.
Porquê? Ninguém sabe. Ninguém quer saber. Talvez não haja interesse em falar disto porque não é a IURD, em quem é fácil "bater" apesar de ser uma seita enorme e com grandes recursos. Mas continua a ser uma seita. Dá audiências bater em seitas meio obscuras. Dá likes. Cai bem expressar a nossa indignação.

Contra as instituições nacionais que deveriam zelar pelo bem-estar dos cidadãos mais novos e desprotegidos, nem um pio. Suponho que é por não ser cool, não é "trendy".
Como ninguém sabe para onde vão parar estas crianças, só podemos esperar que lhes aconteça o melhor. Claro que, havendo tantas crianças institucionalizadas fica meio estranho a pressa em retirar e adoptar estas crianças em particular. Parece que foram... seleccionadas.
"Foi sempre como eles quiseram", disse uma familiar de uma menina que desapareceu neste sistema.

E não é só cá. Noutros países ditos civilizados esta pouca vergonha também acontece. Mas como acontece aos mais pobres e aos mais desprotegidos, parece que a sociedade não considera que isto seja um problema real.

Não é senhoras presidentas disto e daquilo que se indignaram com grande veemência contra a Supernanny? Não é instituições diversas que andaram a apresentar queixas em tribunal? Pois, pois é. Quando são crianças que passam o inferno às mãos de verdadeiros monstros, vocês desculpam-se com "a morosidade do sistema" e com a "necessidade de seguir os procedimentos" e outras conversas fiadas.
Quando é uma treta de um programa de televisão de quem ninguém se vai lembrar daqui a uns meses, ai jasus!!!, temos de nos mexer JÁ, e toda a gente colabora, e de repente já não há morosidades. Estão crianças em risco de terem as suas birras expostas na televisão!

Um miúdo de 9 anos é vendido pelos pais sistematicamente a um velho de 80 anos, durante 4 anos. O caso finalmente é descoberto, mas porque o tribunal de família tem mais que fazer, esta criança fica a viver com os pais até que alguém tenha tempo para olhar para isto.
Mas está tudo parvo?! Os pais prostituem o miúdo e ele fica a morar com eles?!

Azar o do miúdo, não apareceu na televisão e por isso vai ter de esperar. Para alguns miúdos, o melhor que lhes podia acontecer na vida era aparecer na Supernanny, aí sim, seria certo que alguém se iria indignar e os iria salvar.


Nota: para os mais distraídos, não estou a defender a Supernanny!
"Cedo ou tarde você vai perceber, como eu, que há uma diferença entre conhecer o caminho e percorrer o caminho". 
(Morpheus, The Matrix)

#1
   Concordo em absoluto mas só sabemos pela metade. Uma parte do problema também reside em determinadas familias em que aumento do agregado familiar é uma das condições para ir buscar rendimentos à segurança social deixando assim de lhes prestar os devidos cuidados sociais com os seus, contudo isto não invalida em nada aquilo que afirmas.
  Situação que não é muito favorável às crianças é a forma como são institucionalizadas acarretando a longo prazo problemas psicológicos no intervalo de tempo em que não conseguem arranjar uma familia de acolhimento. Talvez a pergunta que se devia fazer era o que são estas instituições de acolhimento, será que têm condições materiais e humanos adequados para acolher estas crianças, eu acho que não! Não digo que seja regra geral mas talvez fosse necessário uma inspecção a estes centros de acolhimentos.
Sabes aquilo que mais reparo nem é tanto a falta de condições mas sim a falta de afecto e carinho para com estas crianças quer da parte dos monitores, psicologos, etc, ou seja as bases para uma boa educação.

Parece que já todos esquecemos o que se passou na Casa Pia. Pessoalmente creio que em todas estas instituições se passam coisas obscuras. Mal por mal, a maioria das crianças estaria melhor com os seus próprios pais.

Claro que são conhecidos casos em que os pais usam os filhos para ter subsídios. Mas nos últimos dois casos que tomei conhecimento, num a menina era filha única, no outro só tinha mais um irmão. Para além de que havia familiares disponíveis para acolher as crianças. Diz a lei que se deve esgotar todas as hipóteses dentro da família antes de se retirar as crianças da mesma - o que se vê nestes casos é que nada disso interessa.

Citação de: oculto em 01 fevereiro, 2018, 13:03
Parece que já todos esquecemos o que se passou na Casa Pia. Pessoalmente creio que em todas estas instituições se passam coisas obscuras. Mal por mal, a maioria das crianças estaria melhor com os seus próprios pais.
De uma forma geral, concordo. Desde que não se verifique a tal situação do ter filhos para o subsidio ou que hajam manifestos maus tratos, como no caso que citei do miúdo que foi prostituído pelos pais.

Para o bem e para o mal, tenho memória. E lembro-me da Casa Pia, mas também me lembro da Joana. Infelizmente nestas coisas não há receitas infalíveis.
"Cedo ou tarde você vai perceber, como eu, que há uma diferença entre conhecer o caminho e percorrer o caminho". 
(Morpheus, The Matrix)