É só uma história

Vou partilhar uma história convosco.

Numa noite fria de sábado estava em casa com pouco que fazer e uma vez que não estava a dar nada de jeito na televisão, pensei em alugar um filme na box. O filme que estava a pensar ver era um filme cuja apresentação já tinha visto várias vezes e que me tinha deixado curiosa, era de terror, baseado numa história real, enfim, não parecia ser um filme de terror daqueles parvos que não têm ponta por onde pegar.
Enquanto andava ali no vai não vai para alugar percebi que os móveis da sala estavam a estalar. Um estalo aqui... um estalo acolá... espaçados no tempo, mas não tão distantes que não tivesse chamado a atenção. Vi a apresentação do filme outra vez a ver se me decidia até que me decidi mesmo a ir ver o filme.
Quando tomo essa decisão, os estalos dos móveis tornaram-se mais audíveis e muito mais frequentes. Por toda a sala, todos os móveis estavam agora a estalar à vez.
Pensei "A sério? Por causa de um filme? É só um filme... boa?!" - os estalos não pararam até que me levantei e disse em voz alta "pronto!, pára lá com isso, não vejo filme nenhum e vou meditar que é o melhor que faço!"

Os estalos pararam.

Já estava preparada para a meditação quando me lembrei da cena que tinha acontecido à minutos. "Não, a sério? É uma treta de um filme, qual é o problema?". E foi então que os móveis do quarto começaram a estalar.
Disse "Epá calma, é só uma pergunta! Não é que me vá sair daqui agora para ir ver aquela m...", e tudo voltou a acalmar...

Naquela noite a meditação levou-me à procura de um sentido para o que tinha acontecido e no diálogo que aconteceu aprendi que a insignificância de certas coisas pode ser só aparente. Há um certo tipo de poluição que não se vê, não tem cheiro, nem sequer é material, mas que nos faz muito mal.
Escolham bem os vossos ambientes, as coisas em que pensam, que vos passam pelos olhos e pelos ouvidos, as coisas em que investem o vosso tempo. A vossa essência agradece.
Como é que dizia a outra? Sei que posso fazer tudo, mas nem tudo me convém.


Tudo de bom!

Há muita coisa escondida que só aguarda um momento, um mero descuido nosso, para atacar e fazer dano. O que muitos julgam ser brincadeira ou até não ser possível não é assim. Não é por que não se crê ou não se liga que a roda deixa de girar. Filmes, músicas, adereços, objectos e uma constelação de coisas aparentemente inocentes tem por detrás um inimigo implacável. Conheci alguém que achava giro sobrepor dois lápis sobre uma folha A4, apenas por que os lápis se moviam, e que hoje reside num cómodo no Sobral Cid, cuja mente simplesmente despegou se do corpo, tudo a custa do Charlie Charlie.

Novamente, a curiosidade matou o gato. Nada somos fora de Deus e se quisermos ter paz temos de estar atentos.