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  • O gato e o rato
    Iniciado por Margarida
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O GATO E O RATO



Nem sei como começar, pois tenho muito vivo na memória e desculpem se falho de vez em quando, pois parto-me a rir, mas tudo o que aconteceu é cómico demais.
Lembro-me que era criança pequena e na altura não me apercebi do que se passava.
Hoje tenho consciência que, o que aconteceu poderia ter tido consequências graves para a saúde de uma senhora de idade.
A casa onde tudo se passou ainda está de pé e habitada.
Como era costume pelo menos uma vez por ano íamos todos passar uns dias naquela aldeia característica pelo seu castelo e pelos os doces.
A bom da verdade eu detestava aquela terra.
Nunca se podia sair á rua pois não existiam passeios e é claro que os nosso pais não nos deixavam sair.
Naquela altura não havia televisão, o fim do dia para nós crianças era um inferno!
Ou seja depois do jantar era sempre a mesma coisa! CAMA.
Que seca.
Os adultos ficavam sempre depois do jantar junto á lareira contando histórias e conversando sobre os seus assuntos, fossem eles quais fossem.
Também era verdade que nessa altura, naquela localidade não havia luz eléctrica  mas sim os velhinhos candeeiros a petróleo.
Uma aldeia que há muito que não vou, desde criança que me lembro, que nós da cidade, se passeássemos na rua daquela triste terrinha com os nossos pais, só se via velhas de xailes negros pelas cabeças, ás ombreiras das portas e começava a mexeriquice nas nossas costas.

BRUXAS!|

Tal como se espera, uma aldeia circundada por terras e mais terras, quintas, campos agrícolas, tinha sempre muita bicharada, principalmente ratos.
As casas eram encharcadas com armadilhas, ratoeiras, por causa dessa praga.
Nós crianças éramos informadas como funcionavam as ratoeiras e armadilhas, no caso de querermos mexer nelas...
Mas quem é que se atrevia?
Livra!!!
Uma das minhas primas mais velhotas que tinha apanhado boleia comnosco, aproveitou a oportunidade de matar saudades do resto da família que vivia naquela aldeia.
Só que esta minha prima morria de medo de ratos.
De dia como andava sempre acompanhada, não se preocupava muito mas de noite, entrava em pânico e passava as noites em claro.
As noites realmente eram um inferno para ela.
Infelizmente, foi ela mesmo a vitima de uma situação que poderia ter provocado um problema de saúde grave em vários aspectos.
Nunca nas noites em que passávamos lá, com toda a gente a dormir já em seus quartos e provavelmente a dormir, ela continuava acordada.
Sim acordada, amedrontada, em pânico.
Havia um safado de um rato a fazer rally no quarto dela.
Ela acendia o candeeiro de petróleo e o barulho parava.
Mas mal apagava, começava o rally mais uma vez.
Em pleno desespero, acende o candeeiro novamente e abre a porta do quarto na esperança que aquele malvado bicho se escapasse para outro lado, fora do quarto dela.
Deitou-se, novamente apagou a luz e o rally começou de novo mas por pouco tempo, passados alguns minutos o silêncio foi total.
Que alivio!
O alivio foi tão grande que finalmente conseguiu adormecer pela primeira vez naquela casa.
Começara a amanhecer e as pessoas a acordarem, a fazerem barulho, a andarem de um lado para o outro para se arranjarem.
De repente ouvem-se gritos, gritos de alguém muito aflito, gritos de pavor.
É claro que todos correram curiosos e um tanto aflitos por aqueles gritos.
Vinham do quarto da minha prima mais velhota.
Mas o que se passava?
Coitada ela estava branca como cal, tremia como varas verdes e não conseguia falar.
Só apontava para as pantufas.
A gata que se encontrava no quarto só miava e toda a gente falava ao mesmo tempo.
Ninguém entendia nada.
A pobre da minha prima velhota continuava a apontar para as pantufas, quando nos demos conta que tinha um pé cheio de sangue.
Só que depois de limpo, não tinha vestígios de qualquer tipo de ferimento.
Estranho!
Não é nada estranho, é tudo muito simples.
Quando ela a meio da noite abriu a porta do quarto, na esperança de fazer sair o rato, outra coisa aconteceu.
Em vez do rato ter saído, tinha entrado a gata.
Daí que pouco tempo depois se tenha feito silêncio total que a fez adormecer.
Só que a malvada da gata quando matou o rato, escondeu-o dentro da pantufa da minha prima.
Ora a pobre mulher acorda de manhã muito bem-disposta, veste o robe e calça as pantufas.
Xiiii imaginem a sensação que teve ao sentir debaixo do pé uma coisa gelada cheia de pelo e sem saber, a sentir os ossos do bicho a mexer...
Acho que o coração lhe devia ter caído aos pés.
Como se não bastasse, o seu pé tinha ficado cheio de sangue de rato.
Que nojo!
Mas ao mesmo tempo é de morrer a rir.
Coitada, o que é que lhe teria passado pela cabeça, já pensaram?
E se fosse com vocês gostavam?
Vocês só se riem do mal e da desgraça dos outros.
VOCÊS..

Alexa Wolf

in "animais" 2006
Sou como sou, quem gosta, muito bem.
Quem não gosta, paciência!
Viva a liberdade de escolha!

Claro. Toda a gente se ri do mal dos outros quando a coisa, felizmente, não dá para o torto. Foi o caso.
Templa - Membro nº 708