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  • Choped Literário - Março '15
    Iniciado por Gawen
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Faty, está aqui tão sozinha com o seu conto... :) Dá-me licença que eu lhe faça companhia? ;D

***

"Não há fuga possível..."

A voz ainda soprava nos ouvidos do Vasco, enquanto corria em pânico, tentando sair daquele lugar que agora lhe parecia amaldiçoado. Sempre conhecera o bosque, vivia ali perto e ia lá passear muitas vezes. Adorava o aroma que se desprendia suavemente dos eucaliptos. Mas desta vez foi diferente, o bosque não tinha fim. Nunca conseguiria chegar à estrada, e as árvores ganhavam tons cinzentos e azulados que tornavam todo o ambiente claustrofóbico. O céu, amarelo, era completamente surreal. Não conseguia respirar.

"Não há fuga possível..."

Tinha visto o rapazito a brincar com uma garrafa de vidro. O Vasco adorava o trabalho em vidro. Tinha centenas de garrafas, esculturas, animaizinhos, pequenos objectos, trabalhados em todas as cores do arco-íris. E aquela garrafa era linda! Tinha uma forma única, cheia de espirais, com uma tampa em forma de lágrima, e numa cor vermelha fantástica. De repente, teve um impulso. Aproximou-se silenciosamente do rapazito e roubou-lhe a garrafa. Foi num instante que entrou no bosque, deixando para trás o rapazito a chorar. Mas ele, o Vasco, estava feliz; tinha mais um objecto em vidro para a sua colecção cada vez maior. Uma colecção feita às custas da sua cleptomania. Ladrão, acusava toda a aldeia em peso, conhecendo o seu pecado. Mas ele não se importava. Era ladrão sim, mas que valor tinham aqueles simples objectos em vidro? Eram só vidro, e apenas para Vasco eles tinham um valor sentimental...

"Não há fuga possível..."

Já dentro do bosque, sentou-se encostado a uma árvore. Colocou a garrafa entre o seu rosto e o sol, e o vermelho tornou-se mais vivo. Então decidiu tirar a tampa. Puxou-a delicadamente, para não partir a bonita forma de lágrima. Nesse instante, algo aconteceu. Uma névoa densa e colorida projectou-se do interior da garrafa e dissipou-se no ambiente. As árvores, antes verdes brilhantes, mudavam lentamente de tonalidade. O próprio céu transformava-se, pouco a pouco, num espectáculo aterrorizante. Levantou-se de um salto, confuso. Vindo de longe, sem saber de que direcção, começou a ouvir um sussurro. Ele estava cada vez mais assustado. O sussurro intensificou-se, tornando-se numa voz acusadora.

"Não há fuga possível..."

Vasco agora corria em pânico, tentando sair daquele lugar que lhe parecia amaldiçoado. Mas o bosque não tinha fim. Nunca conseguiria chegar à estrada, e as árvores ganhavam tons cinzentos e azulados que tornavam todo o ambiente claustrofóbico. O céu, amarelo, era completamente surreal. Não conseguia respirar. Transpirava por todos os poros.

Acordou banhado em suor, ofegante, tentando perceber o que tinha acontecido. Há muito tempo que não tinha um pesadelo tão real. Ligou o candeeiro, viu na escrivaninha a sua colecção de objectos de vidro, mas nenhum deles era a garrafa vermelha. Foi até a janela, abriu o estore e olhou para o céu. Azul muito escuro, sem nuvens, apenas com muitos pontinhos brilhantes. Estrelas. Ao longe, recortado pelo luar, o bosque. Foi até à cozinha e bebeu um copo de água fria, quando reparou no jornal esquecido na cadeira. Em letras garrafais, a manchete: "Ladrão perigoso continua a monte".
"Onde está Deus?" - perguntei à minha sobrinha de três anos.
"O que é Deus?" - indagou ela. "Deus é Amor." - respondi-lhe.
"Está aqui!" - disse ela, envolvendo-me no abraço mais delicioso do mundo!

Faz muito bem e espero que outros textos sejam partilhados!

Muito bom o seu, gostei muito :)
..."no woman no cry... cause when one door is closed, many more is open"...
Membro nr. 34334

"Onde está Deus?" - perguntei à minha sobrinha de três anos.
"O que é Deus?" - indagou ela. "Deus é Amor." - respondi-lhe.
"Está aqui!" - disse ela, envolvendo-me no abraço mais delicioso do mundo!

#18
Bem, aqui vai a minha, espero que gostem :)

