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  • Choped Literário - Junho '15
    Iniciado por Gawen
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Choped Literário - Junho '15

Ora aqui está mais um desafio literário!
Aproveito para avisar desde já que houve mudanças nas regras de participação, de forma a tornar o Choped Literário mais justo e equilibrado para todos os membros, como tal, a partir de agora, os textos só podem ter no máxmo 20.000 caracteres, sem contar com os espaços.

A uma regra de ouro mantém-se:
Os 3 elementos apresentados têm que ter um papel importante na história.

Por exemplo, uma varina, um fósforo e o mar. Os 3 elementos não podem ser logo descartados:

Em pleno mês de Agosto, uma varina, de seu nome Claudinete, tentava vender o seu peixe junto ao mar, gritava e esbracejava para chamar a atenção dos potenciais fregueses. Ninguém lhe ligava nenhuma, apenas comentavam quando passavam que ele era "mesmo peixeira" e ela estrebuchava sem ter troco. Fartou-se, pegou num cigarro, não tinha isqueiro, gostava de acender os cigarros à moda antiga, com um fósforo. Sentou-se num rochedo ali perto e pouco depois, começou a ouvir barulho por detrás das rochas, ficou parada à escuta, pareciam murmúrios. Apagou o cigarro e jurou a ela própria que não saía dali enquanto não descobrisse o que se passava, e assim foi...

Podem acrescentar-se elementos (os barulhos atrás das rochas podem existir) mas os restantes elementos têm que existir ao longo da história ou ter um papel importante para a mesma.
Os elementos podem ser utilizados em qualquer ordem, independentemente da apresentada no enunciado do desafio.

Vencerá a história com maior número de gostos do sistema de gostos do fórum.

Dados e informação necessária para este desafio:
ELEMENTOS:
Bruxa
Bola de cristal
Farol

Data limite: 01 de Julho de 2015
Resultados: Sai vencedora a história com maior número de gostos até à data limite, portanto, apressa-te a participar!

Regras:
- Limite máximo de 20.000 caracteres (espaços não contabilizados)
- Texto em Português e sem erros ortográficos.
- Texto original; não são permitidas cópias de textos existentes.
- Apenas um conto por utilizador.


Importante:
- Cada participante deverá submeter o seu conto neste tópico até às 23h59 do dia 01 de Julho.
- Será eleito vencedor o participante cujo conto seja o mais votado pelo sistema de gostos do fórum até à data limite do desafio, em caso de empate, será um dos moderadores do Cantinho das Artes a desempatar.
- Será atribuído o "Prémio Choped do Mês" ao conto vencedor, este prémio consiste para já num pequeno ícone de mérito junto ao vosso nome no fórum.

Qualquer dúvida, questão, crítica, sugestão, etc, apresenta-a aqui ou directamente por mensagem privada.

Boa sorte e, acima de tudo, esperamos que se divirtam e que apreciem os trabalhos que serão aqui apresentados.
E já sabem, sempre que tiverem alguma ideia entrem em contacto, todas as sugestões são bem vindas!  ;)

P.S. Os participantes são responsáveis pelo respeito às leis dos direitos de autor!

Isto por aqui está muito parado! Por isso resolvi deixar a pena correr... espero que gostem!

Naquela tarde, os raios de sol aqueciam a pequena aldeia do litoral. O silêncio era ensurdecedor e ao longe, apenas o chilrear dos pássaros podia ser ouvido. Sara, a bruxa daquela aldeia, estava sentada na porta de entrada da sua pequena casa a pensar na vida de tantas que a procuravam para pedir ajuda. Vinham pessoas dos mais variados lugares, apenas para lhe pedir que olhasse na sua bola de cristal e lhes concedesse algumas orientações nas suas vidas. Mas nem sempre esta era uma tarefa simples. Muitas vezes, as pessoas procuravam milagres na sua bola de cristal... mas esta, mostrava apenas a realidade nua e crua, sem ilusões.

