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  • Perguntas pica-miolos e outras divagações ..
    Iniciado por Miguel Fernandes
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Por vezes imagino parábolas, e depois faço perguntas que me picam completamente os miolos.
Será que alguém me pode ajudar nessa ?

Imaginem que estão a passear, está um beautiful day !
vcs estão na paz e na alegria,
de repente ouves uma vez a berrar alto :
AJUDEM-ME AJUDEM-ME
vais ao encontro da voz aflita e paras,
vês nada mais nada menos, do que 1 demónio,
a tentar-se agarrar desesperadamente ao que pode,
para não cair para dentro de um precipício.
Ele promete que se o ajudares, que ele vai compensar a fazer o bem na terra,
que está profundamente arrependido do que fez, e que agora se quer redimir,
tudo o que ele precisa é que lhe dês a mão para ele não cair.
E agora o que fazes ?
O dilema é o seguinte :
Se o ajudares ele arrependido que está, pode se querer redimir em ajudar aqui na terra, e assim salvares a sua alma,
antes perdida.
Mas também pode ser mentira, um truque para ele se livrar do inferno e atormentar outros aqui na terra.
Qual a tua decisão,
se tudo isto fosse mesmo verdade ?
A psicologia é um grão de areia. A espiritualidade a praia inteira.

O problema do que faz ou não é problema dele não teu. Tudo está em ti e na tua consciencia. Eu ajudaria, a Vida dessa pessoa é dela, não minha.
Como uma pedra na água, como um pássaro no céu, Como uma criança para o seu pai, tu nunca perguntas "porquê", apenas segues a corrente até morreres.

Boa tarde

Eu creio que uma divida será sempre uma divida. Estará sempre em divida com quem o salve.
É obvio que a boa cidadania nos ensina a ser cordeais e voluntários no auxilio de alguém que necessite de ajuda. Mesmo que a nossa boa vontade não seja cobrada, a divida irá permanecer sempre aos olhos de quem rege tudo isto.

Quem sabe ao tentar ajudar essa criatura possa realmente mudar... Mas também há o caso de não cumprir com a sua palavra e tentar passar a perna a quem ajuda. Talvez essa criatura tivesse um castigo bem pior que o abismo se fizesse tal coisa.
Sabe-se que eles andam por todo o lado e há quem os convoque para multiplos fins... Se houver um Inferno cheio de sofrimento como esses seres escapam de lá?
"Tudo aquilo que o homem ignora não existe para ele. Por isso o universo de cada um se resume ao tamanho de seu saber." - Albert Einstein

Um demónio?

Não dá para responder, o dilema é muito vago e convida à resposta cristã e fácil do "como sou bonzinho, a minha consciência dir-me-ia sempre para ajudar". Porque todos podemos mudar, ou outra coisa deste género.

Vamos tornar as coisas mais terra-a-terra? E lembrem-se que, se acreditam em dívidas e em karma, somos julgados não só pelo valor dos actos que praticamos mas também pelas consequências desses actos, somos julgados pelo sofrimento que causamos em terceiros mesmo que as nossas intenções fossem as melhores.

Uma boa acção pode ter consequências terríveis. O que é que pesa mais nesse tal de karma? A minha boa acção para com uma pessoa ou o facto de, por ter feito a boa acção permiti que essa pessoa fosse responsável por um genocídio, por exemplo?

Dir-me-ão "ah mas eu não posso adivinhar". Em princípio, não podem. Diz o bom senso que só podemos tomar decisões com base nas informações que temos no momento em que temos de tomar a decisão. Mas isso leva-nos até onde?

Deixemos o demónio, falemos de pessoas. Ouvem o grito, e dão de caras com alguém que vos é muito familiar. Reconhecem-no das notícias, é um pedófilo responsável por violar e assassinar 20 crianças, justificando esse comportamento dizendo que eram as crianças que o provocavam e seduziam.
Após ter passado uma temporada na cadeia, de onde saiu mais cedo por bom comportamento, e poucos meses depois de ter saído, a "tentação" voltou a acontecer e foi mais forte do que ele, sendo que o individuo voltou a atacar e matar mais crianças.

