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  • Dia da Espiga
    Iniciado por karoxa
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Dia da Espiga

"Tem vários nomes, sendo o mais conhecido, talvez, o de Quinta-Feira da Ascensão, misturando liturgia e ritos profanos. Aqui, preferimos chamá-lo por Dia da Espiga, em homenagem ao ramo que é tradição levar-se para casa. Celebra-se quarenta dias após o Domingo de Páscoa.

Tradicionalmente, de manhã cedo, rapazes e raparigas iam para o campo apanhar o ramo cuja composição, número e significado varia de região para região. O ramo pode incluir espigas de trigo, folhagem de oliveira, malmequeres e papoilas. O ramo pode também incluir centeio, cevada, aveia, etc

O ramo é guardado ao longo de um ano, até ao Dia de Espiga do ano seguinte, como um poderoso e multifacetado amuleto, que é pendurado, por norma, na parede da cozinha ou da sala, ou atrás de uma porta, para trazer a abundância, a alegria, a saúde e a sorte. Em muitas terras, quando faz trovoada, por exemplo, queima-se à lareira um dos pés do ramo da espiga para afastar a tormenta.

Nalgumas zonas do país, esta data era associada à abstenção laboral, interrompendo-se muitas actividades como a cozedura do pão ou a realização de negócios. Não se cozia nem se remendava e havia quem deixasse comida feita de véspera para não ter de cozinhar neste dia. Era também costume guardar-se pão, para que durante todo o ano não falte este alimento em casa. Este pão consumia-se no ano seguinte «sem bolor», prova da santidade do dia.


Tradições do Dia da Espiga
O simbolismo inerente a cada um destes elementos existe, pois claro. A Oliveira traz consigo a luz, e é sinónimo de conhecimento (alumia a ignorância), a vibrante Papoila significa a vida, o viço do Alecrim simboliza a força e a saúde, os dourados do Malmequer desejam boa fortuna no dinheiro. Por fim, a estrela da companhia, a Espiga de trigo, funciona como metáfora do pão, para que nunca haja fome na casa que recebe o Ramo da Espiga.

Se a colheita ainda acontece, já os cantares perderam-se nos séculos de história que o costume tem. Na verdade, longe vão os anos em que as festas associadas ao Dia da Espiga faziam o país parar – e que deram origem a expressões populares como na Quinta-Feira de Ascensão, nem os passarinhos bolem nos ninhos. Se por um lado houve um crescente desapego dos portugueses pela celebração dos humores cíclicos da natureza, por outro houve a formal retirada da Quinta-Feira da Ascensão da lista de feriados nacionais, a meio do século passado, salvo certos municípios que insistiram em mantê-la.


O Dia da Hora
Uma condição que existe para a recolha do Ramo da Espiga é que ela aconteça numa hora especial: entre o meio-dia e a uma da tarde.
Este costume parece apontar para o significado que o sol tem no rito (meio-dia é, habitualmente, a hora em que o sol está no seu apogeu, na sua força máxima).

Parece, igualmente, haver um paralelismo simétrico com a magia que a meia-noite transporta, e basta para isso vermos todas as crenças que pululam no país acerca das Noites de São João, em que as águas se tornam curativas a partir da meia-noite, e as moiras encantadas aparecem à vista humana precisamente nesta hora.

A tradição da hora era tão importante que, durante anos, a festa era também conhecida por Dia da Hora.


Significado do Dia da Espiga
No Dia da Espiga, como de resto como em quase todas as festividades religiosas em Portugal, conseguem vislumbrar-se tradições pagãs misturadas com práticas de fé católica. Só o facto de tratarmos a data por dois nomes diferentes – o Dia da Espiga como consagração da chegada da Primavera, a Quinta-Feira de Ascensão como celebração da subida de Cristo aos céus depois da Ressurreição – é revelador que baste.

Os cereais, atributo da Deusa Romana Ceres
Apesar das manifestações cristãs hoje existentes, a busca de ramos à terra mostra-nos ecos de outras festas, provavelmente de origem mediterrânea.

É difícil não nos lembrarmos de Ceres, Deusa romana da agricultura e do cereal, a quem era dedicado um festival – a Cereália – por esta altura do ano. Ceres é várias vezes representada com espigas na mão (ver foto). Emerita Augusta, actual Mérida e antiga capital da Lusitânia, tem uma famosa estátua representando a Deusa.


Parece evidente que o Dia da Espiga se liga à antiguidade clássica e ao seu calendário festivo – e a somar a isso, temos as Maias, em homenagem a Flora, Deusa das Flores, e a Maia, Deusa da Primavera, ainda hoje acarinhadas com pequenos gestos como as giestas que se põem à janela no primeiro dia do mês de Maio.

A espiga, sendo ao mesmo tempo alimento e semente, carrega esse simbolismo consigo: a abundância e o crescimento. Com ela se relacionava Osíris, Deus-Sol dos Egípcios, que morre (pelo grão que alimenta) e que ressuscita (pela semente que germina). Mais tarde, o cristianismo pegou neste mesmo simbolismo e aplicou-o a Cristo que, na mesma altura do ano, morre e ressuscita. São João, falando da morte e ressurreição de Jesus, recorre ao grão de trigo: Chegou a hora de ser glorificado o Filho do Homem. Em verdade, em verdade vos digo, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, dá muito fruto.

A espiga, e muito concretamente a espiga de trigo, é assim vista como um produto-essência, irreplicável, doação indivisível dos Deuses ao homem. A sua morte, como já foi dito, não é uma morte, pois do seu grão defunto nascem muitas outras espigas. É por isso que o Ramo de Espiga, quando levado para casa, carrega consigo a abundância, a esperança de nunca faltar pão no lar."

Aproveitem esta tradição, pois um pouco de protecção e sorte nunca fez mal a ninguém .


Fontes: Portugal Num Mapa e Santo Varão
Quando sou boa, sou boa, mas quando sou má, sou melhor ainda.

Embora ainda seja considerado jovem, confesso que gosto mais do tempo antigo, e nisso tive e privilégio de nascer numa das terras mais antigas de Portugal ( com foral desde o tempo do rei D.Dinis ) e uma das que mais conseguiram manter certas tradições cuja origem se perderam nas memórias do tempo mas que ainda predominam.
Dou por mim a procurar sabedorias milenares, a entrar até por curiosidade nos meandros das nossas origens celtas ( hoje a wicca ainda mantém vários costumes desde esses tempos ) pelo menos havia magia, mas também a realidade era bem maior , hoje em dia vivemos demasiado as aparências e futilidades, basta olhar para a tv dos dias atuais, tecnologia sim seja bem vinda, mas um regresso às nossas origens seria um caminho melhor do que o que estamos a tomar, e a natureza, ou Deus, ou o que queiram chamar já respondeu através de um sério aviso chamado " covid "

bem...divaguei muito sei, mas gostei do artigo da espiga :)
A psicologia é um grão de areia. A espiritualidade a praia inteira.