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  • Os Superficiais - O que a internet está a fazer aos nossos cérebros.
    Iniciado por Mephisto
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Mephisto
Eis um exemplo flagrante do célebre adágio «quem vê caras não vê corações». Andava eu na Bertrand a consultar os livros que iria adquirir para ler ao longo deste ano quando dou de caras com este. Olhei, folheei, pousei, fui até ao «Anti-Freud», passei pelo «Ao Encontro de Espinosa», «O Livro da Consciência» etc, sempre acompanhado de uma doce e sensual voz feminina que me fez decidir pelo que se segue, retribuindo-me os outros três na semana posterior por ter sido fiel à sua sugestão!  :) (a quem muito agradeço)

Não sei se diga que é perturbador ou meramente sincero. Eu, que me considero amante de livros e leitura, livros no sentido físico do termo, fiquei estupidificado à medida que ia avançando pelas páginas acutilantes desta obra. Talvez, aquilo que melhor o descreverá será algo do género:

O primeiro livro em que, na medida que viramos as páginas brancas, preenchidas simetricamente por palavras impressas a preto, vamos reconhecendo, cromaticamente, a semelhança dos traços que dão forma ao nosso rosto. Um autêntico espelho baço à espera de ser cuidadosamente desembaciado através da sua leitura.

O preciosismo da informação nele contida, aliena-se imperativamente da tosca capa que a envolve; uma escolha infeliz por parte da editora. Um livro obrigatório.


Sinopse

Amplamente considerado o livro sobre o debate em curso acerca do poder e dos perigos da tecnologia, esta obra aborda desassombradamente as consequências intelectuais e culturais da internet. Em parte história das ideias e em parte divulgação científica, Os Superficiais abunda em apreciações certeiras e cáusticas ao mesmo tempo que nos inquieta com questões profundas sobre o estado da mente contemporânea. Uma leitura urgente sobre o actual pensamento superficial.

«Como a maioria das pessoas, eu tinha algumas ideias sobre o modo como a minha vida e o mundo estavam a mudar em reacção à internet. Mas não conseguia pôr essas ideias em palavras e argumentos, e nem sequer tinha a certeza de elas terem algum fundamento. Pois bem, Nicholas Carr - de forma convincente e com grande subtileza e elegância - demonstra que não é só o teor dos nossos pensamentos que está a ser radicalmente alterado pelos telefones e pelos computadores: é a própria estrutura dos nossos cérebros - a nossa capacidade de ter determinados tipos de pensamentos e experiências. E os tipos de pensamentos e de experiências que estão em jogo são aqueles que definiram a nossa humanidade. Nicholas Carr não é fanático nem abomina a tecnologia: é um escritor e um pensador profundo - jornalista, psicólogo, divulgador científico e filósofo em partes iguais. Eu não só ofereci este livro a muitos amigos, como mudei realmente a minha vida quando o li.»

Jonathan Safran Foer

«Absorvente [e] perturbante. Brincamos todos sobre o que a internet nos está a fazer, e em especial aos nossos filhos: está a tornar-nos umas cabeças no ar irrequietas, incapazes de pensar com profundidade. Não é nenhuma brincadeira, insiste Nicholas Carr, e convence.»

Wall Street Journal

«Nicholas Carr pretende que pensemos com profundidade sobre os efeitos desta nova tecnologia nas nossas culturas, nos nossos cérebros, nas nossas vidas sociais e pessoais, nos nossos modos de pensar acerca do conhecimento. Com uma facilidade magistral e um estilo irrepreensível, apresenta ideias que incentivarão os leitores a fazer isso mesmo [...]. Os Superficiais é um livro que todos devem ler.»

American Scientist

«Diga-se em seu abono que Carr é tão imparcial quanto possível. Enfatiza o facto de as tecnologias "de ecrã" não serem más nem milagrosas quanto aos efeitos que têm sobre a mente humana [...]. O que é certo, contudo, é que as nossas mentes mudarão [...]. Os Superficiais é um exemplo valioso de como os livros estimulam, verdadeiramente, uma reflexão profunda.»

Literary Review

Autor(es)

NICHOLAS CARR escreve sobre tecnologia, cultura e economia. Com mestrado em Língua e Literatura Anglo-Americana (Universidade de Harvard), é também autor de The Big Switch: Rewiring the World, from Edison to Google (2008) e Does IT Matter? (2004). Colabora regularmente com The Guardian, The New York Times, The Wall Street Journal, The Financial Times, Die Zeit, The Times e outros periódicos. É membro do conselho consultivo da Encyclopedia Britannica e pertence ao projecto de cloud computing do Fórum Económico Mundial. Orador frequente em conferências e seminários académicos e empresariais, é escritor residente na Universidade da Califórnia, em Berkeley.

A opinião que tenho sobre a internet é a de que ela transforma os leitores, tornando-os desconcentrados e incapazes de articular ideias de modo coerente e de raciocinar de modo mais complexo.

Porquê? Porque nos dispersamos e navegamos em várias janelas, por vezes em simultâneo; porque confiamos (e, na maioria das vezes erradamente) mais em wikipedias do que na biblioteca da esquina do nosso bairro.

Penso que será uma boa leitura para confirmar se estou certa ou se é mais uma das minhas "teorias conspiratórias".

Obrigada Mephisto, pela sugestão.
"Somos seres espirituais com corpo físico, e não seres humanos que buscam a condição espiritual." (Sara Marriott).