"Era uma casa grande, com bastantes divisões e 3 andares.
- Hei-de fazer aqui uma grande “colheita”. – disse o ladrão ao olhar para a bela casa.
Entrou sem qualquer dificuldade, a casa apesar de grande não tinha alarme. O ladrão ainda desconfiou que poderia haver ali qualquer coisa que não batia certo, mas a adrenalina da pilhagem falava mais alto e não quis saber.
No meio daquela imensidão, tentou encontrar os quartos, para se certificar de que a casa se encontrava mesmo vazia. Tinha visto o dono do casarão a abandonar a casa, mas até lhe parecia sorte a mais ter aquela casa sozinha, só para si, sem ter de se preocupar em ser apanhado.
Percorreu algums das divisões da casa, quando ouviu um barulho, vindo do andar de baixo.
- Eu sabia. – pensou o ladrão para si mesmo. – Era demasiada sorte a casa ter ficado sozinha.
Escondeu-se numa das divisões para se certificar que não era apanhado, mas não ouviu passos. Apenas silêncio. Arriscou a sair do esconderijo novamente e a continuar a sua procura, quando ouviu novamente um barulho no andar de baixo.
- Mas que raio! – pensou.
Resolveu descer e investigar de onde vinha o barulho, tentando ele próprio não dar conta da sua presença.
Ao chegar ao andar de baixo, as luzes estavam todas apagadas. Achou que tinha sido imaginação sua, quando de novo ouviu um som, que parecia vir de uma pequena salinha. Avançou com cuidado, para se certificar que não seria apanhado. A porta da salinha estava entreaberta e completamente às escuras. Com cuidado, espreitou para dentro da salinha e confirmou que não havia lá ninguém, mas os seus olhos brilharam, porque mesmo às escuras, a salinha estava repleta de pequenos “tesouros”, que iriam valer muito dinheiro.
Entrou na salinha e enquanto estava entretido a ver tudo o que conseguia levar consigo, ouviu novamente o som que já tinha ouvido. Virou-se para confirmar de onde tinha vindo o som, e pareceu-lhe vir de um pequeno armário enconstado à parede.
Avançou até ao armário e de repente teve um pressentimento que deveria ir embora dali, porque tudo aquilo era demasiado estranho, mas ao mesmo tempo a tentação de ver o que estava dentro do pequeno armário era maior.
Abriu a porta e dentro do armário estava uma garrafa, mas não era uma garrafa qualquer. Era uma garrafa toda em ouro, incrustada de jóias bastante valiosas. Os seus olhos brilharam e pensou quanto deveria valer aquela garrafa.
De repente sentiu uma pancada e ficou tudo escuro.

…………

Sentia frio, muito frio e…. estava completamente encharcado. Abriu os olhos devagar e quando deu por si, estava no meio de um bosque. Chovia torrencialmente e o vento soprava ao ponto de fazer as árvores assobiarem.
- Mas, onde é que eu estou? – perguntou o ladrão para si próprio. – A garrafa!
Mas, não havia garrafa, apenas um bosque sombrio, ventoso e chuvoso. Levantou-se e começou a caminhar para tentar sair daquele sítio.
Caminhou o que lhe pareceram horas naquele bosque, mas parecia que o bosuqe não tinha fim.
De repente, pareceu-lhe ver uma luz, muito lá ao fundo. Recomeçou a sua caminhada, convicto que conseguiria arranjar ajuda para sair daquele bosque, o que já não era sem tempo, pois tinha fome, sede e frio. Conforme se aproximava, pareceu-lhe reconhecer o formato da garrafa ao longe. Sim, era a garrafa, era ela que brilhava ao longe. Mas como é que tinha percorrido um caminho tão grande e a garrafa ter ficado ali perdida? Aliás, como é que tinha ido parar aquele bosque?
A garrafa começou a ficar cada vez mais nítida e ao aproximar-se cada vez mais, a sua expressão começou a mudar. Já não estava cansado, mas sim aterrorizado.
Quando chegou a fim do seu caminho no bosque chegou ao que lhe pareceu um espelho gigante, onde do outro lado estava a ver a garrafa e a salinha onde tinha estado.
- Olá, está aí alguém? – perguntou o ladrão, mas não obteve resposta.
Tentou então passar para o outro lado, mas era como ir de encontro a uma parede. Após várias tentativas, desistiu e sentou-se no chão a chorar e só pensava:
- Dava tudo para poder voltar atrás, para não ter entrado naquela casa e não ter entrado naquela salinha. – e com o cansaço adormeceu.
Acordou em sobressalto, caído na salinha do casarão. A garrafa estava ao seu lado. Estava aliviado. Afinal tinha sido tudo um sonho. Já era dia.
- Vou mas é embora daqui! – disse. Ah, mas aquela garrafa, não sabia porquê, mas tinha um efeito sobre ele.
Agarrou na garrafa e desatou a correr. Abriu a porta e estava de volta ao bosque. Olhou para trás e a garrafa e o casarão tinham desaparecido novamente.
De repente, ouviu uma voz:
- Dei-te uma oportunidade de te redimires e falhaste. Agora, és meu prisioneiro.

FIM"

"Seja você quem for ou o que faça, quando quer com vontade alguma coisa, é porque esse desejo nasceu na alma do Universo." Paulo Coelho

https://www.facebook.com/rock.solarys

#19
E chega assim ao fim mais um Choped Literário!

O conto vencedor é o do membro Faty Lee

Podem ler o conto vencedor aqui

Muitos Parabéns! :D

Segue abaixo a classificação geral de todos os participantes:

Faty Lee - 16
Littlelight - 8
moragh - 6

Muito obrigado a todos os participantes, por mostrarem o vosso talento e contribuírem para estes desafios que no fundo são uma partilha entre todos nós. :D

É pena não ter tido mais participantes :(
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Membro nr. 34334

#21
É verdade Faty Lee, é uma pena, mas vamos esperar que no próximo Choped apareçam mais contribuições!

E o novo Choped Literário já está online!
Cliquem aqui e participem!

Parabéns, Faty!!! :)

Realmente, ou o pessoal anda pouco inspirado ou um pouco preguiçoso... Também tenho pena de não terem havido mais contribuições...
"Onde está Deus?" - perguntei à minha sobrinha de três anos.
"O que é Deus?" - indagou ela. "Deus é Amor." - respondi-lhe.
"Está aqui!" - disse ela, envolvendo-me no abraço mais delicioso do mundo!

"Seja você quem for ou o que faça, quando quer com vontade alguma coisa, é porque esse desejo nasceu na alma do Universo." Paulo Coelho

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