A culpa é sempre dos outros

A culpa é sempre dos outros

Se pensar em todos os conflitos e problemas relacionais da sua vida é provável que, numa grande percentagem, os atribua às atitudes erradas dos outros. Quando estamos sob o domínio do ego não nos conseguimos enxergar. Por isso, se conseguir admitir que tenha também alguma responsabilidade, é sinal de que começa a ganhar consciência.
Segundo os ensinamentos budistas, o nosso único inimigo é o ego. Alguns deles, mais diretos e radicais, podem mesmo deixar-nos indispostos e com vontade de contestar. "Não é bem assim! Não posso ser culpado de tudo! Então e os outros não têm ego?" Claro que têm! O problema é exatamente esse: eles têm, nós temos, pelo que o conflito é quase inevitável.

Quando deslocamos a responsabilidade do que nos acontece dos outros ou das circunstâncias para nós, não estamos a querer dizer que não existam adversidades nem que os outros sejam incapazes de cometer erros. Estamos simplesmente a reconhecer que mudar o mundo é impossível, mas mudarmo-nos a nós já não.

É muito frequente nos conflitos entre casais, por exemplo, cada um estar convencido que, bastaria o outro mudar, para que tudo se resolvesse. "Se ele fosse um pouco mais atento... Se ela fosse mais afetuosa...". É curioso como raramente pensamos: "Vou ser mais atento; Vou ser mais carinhosa". Quanto mais dominados formos pelo ego, mais partiremos sempre do princípio de que temos razão e são os outros que têm de mudar. Por vezes, admitimos que poderíamos fazer um esforço. Mas logo acrescentamos: "Sim estou disposta a mudar mas, para isso, ele tem de me dar mais atenção!"

Reconhecer o ego dos outros é facílimo, mas reconhecer o nosso é custoso. Não se esqueça que o ego é cegueira de uma ponta à outra e, por conseguinte, não se pode deixar desmascarar. Vê-lo é reduzi-lo à impotência. A consciência é o seu pior inimigo.

Fonte: Tsering Paldron

Já dizia o Homer Simpson : " A culpa é minha e eu meto-a em quem quiser" lol

O ser humano tem muito a mania de se fazer de vitima e maior parte das vezes, pra não dizer sempre e de vitima não temos nada. É como diz o texto Faty o ego domina-nos completamente. Bom topico

Fantástico texto.

E o ego tem tantas manhas para se manifestar. A faceta do "coitadinho", do "arrogante", o que apregoa aos sete ventos como é bonzinho, o que é bonzinho em comparação com os outros que são todos maus, o que já sabe tudo, o que não sabe nada....um sem fim de facetas do ego!

Primeiro passo para a consciência, identifica-lo em nós (difícil porque os egos odeiam ser desmascarados). Segundo passo aceitá-los como parte de nós (grande dificuldade em vermo-nos como seres imperfeitos). Terçeiro passo, transformá-los em valores da alma (pior ainda pois fazem parte do nosso boneco social, é como perder a identidade).

É tão fácil culpar os outros...  O exemplo dado entre o casal então é mesmo flagrante! "Porque é que ele/a não é assim? Podia ser mais isto, menos aquilo, ter mais não-sei-o-quê..." (é como a canção "Os maridos das outras" )

Enquanto que se nos voltarmos para nós, demonstraremos grande maturidade e crescimento. "Vou fazer de outra maneira, ele/a até pode acompanhar-me e ficaremos melhor! Vou tentar ser como quero que ele/a seja, assim poderá resultar melhor. Afinal, ele/a também gostaria que eu mudasse de atitude..."

Mas falar/escrever é muito fácil... difícil é impedir que o ego prevaleça, como referiu o misticopt28. Acho que devemos sempre tentar. 

Pelo menos começar por pensar no assunto, como fizemos agora ao ler o tópico! Obrigada pela partilha, Faty, dá mesmo que pensar! 

Excelente partilha Faty.
Muitas das reacções inusitadas, para não dizer quase todas, se podem explicar com base nisto. Os conflitos do casal são muitas vezes à volta do ego de cada um. Até mesmo com os filhos.
Os conflitos com familiares e amigos, aquela sensação de "orgulho" parvo que temos de vencer e ficar "por cima"...
Infelizmente, em maior ou menor dose, todos sofremos com este ego estrangulador mas cabe-nos a nós mudar. A consciência que temos de que é por culpa dele, o ego, permite-nos mudar. Apontar o dedo acusatório é a coisa mais fácil do mundo, porque nos iliba de responsabilidades, seja no que for, e direcciona a má atenção para o outro.
É tão fácil criticar, e tão difícil perdoar, ou pedir perdão. O mundo sofre de uma falta de humildade temível, porque quando nos devíamos sentir como o que serve o irmão, sentimos-nos o oposto...

