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  • Choped Literário - Março '17
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Choped Literário - Março '17

O Choped Literário também voltou! :D
Os textos só podem ter no máxmo 20.000 caracteres, sem contar com os espaços.

A regra de ouro mantém-se:
Os 3 elementos apresentados têm que ter um papel importante na história.

Por exemplo, um pastor, um pote e o campo. Os 3 elementos não podem ser logo descartados como é exemplificado abaixo:

Um pastor, que vivia isolado num monte no campo alentejano já há vários anos, todos os dias repetia a sua rotina levando o rebanho a pastar. No seu pote levava algumas bolachas para depenicar enquanto estava na companhia das ovelhas, esperando o tempo passar. Certo dia, um grito fez-se ouvir de forma estridente e agonizante, preocupado, levantou-se e ficou à escuta, foi quando não acreditou no que os seus olhos viam...

Podem acrescentar-se elementos, mas os restantes elementos têm que existir ao longo da história ou ter um papel importante para a mesma.
Os elementos podem ser utilizados em qualquer ordem, independentemente da apresentada no enunciado do desafio.

Vencerá a história com maior número de gostos do sistema de gostos do fórum.

Dados e informação necessária para este desafio:
ELEMENTOS:
Marinheiro
Telescópio
Gruta


Data limite: 31 de Março de 2017
Resultados: Sai vencedora a história com maior número de gostos até à data limite, portanto, apressa-te a participar!

Regras:
- Limite máximo de 20.000 caracteres (espaços não contabilizados)
- Texto em Português e sem erros ortográficos.
- Texto original; não são permitidas cópias de textos existentes.
- Apenas um conto por utilizador.


Importante:
- Cada participante deverá submeter o seu conto neste tópico até às 23h59 do dia 31 de Março.
- Será eleito vencedor o participante cujo conto seja o mais votado pelo sistema de gostos do fórum até à data limite do desafio, em caso de empate, será um dos moderadores do Cantinho das Artes a desempatar.
- Será atribuído o "Prémio Choped do Mês" ao conto vencedor, este prémio consiste para já num pequeno ícone de mérito junto ao vosso nome no fórum.

Qualquer dúvida, questão, crítica, sugestão, etc, apresenta-a aqui ou directamente por mensagem privada.

Boa sorte e, acima de tudo, esperamos que se divirtam e que apreciem os trabalhos que serão aqui apresentados.
E já sabem, sempre que tiverem alguma ideia entrem em contacto, todas as sugestões são bem vindas!  ;)

P.S. Os participantes são responsáveis pelo respeito às leis dos direitos de autor!

Olá

Estou de volta depois de uma temporada ausente, e podem contar comigo neste desafio ;)
Em breve postarei.

Cumprimentos
Filipa B.
"A ciência não só é compatível com a espiritualidade; é uma profunda fonte de espiritualidade" - Carl Sagan

Amor fatal...


     O vento uivava, furioso, transformando a sua voz em múltiplos gemidos ao percorrer os túneis das grutas que polvilhavam de mistério as falésias que impunham um limite ao mar revolto.
     João, ao serviço da defesa da costa de Setúbal, actuando na prevenção de tráfico de drogas, deu por terminada a noite de trabalho após concluir que nada de anormal se passava ao longo de toda a costa.

