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  • Na Porta do Cemitério de S. Jorge - Porto de Mós
    Iniciado por sleepinginmind
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Olá a todos,

Não sabia ao certo onde colocar este tópico, mas penso que se enquadra bem numa lenda assombrada :)

Esta história foi-me contada pela minha avó, não a contou muitas vezes, mas lembro-me bem quando contou desta vez que nunca mais esqueci!
Passou-se no pequeno cemitério da localidade de S. Jorge, onde se encontra o actual Centro de Interpretação da Batalha de Ajubarrota, próximo de Porto de Mós e da Batalha, toda a minha família materna é dessa zona e o meu próprio avô materno (entre outros familiares) se encontra sepultado neste mesmo cemitério.

Nunca lá vi nada de estranho, até o acho relativamente simpático para cemitério, é pequeno e os familiares têm imensa estima pelos seus entes queridos e há sempre jarras com belas flores e velas acesas durante a noite, não assusta ninguém (talvez por ser pequeno e estar localizado relativamente próximo de casas e ao lado de armazéns), até já lá estive de noite (abre uma vez ao ano durante a noite, creio que seja no dia de Todos os Santos) e não senti nada de mal, até senti paz.

O que conta a minha avó, não muito crente nestas coisas, mas naquele misto entre o crente e o cepticismo que caracteriza as gentes de muitas aldeias, é que em tempos um senhor foi lá visitar a sua falecida esposa, saiu de sua casa e lá foi em direcção ao cemitério ao entardecer, o cemitério estava vazio, nada estava lá a não ser as campas, as flores e as velas que alguém tinha acendido para acompanhar as almas que lá estavam durante a noite. O senhor, confiante que ninguém lhe faria mal no cemitério, deixou alguns dos seus pertences no porta casacos que se encontra à entrada do cemitério (ainda hoje lá está, junto à torneira com onde as pessoas se servem de água e lá colocam baldes, sacos, entre outras coisas), este estava vazio e ele era claramente a única pessoa no cemitério (para quem conhece o cemitério, percebe que é pequeno e de todos os ângulos se repara quando alguém entra no mesmo), lá ficou a rezar à sua amada e saiu já era noite, ao pegar nas suas coisas reparou que lá estavam coisas de outra pessoa, não reparou que alguém tivesse entrado, espreitou, poderia ser alguém conhecido que quisesse companhia para voltar, mas o cemitério estava vazio. Ignorando esta situação dirigiu-se para sua casa. No dia seguinte contou a todos os que conhecia, que depressa perguntaram a outros, quem tinha deixado os seus pertences no cemitério e não tinha lá entrado na noite anterior... ninguém!

Uns dias mais tarde é dia de Todos os Santos, ou de Finados como se diz lá na aldeia, e o senhor resolveu ir visitar novamente a sua amada, já era tarde, tinha estado na lavoura nesse dia e só ao anoitecer conseguiu ir para o cemitério, contaram os seus amigos e quem estava no cemitério, que o senhor estava relativamente bem disposto, difícil estar feliz ao contemplar a campa da sua esposa, mas estava bem de saúde, aí o deixaram e dirigiram-se para as suas casas. No dia seguinte ninguém tinha encontrado o homem, procuram-no por toda a povoação (que não é muito grande) e arredores, e este havia desaparecido do mapa... a população assustada dirigiu-se ao cemitério que tinha sido o último local onde este havia sido visto, e encontraram no porta-casacos da entrada do cemitério o seu corpo pendurado de olhos abertos, ao lado do mesmo estavam os seus pertences, e ao lado os pertences de alguém, o mesmo alguém que os tinha deixado lá noites atrás.

Ao certo nunca se soube o que se passou, ele não tinha ferimentos, nem sinais de violência e estava pendurado, alguém o lá pusera, mas como tinha morrido ninguém soube. O certo é que este boato me foi contado pela minha avó materna, que vive nessa localidade onde tenho casa, nunca conta muito isto, nem sei ao certo qual a veracidade da história, apenas sei que ela também contou para não irmos à noite ao cemitério, pois no portão estão os pertences de alguém, esse alguém que ceifa vidas a quem lá vai sozinho durante a noite, incomodar o descanso dos defuntos, realmente esses pertences lá estão, várias vezes lá fui ao entardecer e uma vez à noite, e estão sempre lá pertences de alguém, que nunca mais os reclamou... nesse cemitério estão sepultados familiares maternos da parte do meu avô, e a minha avó que nunca o amou, não se dirige lá, agora com a idade nem consegue, mas pouco lá ia, mas sabia sempre que estavam lá aqueles pertences.

Nunca lá fui à noite sozinho, apenas acompanhado, mas realmente é estrado aqueles pertences ali ficarem, dias, ou noites a fio... (cheguei a estar lá eu, com tias e primos, só nós e aquilo não era de nenhum de nós...)

O único caso estranho que lá aconteceu, foi um dia que a minha irmã foi lá com a minha mãe visitar a campa do meu avô, já era fim de tarde, inicio de noite e ao sair com o carro para poder se dirigir para a estrada, olhou para todos os espelhos retrovisores (garante a pés juntos que olhou) e ao fazer marcha atrás ouve um estrondo, saíram as duas do carro e estavam atrás delas um casal de idosos conhecidos da minha mãe, o senhor no chão e a senhora visivelmente assustada. A minha irmã ficou logo em pânico, pois tinha atropelado uma pessoa, o senhor rapidamente se levantou e afirmou que tinha sido um leve toque que o tinha feito desequilibrar, que também não tinham visto o carro (que por sinal é prateado e é uma carrinha grande), o carro não tinha nenhuma mossa que justificasse o estrondo, o senhor foi para o hospital e depressa os meus pais se prontificaram a pagar todo o tipo de tratamentos, ele realmente esta perfeito de saúde, só com um raspão num joelho da queda, continuou a fazer a sua vida normal, e ainda hoje por vezes nos questionamos de onde saíram as pessoas que não foram vistas, junto à estrada (onde à carros e luzes da rua), que estrondo foi aquele que nem uma moça o carro tinha, e como é que aquele casal não viu o carro... isto aconteceu ao anoitecer em frente a este cemitério.

De resto não ouvi mais relatos, ou boatos de assombrações, a não ser realmente do espírito da Porta do Cemitério de S. Jorge...

É uma história curiosa e assustadora no mínimo.
O ideal seria ir lá de noite investigar, mas pelo sim pelo não é melhor não arriscar, mas é possível que com algumas fotos fosse visível alguma coisa.

Já lá não vou a algum tempo. Posso tentar da próxima vez que lá for, mas acho que é delicado visto tratar-se de um cemitério, acredito que haja muita energia naquela zona ;)