Já dizia o Homer Simpson : " A culpa é minha e eu meto-a em quem quiser" lol

É tão fácil criticar, e tão difícil perdoar, ou pedir perdão. O mundo sofre de uma falta de humildade temível, porque quando nos devíamos sentir como o que serve o irmão, sentimos-nos o oposto...

E talvez por isso, o vazio interior seja, para muitas pessoas, uma realidade tão cruel nos  dias de hoje.

o julgamento fácil sempre existiu...da mesma forma que sabemos que fumar faz mal mas continuamos ...

logo julgar/criticar os outros é uma situação da qual também sabemos ser negativa ( e premeditada ) mas que se  irá fazer sempre....

de certo ( e infelizmente) não será com palavras apenas que isso irá terminar ......

e digo eu que não tenho culpa de dizer isto, é mesmo o que acho ...

É muito bom este texto e as vossas respostas.


só deixo uma dica que me ensinaram a uns anos ....


Quando apontamos um dedo a alguém , temos os outros 3 dedos virados para nós, certo ??.... ou seja, o nosso desejo em culpar o proximo irá mais tarde ou mais cedo vir contra nós.


Jesus diz: Na medida em que Julgas serás julgado .... por isso nada melhor que viver uma vida simplificada

o julgamento fácil sempre existiu...da mesma forma que sabemos que fumar faz mal mas continuamos ...

O julgamento é intrínseco ao sujeito e a questão do tópico aponta para a externalização desse mesmo julgamento. O fumar é um comportamento intrínseco e apenas isso, não havendo externalização para culpar ninguém

de certo ( e infelizmente) não será com palavras apenas que isso irá terminar ......

As palavras servem para fazer eco a quem precise delas. E todos nós, de alguma forma, semeamos palavras ao vento sem nos preocuparmos em colocá-las em prática. É o fosso que nós próprios criamos entre a teoria e a prática. E por isso a Tsering refere no seu texto: "A consciência é o seu pior inimigo".

Concordo com as opiniões aqui colocadas.
Mas há situações reais de serem os outros a ter culpa.  
Não é bom os outros cometerem erros e nos culparem a nós.

Mas há situações reais de serem os outros a ter culpa. 
Não é bom os outros cometerem erros e nos culparem a nós.

Mas é esse o ponto de vista também. Os outros também têm ego. Por isso o conflito surge quando dois egos se confrontam. Naturalmente que inteligente é aquele que num conflito, assume o seu próprio ego como causador da situação e atenua-o. E isto é consciência.

Mas é esse o ponto de vista também. Os outros também têm ego. Por isso o conflito surge quando dois egos se confrontam. Naturalmente que inteligente é aquele que num conflito, assume o seu próprio ego como causador da situação e atenua-o. E isto é consciência.

Aí está. É no conflito que se mostra quem é o inteligente, ou mais evoluído. Temos é de caminhar para mostrar isso mesmo mas sem chegar ao conflito.

O KALKI disse uma coisa que gostei imenso: quando apontamos o dedo a alguém, temos os restantes apontados para nós. Dá bem que pensar...

O julgamento é intrínseco ao sujeito e a questão do tópico aponta para a externalização desse mesmo julgamento. O fumar é um comportamento intrínseco e apenas isso, não havendo externalização para culpar ninguém

na América já houve julgamentos em que a pessoa que fuma ganhou porque conseguiu provar que "ganhou"um cancro no pulmão derivado à fabricação do cigarro e de ter fumado durante anos sem  saber que fumar provocaria doenças malignas   ...portanto neste mundo louco, quem ganha são os loucos, que afinal temos todos um pouco...

eu tenho culpa mas gosto de culpar o outro...(onde é que já vi isso )

as palavras tem peso e ferem, mas o que mata são realmente as atitudes, que poderia dizer aqui que os outros a tem e culpam a nós....

bem haja.

E isto é consciência.

Exactamente! Precisamente!