A Costureirinha

Na minha região do Algarve as pessoas mais antigas falam muito no espírito da Costureirinha. Supostamente, quando se está sozinho em casa, começa-se a ouvir durante alguns segundos o barulho de uma máquina de coser, daquelas muito antigas. Ouve-se alguém a dar ao pedal, e a máquina a funcionar. É um som muito baixo e de curta duração. Conheço vários idosos que afirmam já ter ouvido a Costureirinha. No entanto, os relatos são antigos, e não tenho conhecimento de relatos recentes das últimas décadas. Também não conheço se há alguma história ou lenda a associada a este estranho fenómeno.

Lembra-me quando era pequeno ouvir a minha mãe dizer que quando algo estava para acontecer, ouvia a costureirinha. Segundo ouvi dizer, mas não me lembro muito bem porque era muito pequeno, a costureirinha tinha ficado na terra  a costurar o vestido de noiva. Procurei agora na internet e encontrei isto:A Lenda da Costureirinha


Entre as crenças que algum dia existiram no Baixo Alentejo, a da costureirinha era uma das mais conhecidas. Não é difícil, ainda hoje, encontrar pessoas de alguma idade, e não tanta como isso... que ouviram a costureirinha. O que se ouvia, então? Segundo diversos testemunhos, ouvia-se distintamente o som de uma máquina de costura, das antigas, de pedal, assim como o cortar de uma linha e até mesmo, segundo alguns relatos, o som de uma tesoura a ser pousada. Um trabalho de costura, portanto. O som trepidante da máquina podia provir de qualquer parte da casa: cozinha, quarto de dormir, a casa de fora, e até mesmo de alpendres. De tal modo era familiar a sua presença nos lares alentejanos que não infundia medo. Era a costureirinha.

Mas quem era ela? Afirma a tradição que se tratava de uma costureira que, em vida,

costumava trabalhar ao domingo, não respeitando, portanto, o dia sagrado. É esta a versão mais conhecida no Alentejo. Outra versão afirma que a costureirinha não cumprira uma promessa feita a S. Francisco. Esta última versão aparece referenciada num exemplar do Diário de Notícias do ano 1914 em notícia oriunda de aldeias do Ribatejo. Pelo não cumprimento dos seus deveres religiosos, a costureirinha for a condenada, após a morte, a errar pelo mundo dos vivos durante algum tempo, para se redimir. No fundo, a costureirinha é uma alma penada que expia os seus pecados, de acordo com a crença que os pecados do mundo, o desrespeito pelas coisas sagradas e, nomeadamente, o não cumprimento de promessas feitas a Deus ou aos Santos podiam levar à errância, depois da morte. Já não se houve, agora, a costureirinha? Terminou já o seu fado, expiou o castigo e descansa em paz? A urbanização moderna, a luz eléctrica, os serões da TV, afastaram-na do nosso convívio. Desapareceu, naturalmente, com a transformação de uma sociedade rural arcaica, que tinha os seus medo, os seus mitos, as suas crenças e o seu modo de ser e de estar na vida.

Talvez um dia seja captada numa sessão de EPV na região Sul...

No fundo, a costureirinha é uma alma penada que expia os seus pecados, de acordo com a crença que os pecados do mundo, o desrespeito pelas coisas sagradas e, nomeadamente, o não cumprimento de promessas feitas a Deus ou aos Santos podiam levar à errância, depois da morte.

Sabes, eu acredito na expiação dos pecados, não por causas religiosas, mas por falhas enquanto eram vivos.
E penso que muitos dos que sentimos e vemos, andam só a expiar pecados/falhas! Porque ainda não se perdoaram.

A minha mãe, natural de Beja, conta-me que à noite toda a gente se juntava em silêncio para ouvir a costureirinha.
Uma das hipóteses que chegei mais tarde a ouvir, é que se tratava do "bicho da madeira".

Ruído Residual. Imagino que toda família antiga tinha em casa uma máquina de costura(pelo menos era assim no Brasil).

Depois que a família deixa a casa, as memórias permanecem alí. Portanto, acredito que o barulho da máquina tenha sido de fato audível pelos moradores das casas mais antigas. Provavelmente essas memórias são temporárias e sensíveis às reformas na casa, o que justificaria o silêncio da Costureirinha.

é uma lenda de que se fala muito no Alentejo. a minha avó e as suas irmãs adormeciam ouvindo o ruido da Costureirinha...

Eu sou mais da Beira Beixa, mas como é que uma pobre costureira se pode manifestar assim em tantos sítios? 

Eu sou mais da Beira Beixa, mas como é que uma pobre costureira se pode manifestar assim em tantos sítios? 

várias pobres costureiras talvez?

Deve ser-se um trabalho muito pecador (custoravam fios dentais e foram castigadas por Deus!)

Hoje falei disto à céptica da minha mãe (tenta nunca acreditar nestas coisas...) e qual não foi o meu espanto quando ela me disse que se lembrava bem e que ouviam muito bem, a noite, a partir das 21h, a Costureirinha, principalmente quando era pequena (veio trabalhar cedo, sozinha para Lisboa), e estava ao serão com os 5 irmãos, e com a minha avó, que pedia silencio para se ouvir a costureirinha, ela disse-me que no inicio não ouvia nada, estavam sempre a perguntar, qual costureirinha, não oiço nada, mas depois começou a ouvir, as vezes eram um dos irmãos que ouvia mais cedo.

Ela é toda medrosa com estas coisas, perguntei-lhe se tinha medo, disse-me que no inicio tinha, mas depois, como quase sempre a ouvia, acabou por se acostumar.

Agora anos mais tarde, tivemos a ver o que poderia ser.. a hipótese mais provável era o bicho da madeira, pois ela diz que se ouvia de todo o lado, mas principalmente do guarda fato e de um móvel da cozinha (já nada disso existe, a casa foi abaixo devido a ser de madeira e estar a cair), mas ela garante que era o exacto barulho de uma maquina de costura, e a minha avó materna nunca costurou...

A terra da minha mãe é uma pequena povoação chamada S. Jorge, onde se deu a batalha de Aljubarrota, próximo da Batalha e Porto de Mós.

Verdade ou não... não sei, quando for a terra (com uma casa nova no lugar da antiga) vou ver se oiço, também temos algum "caruncho" no soalho, vamos a ver se é daí, ou se a costureirinha ainda faz o seu vestido de noiva...

É assim tão barulhento o caruncho?   

ai o caruncho faz barulho?  eu continuo a acreditar na História da Costureirinha 

Agora anos mais tarde, tivemos a ver o que poderia ser.. a hipótese mais provável era o bicho da madeira,

Foi ele que falou no caruncho... 

Tu acreditas até no coelhinho da Páscoa! ehhehee 

eu sei que foi ele que falou no caruncho.
e tu dás-me raiva!