     Subitamente, por entre os gemidos do vento, um som estridente de agonia fez-se ouvir mais alto, que fez o corpo de João retesar-se em alerta. Uma onda embateu contra a rocha com grande espectáculo, fazendo de seguida o típico ruído de espuma a desfazer-se na água.
     Então, o silêncio.
     O vento calou-se, assim como o mar.
     Uma sensação de irrealidade envolveu João antes de se instalar um zumbido irritante no seu ouvido esquerdo.
     A sua mente repetiu os últimos sons e João podia jurar que o gemido era igual ao de uma mulher.
     Podia culpar o cansaço em que se encontrava, ou as ilusões que a vida no mar proporciona, mas em tantos anos de navegação, este experiente marinheiro nunca tinha ouvido nada semelhante. Mais do que isso, nunca tinha sentido esta atmosfera de suspense a latejar no seu sangue, mesmo quando enfrentou perigos reais nas águas agitadas e no combate ao contrabando.
     O seu sexto sentido estava definitivamente em alerta.
     Percorreu a falésia imponente com o seu telescópio, de cima para baixo, e quando estava prestes a terminar a vistoria, as suas mãos gelaram sem obedecerem à ordem do cérebro que largasse o telescópio.
     Numa das grutas mais ao nível do mar, bailava um tecido branco, fustigado pela brisa.
     Estupefacto com a visão, dirigiu o barco até junto da falésia para ver melhor do que se tratava afinal.
     Ao chegar, atracou o barco numa reentrância da rocha e voltou a usar o telescópio. No ângulo em que estava, só conseguia visualizar o tecto da gruta, e mais pasmo ficou ao ver fios pendurados, balançando suavemente. Embora não conseguisse perceber o que era ao certo, definitivamente não era nada de origem natural. Uma vez que a entrada da gruta se apresentava a pouco mais de dois metros, e a rocha tinha reentrâncias suficientes para uma subida segura, decidiu aventurar-se a entrar.
     A subida não foi tão fácil como parecia, pois a rocha estava molhada, e o vento soprava com força, gelando lhe as mãos, e por momentos julgou-se louco por estar a trepar uma falésia, quando já podia estar a caminho de casa, após uma noite de trabalho. No entanto, no seu íntimo sabia que não poderia ir para casa com um mistério na cabeça. Tinha que tirar isto a limpo.
     Fincando os dedos enregelados nas protuberâncias da rocha, impulsionou o corpo e entrou na gruta.
     Ali parou um pouco, de joelhos, a recuperar o fôlego e a esfregar as mãos para restabelecer a circulação. A luz do quarto minguante lunar era fraca, e incidia sobre o espanta-espíritos feito de conchas, que lhe chamara a atenção através do telescópio.
     Depois de os seus olhos se adaptarem à escuridão, conseguiu ver os contornos do que parecia um baú. Aproximou-se, relutante, e confirmou tratar-se de uma grande e tosca caixa de madeira. Ao abrir, descobriu vários cobertores e almofadas, húmidos e rotos.
     Aparentemente alguém tinha feito daquela gruta um local de descanso ou talvez algum tipo de refúgio. Não deixava de ser intrigante o notório toque feminino, presente no espanta-espíritos, na forma como várias velas se espalhavam harmoniosamente pelo espaço, e pela forma ordeira como estavam dispostos vários objectos nos nichos da gruta, transformando-os em prateleiras embutidas.
     À esquerda a gruta tinha uma saída minúscula, que dava acesso à parte florestal. Teria sido através dessa entrada que, quem quer que tivesse frequentado esta gruta, acedia.
     Num dos nichos naturais presentes na parede, encontrava-se um livro com a capa em pele, que João não hesitou em abrir, espantado e deveras curioso.

"Amado David, aqui está o nosso diário romântico. Comprei-o na feira esta manhã às escondidas de minha mãe. Como é tão grande, foi difícil escondê-lo no vestido, mas com a ajuda do meu xaile consegui. Por ti, por nós, creio tudo conseguir meu amor! Escreve-me por favor, que já não aguento a sede das tuas palavras... Julgo conseguir regressar na noite de Domingo.
Para sempre tua, Diana."

" Diana, minha musa de perdição:
A noite de ontem foi maravilhosa, mas tão breve... Quanto mais estou contigo, mais saudades me acometem! Quando nos podemos ver novamente?

"Querido David,
Vou tentar vir amanhã, mas como sabes não posso garanti-lo! Não posso correr riscos de ser apanhada em fuga. Quero muito que resolvas a tua situação para podermos anunciar publicamente a nossa relação. É uma agonia estar tantos dias sem te ver."

"Diana,
Agradeço-te toda a paciência que tens tido... Se não me amasses tanto, certamente aplicarias melhor o teu tempo! Uma moça tão virtuosa como tu deve ter dezenas de pretendentes disponíveis, e eu sinto-me tão honrado por ser alvo do teu mais doce amor! No entanto, quando te sinto apressada, pergunto-me se não seria melhor deixar-te voar em direcção a todas as oportunidades que tens, sem estar a atrapalhar-te! Tenho colocado muita esperança na tua paciência e compreensão, e sei que as coisas se vão resolver, mas se um dia sentires que o fardo é pesado demais para ti, di-lo! O meu coração ficará estilhaçado, mas em paz por não te atormentar mais..."

