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  • Nostalgia
    Iniciado por silknet
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Quando me encontro com a minha irmã, sendo nós os mais velhos dos irmãos todos (6) :) , acabamos sempre nostálgicos com as recordações que temos de quando vivíamos com a minha avó e a minha tia.

As noites que tínhamos de ficar no quarto quietos e calados, enquanto a casa se enchia de gente e se ouviam conversas em surdina, um grito ocasional, uma agitação, barulhos e cheiros estranhos. Temos recordações do ponto de vista de uma criança claro. Mas agora entendemos muitas das coisas que lá se passavam.
Afinal anos mais tarde descobrimos que essa minha tia que lá morou esteve muitos anos no Brasil e era o que lá chamam de mãe de santo. Que os cheiros estranhos eram dos incensos. :)
Que os barulhos e gritos eram de pessoas que lá iam "limpar-se" e nem sempre aquilo corria bem. Das rezas baixinho em volume mas alto em impacto. :)
O simples "pulso aberto" que era "cozido" com uma agulha e uma reza e um bule de água e uma tesoura...:)
Mas admiro profundamente a coragem daquelas mulheres em enfrentar tudo aquilo sozinhas...
Fomos ensinados desde pequenos a nunca referir o que lá se passava em casa, embora no fundo toda a gente da zona soubesse..mas fora de casa estávamos proibidos de falar.
Não posso negar que tenho saudades, pelas pessoas que já cá não estão na Terra, e que de certa forma moldaram quem eu sou hoje e o que sei.
Eu acho que devemos estimar todas as experiências de vida, boas e más, pois todas elas nos conduzem por um lado a novas experiências e por outro nos ensinam a ser equilibrados. É do que trata este fórum também, sabermos ser racionais quando o devemos ser e acreditar naquele que nos pede ajuda pois está realmente apavorado com algo.
A palavra chave aqui é o equilíbrio e bem sei que é difícil consegui-lo, mas na minha opinião, o passado pode dar uma ajuda nisso. :)

silknet
O Homem é do tamanho do seu Sonho!

silknet, amei o seu relato. Pela pureza do mesmo, simplicidade e pela nostalgia que me deixou no ar.

Há coisas que mesmo o tempo não nos faz esquecer. Ainda bem que há memórias e que estas, independentemente do seu gradiente, fazem-nos viver os tempos de outrora... na nossa perspetiva de criança, ingénua e espontânea.

E lembro-me tão bem das "cozeduras" dos "pulsos abertos"... saudade imensa...

Acho que são estas memórias que nos fazem ser únicos em toda a nossa dimensão espiritual.

Obrigada pela sua deliciosa partilha.
..."no woman no cry... cause when one door is closed, many more is open"...
Membro nr. 34334