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  • Aeródromo de Boreham
    Iniciado por VodGas
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Durante a Segunda Guerra Mundial, as histórias de bruxas e maldições tiveram um grande auge para tentar "explicar" alguns acontecimentos ou comportamentos estranhos, como por exemplo, o facto da "Operação Leão-Marinho" jamais ter acontecido.

Para alguns, deve-se à reunião de bruxas de toda a Inglaterra no Bosque de Hampshire, onde terão realizado o "Great Circle", um ritual cerimonial pagão-wiccano, que, segundo a história, saldou-se com êxito pela terceira vez, já que teria sido convocado apenas duas vezes na história: a primeira durante a ameaça da Armada Invencível e a segunda, durante a ameaça de Napoleão Bonaparte.

A história do aeródromo de Boreham, que se situa numa aldeia com o mesmo nome, perto da cidade de Chelmsford, no condado de Essex, cujas obras começaram em maio de 1943, pode situar-se na mesma categoria, já que se refere ao poder das lendárias bruxas inglesas.



A Aldeia de Boreham, que existe desde o século XI, (sendo referida no Livro de Winchester, publicado em 1086 pelo Rei Guilherme I de Inglaterra), em 1930 tinha 12 kms quadrados de extensão, foi comprada por Henry Ford e aí construiu o Instituto Henry Ford de Engenharia Agricola, destinado ao estudo da mecânica dos tratores. De geografia levemente ondulada, era atravessado por uma calçada romana e apresentava construções do século quinto e anteriores.

Em maio de 1943, a USAAF - United States Army Air Force, propôs-se construir uma base aérea nesta localidade rural. Nesse mesmo mês, o 861º Batalhão de Engenharia dos Exército dos Estados Unidos começou os trabalhos para acondicionamento do terreno para permitir o levantamento e aterragem dos bombardeiros pesados B-17 "Flying Fortress" que iriam atacar o coração da Alemanha.

Para "aplanar" o terreno que serviria para uma das três pistas, que iriam medir 1.600 metros, teriam de mudar de sítio uma grande pedra situada no Bosque de Dukes. Os habitantes das redondezas, ao ver que os engenheiros se dispunham a levantar a pedra para a mudar de sítio, fizeram-lhes diversas advertências que não o deveriam fazer.

Ao que parece, debaixo dessa rocha estava enterrado o corpo de uma bruxa que tinha sido queimada pela igreja. E além disso, em 1856, tinha aparecido naquele local o corpo de um guarda-florestal, cujo assassino nunca tinha sido descoberto.

Os americanos (curiosamente precavidos) recorreram à opinião de arqueologistas, que ao verem a rocha, determinaram que devia tratar-se de um antigo local de culto pagão dos antigos povoadores das ilhas britânicas, muito antes da conquista da Grã-Bretanha pelo Império Romano.

Seja como for, ninguém, nem da povoação nem soldados, queriam e nem se atreviam a mover a rocha do sítio. Só um engenheiro, que não acreditava em bruxas, maldições e fantasmas, se decidiu em realizar o trabalho.

Quando foi mover a rocha com uma retroescavadora, a mesma sofreu uma avaria no preciso momento em que tocou na rocha. Para todos essa foi a prova que o local estava sob os poderes de uma maldição. Pouco tempo depois, outro corajoso atreveu-se a enfrentar a rocha e desta vez, a escavadora levantou e moveu a pedra para fora do local onde ia ser a pista sem acontecer qualquer problema.

Alguns dias depois, muitas cabeças de gado dos lugares vizinhos cairam vítimas de uma repentina e estranha doença, tendo sido atribuída a uma cruel vingança da bruxa que estava enterrada debaixo da rocha ao ver perturbada a sua traquilidade.

Pouco tempo depois, as superstições terminaram e a base aérea foi definitivamente terminada sem ocorrer mais algum incidente. Mas... o mais inquietante estava por chegar...

Dias depois de construída, um Thunderbolt do 56º Grupo de Caças chegou à zona com uma avaria grave, tendo sido forçado a uma aterragem de emergência na pista recém terminada.

O piloto faleceu no acidente, quando o trem de aterragem dianteiro da aeronave embateu numa retroescavadora... a mesma que tinha movido a "rocha maldita"

Este acidente, considerado como fortuito, não assentou bem no ânimo dos soldados e aldeões que cada vez mais se convenciam da real existência de uma maldição sobre a rocha.

Algumas semanas depois, o Comandante do Aeródromo, que se tinha declarado anti-superstições, morreu de forma repentina e inexplicável de ataque cardiaco. Para sorte de todos, o falecimento do comandante foi suficiente para a bruxa, pois nada de "anormal" voltou a acontecer em Boreham.

Aos poucos e poucos, a vida voltou à normalidade na base e na aldeia, sendo esquecida a história da bruxa, da maldição e da pedra.

A Segunda Guerra Mundial continuou e Boreham continuou a servir os aliados como plataforma da lançamento dos  B-17 e dos Martin B-26 Marauder do 394º Grupo de Bombardeiros Médios contra a Alemanha, assim como dos C-47 Dakota do 315º Grupo de Transporte de Tropas para uma larga centena de missões.

Quanto terminou a guerra, toda a população da aldeia, que tinha aumentado consideravelmente de tamanho e densidade demográfica, perdeu o interesse pela rocha de maneira definitiva.



O aeródromo foi convertido, inicialmente, em pista de testes da Ford e mais tarde, na sede de Ambulâncias Aéreas de Essex e da Policia Aérea de Essex e como consolo, a "rocha maldita" adorna hoje o estacionamento de pub local...
Se um rema e outro cruza os braços ou rema para outro lado... mais vale abandonar o barco e seguir sozinho.

Que interessante. Incrível como a sequência de acontecimentos surge sempre quando há intenção de se remover a pedra... E agora que já ninguém pensa nisso, as coisas acalmaram. Talvez seja efetivamente um local de culto onde o espírito da "bruxa" ainda se encontre, procurando esta defender o seu espaço.

Não conhecia esta história e achei-a super-interessante. ;)
..."no woman no cry... cause when one door is closed, many more is open"...
Membro nr. 34334

Olá Faty,

eu tenho montes de histórias da segunda guerra aqui por casa, pois adoro "devorar" livros.

Em breve vou publicar outras :)
Se um rema e outro cruza os braços ou rema para outro lado... mais vale abandonar o barco e seguir sozinho.

Cá as espero, pois adoro ler este tipo de "histórias". Sabes, acho que elas transmitem sempre algum conhecimento que não consegues adquirir por outra via. ;)

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Membro nr. 34334

boa historia mas apenas confirma aquilo que eu acho sobre este tipo de historias: elas só vivem enquanto se acreditam nelas. a partir do momento em que as pessoas deixam de acreditar ou pensar nelas, os acontecimentos param.

Citação de: bullitpt em 14 fevereiro, 2015, 22:47
boa historia mas apenas confirma aquilo que eu acho sobre este tipo de historias: elas só vivem enquanto se acreditam nelas. a partir do momento em que as pessoas deixam de acreditar ou pensar nelas, os acontecimentos param.

Eu concordo parcialmente... acho que enquanto as pessoas respeitarem os "espaços" destes seres, estarão salvaguardados ;)
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Membro nr. 34334

Parabéns Vodgas!

Este tópico é mesmo muito interessante!
I see now that the circumstances of one's birth are irrelevant, is what you do with the gift of life that determines who you are"