"David, meu eterno amor,
Dizes tolices! Jamais será um fardo para mim aguardar-te! Compreende apenas que o meu coração anseia por ter-te sem quaisquer reservas ou segredos!
Serei paciente, e não te irei apressar, pois confio em ti meu amor, e sei que o nosso grande dia vai chegar."


     Eram inúmeras as páginas onde os dois amantes trocavam recados apaixonados.
Isto era então um ponto de encontro secreto onde Diana e David outrora se encontravam, ou deixavam recados para a o outro, quando não lhes era possível coordenarem os encontros!

    "Que surreal" pensou João. Pelo aspecto envelhecido das páginas e da própria tinta, isto parecia ter ocorrido há bastante tempo... Vasculhou as páginas em vão, tentando encontrar algum recado que mencionasse a data, e deparou-se com as últimas páginas escritas. Faltavam ainda algumas 30 folhas antes do livro acabar.
     O seu estômago embrulhou-se numa estranha agonia, e sentiu que havia algo de errado naquele fim de troca de mensagens.
     Um pensamento optimista formou-se na sua mente: Talvez David tenha resolvido a situação e o casal tenha assumido a relação, e tenham casado, vivido numa bela casa, sem necessidade de se amarem à distância.
     Assim que teve este pensamento, novo zumbido invadiu o seu ouvido esquerdo, mas de forma tão intensa que João levou instintivamente a mão à orelha, como que para proteger da dor. Sentiu uma amargura profunda no seu âmago, uma tristeza tão pesada que não cabia no peito, e o empurrava para baixo. Teve vontade de se deitar no chão húmido e gelado, entregar-se àqueles sentimentos e acolhê-los como seus.
     Tentou combater este súbito estado depressivo, e decidiu ler a última entrada do Diário de Amor:

"David,
Se alguma vez mais vieres aqui, como que recordando alguma boa memória que possas ter tido, quero que saibas que eu sei toda a verdade. Agradeço a consideração de a teres tentado esconder de mim, e tenhas inventado aquela bela e nobre história para justificares o teu desaparecimento da cidade. Agradeço-te isto, não por ser tola, mas porque escolho ver nessa atitude não a cobardia, mas um laivo de consideração pela minha pobre alma, que tu sabes nunca ser capaz de suportar tamanha mágoa e desilusão. O único ressentimento que tenho é não teres sabido esconder a verdade tão bem quanto seria necessário. Sem querer... Eu soube tudo... Que coincidência terrível o meu primo Jaime conhecer a família da tua esposa! A forma alegre e gesticulante com que ao jantar nos contou as peripécias do vosso casamento! Cada palavra proferida era um punhal enterrado no meu peito, a sufocar-me devagar!
Como deves calcular não consigo, nem vejo motivo, para suportar esta dor. É assim minha decisão terminar aqui a minha vida, já que não a pude nunca começar, a teu lado.
Desejo que atinjas a felicidade com a tua esposa e vosso filho. É estranho, mas no meio de toda esta dor que tolda a minha essência, só uma coisa é clara e cristalina: Desejo que ames profundamente a tua esposa e não voltes a encontrar mais ninguém que te desperte a luxúria e vontade de a trair.
Porque esta dor, amado David, é tão colossal, que não a consigo desejar a ninguém. Nem mesmo à mulher que leva de mim o meu amado, os meus sonhos e o meu futuro.
Assim me despeço. A humilhação, a decepção, são meros figurantes, de papel secundário, bailando em laivos subtis no mar de tristeza que tomou o lugar de minha alma. Estou morta já. Sei-o simplesmente. Falta apenas a morte do meu corpo físico, para me libertar deste peso, que não posso carregar.
Vou me entregar a este mar, testemunha das nossas noites de amor, pois só ele, com o seu gelo anestesiante, pode acolher-me em silêncio e em total compreensão.

David Tavares de Mello... Amo-te, eternamente.

