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  • Luta contra uma "Sombra"
    Iniciado por Arph
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Lisboa é fascinante quanto à paranormalidade. Cidade antiga, de prédios seculares, de catástrofes várias e terríveis, que deixam marcas psíquicas em muitos recantos.
Não quer dizer que o que se passou comigo, e que agora vou relatar, seja fruto disso... mas é mais um caso em Lisboa.

Andava eu na universidade e, como é normal, volta e meia lá temos que mudar de quarto. Desta feita, estive numa casa, na Rua do Salitre, com uma escada em caracol, em madeira, muito antiga, e no último andar, o 4º. A cozinha, à qual tinha acesso, dava para o Parque Mayer. Era uma casa muito antiga. Gostava de lá estar, num pequeno e agradável quarto. Viviam lá mais 2 pessoas que ocupavam quartos diferentes. Não conhecia ninguém e, curiosamente, pouquíssimas vezes nos chegámos a cruzar, pois tínhamos horários diferentes.
Eu ouvia coisas de noite, nessa casa: ruídos, passos, mas sempre os atribuí à estrutura antiga da casa, o vigamento de madeira do telhado, e às 2 pessoas que lá viviam.
Porém, num dos vários fins-de-semana em que lá fiquei a estudar, altura em que lá não estava mais ninguém (ao fim-de-semana iam a casa), era já noite alta (1h ou 2h da manhã), quando ouço passos no corredor. Nítidos, a calcar o piso de madeira. Por baixo, no 3º andar, não vivia ninguém. Senti as tábuas a ranger, mesmo em frente ao meu quarto, onde eu estava acordadíssimo e a estudar e, claro, de luz acesa. As passadas pararam, precisamente, junto ao meu quarto. Sabia que ali não havia mais ninguém. Não saí toda a tarde, nem de noite. Ninguém entrou. Eu sabia que estava sozinho. Aquilo era impossível.
Comecei a ficar com os "pelos eriçados", e, mesmo que fosse alguém dos outros inquilinos (o que não era razoável!), não tinha qualquer cabimento esse comportamento de estar junto à minha porta, como se estivesse a escutar.
De repente, sinto que os passos se vão afastando no sentido donde tinham vindo. Serrei os punhos, dirigi-me à porta do quarto, abri-a de rompante e centro o meu olhar para a esquerda, que era o local donde tinha vindo o "autor" das passadas e para onde se dirigia.
Estava cheio de adrenalina. Pronto a explodir.
Assim que reparo para o fundo do corredor, à esquerda, vejo uma "sombra", uma figura escura disforme, ou seja, pouco consistente, como se fosse feita de algum tipo de fumo denso, escuro. Fiquei perplexo, pois já estava por tudo e tinha posto a ideia fixa num possível assaltante e estava preparado para o que desse e viesse. Mas quando vi "aquilo" fiquei colado ao chão a tentar digerir aquela realidade. A figura parou, e começou a virar-se para mim, pelo seu lado direito. O corredor, a contar da porta do meu quarto, teria uns 5 ou 6 metros mais, até ao final, onde terminava junto a uma porta de um outro quarto, que estava fechado e onde nunca entrei, nem era ocupado por nenhum dos dois outros inquilinos. Com a luz do meu quarto, embora ao fundo o corredor estivesse em penumbra, a "figura", que estava a uns 3,5, 4 mts de mim e a uns 2, 2,5mts da porta do tal quarto, era bem perceptível, apesar da pouca iluminação.
Ora, quando me apercebo que "aquilo" parou e estava a rodar a virar-se para mim, saí daquele estado de surpresa e, cerrando agora os punhos ainda mais, reagi por instinto, com uma corrida rápida e firme na direcção da "figura", carregando sobre ela, desferindo-lhe um murro na zona do ventre (aki zuki chudan, em karaté), ao mesmo tempo que lançava uma enorme descarga de energia com o kiai (grito (berro) de combate, em karaté).
Claro que não acertei em nada sólido, nem me senti a embrenhar-me por alguma coisa física, ou sentido algum frio. Nada. Eu estava a ferver. E recuei imediatamente e coloquei-me em posição de novo ataque.
Nada mais estava à minha frente. Nada mais vi.
Hoje, só guardo na memória, com maior peso, o enorme barulho que fiz ao lançar o grito no momento em que desfecho o murro e bato com os pés no chão, fazendo estremecer todo o 4º andar. Deu-me, na altura, a sensação de que o edifício vinha abaixo.
Isto aconteceu já no final do ano lectivo, penso que em Junho, por isso nada perguntei ou disse aos outros residentes, até porque não os queria assustar e eu, no ano seguinte, já não regressaria àquele quarto.
Naquela noite, em que estive acordado até muito tarde, não ouvi absolutamente mais nada.
Nos dias seguintes, ouvia os barulhos normais de sempre, mas que, penso, seriam da estrutura do velho prédio. Passos, penso que os que voltei a ouvir eram dos vivos. Mas tenho a certeza absoluta que os daquela madrugada não eram passos de gente viva.
 