E agora ali está ele, pendurado no abismo. Diz-se arrependido e promete que se vai redimir. Tudo o que precisa é que tu lhe estendas a mão.

...e agora?
"Cedo ou tarde você vai perceber, como eu, que há uma diferença entre conhecer o caminho e percorrer o caminho". 
(Morpheus, The Matrix)

Boa pergunta Cassandra,

Concordo quando referes que o dilema convida à resposta fácil do "como sou bonzinho, a minha consciência dizer-me-ia sempre para ajudar", ou à afirmação que já ouvi várias vezes do " coitados, tem esses comportamentos porque são perturbados psicologicamente, ou a mais comum, se calhar também já foram abusados e os comportamentos repetem-se" Poupem-me!!! Por muito boa pessoa que eu tente ser, eu não consigo ajudar essas pessoas, se calhar não sou iluminada o suficiente pensarão uns, ou evoluída dirão outros...

O que é facto é que o cérebro humano é muito complexo, existem seres desprovidos de consciência, seres com o "fio dos sentimentos" desligado e tantas outras coisas... Podem até ter patologias associadas a esses comportamentos, mas crimes que envolvam crianças ou pessoas fragilizadas física ou psicologicamente eu não consigo perdoar!

Quem quiser "atire a primeira pedra"   
Amor incondicional é aquele que quer o bem do outro, independente do seu "eu" individual

Citação de: Cassandra em 28 junho, 2019, 14:44
Um demónio?

Não dá para responder, o dilema é muito vago e convida à resposta cristã e fácil do "como sou bonzinho, a minha consciência dir-me-ia sempre para ajudar". Porque todos podemos mudar, ou outra coisa deste género.

Vamos tornar as coisas mais terra-a-terra? E lembrem-se que, se acreditam em dívidas e em karma, somos julgados não só pelo valor dos actos que praticamos mas também pelas consequências desses actos, somos julgados pelo sofrimento que causamos em terceiros mesmo que as nossas intenções fossem as melhores.

Uma boa acção pode ter consequências terríveis. O que é que pesa mais nesse tal de karma? A minha boa acção para com uma pessoa ou o facto de, por ter feito a boa acção permiti que essa pessoa fosse responsável por um genocídio, por exemplo?

Dir-me-ão "ah mas eu não posso adivinhar". Em princípio, não podem. Diz o bom senso que só podemos tomar decisões com base nas informações que temos no momento em que temos de tomar a decisão. Mas isso leva-nos até onde?

Deixemos o demónio, falemos de pessoas. Ouvem o grito, e dão de caras com alguém que vos é muito familiar. Reconhecem-no das notícias, é um pedófilo responsável por violar e assassinar 20 crianças, justificando esse comportamento dizendo que eram as crianças que o provocavam e seduziam.
Após ter passado uma temporada na cadeia, de onde saiu mais cedo por bom comportamento, e poucos meses depois de ter saído, a "tentação" voltou a acontecer e foi mais forte do que ele, sendo que o individuo voltou a atacar e matar mais crianças.

E agora ali está ele, pendurado no abismo. Diz-se arrependido e promete que se vai redimir. Tudo o que precisa é que tu lhe estendas a mão.

...e agora?
Ainda que tenha respondido noutro tópico, reitero a minha posição neste!
Ajudaria da mesma forma!
É um ser humano como eu, que se encontra em perigo! E não tenho o direito d dispor da vida de ninguém de forma a decidir se vive, ou morre!
Independentemente dos erros, dos crimes cometidos não serei eu que o vou julgar! Para isso existem as leis dos homens, e para quem acredita as leis divinas...

Depois, haverá muitos outros pontos para que aquilo que escreveste fosse comprovado.. e sim, talvez seja a minha visão jurídica da coisa, proveniente da minha formação...

