A minha avó C.

Desde que me inscrevi no fórum que penso em partilhar isto. Cá vai:

A minha avó C. faleceu quando eu tinha 5 anos. Apesar da tenra idade, lembro-me bem dela, e de vários pormenores vividos com ela na sua casa, que agora é do meu pai. O meu pai é tal e qual como ela, fisicamente e na personalidade. Também herdou-lhe a doença.

A minha avó C. queria sempre dar-me bolachinhas. Era muito "menineira". Tal como o meu pai. Chamava-nos a mim e à minha irmã "minha rosa". Eu chamava "avó velhinha", era a minha forma de a distinguir da outra avó, que vendia (e vende, aos 90!) muita saúde e genica.

Quando ela faleceu, eu fiquei chateada por os meus pais não me deixarem ir ao funeral. Ela era tão querida comigo, estava sempre doentinha na cama, e eu não ia lá? Mas os meus pais disseram que os meninos pequeninos não podiam ir aos funerais... e eu lá fiquei.

Algum tempo depois (não tenho noção de quanto), os meus pais fizeram obras em casa e o meu quarto teve de ficar vazio. Adorei aquilo, pois tiraram as mobílias e eu ia para lá com a bonecada toda, fechava a porta... e era o meu mundo maravilhoso da brincadeira. Um "salão" só para mim.

Nesses dias, já eu andava no 1º ano, lá ia eu para o quarto brincar e... punha-me a conversar com a avó C.
E tenho perfeitamente presente na minha mente esta imagem: eu sentada no chão, pernas à chinês a pentear uma boneca, e olhar para o candeeiro do tecto e contar como foi o meu dia na escola. E também perguntava a ela como tinha sido o dia dela, e perguntava pelo avô (ainda vivo)...

Um dia a minha mãe abre a porta do quarto de repente e perguntou-me com quem eu estava a falar. Eu só lhe disse que estava a brincar, e pronto, ok.
Mas acho que a partir dali nunca mais "conversei".


Sempre achei intrigante esta situação, toda a vida. Será que eu a sentia? Porque me lembro que ver, não via nada. Será que era a minha imaginação? Como me lembro de tantos pormenores, se era tão pequena? Lembro-me destes e muitos outros, lá na aldeia.

Uma coisa eu sei, e tenho tido "provas" disso: a minha avó C. ainda hoje protege muito os filhos e acompanha-os...

Que bonita história cepticooucrente

Dizem que as crianças são mais "sensíveis"... Provavelmente sentirias a presença dela e por isso conversam as duas.
Mas é muito interessante que com apenas 5 anos ainda tenhas essas recordações. Significa que te marcaram e ainda bem!
Acredito piamente que a tua avó esteja a proteger os seus "meninos".

Que lindo!

Eu sempre achei que a relação entre avós e netos poderia ser das mais ternurentas e significativas que existem. E pelos vistos tu tiveste com a tua avó uma relação a tal ponto que ainda hoje se mantém, apesar da ausência física dela. As ligações emocionais podem ser bem mais fortes que apenas a presença física, e fico contente por ti, por ainda teres essa preciosidade dentro de ti.

Obrigada pela partilha!

Durante muitos anos tive isto "adormecido". Mas sempre que vou lá a casa, ou se fala nela, ou quando ela deu sinais de que está com os filhos, isto vem-me sempre à ideia. Sempre a pensar "será que aquela foi a minha 1ª experiência mediúnica"?

Eu sempre tive uma ligação muito próxima com os meus avós maternos, porque foram eles que praticamente me criaram. O meu gosto pelos animais também vem dessa parte da família, o meu bisavô era ferrador e o meu avô era sargento de cavalaria.
Quando o meu avô faleceu, foi das situações mais dolorosas que já passei. Sei que ele está bem, porque o sinto presente. Às vezes ele vem dar-me um beijo e um abraço
Com a minha avô... eu não estava em Portugal na altura e senti um desejo muito forte em vir cá. Foi um chamamento de que ela ia falecer e eu precisava de a ver antes de partir. E assim foi, uma semana depois partiu...
Concordo com a Littlelight, as relações entre avós e netos são das mais ternurentas que há

Eu tenho, obviamente, uma relação mais próxima com a minha avó M. A avó C., não me lembro de a ver sequer em minha casa, já para não falar que só convivi 5 anos com ela.

Por isso a avó M., quando se for... vai ser muito doloroso, sei.

Dizem que os avós são pais a duas vezes, imaginem então o tamanho desse amor...

Os avós têm uma disponibilidade de tempo e emocional que os pais, infelizmente, devido às correrias do dia a dia, não têm como seria desejável. Os avós já têm bagagem, têm experiência, têm sabedoria.

Ceptico, aproveita bem a tua avó, eu perdi a minha última avó há 20 anos, e ainda tenho saudades das "maldades" de netos que eu e os meus irmãos lhe fazíamos...