Bolas!!!! A sombra teve-te medo!... Cá para mim, temos de nos comportar perante fantasmas como perante cães: não mostrar medo... ;)
Templa - Membro nº 708

fizeste bem em não mostrar medo ;)

Ehehehehe valente! Realmente, nada como não mostrar medo. Se ele procurava uma pessoa vulnerável, então deve ter ido fazer umas boas queixas à DECO lá do sítio. Já o estou a imaginar: "Está lá? Venho dizer que me encontro extremamente descontente com o serviço de safari a vivos «Assusta e Assombra». Os gajos mandara-me direitinho para um tipo que me queria dar porrada!... Isto é inaceitável! Anda aqui um gajo a esforçar-se para se distrair, e só me vêm lixar a morte!... Francamente, anda meio submundo a tentar enganar a outra metade, bem diz a minha tri-bi-tetra avó... Até me deixaram o ectoplasma a ferver! Mas eu não me fico, ai não não... Se não me devolvem o dinheiro, podem crer que lhes faço a morte negra..."

Que estilo de karaté praticas, já agora? Eu já fiz Shotokan, mas fui obrigado a parar antes do exame para o 3.º Kyu. Falta de tempo...

#4
Citação de: StoneColdDeath em 27 maio, 2010, 01:20
Ehehehehe valente! Realmente, nada como não mostrar medo. Se ele procurava uma pessoa vulnerável, então deve ter ido fazer umas boas queixas à DECO lá do sítio. Já o estou a imaginar: "Está lá? Venho dizer que me encontro extremamente descontente com o serviço de safari a vivos «Assusta e Assombra». Os gajos mandara-me direitinho para um tipo que me queria dar porrada!... Isto é inaceitável! Anda aqui um gajo a esforçar-se para se distrair, e só me vêm lixar a morte!... Francamente, anda meio submundo a tentar enganar a outra metade, bem diz a minha tri-bi-tetra avó... Até me deixaram o ectoplasma a ferver! Mas eu não me fico, ai não não... Se não me devolvem o dinheiro, podem crer que lhes faço a morte negra..."

Que estilo de karaté praticas, já agora? Eu já fiz Shotokan, mas fui obrigado a parar antes do exame para o 3.º Kyu. Falta de tempo...

Ontem, ao ver os vossos relatos, lembrei-me da minha vida falhada de médium... Quando eu era criança, aí até os 4 cinco anos, costumava ter sonhos estranhos e depois falava deles aos meus mais, que logo me desencorajavam  quanto à estranhesa, dizendo que os gritos e coisas assim eram protagonizados por um bêbado que se fartava de dar pancada na mulher.
Fui crescendo, com uma personalidade para lá de vincada e forte, e se me estava destinada alguma carreira na mediunidade, logos os espíritos devem  ter achado não valer a pena por eu ser um osso duro de roer. Se calhar, foi isso que o fantasma do entroncamento me veio tentar "dizer",  na minha primeira e única aparição, que ia ser despedida da função de médium por ser mais dura do que uma parede.., embora nesse dia o medo me tivesse obrigado a fugul como uma galga.

Adoro os vossos relatos, Stone e Arph

beijinhos
Templa - Membro nº 708

Grande relato Arph, deve ter sido mesmo muito estranho, mas fizes-te bem em não mostrar medo ;)

Cumprimentos,

Giles.

