lenda de vila praia de ancora

A Rainha Dona Urraca, casada com D. Ramiro, rei de Portugal, caiu de amores por um fidalgo marroquino chamado Alboazar. Um dia a renegada, perdida de amores, fugiu com Alboazar para um castelo em Gaia. Ali julgavam-se seguros e estavam felizes.

Com a honra ferida, D. Ramiro não podia ficar assim. Temendo envolver numa guerra todo o seu exército, resolveu tomar outras medidas, disfarçando-se de mendigo e indo ao seu encontro. Embarcou numa pequena barca e desceu a costa até entrar pelo rio Douro. Aí, informou-se da mulher e da sua vida, entregue à paixão alheia. Numa noite, enquanto todos dormiam, raptou a própria mulher. Correu para um navio que ali estava atracado e subiu pela costa até um lugar chamado Gontinhães, onde atracou para descansar, junto a um pequeno rio. Contou aos seus fidalgos toda a história e pediu-lhes ajuda na justiça do ato vil da sua mulher. Todos ouviram com tristeza a maldade cometida e o único que se pronunciou foi o filho, dizendo: "Senhor, a mim não cabe falar, porque é minha mãe! Não digo senão que olheis pela vossa honra." Era noite e todos foram descansar, deixando a rainha presa. No dia seguinte foram dizer ao rei que ela não parava de chorar pelo senhor de Gaia. O rei não gostou de tal afirmação e amarrou a esposa traidora a uma âncora e lançou-a ao mar! Orgulhoso, não a deixou nas mãos do inimigo, nem a quis para si, por ter ofendido a sua honra.

Abandonando D. Urraca no fundo do mar presa à âncora, D. Ramiro regressou ao seu castelo. A partir daquele dia, o pequeno rio onde tal ato se sucedeu passou a chamar-se Rio Âncora.


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