Eu  já sabia disto, só estava à espera de o ouvir dizer em voz alta!!!!!  Estou cheia de remorsos para com os livros cuja leitura, sobretudo nestes dois últimos anos, deixei incompleta, enquanto andei por aqui a navegar. Ah  e há  quanto tempo não pego num jornal de papel, daqueles que, antigamente, até sujavam as mãos! Era o que eu falava há dias com um amigo, não estamos nada mais cultos, pelo contrário, estamos a embrutecer, dizíamos então. Soube agora que, afinal, estamos a ficar superficiais, embora já saiba também,   há um bom par de anos,  que cada vez encontro menos pessoas com quem me apeteça ter dois dedos de prosa bem esgalhados.

Deve ser por isso que sou tão aselha no facebook! Não eu não sou da imagem,  sou da palavra,  do livro e da página virada com o dedo  lambido ao virar da folha. ;)

Este ano prometo que vou espalhar o meu ADN  nos livros que andam lá por casa à espera que eu os leia.

Tenho dito.

Templa
Templa - Membro nº 708

Mephisto
Citação de: Salomé em 07 janeiro, 2013, 00:02
A opinião que tenho sobre a internet é a de que ela transforma os leitores, tornando-os desconcentrados e incapazes de articular ideias de modo coerente e de raciocinar de modo mais complexo.

Porquê? Porque nos dispersamos e navegamos em várias janelas, por vezes em simultâneo; porque confiamos (e, na maioria das vezes erradamente) mais em wikipedias do que na biblioteca da esquina do nosso bairro.

A tua opinião mais que correcta, vai exactamente de encontro à certeza do autor. Agora junta a isso estudos psicológicos e neurológicos, ali escarrapachados, e assusta-te, porque estamos a falar de alterações nos sistemas cognitivos e sinápticos do cérebro. Fisicamente falando, não hipoteticamente. Uma vez disse ao Chacal, a propósito de uma "discussão" com um utilizador do fórum, o seguinte: hoje em dia, no meio virtual, qualquer gajo que tenha o google à disposição parece uma pessoa inteligente.

O problema é que há pontos chave onde essa suposta inteligência cai por terra mais rápido que um aluimento de terras. Mas ainda há um problema superior ao problema inicial! As pessoas desaprenderam a fazer uso desses pontos chaves porque, infelizmente, nunca atingiram sequer a porta. Ou seja, nem sequer se preocupam. Está na net. Aprender para quê? Agora questionemos: o que realmente está na net? Este fórum, como outros, é um exemplo da inércia em verificar a fidedignidade das fontes por factor comparativo.  ;)
Na net há de tudo, desde o mais sério ao mais absurdo. O mais sério passa ao lado, porque é muita coisa para ler  :laugh:.

É melhor não alongar muito mais. Se o adquirires depois diz de tua justiça. Uma vez que tens essa percepção, delicia-te agora com as provas cientificas da coisa.  ;)

Poisé!!
Muita informação, não quer dizer muito conhecimento!
"Somos seres espirituais com corpo físico, e não seres humanos que buscam a condição espiritual." (Sara Marriott).

anokidas
Grande verdade,e contra mim falo e não tenho problema algum de o afirmar que muita informação está na Internet,é mais prático  e menos dispendioso o grave é mesmo perdermos a capacidade de raciocínio nas perguntas mais básicas como se de uma simples receita se tratasse. Sob pena de ficar mais burra  :'(

Alguém tem livros para doar? ;D

Mephisto

anokidas
Pois logo vi  ::) mas eu compreendo que estamos em crise   ;D

Na minha opinião depende como se faz o uso da internet. Óbvio que não se pode acreditar em tudo o que está na internet, mas ajuda e é necessário saber procurar, e é óbvio que não substitui um bom livro  de ciência de um autor conceituado.
Quem passa a vida na internet estraga a vida social que um ser humano necessita, principalmente aqueles que fazem da internet a sua vida social.

Como tudo na vida, é necessário ter bom senso.

Cump.
"Don't become a monster in order to defeat a monster" - Bono Vox U2

Na minha opinião, o poder dos livros é imbatível. Todavia. esta é apenas uma verdade para aqueles que criaram o hábito da leitura antes do poder, quase "maléfico", das novas tecnologias.
Não sou avesso às novas tecnologias e utilizo-as q.b.. No entanto, os velhos hábitos da leitura, oferecem-me um deleite que as novas tecnologias não permitem.
Ler um livro, sentir a textura do papel, o cheiro das tintas num livro acabadinho de sair do prelo, é delicioso. O mesmo acontece com o livro antigo, de papel já amarelado pelo tempo e com cheiro a "biblioteca".. Não esqueço as horas e dias passados na Biblioteca Nacional, durante os meus anos de estudante. Aluz ténue e filtrada, o sussurar dos utentes, e... o peso de alguns quilos dos manuais que tinha de passar folha a folha... delicioso. As horas de pesquiza e o sabor de encontrar o que depois de largas horas encontrava.
Também a leitura de um romance nas horas de ócio provocava e provoca-me ainda momentos inesquecíveis de prazer pelo sonho, as imagens que me permite idealizar...
Com as telenovelas, alguns romances e o primeiro exemplo mais significativo, a Gabriela, deram um outro sabor a qualquer história... Contudo, a verdade é que para os apaixonados pela leitura, elas não vieram roubar o infinito prazer da leitura. Mas, afinal qual a diferença? A verdade é que quem leu um bom livro, não esquece a sua história, mesmo que décadas passadas. Quem é "telenoveleiro" passado um mês, já não é capaz de contar o seu enredo.
Com a Internet, embora a pesquiza seja rápida, e já não falando na qualidade da informação, a verdade é que de tão rápida, a informação vai servir para o momento ou para o trabalho em causa mas, não vai ser memorizada.
Podia falar-vos também sobre a fotografia mas,penso que basta perguntar a um bom fotógrafo, se quer utilizar uma ,máquina digital