#6
 ;D ;D ;D ;D
Vocês dão cabo de mim  ;D ;D ;D
Pratiquei ( e ainda pratico, se bem que sozinho, agora) Goju Ryu (Goju Kai), e tive o enorme prazer e a elevada honra de ter sido aluno do sensei Iugi Ishigooka.
Na altura dos factos eu era já 1º Dan (1º cinto negro) e farto de entrar em competições, sobretudo contra as escolas do sensei Jaime Cerqueira, do Porto, também do estilo Goju Ryu, e do Shotokan de Coimbra. Em Coimbra havia excelentes praticantes, no Shotokan, entre eles o Rui Diz e o Costa, este último com quase 2 metros de altura e uma elasticidade fantástica  ;D

Por isso, o pobre desgraçado veio lá do outro mundo para me atormentar, mas num momento em que não o devia ter feito  ;D ;D ;D

Eheheh x) Eu tenho um primo meu de Coimbra, que é 2º Dan mas em Judo, inclusive já foi campeão nacional do peso dele :)

Arph, bom relato, gostei de ler esta tua demonstração de coragem. No entanto e como já é da praxe cá vão algumas questões:
Não colocaste a possibilidade de ser a sombra de um ladrãozeco com pouca coragem? Como dizes Lisboa é uma cidade com muitos acontecimentos que causaram várias mortes e tormentos mas tambem é uma cidade repleta de pessoas que procuram abrigo grátis quer seja para passar a noite, fazerem limpeza á casa sem terem sido contratados ou simplesmente para consumirem o que faz viajar sem sair o sítio, não terá sido um destes? Como dá para perceber pelo que descreves encontravas-te num estado emocional bastante alterado, não terás sido vitima do teu cérebro? Ao atacares o "fantasma" não sentiste nada, nem frio nem contacto fisico, não achas estranho teres contacto com uma entidade paranormal e não sentires absolutamente nada? No fundo, no fundo é uma boa história e bem narrada, gostei.
Não me trates por VOCÊ!!!
Respeito mais tratando-te por TU do que tu a tratares-me por VOCÊ!

Talvez o Ex3m esteja certo, talvez não tenha sido uma entidade

#10
Citação de: Ex3m em 28 maio, 2010, 11:22
Arph, bom relato, gostei de ler esta tua demonstração de coragem. No entanto e como já é da praxe cá vão algumas questões:
Não colocaste a possibilidade de ser a sombra de um ladrãozeco com pouca coragem? Como dizes Lisboa é uma cidade com muitos acontecimentos que causaram várias mortes e tormentos mas tambem é uma cidade repleta de pessoas que procuram abrigo grátis quer seja para passar a noite, fazerem limpeza á casa sem terem sido contratados ou simplesmente para consumirem o que faz viajar sem sair o sítio, não terá sido um destes? Como dá para perceber pelo que descreves encontravas-te num estado emocional bastante alterado, não terás sido vitima do teu cérebro? Ao atacares o "fantasma" não sentiste nada, nem frio nem contacto fisico, não achas estranho teres contacto com uma entidade paranormal e não sentires absolutamente nada? No fundo, no fundo é uma boa história e bem narrada, gostei.

Ex3m, não faço ideia o que aquilo possa ter sido, por isso lhe chamei de "sombra".
Quanto a ser alguém que lá tenha entrado ("ladrãodezo", sem-abrigo, etc.), tenho a dizer que aquilo não era a "casa da Joana". Tinha porta de acesso com fechadura; tinha proprietário a quem pagávamos a renda; não estava ao abandono de modo a que fosse possível qualquer um lá entrar. Era uma normal casa de habitação; só ali entrava quem tivesse chave.
Quando eu coloquei a hipótese, na altura, de ser algum assaltante, foi pelo facto de me ter ocorrido essa possibilidade como a mais provável perante as evidências: os demais inquilinos tinham saído de fim-de-semana; eu estive todo o dia, tarde e noite no edifício a estudar e não senti ninguém a entrar.
Foi com base nesses pressupostos que eu formulei a possibilidade de ser um assaltante (que teria entrado com chave falsa e sem barulho), pois não me passou pela cabeça que fosse algum "fantasma", ou algo de sobrenatural.
Ora, eu ouvia perfeitamente os passos sobre a madeira do corredor; terem parado junto ao meu quarto; terem voltado atrás. Claro que eu, depois de tal ouvir ( e só depois de ouvir isso), admito que terei ficado "alterado"; mas quando ouvi os passos estava compenetradíssimo no estudo, calmo e longe de tudo. Mas no silêncio duma casa à 1h e tal da manhã, os sons são mais perceptíveis, mais audíveis e dados a menos confusão.
Agora que eu, ao chegar ao corredor e ao reparar para a minha esquerda, vi uma "sombra" a mover-se, isso vi. Que ela parou, isso parou. Que a vi virar-se para mim, lá isso vi. Que não vi um homem (assaltante) como esperava ver e era o que tinha como provável, lá isso não vi. Que as portas dos outros quartos estavam todas fechadas, impossibilitando qualquer manobra de ocultação por parte de um eventual intruso, lá isso estavam.
Se quando alguém passa por uma entidade "gasosa", ou "fumenta" como a que vi, sente sempre sensações de arrepios, fica gélido, ele ou o ambiente, ou sofre alguma alteração específica... isso não faço ideia. Eu não senti nada.
Pergunto é por que razão o meu cérebro, que estava a pensar que ia encontrar uma pessoa (assaltante, nomeadamente), não encontra; antes encontra uma "sombra" que até se move quando eu estou parado?