Aproveito sim, e ela a nós! Ela é um máximo!

O Amor ultrapassa as fronteiras todas e derruba todos os muros. Onde não há tempo, o Amor consegue. Onde não há compreensão, o Amor fornece. Onde falta ternura, o Amor abraça, onde há lágrimas, o Amor conforta.
Os laços que me uniam aos meus avós (que foram meus pais porque foram eles que me amaram ), continuam tão vivos hoje como quando eram eles vivos. Aliás diria até reforçados pelo peso da saudade que não tem necessariamente de se conotar negativamente. A saudade ajuda-nos a recordar, e se nos sentimos tristes ou nostálgicos por causa dela, não é nada de negativo, bem pelo contrário, é a prova de que existe Amor, ou então não haveria saudade. Simples.
A tua partilha céptico tocou-me muito, e agradeço-te por ela, e posso garantir que quando brincavas no teu "salão" não estavas sozinha, quando cresceste e te tornaste mulher, não estavas sozinha. Nos teus momentos alegres e tristes, altos e baixos, intensos ou ociosos, não estás sozinha. Neste momento não estás sozinha, nenhum de nós está, nem estará.

O Amor é a energia que alimenta a presença dos que amamos, não termina na morte, porque a morte ela própria não é um fim, é um despertar. E quando estamos sozinhos com os nossos pensamentos, se meditarmos nisto, quase os sentimos ao nosso lado a sorrir, como que dizendo : "não te preocupes, estou aqui, estou a abraçar-te e não te deixo nunca".
É essa "gasolina" que faz andar o meu "carro", desculpem-me a expressão rude.

Obrigado.

O Amor ultrapassa as fronteiras todas e derruba todos os muros. Onde não há tempo, o Amor consegue. Onde não há compreensão, o Amor fornece. Onde falta ternura, o Amor abraça, onde há lágrimas, o Amor conforta.

Estás inspirado, Silknet. Esta frase é linda!

Que linda partilha cepticooucrente! As avós são sempre grandes pilares. Eu acredito que tu não a enterraste e isso é simplesmente fabuloso. De alguma forma, tu sentias-te bem a contar-lhe o teu dia e a comunicar com ela. Acredito que a energia dela estivesse contigo e dai o facto de não teres tido medo.

É simplesmente maravilhoso. Amei a partilha.

Amei o teu comentário, silknet, arrepiei-me.

obrigada, mesmo.

Faty, agora sei... não era a minha imaginação infantil, então... que bom!

Obrigado eu pelas vossas partilhas maravilhosas que despertam sentimentos que por vezes deixamos adormecer. O Amor deve estar presente SEMPRE na nossa vida, seja nos pequenos atos como sorrir a alguém que precisa, ou nos grandes que é amar alguém e dar tudo por ela.
Devemos urgentemente perceber que Amor nada tem a ver com paixão, sexo, etc... embora esteja também presente neles, não é a sua essência. Amor é o pequeno gesto diário que damos ao amigo que sofre, à esposa cansada, ao filho doente ou triste, ao desconhecido perdido, ao moribundo resignado mas assustado. Amar é contínuo, e atrevo-me a dizer que se funde com o Tempo, por isso dizemos que amamos eternamente, porque o que sempre existiu não pode acabar.
Se todos nós dermos um bocado do "nós" fazemos um "todo" e é essa a peça chave para a Humanidade evoluir um dia, perceber que, o que cá temos é efémero e o que podemos perder é eterno.
O parco contributo que dou é amar os meus e o próximo como puder, sem promessas vãs, mas com autenticidade no que faço. O que ficam são as obras, não as palavras.

Obrigado eu pelas vossas partilhas maravilhosas que despertam sentimentos que por vezes deixamos adormecer. O Amor deve estar presente SEMPRE na nossa vida, seja nos pequenos atos como sorrir a alguém que precisa, ou nos grandes que é amar alguém e dar tudo por ela.
Devemos urgentemente perceber que Amor nada tem a ver com paixão, sexo, etc... embora esteja também presente neles, não é a sua essência. Amor é o pequeno gesto diário que damos ao amigo que sofre, à esposa cansada, ao filho doente ou triste, ao desconhecido perdido, ao moribundo resignado mas assustado. Amar é contínuo, e atrevo-me a dizer que se funde com o Tempo, por isso dizemos que amamos eternamente, porque o que sempre existiu não pode acabar.
Se todos nós dermos um bocado do "nós" fazemos um "todo" e é essa a peça chave para a Humanidade evoluir um dia, perceber que, o que cá temos é efémero e o que podemos perder é eterno.
O parco contributo que dou é amar os meus e o próximo como puder, sem promessas vãs, mas com autenticidade no que faço. O que ficam são as obras, não as palavras.

APLAUSOS

isso é a chamada idade "mágica" em que tudo se consegue ver apesar da inocencia da idade