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  • Como a morte do meu pai me afetou
    Iniciado por Meiosemluz
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Bem, a experiência que vou contar sobre mim é tão pessoal mas ao mesmo tempo espero que sirva de lição.
Foi no dia 03/08/2018 quando recebi a notícia, eram umas 5:40 da manhã e estava eu já preparado para sair de casa para apanhar o comboio quando o meu tio me liga, eu atendi o telemovél meio surpreso, afinal porque raio tava o meu tio a ligar-me a estas horas, ao atender ele com uma voz sem sair do mesmo tom pediu-me para passar o telemóvel á minha mãe e logo aí pensei eu que tinha acontecido alguma coisa grave a alguém, o que vinha a ser confirmado pela reacção da minha mãe, após ela desligar o telemóvel dá-me então a notícia, a minha reacção foi de choque seguida de raiva, raiva porque aquele homem que eu chamava de pai nunca tinha estado presente para mim, nunca quis saber de mim, nunca me deu os parabéns, o mesmo homem que fez uma criança de cinco anos passar a noite de Natal acordada porque disse que lhe ia dar um gameboy, acabando por se embebedar no babilónia (quem for da zona da amadora e arredores conhece este centro comercial) e no dia seguinte dizer que não tinha dito nada disso, o mesmo homem que preferiu a bebida aos filhos, esse mesmo homem tinha falecido e fiquei cá eu sem respostas para o porquê de ele ter sido o pai que foi e sem saber o porquê de eu o ter considerado um pai e de o ter amado.
Logo começou a altura dos velórios e funeral, o que só me dava ainda mais raiva, eram as pessoas a dar-me as condolências e a dizerem-me o quão bom homem ele era, ou como ele tinha ajudado tais pessoas, no fundo era um mar de gente a lamentar a perda de alguém que aparentemente era um ser cinco estrelas, e quando tou a falar de um mar de pessoas estou a referir-me ao facto que quase a Amadora inteira soube da morte dele, e eu a ter que ouvir aquela gente e a minha raiva só aumentava.
Lá se passou os dias do velório e funeral e a minha cabeça não parava de pensar em nele e em como que tinha que ter uma justificação da parte dele por ter sido o pai que foi, e lá começei a tentar comunicar com ele, de inicio foi no cemitério, falar na campa,fazer as perguntas a tentar ter uma resposta o que não resultou, então parti para tentar com um tabuleiro improvisado com velas pretas e mais uma vez nada, decidi então fazer a mesma coisa com o tabuleiro mas desta vez juntei terra da campa dele e mais uma vez não resultou, posso dizer que tive uns três meses a tentar e que nada resultava, a raiva passou a desespero por que querer uma justificação, e esse desespero tornou-se apatia e desinteresse e foi aí quando finalmente tive um sinal de algo que não era suposto ter aparecido, começei com sonhos em que eu me perdia na bebida, sonhos em que maltratava os meus filhos, sonhos em que era um mentiroso que usava as pessoas como queria, e a seguir começou na minhas atitudes, consegui desapontar várias pessoas e no entanto ver a cara de desilusão, raiva e tristeza dessas pessoas dava-me um prazer por dentro, como se me sentisse bem com a miséria dos outros. Então quase ao fim de um ano lá fui mais uma vez ao cemitério, ao chegar á campa dele senti-me triste, como se tivesse magoado profundamente alguém, e foi quando ao ouvido alguém me disse "Tu não és o JP" (jp era o que o meu pai me chamava visto ser as iniciais do meu nome José Pinheiro).
Naquele momento chorei como nunca, e passado o choro senti me leve, como se algo tivesse saído de dentro de mim, como se tivesse voltado a ser eu. Após essa situação toda decidi ir a um senhor que era conhecido na Amadora por lidar com vários assuntos, ao chegar lá o Sr. Carlos que é a pessoa em questão diz-me "Tu não andaste com a cabeça no sitio, tens o teu candeeiro meio apagado" obvio que fiquei feito parvo a pensar no que raio era o candeeiro que ele falava, e depois ele procedeu a explicar em como eu deixei-me ser afetado por coisas que não devem andar cá, como o facto de ter tantos sentimentos negativos e de ter procurado algum contacto abriu o dito candeeiro e permitiu que algumas dessas coisas que procuram uma luz se agarrassem a mim.
No final ele disse me que o meu pai estava bem, que me estava a vigiar, e a seguir procedeu a dar-me uma descasca e que eu tinha que ter era mazé juizo na cabeça, que era jovem e que se não tivesse juizo estaria a sacrificar um bom futuro e que se aparecesse lá mais uma vez por causa de alguma situação dessas ele próprio dava-me um tareia.
Sei que foi um pouco longo, mas espero que isto sirva para alguma pessoa que tenha perdido alguém nas mesmas circunstâncias que eu, que não vale a pena procurar algo estando num estado de raiva/tristeza/desespero porque o que vai aparecer não é o que a gente quer, e as consequências duram ainda bastante tempo...
Eu ainda ao fim de ano e meio da morte do meu pai até agora, sinto que embora esteja muito melhor tenho muito que recuperar para a acender o meu "candeeiro" na totalidade outra vez...
Apenas um pequeno explorador num vasto mundo desconhecido...

Calma e serenidade.
Tudo vai voltar ao lugar.
Procure a paz e a luz dentro de si. Vai encontrar.
Fique em paz.  E com muita luz.
Existem as coisas que podemos mudar.
Existem as coisas que não podemos mudar.
Sabedoria é mudar o que pudermos mudar e adaptar-nos ao que tivermos que nos adaptar.

Citação de: Mestre Juremeiro em 24 março, 2020, 13:25
Calma e serenidade.
Tudo vai voltar ao lugar.
Procure a paz e a luz dentro de si. Vai encontrar.
Fique em paz.  E com muita luz.

Obrigado pelas palavras, eu também acredito que para encontrar de novo a minha luz tenho que primeiro olhar e procurar dentro de mim, só assim posso realmente ter paz.
Apenas um pequeno explorador num vasto mundo desconhecido...

O senhor que falas ajuda muita gente!! Fizeste bem em procura lo