Isto é o que sei; admito que possa tudo ter sido fruto da minha imaginação; mas, então, terei que considerar que tudo o que faço, a toda a hora e em todas as circunstâncias, também possa ser fruto da minha imaginação; incluindo o que estou agora a escrever  ;D

Estimado Arph, provavelmente não sentiu frio nem nada porque estava sob a emoção forte de ter de lutar contra um assaltante. Uma forte emoção pode esconder outras sensações. Pela sua descrição e pela forma como a narra, penso que se encontrou com algo paranormal.


Citação de: Arph em 28 maio, 2010, 13:19
Ex3m, não faço ideia o que aquilo possa ter sido, por isso lhe chamei de "sombra".
Quanto a ser alguém que lá tenha entrado ("ladrãodezo", sem-abrigo, etc.), tenho a dizer que aquilo não era a "casa da Joana". Tinha porta de acesso com fechadura; tinha proprietário a quem pagávamos a renda; não estava ao abandono de modo a que fosse possível qualquer um lá entrar. Era uma normal casa de habitação; só ali entrava quem tivesse chave.
Quando eu coloquei a hipótese, na altura, de ser algum assaltante, foi pelo facto de me ter ocorrido essa possibilidade como a mais provável perante as evidências: os demais inquilinos tinham saído de fim-de-semana; eu estive todo o dia, tarde e noite no edifício a estudar e não senti ninguém a entrar.
Foi com base nesses pressupostos que eu formulei a possibilidade de ser um assaltante (que teria entrado com chave falsa e sem barulho), pois não me passou pela cabeça que fosse algum "fantasma", ou algo de sobrenatural.
Ora, eu ouvia perfeitamente os passos sobre a madeira do corredor; terem parado junto ao meu quarto; terem voltado atrás. Claro que eu, depois de tal ouvir ( e só depois de ouvir isso), admito que terei ficado "alterado"; mas quando ouvi os passos estava compenetradíssimo no estudo, calmo e longe de tudo. Mas no silêncio duma casa à 1h e tal da manhã, os sons são mais perceptíveis, mais audíveis e dados a menos confusão.
Agora que eu, ao chegar ao corredor e ao reparar para a minha esquerda, vi uma "sombra" a mover-se, isso vi. Que ela parou, isso parou. Que a vi virar-se para mim, lá isso vi. Que não vi um homem (assaltante) como esperava ver e era o que tinha como provável, lá isso não vi. Que as portas dos outros quartos estavam todas fechadas, impossibilitando qualquer manobra de ocultação por parte de um eventual intruso, lá isso estavam.
Se quando alguém passa por uma entidade "gasosa", ou "fumenta" como a que vi, sente sempre sensações de arrepios, fica gélido, ele ou o ambiente, ou sofre alguma alteração específica... isso não faço ideia. Eu não senti nada.
Pergunto é por que razão o meu cérebro, que estava a pensar que ia encontrar uma pessoa (assaltante, nomeadamente), não encontra; antes encontra uma "sombra" que até se move quando eu estou parado?

