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  • Os vários caminhos para Deus
    Iniciado por Anitacleo
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Em O Livro dos Espíritos, página 298, pergunta 625, Allan Kardec inquiriu aos Mensageiros Superiores: "qual o espírito mais perfeito concedido por Deus para nos servir de modelo e guia?" E a resposta foi: "Jesus".

Allan Kardec imediatamente entretece comentários nos quais diz: para a criatura humana, o ser mais evoluído foi Jesus porque ele sintetizava todas as perfeições. "

Como sabemos, os cristãos não são maioria na Terra. Vivem neste planeta bilhões de pessoas que têm como modelo e guia outros espíritos, tais como Buda, para mais de um bilhão de chineses e japoneses; Maomé, para centenas de milhões de pessoas na África e Ásia, e também os hindus, na Índia, que têm outro modelo de guia. Como o Espiritismo explica isso? Esses espíritos também são modelos e guias nos quais pode o ser humano se exemplificar para alcançar a perfeição?

Estatísticas são, na realidade, aproximação. Em números redondos, a Terra teria atualmente seis bilhões de habitantes, dos quais somente dois bilhões de cristãos. Assim, pela lógica dos egoístas, quatro bilhões não entrariam no reino dos céus e estariam de antemão condenados ao fogo eterno.

Isto aconteceria se Deus, o Pai Nosso conforme nos ensinou Jesus pai, portanto, de todos os homens e não apenas de alguns, Ele que aguarda de braços abertos a volta do filho pródigo, desse exclusividade a determinada religião. Seitas muito atrasadas, principalmente entre os protestantes, ainda existem com essa mentalidade retrógrada, injusta, ilógica e destoante dos mais comezinhos princípios de justiça humana, quanto mais de Justiça Divina.

Para elas, só são filhos de Deus, os membros da sua igreja. Os demais não passam de criaturas, são o resto, não são irmãos.

Voltemos à indagação do leitor: sendo Jesus o único Homem Perfeito que passou pela Terra, os seguidores de Buda, Maomé e outros líderes religiosos, que congregam muito mais adeptos do que o Cristo, poderão alcançar a perfeição?

Claro, evidente e absolutamente certo. Basta que eles aprendam a verdadeiramente amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmos. Atingindo tal estágio evolutivo, embora na atual encarnação seus modelos humanos de bondade sejam outros, automaticamente estarão seguindo a Jesus, que é o caminho, a verdade e a vida.

Ao aceitá-los agora, sintonizam-se com o guru que os satisfaz no grau de evolução em que se encontram. Nós, também, com toda certeza, já tivemos como guias, no passado próximo ou longínquo, espíritos incomparavelmente inferiores a Jesus mas que, naquela época, foram-nos importantes, servindo-nos de degraus na ascensão para Deus. Quando éramos índios, na floresta amazônica ou em qualquer outro lugar primitivo, nosso guia era o pajé e nem por isso empacamos e nos perdemos nas encruzilhadas do passado.

Com certeza, entre os seguidores de Buda, Maomé e tantos outros líderes religiosos, e até mesmo entre homens que se dizem sem religião, há espíritos mais evoluídos do que nós, os cristãos. Exemplo vivo disso foi Gandhi, a grande alma da índia escravizada, que não era cristão mas impediu que seu povo agredisse o opressor inglês, seja fisicamente, com palavras ou meros pensamentos. Sua não-violência, a ahimsa, constitui uma expressão autêntica de cristianismo e proporcionou libertação de meio bilhão de indianos de um cruel jugo inglês que durava quase três séculos.

Ninguém precisa ser desse ou daquele grupo religioso para chegar ao reino dos céus. Quem duvida disso é porque não leu no Evangelho de Marcos, 19:34 a 37, e no Evangelho de Lucas, 9: 49 e 50, o relato mais do que veemente: João Evangelista foi reclamar a Jesus haver encontrado um homem que, em nome do Cristo, expulsava demônios sem pertencer ao rol dos escolhidos para seus apóstolos ou discípulos. João Evangelista queria proibilo de assim proceder, mas o Mestre o repreendeu com estas palavras:

"Não lho proibais, porque ninguém há que faça milagres em meu nome e possa logo falar mal de mim. Porque quem não é contra nós é por nós. Porque qualquer que vos der a beber um copo d'água em meu nome, porque sois discípulos do Cristo, em verdade vos digo que não perderá o seu galardão."

O essencial é, assim, ser bom. Fora da caridade não há salvação. Quem se esforça para ser bom, mais depressa do que imagina, se encontra com o Cristo. Muitos são os caminhos para Deus, em forma de religiões. Nenhuma estrada, contudo, se iguala, em qualidade, à rota traçada por Jesus.

Agora, ser ou não cristão, nesta ou em outra encarnação, não é essencial. Somos espíritos eternos e, quanto mais evoluirmos, mais nos harmonizaremos com o Nazareno, porque ninguém vai ao Pai senão através do Filho, ou seja, da prática do amai-vos uns aos outros como eu vos amei, que ele ensinou.

As próprias religiões cristãs apresentam tanta diferença entre si por serem interpretações humanas de coisa divina.

Fonte:Revista Espírita Allan Kardec Nº 46.
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