Ser bruxa não era nada fácil apesar de ter abraçado o seu trabalho com Amor. Todas as pessoas da aldeia, apesar de conhecerem as suas capacidades e faculdades, entreolhavam-se e cotovelavam-se sempre que ela passava no centro da aldeia. Nunca ninguém fez algum comentário sobre ela, mas o silêncio que pairava no ar quando Sara passava refletia muito mais do que qualquer palavra que fosse pronunciada. Sara sabia que as pessoas não gostavam do trabalho que realizava, porque talvez não o compreendessem ou talvez pensassem que se tratava de um trabalho auxiliado por energias mais densas. Mas o que é certo é que todas elas, sem exceção, quando precisavam da ajuda de Sara, batiam-lhe à porta às escondidas para serem consultadas. Apesar disso, o silêncio era o avatar de todos os habitantes daquela aldeia, o grande segredo que ninguém ousava comentar.

Naquela tarde, Sara deixou o seu pensamento esvoaçar para o passado, ao sabor da brisa que se fazia sentir. Tanto tempo dedicado a ajudar os outros... que até se tinha esquecido de si própria... dos seus sonhos! Apesar de ser uma mulher bonita e elegante, nunca tinha casado, nem sequer tinha tido filhos. Mas sentia-se grata com a sua vida. Afinal, ser bruxa e usar uma bola de cristal, tinha sido uma escolha sua para ajudar todos aqueles que a procuravam. Nos momentos mais nostálgicos, como o desta tarde, todos estes pensamentos surgiam na sua mente... inúmeras questões sem resposta permitiam que a sua mente simplesmente divagasse entre o real e o imaginário dos seus sonhos.

Deleitada nos seus pensamentos foi interrompida pelo som de um carro que se fazia aproximar de sua casa. Levantou-se rapidamente, pois sabia que alguém precisava da sua ajuda. O sol... esse, continuava intenso apesar da brisa que se fazia sentir e colocando levemente a sua mão sob os seus olhos, conseguiu percecionar que aquele carro tinha vindo de muito longe, pois o pó da viagem era percetível em toda a carroçaria. Quando o carro se aproximou saiu de lá um rapaz alto, bonito... mas com um olhar vazio. E fixando os seus olhos em Sara, disse-lhe em tom preocupante: "Você é a Sara? Preciso da sua ajuda!".

Entraram para a sua modesta casa e Sara olhou para dentro da sua bola de cristal e viu a razão do vazio dos olhos deste forasteiro. Toda a informação de que precisava estava ali, à frente dos seus olhos. Este homem bonito, mas de olhar vazio, tinha perdido a sua companheira de viagem nesta vida e a sua partida tinha levado a profundidade maravilhosa do seu olhar deixando-o completamente vazio. Sara sentiu-se emocionada pelas imagens que eram apresentadas na sua bola de cristal e ficou em silêncio. Como poderia dizer alguma coisa a alguém que já tinha desacreditado de viver?... Dos seus lábios secos ouviu-se apenas o sussurro de que tudo estava no lugar e no tempo certo!

Dececionado, o forasteiro foi-se embora, pois entendera que nem ela o poderia ajudar. Dirigiu-se para o farol que havia ali perto, para poder acabar com a sua dor enquanto olhava para a maravilhosa paisagem que dali era possível ser contemplada. Não valia a pena continuar. A dor e o sofrimento de perder alguém que amamos era insustentável dentro da leveza do seu ser. Das suas faces nuas e pálidas de desânimo escorreu uma lágrima até perto dos seus lábios, que amargurados continham a voz silenciada de tanto para dizer... e o silêncio tornou-se novamente ensurdecedor naquele momento.

Sara aproxima-se suavemente, pois sentiu dentro de si vontade de ir até ao farol. E quando o forasteiro se vira para trás e vê novamente o rosto de Sara, ambos sentem uma brisa diferente no ar... uma brisa de transformação, de esperança e de conforto. Afinal, não tinha sido em vão a sua viagem. Tudo está no lugar e no tempo certo. E ambos, em silêncio, conseguiram ouvir a energia do Amor que a brisa suave daquela tarde transportava e, com ela, o milagre da cura!
..."no woman no cry... cause when one door is closed, many more is open"...
Membro nr. 34334

Já ia perguntar onde estava o pessoal que até agora não escreveu nenhuma história, mas cá está a Faty Lee hehe  ;D
Cada pessoa é uma pessoa para cada pessoa

A vida estava difícil para Sarah. Desde que a sua mãe desaparecera quando os homens a perseguiram no Utah tudo tinha descarrilado. Passava a vida na rua e era constantemente assediada por homens que saíam das tavernas. Houve uma vez inclusive em que um ainda a tinha arrastado até ao carro mas um rapaz ajudara-a e tinha dado um murro na cara do homem.

