Aviso em forma de cheiro, ou pura coincidência ?

Ontem fui levar a minha cadela à rua, pelas 19h00 e quando regressei, 5 minutos depois, senti cheiro a queimado na entrada do prédio. Tentei perceber o cheiro, se era a papel ou outro tipo. Mas era muito genérico. Podia ser qualquer coisa queimada. Abri os contentores do lixo e cheirei o interior de cada um deles (indiferenciado, plástico e papel). Não vinha dali. Baixei-me, também não vinha debaixo deles. Olhei para a planta deprimida ao canto, nada havia no vaso. Subi os 3 degraus que me permitem ter altura para espreitar o poço do elevador, e inspirei. Nada. Voltei a descer ao hall do prédio e já não senti nada. Não cheirava a nada.
Meio intrigada, fui para casa, aos meus afazeres.
Às 20:30 telefono à minha avó para ela vir jantar (mora no mesmo prédio, três andares acima). Não atendeu. Liguei de novo, atende e não percebe nada do que digo, está cada vez mais surda. Enfio os chinelos e vou lá buscá-la.
Entro na casa dela, vou direita à sala e não está. Vou à cozinha, não está. Volto ao corredor e está ela a sair da casa de banho.
"Anda avó, o jantar está na mesa".
Descemos juntas, jantamos, eu dou-lhe os comprimidos e desejo-lhe uma boa noite.
Brinco um pouco com a minha filha, troco a fralda, lavo os dentes, canto o "Vitinho" e vou adormecê-la para o quarto, muito mais tarde que o normal, eram 22h00.
Passado uns 20 minutos oiço burburinho no prédio e tento distinguir as palavras, mas é difícil. Até que me tocam à campainha, estridente e aguda.
Abri a porta, meio preocupada, meio indignada. Era um vizinho.
"A casa da sua avó está a arder".
O efeito que estas palavras tiveram em mim, num segundo, foi o equivalente a ter levado com uma frigideira na cabeça, um murro no estômago e um copo de água gelada na cara, tudo ao mesmo tempo. Olho para o meu companheiro, ele que fique em casa com a bebé. Subi os três andares como uma atleta profissional e afasto a carrada de vizinhos inúteis à porta da minha avó, para a encontrar com um buraco enorme, do tamanho de um prato, na camisa de noite. Levanto-lhe a camisa à espera de ver uma queimadura de segundo grau, mas a pele, incrivelmente, está só levemente rosada, numa área de 3cm². A minha mãe, a tremer por todos os lados, foi-me mostrar a cozinha.
O cheiro a queimado era pungente, enjoativo e assustador.
Já não havia fogo nenhum, a minha mãe apagou tudo a tempo de evitar o pior.

Mas foi um grande susto. Muito grande mesmo.
Ao que parece foi o micro-ondas que pegou fogo (porquê?), e a minha avó transportou o fogo na sua roupa para a zona do lava-loiças, onde as chamas alastraram grandemente por haver uma cortina de tecido. Foi tudo uma questão de segundos.
Abri as janelas, pela primeira vez fiquei feliz de estar uma ventania desgraçada, dei-lhes leite para combater eventuais efeitos tóxicos do fumo, tentei sossegá-las.
Encaminhei-as para a cama, no dia seguinte logo se via como limpar as coisas e fazer o apanhado dos estragos.

Quando regresso à minha casa e minha cama, dou graças por ninguém se ter magoado, e vem-me à cabeça o meu avô e os seus grandes olhos azuis. Dou por mim a agradecer-lhe ter protegido a minha avó, e seguem-se na minha mente uma data de flashes de memórias queridas da minha infância com eles os dois. Ele faz tanta falta a todos nós...

E indubitavelmente surge a questão: o cheiro a queimado às 19h00 existiu mesmo, ou foi algo plantado na minha cabeça como um aviso?

Que achas? Que foi um aviso? Costumas ter premonições?

A mim parece-me um aviso, uma premonição, o que lhe quiserem chamar. alguém te alertou para o que ia acontecer. Não sei se foi a primeira vez que tiveste algo do género ou não mas tenho a sensação que foi um alerta e não uma mera coincidência.
Fico feliz por nada de grave ter acontecido.

A meu ver não se trata de eu costumar ter premonições, eu acredito que os sinais estão no nosso caminho, umas vezes mais subtis que outras, e que há alturas na vida que estamos mais sintonizados e mais atentos não só para o ver como para fazer o entendimento (como se costuma dizer, juntar 1 + 1).
Das várias vezes que reparo nos sinais/mensagens/"coincidências", posso achá-las estranhas, posso perceber que algo ali quer dizer alguma coisa, que há qualquer coisa fora do panorama "normal" da realidade (ou seja, consigo perceber que ali há gato), mas não chego a conclusão nenhuma, só depois das coisas acontecerem..
Este foi mais um caso. Não me serviu de nada "ser avisada" porque não pude evitar o acontecimento.

A premonição é um conceito muito global, e normalmente mais associado a sonhos e/ou a visões, mas acredito que podemos ter acesso a alertas através de todos os nossos sentidos, e o olfacto não é excepção.