Isto é o que sei; admito que possa tudo ter sido fruto da minha imaginação; mas, então, terei que considerar que tudo o que faço, a toda a hora e em todas as circunstâncias, também possa ser fruto da minha imaginação; incluindo o que estou agora a escrever  ;D
Arph, antes de mais questões :), devo dizer que as perguntas que faço não são sinonimo de desconfiança em relação á veracidade do que contas. Quando leio as histórias que são colocadas considero sempre duas hipóteses, a de ser paranormal e a de ser simplesmente uma situação invulgar sem incluir nada paranormal. Para se provar uma das hipóteses tem-se sempre que questionar a outra.
"tenho a dizer que aquilo não era a "casa da Joana". Se aquilo se tratasse de um ladrão podes ter a certeza de que ele não estava interessado em saber o nome do dono da casa que pretendia assaltar. Podia muito bem estar a estudar o assunto para saber com o que contar. Se tu dizes que os outros que ocupavam os restantes quartos do piso tinham ido de fim de semana, muito bem ele poderia estar a certificar-se de que todos tinham feito isso. Como sabes há muitas maneiras de se entrar numa casa e não é so com uma chave falsa ou verdadeira. Não duvido (e parto sempre do principio de que as histórias colocadas no forum são veridicas) que aquilo que descreves te aconteceu mesmo, temos é que eliminar a hipotese de ser uma situação "normal" para afirmarmos que é algo paranormal.
Esse corredor de que falas deve ter uma saída? Não haverá a hipótese de o homem estar a sair e haver um foco de luz que fizesse projectar uma sombra para o sítio que descreves, juntando a pouca luz que saía do teu quarto resultar numa sombra ainda mais complicada de descrever? Eu não conheço a casa mas apostava que ( imaginando que estou de costas para a porta do teu quarto e virado para o corredor) deve haver um corredor ou escadas situado do lado direito. Continuo a achar que a história é boa e está bem contada.
Não me trates por VOCÊ!!!
Respeito mais tratando-te por TU do que tu a tratares-me por VOCÊ!

#14
Caro Ex3m, eu gosto que as pessoas coloquem as suas questões. Era o que faltava que aceitassem as coisas como boas, sem as questionarem. Eu próprio questiono a veracidade de muitas histórias aqui postadas, apesar de o não fazer de modo expresso.
E ninguém tem que levar a mal que haja alguém que duvide da sua história ou, não duvidando, possa pôr em causa a interpretação que dela nós possamos dar; apresentando outras possibilidades de explicação, como, aliás, fizeste. Isso é louvável e só assim se faz jus ao que este espaço verdadeiramente é e pretende ser e para o qual devemos contribuir: Fórum de discussão.

Posto isto, refiro que atrás de mim havia a cozinha, cuja porta estava sempre fechada ao trinco, e onde havia uma pequena janela que dava directamente para o Parque Mayer, mas nem sequer estava no enfiamento do corredor, pelo que, da cozinha, não vinha foco algum de luz que pudesse, até, projectar a minha sombra. Havia apenas uma janela aberta, a da casa de banho, cuja porta estava do outro lado do corredor, mesmo de frente para a minha, pelo que, qualquer projecção da minha sombra seria sempre para dentro do meu quarto e nunca para o fundo dum corredor que ficava à direita dessa fraca fonte de luz vinda da casa-de-banho.

Os quartos sei que cada um de nós, até porque não nos conhecíamos bem, fechávamos as respectivas portas à chave. Eu sempre os ouvi, ao saírem, a fazê-lo; e eu fazia o mesmo.
Havia um quarto lá ao fundo do corredor, sempre de porta fechada, que, ao que me parece, servia de arrumos aos senhorios.

Perante isto, não sei mais que diga. Apenas reitero que aquela sombra escura era algo de animado, algo que nunca mais vi na vida, nem antes tinha visto nada igual. Teria 1,60cm de altura, tinha um formato não totalmente humanóide; era algo disforme, sem ser totalmente compacto, pois percebia-se ser tipo fumo. Sinceramente nem sei descrever bem porque nunca mais tive essa experiência. Mas que estava à minha frente algo de estranho, estava, e não era nenhum ser humano, isso garanto. Se havia coisas que faziam barulho naquela casa, eram as portas a abrir. Em momento algum ouvi qualquer porta a abrir.

Acrescento só mais isto: nunca houve ali notícia de qualquer furto na casa; nunca me mexeram em nada.

Agradeço as vossas críticas, porque só assim é que os assuntos são e podem ser verdadeiramente discutidos.