Ele era Eddie, tinha 21 anos e vinha de Nova Jersey. A sua mãe tinha morrido num acidente de viação e o pai era um alcoólico compulsivo. Tal como Sarah ele vagueava as ruas de Salt Lake City à procura duma oportunidade para encontrar uma vida melhor. Mas tal como Sarah apenas encontrara problemas e já tinha sido indiciado pelo Xerife e pela polícia local.

- Malditos sulistas, nunca aceitam ou ajudam visitantes.
- Calma Edd, se encontrarmos o meu avô ele pode-nos apontar o caminho para um sítio seguro.
- Mas o que é que é seguro aqui Sarah? Estamos em plena guerra civil! Desde que eles tiraram a bandeira confederada as pessoas revoltaram-se e aumentaram as perseguições! Eles achavam a tua mãe uma bruxa e foram atrás dela! E não viste as notícias? Aquele massacre na manifestação pela igualdade? Aqui é tudo maluco.

Sarah ficou triste mas Edd abraçou-a.
- Calma, eu conheci um homem há uns tempos atrás. Ele é todo marado da cabeça mas ajudou-me, fará o mesmo outra vez.

Eles foram e tocaram à campainha do terceiro esquerdo, onde uma voz prontamente os recebeu e lhes deu entrada. Na casa eles ficaram admirados com o que viram. Desde símbolos arcanos, velas estranhas e odores perfumados e orientais que davam uma magia à casa.

- Sejam bem vindos! Eu sou Parker, e há muito que vos esperava. A ti especialmente Sarah. Eu e os meus amigos temos prestado muita atenção ao que fazes.

Sarah ficou assustada mas o homem prosseguiu.

- Conheci a tua mãe fez muitos anos atrás, ela sem dúvida era uma mulher especial e agora tu também o tornarás. Fazes 22 anos em breve e estás prestes a tomar o caminho construtor.

Eddie até que gostava de pesquisar sobre esses temas nos seus tempos livres e algo soou estranho na frase.

- O 22 é um número mestre não é?
- És sem dúvida muito inteligente rapaz, tu e Sarah fazem um ótimo par! Por isso venham, quero-vos mostrar uma prenda dada pela bisavó da Sarah, antes de se perder no Salem.

Levou-os e mostrou um objeto redondo tapado por um pano em cima duma mesa. Destapou-o e apareceu uma bola de cristal!
- Vai Sarah, vê o que tens de ver.

Sarah encantada seguiu as indicações do homem e viu visões. Viu três mulheres a serem queimadas vivas, uma delas com feições extremamente familiares. Viu homens a entrarem numa casa e a serem queimados vivos enquanto uma rapariga se escondia com medo atrás duma cadeira. Viu o seu pai e o seu irmão a dispararem sobre os invasores. Viu mais histórias, mais recentes e por fim viu a sua mãe e uma luz iluminadora. Ouviu o som de gaivotas e a buzina dum navio.

- O farol de São Jorge na ilha na Califórnia! A minha mãe falava-me imenso desse sítio!

O homem sorriu, estava contente com o resultado.

- A tua família veio da Inglaterra, nunca te esqueças Sarah. Nunca te esqueças quem é aquele que sempre a protegeu.

O homem sorriu e ordenou que eles saíssem com a bola de cristal e fossem ao farol, era final de 2015 e as viagens já podiam ser feitas. Deu-lhes as chaves do carro e um mapa. E eles seguiram viagens para a Califórnia.

-Sarah, lembrei-me agora. No Salem foram queimadas vinte mulheres, não três. E a maioria veio de África.
- Não Edd, houve britânicas também, foi num julgamento à parte. Após o juiz ter admitido que foi um erro as pessoas não estavam satisfeitas e perseguiram a minha família também.

Não disseram mais nada e ao fim de vários dias chegaram lá. Ironicamente era o aniversário de Sarah e uma tempestade embatia contra o farol. No seu topo luzes brilhavam e o homem do helicóptero, assustado, fugiu, deixando-os só a eles na ilha. Subiram-na e entraram no farol, subindo também até ao topo.

Ali estava uma mulher.