Se estivesse provado que tinha voltado a atacar e a matar, não estaria nessa situação, mas teria sido novamente preso e a situação nem se colocaria...

ainda assim, a concordarmos com a não ajuda a essa pessoa, estaríamos a admitir que sempre que houvesse oportunidade poderíamos dar uma "mãozinha à morte" e empurrar alguém para o "outro lado".. em que mundo viveríamos se assim fosse? Onde estaria a ordem social???

Citação de: Miguel Fernandes em 28 junho, 2019, 11:11
Por vezes imagino parábolas, e depois faço perguntas que me picam completamente os miolos.
Será que alguém me pode ajudar nessa ?

Imaginem que estão a passear, está um beautiful day !
vcs estão na paz e na alegria,
de repente ouves uma vez a berrar alto :
AJUDEM-ME AJUDEM-ME
vais ao encontro da voz aflita e paras,
vês nada mais nada menos, do que 1 demónio,
a tentar-se agarrar desesperadamente ao que pode,
para não cair para dentro de um precipício.
Ele promete que se o ajudares, que ele vai compensar a fazer o bem na terra,
que está profundamente arrependido do que fez, e que agora se quer redimir,
tudo o que ele precisa é que lhe dês a mão para ele não cair.
E agora o que fazes ?
O dilema é o seguinte :
Se o ajudares ele arrependido que está, pode se querer redimir em ajudar aqui na terra, e assim salvares a sua alma,
antes perdida.
Mas também pode ser mentira, um truque para ele se livrar do inferno e atormentar outros aqui na terra.
Qual a tua decisão,
se tudo isto fosse mesmo verdade ?

Procedia conforme a minha consciência me "ordenasse" e o meu coração me "dissesse"
Não é demonstração de saúde ser bem ajustado a uma sociedade profundamente doente

#7
A verdade é que estes dilemas não têm uma resposta certa porque na altura sabe-se lá como é que iriamos reagir.
Eu sou formada em Psicologia, tive debates infindáveis com dilemas do género e a conclusão a que se chegava sempre é que não se pode chegar a conclusão nenhuma.

Os factores são múltiplos, e podemos ir arranjado situações cada vez mais complexas, por exemplo, podemos acrescentar que uma das crianças assassinadas era da nossa família.
Isso já mudava alguma coisa? Talvez sim, porque era mais pessoal. Talvez não, porque todas as crianças têm a mesma importância.

Idealmente, deveríamos ter plena confiança nos sistemas judiciais, por exemplo. Ajudavamos a pessoa, era preso e pronto, tudo acabava em bem. Ou deveríamos ter plena confiança nos milagres da medicina. Ajudavamos a pessoa, ele era tratado e pronto, tudo acabava em bem.

O dilema coloca-se porque a sociedade não é perfeita nem temos confiança nos sistemas. E numa situação limite, para onde iria o nosso instinto? Ou o nosso raciocínio?

Há leis dos homens, há leis divinas e de facto, quem somos nós para julgar. Mas, numa situação limite não há grande tempo para grandes pensamentos.
A moral iria sobrepôr-se à realidade do mundo? A moral iria sobrepôr-se ao que sabemos sobre o funcionamento da justiça? Ou sobre os "tratamentos" da pedofilia, neste caso?

Quem sabe?

Citação de: VCris em 28 junho, 2019, 15:05
ainda assim, a concordarmos com a não ajuda a essa pessoa, estaríamos a admitir que sempre que houvesse oportunidade poderíamos dar uma "mãozinha à morte" e empurrar alguém para o "outro lado".. em que mundo viveríamos se assim fosse? Onde estaria a ordem social???  

É uma excelente pergunta, mas isso leva-nos a outras questões. Nesta situação há uma influência directa sobre a vida ou a morte de uma pessoa, temos a oportunidade de exercer essa influência. Mas e no dia-a-dia, exercemos influência noutras oportunidades que nos surgem de participar e manter a ordem social?

