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  • Uma definição sobre o que é a Religião
    Iniciado por Kyrie
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Estou atualmente a ler o livro "Origens" de Dan Brown e achei particularmente interessante uma passagem onde um personagem do livro retrata o que para ele é a religião.
No meu ponto de vista esta teoria é a que até agora me pareceu ter mais significado, no entanto espero que deixem aqui a vossa opinião sobre a mesma.

"Os primeiros humanos tinham uma relação de assombro com o seu universo, especialmente com os fenómenos que eram incapazes de compreender racionalmente.
Para resolver estes mistérios, criaram um vasto panteão de deuses e deusas que explicavam tudo o que estava além da sua compreensão: os trovões, as marés, os terramotos, os vulcões, a infertilidade, as pragas e até o amor.
A mudança sazonal para o inverno era causada pela tristeza do planeta com o rapto anual de Perséfone para o submundo.
Para  os romanos os vulcões eram considerados o lar de Vulcano, o ferreiro dos deuses, que trabalhava numa gigantesca forja por baixo da montanha, o que causava a emissão de chamas pela sua chaminé.
Os antigos inventaram inúmeros deuses para explicar não só os mistérios do seu planeta, mas também os mistérios dos seus próprios corpos.
A infertilidade era causada por uma perda do favor da deusa Juno. O amor era resultado de ser atingido pelas setas de Eros. As epidemias eram explicadas como castigos enviados por Apolo.
Novas constelações iluminavam-se agora com imagens de novos deuses, isto significa que quando os antigos experimentavam lacunas na sua compreensão do mundo que os rodeava, enchiam essas lacunas com Deus.
Inúmeros Deuses preenchiam inúmeras lacunas e no entanto, ao longo dos séculos, o conhecimento cientifico foi aumentando.
Á medida que as lacunas na nossa compreensão do mundo natural foram gradualmente desaparecendo, o nosso panteão de deuses foi começando a encolher.
Por exemplo, quando descobrimos que as marés eram causadas pelos ciclos lunares, Poseidon deixou de ser necessário e banimo-lo como um mito disparatado de um tempo de menos luzes.
Como sabem, todos os deuses acabaram por ter o mesmo destino. Foram morrendo um a um, á medida que a sua relevância para os nossos intelectos em constante evolução ia desaparecendo.
Mas não tenham duvidas de que estes deuses não "entraram docilmente nessa serena noite". O processo através do qual uma cultura abandona as suas divindades é sempre complicado.
As crenças espirituais são profundamente cinzeladas nas nossas psiques desde tenra idade por pessoas que amamos e em quem confiamos: pais, professores, lideres religiosos.
Por esse motivo, quaisquer alterações religiosas ocorrem ao longo de gerações e nunca sem grandes angústias e frequentemente profusos derramamentos de sangue.
Os sons de espadas a baterem umas nas outras e de gritos acompanhavam agora a gradual desaparição dos deuses.
Finalmente, permaneceu apenas a imagem de um único deus, uma icónica face sábia coberta por uma longa barba branca.
Zeus, o deus de todos os deuses. A mais temida e reverenciada de todas as divindades pagâs.
Zeus, mais do que qualquer outro deus, resistiu à sua própria extinção, travando uma violenta batalha contra a morte da sua própria luz, precisamente como os deuses anteriores que ele próprio substituíra.
Os seguidores de Zeus resistiram tanto a desistir do seu deus que a fé conquistadora da Cristandade não teve outro remédio senão atribuir as suas feições ao seu novo Deus.
Atualmente já não acreditamos em histórias como as de Zeus: um rapaz criado por uma cabra, ao qual criaturas com um único olho chamadas Ciclopes conferem um enorme poder.
Para nós que dispomos das vantagens do pensamento moderno, estas histórias foram todas classificadas como mitologia, simpáticas ficções que nos proporcionam um vislumbre divertido do nosso supersticioso passado.
Agora é tudo diferente! somos modernos!
Somos pessoas intelectualmente evoluidas e tecnologicamente capacitadas. Não acreditamos em ferreiros gigantes que trabalham no interior de vulcões, ou em deuses que controlam as marés ou as estações do ano. Somos totalmente diferentes dos nossos antepassados.
Mas seremos realmente tão diferentes?
Consideramo-nos individuos modernos e racionais, porém, a religião mais espalhada entre a nossa espécie inclui uma impressionante série de conceitos mágicos: seres humanos que inexplicavelmente se levantam dos mortos, miraculosos partos de mulheres virgens, deuses vingativos que enviam pragas e cheias, promessas místicas de uma vida depois da morte em paraísos nas nuvens ou infernos ardentes.
Por isso, imaginemos por um momento a reação dos futuros historiadores e antropólogos da humanidade. Com a vantagem da perspectiva, observarão as nossas crenças religiosas categorizando-as como as mitologias de uma época de poucas luzes?
Verão os nossos deuses como hoje vemos Zeus? Pegarão nas nossas Escrituras Sagradas para as banir para essa prateleira poeirenta da história?
"
Não é demonstração de saúde ser bem ajustado a uma sociedade profundamente doente