Para sempre tua,
Diana "


     Um arrepio intenso e prolongado percorreu a espinha de João, envolvendo de horror cada disco da sua espinha, em direcção ao pescoço. Os seus dedos agarravam o livro com um força desnecessária, como que para garantir que tudo aquilo era real.
     Como marinheiro, a prestar serviço em noites nebulosas, navegando mares agitados em estados de extremo cansaço e poucas horas de sono, já se vira em situações que punham em causa todo o seu equilíbrio mental, para não se deixar levar por ilusões, ópticas ou auditivas, partidas que a vida do mar muitas vezes prega. Apesar de ser um homem bastante intuitivo, tinha uma disciplina mental e emocional bastante vincada. Não negando nunca que há mais neste mundo do que aquilo que se vê, sempre fora um homem ligado à razão, e à lógica. E estava neste momento a viver a situação mais surreal que podia alguma vez imaginar. Estava testemunhar toda a história de um amor secreto, sabe-se lá quão antiga, que terminara num suicídio.

     "David Tavares de Mello... Amo-te, eternamente."

     David. Tavares. De Mello. Engoliu em seco ao ler e assimilar cada letra do nome do seu avô.
     Não, não podia ser possível!

     Uma dor de cabeça irradiou-se para o seu pescoço, que pura e simplesmente se virou, contra sua vontade, na direcção da abertura da gruta.
     E ali viu Diana.
     Virada para o mar, cabelos negros e longos entrançados, encarando as águas revoltas, que esperavam engolir o seu corpo, livrando-a da sua amargurada existência.
     A imagem de Diana era intermitente, como a projecção de um filme de cinema antigo, com cortes e movimentações súbitas. De um momento para o outro, Diana estava de frente para João.
     Os seus olhos vazios fulminaram-no, atingindo-o novamente com aquela onda abismal de tristeza, que fez todo o seu corpo encolher-se. Sentiu-se literalmente a morrer de desgosto. Diana estava a projectar nele toda a tristeza que sentira.
     Então, com um leve sorriso abriu ligeiramente os braços, e deixou-se cair com um suspiro...

     João estava em completo transe, boquiaberto e gelado. O zumbido, a dor de cabeça, o sentimento de desolação profunda, desapareceram e deram lugar a um cansaço extenuante. A gruta perdera aquele ambiente irreal era agora um lugar gélido, bafiento e escuro, abandonado.
     João recompôs-se, agarrou no livro e saiu.
     Com muito cuidado desceu a rocha, num percurso mais longo do que a subida, visto que a maré tinha vazado consideravelmente. Num movimento mal calculado o seu pé falhou a cavidade onde ia assentar e instintivamente para não cair, João largou o livro para se segurar à protuberância mais próxima. Cerrou os olhos com força, incrédulo por ter deixado cair o livro.
      Ouviu com pesar o derradeiro splash que engoliu o livro e soube nesse momento que já não havia qualquer prova do que acontecera. Toda aquela história de amor, traição, desilusão e morte, residiam agora apenas na sua mente.

     "David Tavares de Mello... Amo-te, eternamente."

     "David Tavares de Mello..."

     "David Tavares de Mello..."


     Mais que surreal, era completamente inacreditável que João tivesse agora descoberto, por mero acaso, o romance que o seu avô tinha tido na sua juventude, nos primeiros anos de casamento com a sua avó.
     Uma onda de raiva pelo seu próprio avô, já falecido, subiu-lhe pelo peito. Como ousara ele destruir assim o coração de uma jovem tão inocente, tão ingénua, tão apaixonada! Será que ele alguma vez soube que Diana tinha posto fim à vida? Ou será que simplesmente abandonou a cidade e nunca mais voltou, nunca mais soube de nada? Terá ele imaginado que aquela doce jovem iria recompor-se do desgosto e seguir com a sua vida?
     Ao navegar de regresso à costa, com o dia já a despontar, disse baixinho, para a brisa levar:
"Diana... Não carregas mais a tua dor, sozinha. Em nome do meu avô peço-te desculpa por todo o sofrimento causado. Por favor... Descansa em paz..."

     Deitou ao mar um olhar de imensa compaixão, jurando a si mesmo oferecer flores a estes mares, em honra de Diana, para o resto de sua vida. Legado esse que viria a passar a seu filho, em segredo, quando estivesse às portas da morte. Na esperança de perpetuar por múltiplas gerações, esta oferenda, que talvez pudesse minimizar um pouco a solidão de Diana, a jovem acometida por um amor tão grande, que lhe foi fatal.


24/03/2017
Filipa B.
"A ciência não só é compatível com a espiritualidade; é uma profunda fonte de espiritualidade" - Carl Sagan

Colada... Talvez quando tiver um pouquinho de tempo participe ;-)

Citação de: Susana Paranormal em 25 março, 2017, 11:44
Colada... Talvez quando tiver um pouquinho de tempo participe ;-)

Olá Susana,
Participa sim, não quero ser a única!