Sempre que alguém sabe que uma mulher é vítima de violência doméstica e não faz nada, isso não é dar uma mãozinha à morte?
Sempre que alguém sabe que há um velhote que tem de escolher todos os meses se come ou se toma o medicamento para o coração, e ninguém faz nada, isso não é dar uma mãozinha à morte?
Sempre que vemos uma criança a mendigar, sujo, desnutrido, e ninguém faz nada, isso não é dar uma mãozinha à morte?

As leis existem, muitas vezes ninguém as faz cumprir. Todos temos noção de moral, mas o mundo em que vivemos é o que se vê.

E certo, não temos uma decisão directa sobre o destino destas pessoas. Mas todos nós, enquanto sociedade, damos mãozinhas à morte todos os dias.
Sempre que não exigimos a quem manda ou a quem devia fazer cumprir a lei e a ordem que resolva estas situações, estamos a dar mãozinhas à morte, de forma indirecta.

Em termos dessas coisas do karma e das dívidas, o que será mais "pesado"?
- dar uma mãozinha à morte numa situação limite, sem grande tempo para pensar e em relação a alguém que é definitivamente culpado de coisas hediondas;
- ou dar uma mãozinha à morte, ainda que de forma totalmente indirecta e de forma colectiva, mas tendo tempo para reflectir e em relação a pessoas que são inocentes?
"Cedo ou tarde você vai perceber, como eu, que há uma diferença entre conhecer o caminho e percorrer o caminho". 
(Morpheus, The Matrix)


Concordo em absoluto com a Cassandra, aliás eu não diria melhor!

A maneira como iríamos reagir só a saberíamos no momento e tudo dependeria de factores que como ela refere poderiam ser familiares ou pessoais, etc. Já imaginaram alguém que poderia ter passado por uma situação de abuso estar perante o abusador e este estar a pedir-lhe ajuda?

Infelizmente os sistemas não são os ideais, pegando no exemplo da violência doméstica, a lei portuguesa não protege a vítima, alguém que cometa o crime sem antecedentes criminais, saí de lá com pena suspensa, ora se não ficam em prisão efectiva a maioria continua a cometer o mesmo crime vezes sem conta,  a lei prevê se não estou em erro 1 a 5 anos... nem me vou alongar mais sobre este assunto porque todos recebemos informação diariamente das mais variadas formas e pelo número de mulheres mortas só início deste ano, dá para concluir que de facto estamos a dar a tal mãozinha à morte.

Com isto eu não sou a favor de julgar ninguém ou prejudicar, eu não tiro a vida nem a uma mosca simplesmente constato factos.

Na minha humilde opinião, são cometidos todos os dias crimes contra a humanidade e a maioria de nós fecha os olhos, basta olhar para a quantidade de pessoas que vivem em isolamento, são coagidas, tem privação económica, são vítimas de infanticídio, de negligência, maus-tratos; etc.

O que me deixa realmente triste, é que ninguém faz nada e quando falamos destas coisas há muito boa gente que olha para nós como se fossemos seres de outro planeta, só querem vêem o que querem, o resto fica na "visão periférica"









Amor incondicional é aquele que quer o bem do outro, independente do seu "eu" individual

#9
Citação de: Cassandra em 28 junho, 2019, 15:54
A verdade é que estes dilemas não têm uma resposta certa porque na altura sabe-se lá como é que iriamos reagir.
Eu sou formada em Psicologia, tive debates infindáveis com dilemas do género e a conclusão a que se chegava sempre é que não se pode chegar a conclusão nenhuma.

Os factores são múltiplos, e podemos ir arranjado situações cada vez mais complexas, por exemplo, podemos acrescentar que uma das crianças assassinadas era da nossa família.
Isso já mudava alguma coisa? Talvez sim, porque era mais pessoal. Talvez não, porque todas as crianças têm a mesma importância.

