Sara Kali

Há umas semanas tivemos oportunidade de prestar homenagem a Sara Kali.
Fomos à Camarga, no sul de França, a Sainte Maries de la Mer.
Entramos na cripta de Sara Kali que fica na cave do templo católico da pequena vila piscatória.
Um local de grande devoção e de emoções avassaladoras para aqueles que como nós, cultuamos os Espíritos  Iluminados dos Ciganos e Ciganas ancestrais.
Muito interessante também verificar que a imagem da Sara Kali, chamada de santa pelos católicos, representa uma mulher negra. Se tivermos em conta que a região da Camarga foi uma das regiões francesas que importou mais mão de obra de pessoas africanas escravizadas e pensarmos que  o paludismo foi endemico na Camarga até ao século XIX, que as populações de pessoas negras têm mais resistência ao paludismo do que as pessoas de origem étnica europeia. Se analisarmos a tradição cultural do local numa economia entre a pesca rudimentar e a agricultura em regime de latifúndio...
Não precisamos de especular muito, para concluir que a Sara Kali, começa por ser cultuada como Yemanja por volta do século XVI em que a população de pessoas escravizadas de origem africana é significativa...Acho muito revelador que na romaria a Sara Kali, a imagem seja levada para o mar e entre na Água do Mar antes de regressar a cripta.
Por isso acredito que na origem é um culto a Iemanjá.
Depois, apartir do século XVIII passa a ser cultuada pelos nómadas ciganos que são empurrados para as zonas periféricas da Camarga pelos poderes centrais e que a assumem como padroeira.
E é.
Iemanjá é mãe de todas as cabeças...
Assim, na minha ignorância e especulação e após estudar não só a história social e económica do local e a própria imagem... e sobretudo depois de sentir a vibração da Cripta, sou levado a concluir, na minha interpretação e tal como a sinto, que Sara Kali é uma entidade Cigana na vibração de Iemanjá e que a sua benção de afecto e amor generalizado tem a ver com o carinho que as mães dão aos filhos.
Olodo Ya, Op Txá
Fiquem bem
Fiquem em Paz