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  • O exorcismo de um tio-avô.
    Iniciado por VAMPIRA
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VAMPIRA
Como os meus antepassados me deixaram um enorme legado em fenómenos estranhos, venho contar mais este..
O meu avô paterno, um irmão e uma irmã, eram filhos de um Sr. Leão, dono de uma propriedade na freguesia de S. Pedro da Raimonda, em Paços de Ferreira.
Quando eles nasceram, o Sr. em questão, meu bisavô, ainda era casado (rectificado mais abaixo) e os filhos, apesar de serem extra-matrimónio, o que era comum naqueles tempos, foram todos reconhecidos como filhos mas não poderiam auferir de qualquer herança porque não eram filhos de um casamento, muito menos reconhecida a ligação pela Igreja Católica, era mesmo considerada "viver em pecado".
O meu bisavô vendo-se com os 3 filhos e metido numa grande trapalhada, tratou de os enviar com a mãe para o Brasil, onde tinha fazendas de café e onde eles iriam, supostamente, ficar.
Certo é que a minha bisavó não aguentou por lá muito tempo e pagou a um "capataz" para a levar com os filhos ao navio para voltar para Portugal.
O meu avô devia ter uns 5 anos quando se deu a viagem e contava que nunca haveria de comer camarões porque passaram pelos destroços de um naufrágio e os corpos que o navio resgatou vinham cheios de camarões agarrados à pele..
Os anos passaram e o meu bisavô morreu, então os 3 filhos e a minha bisavó foram morar para a tal propriedade em Paços de Ferreira. Foi quando começou o problema.
O meu tio-avô, com 18 anos na altura, adoeceu de imediato e tinha acessos de fúria, de tal forma que desfez o relógio de bolso com os dentes e cuspiu-o todo mastigado, sem partir um dente. Os animais entravam em pânico e tentavam "trepar" pelas paredes, vacas, ovelhas, cães, tudo enlouquecido aquando das fúrias do meu tio-avô.
O problema agravou-se de tal forma que a única pessoa que ele tolerava era a mãe. Foram então chamados padres para resolver a situação e, o mais caricato é que o meu avô contava que o irmão sentia-os chegarem e dizia, ainda o padre estava longe: "Vem, vem, vais ver o que te faço se me tentas tocar.."; O certo é que os padres saíam de lá todos rasgados e impotentes perante a força dele.
Uma única pessoa conseguiu "exorcisá-lo", um Sr. ao qual chamavam de Penteeiro e que o fez falar e acalmar.
Nessa sessão, o meu tio-avô ficou com o que se pode chamar de bócio muito dilatado e a voz transformou-se, falou então com a voz do pai e disse que não tinha paz por ter tratado os filhos de forma diferente da que havia tratado os restantes, que se arrependia de os ter enviado para o Brasil e que mal os conheceu, etc...
O meu avô e a irmã assistiram a tudo e a história foi sendo contada ao longo dos anos, até ao meu avô morrer.
Eles deixaram a casa em S. Pedro da Raimonda e esta mantêm-se fechada até à data em que lá fui, por volta dos anos 90.
Os portões em ferro estão fechados a cadeado e as árvores e ervas daninha taparam tudo, de forma a que, da casa já nada se consegue ver.
Esta casa foi deixada de herança aos restantes irmãos do meu avô, os filhos da mulher legítima do meu bisavô e nunca ninguém lá viveu ou a quis.
Segundo a vizinhança da época, quando visitei a casa, a Sra. que lá morava em frente disse-me isto:
"Nisto ninguém pega. Anda por lá coisa ruim.."-
O mais curioso desta história é que o meu avô era uma criança nessa altura e a minha avó vivia numa aldeia lá perto, em Carvalhosa, longe de imaginarem virem-se a conhecer e a casar, a minha avó contava que a mãe dela falou neste espisódio em casa e que foi juntamente com os curiosos visitar o local. Anos depois os meus avós casaram, ele com 21 anos e ela com 18.
O meu tio-avô nunca se casou e, nas fotos que temos dele, tem um olhar muito estranho, olhar que, segundo o meu avô, manteve para toda a vida após o espisódio.
Quem conhecer essa zona de Paços de Ferreira, conhece a história, certamente.