"A ciência não só é compatível com a espiritualidade; é uma profunda fonte de espiritualidade" - Carl Sagan

Citação de: Filipa84 em 25 março, 2017, 16:59


Olá Susana,
Participa sim, não quero ser a única!



Tudo bem, mas sem palavras difíceis, vou fazer um de escrita mais simples. :0)

#6


O dia amanheceu frio como sempre naquela região da Virgínia Ocidental. Apesar de estar perto do mar, não se percebia como estava sempre tanto frio, mesmo no verão.
Jorge, marinheiro de profissão estava reformado, mas como não se conseguia desligar do mar, estava responsável pelo farol, onde vivia la a titulo permanente com a sua mulher Maria.
Seus filhos já estavam adultos e moravam a cerca de 5km do farol.
Perto do farol estava uma ilha com uma enorme gruta onde em tempos era usado para internar doentes mentais, doentes terminais ou doentes infeciosos.
Desde sempre se ouvia historias horripilantes daquele lugar. Mas o quê que realmente se passou ali? Jorge que observava constantemente pelo seu telescópio e jura que muitas vezes via pessoas na ilha, mas isso não era possível. Aquele lugar estava abandonado à centenas de anos.
Para alem do mar e de maria, Jorge tinha mais uma paixão; o paranormal. Jorge era capaz de jurar que por vezes via colegas que perderam a vida no mar.
Para alem dele, havia mais 5 pessoas que gostavam tanto do paranormal como ele onde de vez em quando investigavam locais que achassem assombrados, inclusive já foram à gruta fazer investigações e saiam de la com a sensação de que algo estava errado, viam vultos a moverem-se nas sombras e ouviam sons
Porem, ultimamente Jorge tem sonhado mais com aquela gruta. Alguma coisa o chamava-o, alguma coisa o puxava por isso decidiu fazer mais uma investigação com o seu grupo de amigos.
Depois do almoço la partiram eles em excursão para aproveitar a maré.
A gruta parecia pequena por fora, mas subterrânea era enorme, tinha mais de 300 quartos, salas e corredores.
Mal entraram, quase juravam ver uma pessoa de pé. Imediatamente ligaram um telemóvel no gravador e começaram a fazer perguntas.
- Foi a ti que eu vi ali na porta?
- Você sabe que esta morto?
Ao ouvir a repetição eles não queriam acreditar.
Há pergunta "Foi a ti que eu vi ali na porta?" ouviu-se um nítido "Sim" como resposta.
Há pergunta "Você sabe que esta morto?" ouviu-se um nítido "Não"
Eles não queriam acreditar. Ter uma resposta em tempo real e durante o dia era inacreditável...
Começaram a procurar por entre os quartos e salas. Muitas estavam degradadas com o tempo, outras ainda tinha algumas coisas como brinquedos de crianças, armários com alguns papeis entre outros.
No meio dos papeis encontraram um relatório onde um medico maldoso e louco ordenou um doente a ser enforcado, apenas por não se conseguir comunicar com os outros, apenas se comunicava com desenhos. Outros ficavam com colete de forças em quartos fechados em solitárias. Outros eram assassinados de forma brutas e desnecessário. Mas no fundo, os pacientes não passavam de pessoas com mentalidade de crianças que não tinham ninguém para os defender.
Um arrepio percorreu o grupo de amigos, e o ar estava pesado, com sensação de pena daquelas pobres almas. Mas... alguma coisa continuava muito errada e Jorge não ia descansar ate descobrir o quê.
A noite chegou e todos se mantiveram unidos. De repente, se ouviu uma bola dentro de um quarto. Não podia ser, estavam todos juntos.
Todos se dirigiram ao quarto, com o gravador ligado.
- Esta aqui alguém? – Perguntou Raquel
- Sim – ouviu-se uma voz feminina de menina
- Shiuuuu – ouviu-se outra voz masculina – Não digas nada!
Eles não queriam acreditar no que estavam a ouvir.
- Porque não quer que ela fale connosco? – perguntou Raquel
- Ajude-me! – Ouviu-se novamente a voz
- Cala-te! Já mandei! – ouviu-se ainda mais forte a voz.
Os pelos ficaram erriçados, e com pele de galinha.
-Quem falou? Como se chama? – Perguntou Luís
- Vão-se embora seus estupores – continuou a voz a falar
E completo silencio... Ate que de repente... Pummmmmmm. Um grito se ouviu, uma porta bateu com tanta violência que todos os corações aceleraram, a maçaneta mexeu e ouviram paços a afastar-se.
Continuaram a sua busca quarto por quarto, todos juntos pois ninguém tinha coragem de se separar do grupo.
Muitas vezes se ouvia rosnidos maléficos. Num espaço com 5 pessoas sentiam-se como se tivessem com 5.000€. Os sentimentos eram tao tristes, tao oprimidos.
Ao chegarem ao escritório medico onde o doutor louco fazia as suas maldades, foram atacados por uma garras. Não conseguiam ver bem de onde vinha ou o que era. So se via 3 marcas de arranhadelas, nos braços, nas pernas, nos rostos. Eles sabiam que ali era o epicentro, eles sabiam que era ali que deveriam atacar. E todos começaram a rezar, a rezar muito, e a pedir ao arcanjo Rochel a sua ajuda.
Sem perceberem bem o que se passava, viram uma luz azul brilhante a descer no quarto, enquanto uma vermelha se formava dentro do quarto. Era uma luta. O bem contra o mal. 
Os 5 historiadores do paranormal, so rezavam tentando dar mais forças ao Arcanjo Rochel.
No escritório medico estava uma ventania desgraçada, todos os cabelos esvoaçavam, os papeis voavam por todo o lado, e cada lado tentava ganhar a sua luta.
Anjo Rochel a muito custo venceu a luta e pela primeira vez firam um espirito. Era o espirito do Doutor louco. Era feio, assustador, com 1 corno de cada lado da cabeça, com umas garras enormes afiadas.
"Eu hei de vos vir buscar a todos" - ameaçou o Doutor olhando para eles.
Num ultimo gesto, o Arcanjo Rochel espetou uma faca no coração, ouvindo-se um gemido terrível e maligno.  E pufff... Ele desapareceu.
Do mesmo jeito que a luz azul chegou, se foi. Subiu ate ao teto e desapareceu.
Mas o que se passou aqui? – pensavam todos meios confusos e a tentar perceber se era verdade o que tinha acontecido ou se tinham tido uma ilusão conjunta.
Nisto, uma bola foi chutada para junto deles. Apareceu uma menina que parecia mesmo uma menina humana, com um vestido branco e um lencinho cor de rosa no seu cabelo castanho.
Obrigada! – Foi a única palavra que pronunciou no seu sorriso tímido. Nisto evaporou-se.
Ao mesmo tempo que ela se evaporava, muitas outras luzes apareciam em todos os pontos da gruta e subiam.
Vieram a correr la para fora e viram imensas almas que estavam prisioneiras naquela gruta a serem libertadas e a voarem em direção ao céu. Nunca tinham visto nada assim.
A sua missão estava concluído. Tinham provado a si mesmo que o paranormal existe, tinham provado assim mesmo que o bem e o mal existe e sabiam que lado escolher.
Deitaram-se na área exaustos, em breve amanhecia e podiam regressar a casa.
Enquanto estavam deitados Jorge, relembrava aquela frase: "Eu hei de vos vir buscar a todos".
Os anos passaram e Jorge continuava a ver a guta regularmente pelo seu telescópio. Sem saber foi varias vezes tentando a cair para o lado do mal, tudo com influencia do Doutor louco. Terá Jorge cedido à tentação?
Isto, fica para uma próxima historia.  :-)

#7
Assim chegou ao fim mais um Choped Literário!

O conto vencedor é o do membro Filipa84

Podem ler o conto vencedor aqui

Muitos Parabéns! :D

Segue abaixo a classificação geral de todos os participantes:

Filipa84 - 4
Susana Paranormal - 2

Muito obrigado pela vossa participação!
Como sabem, estou aberto a sugestões, se tiverem alguma ideia para desafio, entrem em contacto! :)

"A ciência não só é compatível com a espiritualidade; é uma profunda fonte de espiritualidade" - Carl Sagan

Se a Filipa participa, retiro-me.
Chegasteis até aqui,
Não chegarás mais além.