- Bem vinda filha.
"To have faith is to trust yourself to the water. When you swim you don't grab hold of the water, because if you do you will sink and drown. Instead you relax, and float." - Alan Watts

Aquele farol guardava algo enigmático.
José sabia-o bem, mas mesmo assim decidiu arriscar e ir visitá-lo. Tentou demover vários amigos a irem com ele, mas a estranha construção à beira mar não inspirava confiança a ninguém.
A lembrança do sonho que tivera na noite anterior ainda latejava na sua cabeça, e estava bem viva..Sempre aquela luz que brilhava ao longe, no meio do nevoeiro, sem aquela quente sensação de luz que guia a porto seguro, bem mais uma fria impressão de medo, de desespero..
Diziam os boatos da terra que um velho homem, há muitos anos, tinha construído o farol para lá morar com a sua mulher, depois do seu filho ter morrido no mar. Ele queria salvar o máximo de pessoas do trágico destino que se tinha abatido na sua família e tudo fez para que isso acontecesse, o amor de um Pai não tem limites, nem conhece o medo e ele sabia que podia resgatar muitos de uma sepultura no mar...Tivesse ele uma bola de cristal e nada disto seria preciso. Ai se ele tivesse uma bola de cristal...
A sua mulher no entanto, nunca concordou com isto e recusou-se a viver no farol. Ela queria trazer o filho de volta e tentou todas as formas sobrenaturais de o fazer. O marido sabia que a movia o Amor de Mãe e nunca a impediu. Mesmo quando viu que também tinha perdido a sua mulher, que era agora nada mais que uma bruxa, rodeada dos seus feitiços e encantamentos, mas que nunca conseguiu trazer o filho de volta.
José arriscou e entrou. Uma penumbra invadiu os seus olhos, apesar do farol emitir uma luz fortíssima. Quase irónico, pensava ele que tanta luz saía de uma casa ás escuras...
Subiu as escadas até ao ponto de luz do farol, mas notava na sua subida íngreme que em lado nenhum se viam móveis, fios, objectos que dissessem que ali, algures no tempo, morou alguém.
Ao chegar ao topo, José percebeu.
Duas cadeiras lado a lado, balançavam, certamente empurradas por uma suave brisa, (embora as janelas fechadas intrigassem José ), e o farol iluminava a perder de vista.
Foi aí que José soube, que algo diferente movia aquela Luz, pois nós partimos, mas o nosso Amor fica. E era ele que guiava a Luz. E nos guia.

silknet
O Homem é do tamanho do seu Sonho!

Assim chegou ao fim mais um Choped Literário!

O conto vencedor é o do membro Faty Lee

Podem ler o conto vencedor aqui

Muitos Parabéns! :D

Segue abaixo a classificação geral de todos os participantes:

Faty Lee - 7
Fingarfan - 5
silknet - 4

Muito obrigado pela vossa participação!
E estou aberto a sugestões, visto que cada vez há menos participantes, comuniquem comigo para juntos podermos melhorar o Choped Literário! :)

Parabéns Faty! Parabéns a todos! :)

Parabéns Faty!!! muito bem! :) ;)

Gawen por mim acho que o estilo de concurso está muito bom, acho apenas que o sistema de alerta do Choped Literário poderia estar mais visível, uma fonte maior, não sei sequer se é possível... :)

Parabéns a todos os participantes e obrigado aos que leram!
O Homem é do tamanho do seu Sonho!

sofiagov

Cada pessoa é uma pessoa para cada pessoa

Obrigada. O meu objetivo não era ganhar :( mas sim estimular o tópico que estava a chegar ao final do tempo previsto, sem qualquer participação.

O PP somos nós e os desafios são para nós participarmos, por isso, fica aqui o apelo para que hajam mais participações nestes e em outros desafios, pois é sempre bom "ler" ou "ver" coisas diferentes dos diversos participantes do fórum.

Bem-hajam a todos!
..."no woman no cry... cause when one door is closed, many more is open"...
Membro nr. 34334

Cadê o desafio de Julho Gawen? :/ Não para de fazer esses desafios não, são muito bons!
Cada pessoa é uma pessoa para cada pessoa

Jedson, os desafios não vão acabar, ando apenas a pensar em novas ideias para dinamizar mais os desafios literários.

Quem tiver sugestões, mande mensagem privada, levo sempre em conta das vossas ideias. ;)

O Choped Literário voltou, com novidades!! :D

Fica a saber de tudo aqui!