(Venho rectificar uma parte. O meu bisavô teve os 3 filhos em solteiro, sendo um deles o meu tio-avô em questão. Tanto o meu bisavô João Leão, como a minha bisavó Bernardina eram solteiros quando tiveram os filhos. Ele nunca casou com ela mas assumiu os filhos. Casou mais tarde com uma outra mulher, tendo também filhos dela, e não tendo deixado qualquer herança aos filhos que teve em solteiro e tudo apenas para os filhos que teve em casado. Assim é que é! Já estava a manchar a reputação da minha bisavó sem querer...)

Excelente relato!!! ;)

A casa ainda existe?
"Detesto, de saída, quem é capaz de marchar em formação com prazer ao som de uma banda. Nasceu com cérebro por engano; bastava-lhe a medula espinal" A.Einstein

VAMPIRA
Citação de: ppcom em 10 novembro, 2009, 15:51
Excelente relato!!! ;)

A casa ainda existe?

Existe tudo e vou entrar em contacto com a paróquia da freguesia porque encontrei este excerto na net:
"A Capela da Virgem Maria, vulgo Nossa Senhora do Desterro, está situada no lugar de Parada e é também conhecida por Capela de Jesus, Maria e José. Foi aberta ao culto em 1721, conforme se lê no portal (A+7XXI). Documentos de 1758 referem já a sua existência, numa altura que Gualter Martins Leão era o seu zelador."
Vou tentar obter mais informações sobre os antepassados, contar a história e saber se está registado algures nos livros deles.
:)

Não sabes a que pertence a propriedade?
Não serão ainda teus familiares?

Tenta no registo predial da zona, possivelmente eles podem-te dizer.

Quando tiveres novidades não te esqueças de pôr aqui.


Beijokas ;)
Quando sou boa, sou boa, mas quando sou má, sou melhor ainda.

VAMPIRA
Citação de: karoxa em 10 novembro, 2009, 16:02
Não sabes a que pertence a propriedade?
Não serão ainda teus familiares?

Tenta no registo predial da zona, possivelmente eles podem-te dizer.

Quando tiveres novidades não te esqueças de pôr aqui.


Beijokas ;)

A propriedade é dos meios-irmãos do meu avô, isso eu sei.
Só não sei é se a história ficou registada na paróquia e ainda quero saber se o guarda da capela, o que referi no excerto, é meu antepassado, porque também é Leão.
Pelo resto da história que está no site, condiz com a emigração da população da zona para o Brasil, etc..
http://www.paroquiaderaimonda.com/content/blogcategory/38/63/
Portanto, o meu bisavô já seria a 2ª geração a ir para o Brasil, ou seja, ele vivia em Raimonda e tinha lá terras, como tal já teriam sido herdadas, isto segundo a minha lógica..
A casa era espectacular, pelo menos a entrada era abrasonada e tinha capela, é tudo o que eu sei.
Claro que conto! :)
Coloco logo aqui!
Beijinhos

Grande história...agora fiquei curiosa!!!! ;D

Que história interessante.
Era suposto as coisas terem acalmado com o exorcismo, não?
"Não somos seres humanos vivendo uma experiência espiritual, somos seres espirituais vivendo uma experiência humana." Teilhard de Chardin

VAMPIRA
O que eu julgo que ele teria era epilépsia, o que era comum e erradamente associado a "estados do mal". 
:-\

Citação de: VAMPIRA em 10 novembro, 2009, 20:29
O que eu julgo que ele teria era epilépsia, o que era comum e erradamente associado a "estados do mal". 
:-\

É bem capaz.
"Não somos seres humanos vivendo uma experiência espiritual, somos seres espirituais vivendo uma experiência humana." Teilhard de Chardin


adorei a história dos teus antepassados!
agora fiquei curiosa e agora queria saber mais!  ;)

Gostei do relato. Sou de Paços de Ferreira mas, por acaso, não conhecia a história.
Esse tal Penteeiro, não seria um senhor de Alfena?
Quando eu era pequeno e passava pela estrada nacional, em Alfena, a minha avó apontava-me para uma casa característica e dizia que era a casa do Penteeiro, um bruxo conhecido, pelos vistos.

Peço desculpa por voltar a escrever neste post mas também tenho o apelido Leão :o
Vai na volta e ainda faço parte da família :laugh: