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  • Lendas de Roncesvalles
    Iniciado por VodGas
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Para mim, falar de Roncesvalles, é falar dum bosque encantado, onde muitos peregrinos começam a sua peregrinação, sendo um dos lugares mais importantes do Caminho de Santiago. A história conta que sempre foi um local de passagem, desde os celtas, e os milhares de peregrinos que desde o século IX, tem atravessado os Pirineus para peregrinar a Santiago de Compostela, a 790 kms de distância.

É falar de um local onde fui muito feliz, um local onde me sinto ligado à história e do qual tenho muitas saudades...



Sobre a lendas locais, existe a da Morte de Rolando e dos seus Doze Pares e a da Virgem de Roncesvalles

Lenda da Morte de Rolando e dos seus Doze Pares

A história começa quando Carlos Magno, que aguarda em Zaragoza que o Emir Marsif se renda, envia Ganelón, padrasto de Roldán, para que negocie com o muçulmano. Logo depois de árduas discussões, Ganelón decide aliar-se e planejar uma traição contra o imperador para vingar-se de Roldán, jovem cavaleiro a quem Ganelón odeia, com todas as suas forças.

Carlos Magno decide regressar a França, porem antes encomenda a Roldán o comando da retaguarda de seu grande exercito. Quando estes soldados adentram as gargantas dos montes, os sarracenos, de acordo com o combinado com Ganelón, atacam aos cristãos e os exterminam. Só sobrevivem o bispo Turpin, Olivier e o valoroso Roldán, que no último extremo decide fazer uso de sua corneta pedindo ajuda.

Carlos Magno enquanto espera as notícias de Roldán, joga uma partida de xadrez com Ganelón. Em certo momento se sobressalta ao ouvir o som de uma corneta e se levanta decididamente para ir a socorro de seu amado sobrinho. Porém o traidor Ganelón segra-o pelo braço e faz sentar-se novamente, enquanto, com suaves palavras, o convence de que Roldán poderia ter tocado sua corneta por um motivo qualquer e não por estar em perigo, dissuadindo-o de que voltasse sobre os seus próprios passos.

Os mouros conseguem matar Olivier, enquanto Roldán em um último e desesperado intento, trata de quebrar sua espada Durandal contra uma rocha, porém esta não se rompe. Depois de uma luta denodada morre com seu rosto voltado para a Espanha.

Carlos Magno logra mais tarde acabar com o inimigo, não sem a ajuda de Deus, conta à lenda, que deteve o Sol para aumentar o dia e dar mais tempo aos cristãos para aniquilar o inimigo infiel.

O Imperador ao ver tal situação informa as lendas, extremamente abatido com aquela situação, no alto do pico de Ibañeta, finca os seus joelhos sobre o solo e com o rosto voltado para Compostela humildemente ora. Estávamos no ano de 778 d.C. e ainda faltava quase meio século para que descobrisse a sepultura do Apóstolo Tiago.

Carlos Magno recolhe o cadáver de Roldan e de seus Doze Pares, e providencia o sepultamento dos mesmos numa pequena capela funerária a de Sancti Spiritus, em Roncesvalles, em seguida retorna para o seu palácio imperial em Aix-la Chapelle, para consolar a bela Aude, a dama amada do seu sobrinho.

As relações entre o Caminho de Santiago e Carlos Magno se entrelaçam com outra lenda, segundo a qual o Imperador viu em sonho um caminho sinalizado pela Via Láctea, encaminhando-se assim para Compostela, onde está o sepulcro do Apóstolo.

Com o episódio da morte de Roldán e de seus Doze Pares e com o relato do trágico gemido da sua corneta pedindo auxílio, Roncesvalles foi elevada à categoria de mito. Os peregrinos acorrem a venerar em Roncesvalles suas relíquias sagradas e as supostas armas desses heróis. Na Capilla de Sancti Spíritus ou "Silo de Carlos Magno", em cuja cripta serviu de ossuário dos peregrinos mortos no hospital que existia naquele local, situa-se a tumba mandada construir por Carlos Magno para Roldán e os soldados mortos na Batalha de Roncesvalles.

A celebre "Chanson de Roland" - Canção de Roldán (Rolando) - relatando o episódio histórico, é um clássico da literatura medieval, a canção foi composta provavelmente no século XI em francês arcaico, é atribuída a um clérigo Normando chamado de Turoldo. Posteriormente foram surgindo outras composições que se agregaram à mesma formando um conjunto de histórias que passaram a fazer parte da mística do Caminho. Desde então passou a ser apresentada pelos bardos e trovadores itinerantes nas cortes franceses e alemães, servindo como relato épico e mito legitimador da dinastia carolíngia, sendo apresentada como a campeã da defesa da Cristandade contra o Islã.

Vejamos o que ela nos diz sobre o referido cavaleiro: "Então Rolando sentiu que perderia a vida/ Ele se ergue, faz todo o esforço que pode/ a cor da sua face se fora... Então Rolando sente que o seu tempo terminou/ Ele lá está, no alto cume que se volta para a Espanha/ ele bate no peito com uma mão: Deus perdoe-me em nome das tuas virtudes, por meus pecados, grandes e pequenos, todos os que eu cometi desde a hora do meu nascimento até esse momento em que estou para ser batido". Chanson de Roland, CLXXIV.

Se notarmos, iremos verificar que sempre as lendas dão um papel importante "às espadas", desde os tempos do rei Artur da Bretanha vejam as interligações entre as mesmas:

Segundo outra lenda popular, Rolando e os seus Dozes Pares foram emboscados por bascos e navarros em Valcarlos, devido ao saque de Pamplona, e Rolando ao sentir a morte certa, tentou partir a espada Durandal contra uma rocha, o que não aconteceu, então, num esforço sobrehumano, atirou a mesma contra a montanha, tendo rompido a mesma e a espada tendo chegado a França.

Quando Carlos Magno encontrou o corpo de Rolando, este tinha o pescoço despedaço pela "explosão" das veias devido ao esforço sobrehumano para salvar a espada Durandal.

Lenda da Virgem de Roncesvalles

Durante a invasão dos muçulmanos, muitos fiéis se encarregaram de esconder as relíquias e imagens para evitar que fossem destruídas ou profanadas. Conta-se que a estatua da Virgem de Roncesvalles foi ocultada por um grupo de mulheres, enquanto seus maridos eram mortos pelo invasor.

Com o decorrer de oito séculos, período que durou o domínio muçulmano, o povo se esqueceu de onde havia sito ocultado todo aquele tesouro e pediu a ajuda divina para tê-los de volta ao seio do povo que agora havia reconquistado suas terras.

Conta à lenda que por volta do séc. X, certa noite, enquanto todos dormiam, dois pastores que cuidavam de seus rebanhos passaram a observar que, durante várias noites, um cervo que passeava em frente a eles levava duas luzes estranhas como se fossem estrelas sobre os chifres. Curiosos, e após ter vencido o medo que havia se apoderado deles, a princípio decidiram seguir o servo. Lá chegando, eles passaram a ouvir um belo e estranho cântico em homenagem à Virgem, o qual tudo indicava vinha do solo em que o animal pisava, e verificaram que o mesmo tentava com as patas escavar no local como a informar que ali algo se encontrava. Subitamente o animal desapareceu e cessaram os cânticos. Aturdidos com tudo aquilo os pastores resolveram pedir ajuda ao clero para decifrar o mistério.

Quando a notícia chegou ao bispo de Pamplona ele se recusou de pronto a acreditar na estória, até que, em sonho, um anjo lhe revelou a verdade.

O bispo então decidiu ir pessoalmente junto com os religiosos de Ibaneta até Roncesvalles e, lá chegando, deu ordens para alguns homens se deslocarem para o local da aparição, lá os orientou para que começassem a cavar onde o animal era visto. Para admiração e assombro de todos, em uma cova rasa, foi encontrada sobre um pedestal a imagem da Virgem de Roncesvalles. Sobre o lugar donde foi encontrado a Virgem, posteriormente se levantaria a Igreja construída para prestar culto à mesma.

Atualmente a referida imagem encontra-se no altar mor da Igreja da Real Colegiata de Santa Maria em Roncesvalles, a imagem confeccionada em talha gótica medieval, obra francesa do séc. XIV, esculpida em cedro e recoberta de prata e pedras preciosas é uma bela imagem mostrando uma mãe terna e cheia de majestade, o menino Jesus está sobre os seus joelhos, foi esculpida em Toulose.

Acredita-se que a mesma, segundo a lenda, teve como o seu primeiro santuário a atual "Casa Itzandegia", construída no séc. XII, localizada em frente às Capelas de Santiago e do Sancti Spiritús ou "Silo de Carlos Magno", atualmente após sua remodelação passou a atuar como um dos albergues para peregrino em Roncesvalles.

Fontes: Sabedoria Popular, Caminho da Santigo e Walter Jorge
Se um rema e outro cruza os braços ou rema para outro lado... mais vale abandonar o barco e seguir sozinho.

..."no woman no cry... cause when one door is closed, many more is open"...
Membro nr. 34334

Faty,

é um dos sítios mais românticos e encantadores já conheci.
A primeira vez fui lá porque meti-me à aventura com uns amigos e passado uns anos, quando "fugi" da Invicta, fui morar para lá perto e nas minhas folgas, era a minha casa, pois ficava com uma paz de espírito fenomenal.
Se um rema e outro cruza os braços ou rema para outro lado... mais vale abandonar o barco e seguir sozinho.

Não me importava de lá morar, parece ser tão paradisíaco ;)
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sofiagov

À uns anos toquei uma peça chamada " Caminho de Santiago" que tal como diz o título ilustrava os caminhos percorridos pelos peregrinos até Santiago de Compostela  começando em Roncesvalles.

Agora, acho que vou pegar nas tralhinhas e vou me mudar para aí, é realmente muito bonito! :D
I see now that the circumstances of one's birth are irrelevant, is what you do with the gift of life that determines who you are"

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