Idealmente, deveríamos ter plena confiança nos sistemas judiciais, por exemplo. Ajudavamos a pessoa, era preso e pronto, tudo acabava em bem. Ou deveríamos ter plena confiança nos milagres da medicina. Ajudavamos a pessoa, ele era tratado e pronto, tudo acabava em bem.

O dilema coloca-se porque a sociedade não é perfeita nem temos confiança nos sistemas. E numa situação limite, para onde iria o nosso instinto? Ou o nosso raciocínio?

Há leis dos homens, há leis divinas e de facto, quem somos nós para julgar. Mas, numa situação limite não há grande tempo para grandes pensamentos.
A moral iria sobrepôr-se à realidade do mundo? A moral iria sobrepôr-se ao que sabemos sobre o funcionamento da justiça? Ou sobre os "tratamentos" da pedofilia, neste caso?

Quem sabe?

É uma excelente pergunta, mas isso leva-nos a outras questões. Nesta situação há uma influência directa sobre a vida ou a morte de uma pessoa, temos a oportunidade de exercer essa influência. Mas e no dia-a-dia, exercemos influência noutras oportunidades que nos surgem de participar e manter a ordem social?

Sempre que alguém sabe que uma mulher é vítima de violência doméstica e não faz nada, isso não é dar uma mãozinha à morte?
Sempre que alguém sabe que há um velhote que tem de escolher todos os meses se come ou se toma o medicamento para o coração, e ninguém faz nada, isso não é dar uma mãozinha à morte?
Sempre que vemos uma criança a mendigar, sujo, desnutrido, e ninguém faz nada, isso não é dar uma mãozinha à morte?

As leis existem, muitas vezes ninguém as faz cumprir. Todos temos noção de moral, mas o mundo em que vivemos é o que se vê.

E certo, não temos uma decisão directa sobre o destino destas pessoas. Mas todos nós, enquanto sociedade, damos mãozinhas à morte todos os dias.
Sempre que não exigimos a quem manda ou a quem devia fazer cumprir a lei e a ordem que resolva estas situações, estamos a dar mãozinhas à morte, de forma indirecta.

Em termos dessas coisas do karma e das dívidas, o que será mais "pesado"?
- dar uma mãozinha à morte numa situação limite, sem grande tempo para pensar e em relação a alguém que é definitivamente culpado de coisas hediondas;
- ou dar uma mãozinha à morte, ainda que de forma totalmente indirecta e de forma colectiva, mas tendo tempo para reflectir e em relação a pessoas que são inocentes?

Profissionalmente, e infelizmente, já me deparei com casos de abuso sexual de menores. Agi até onde pude e me competia, a partir daí, os casos foram entregues a quem de direito. E não quis mais saber (sei que esta frase vai chocar a maioria)! Fiz tudo ao meu alcance para que a situação fosse averiguada de acordo com aquilo que me foi dado ao conhecimento! A partir daí, não sei o que aconteceu, ou seja, se  as pessoas foram condenadas (sei que houve julgamento). É moralmente reprovável?? Talvez, mas é dificil imaginar o que é depararmo-nos efetivamente com situações destas e a forma como somos afetados psicologicamente. O mal estaria, alegadamente, feito, e eu fizera tudo o que podia, tudo o que acontecesse depois disso iria afetar-me, preferi manter-me mentalmente sã, do que deixar-me afetar ainda mais... Admito que há assuntos os quais não sou mentalmente capaz de lidar... E embora tenham passado 5/6 anos não sei o que aconteceu! Foram situações que me desgastaram imenso!

E achas que é humanamente possível estarmos atentos a tudo o que se passa à nossa volta para nos apercebermos de determinadas situações nas quais poderíamos evitar  dar uma "maozinha à morte"?

Sempre que pudermos, e tivermos conhecimento, defendo que devemos ajudar mas dentro daquilo que nos é permitido, e se o fizermos não estaremos a "dar a mãozinha à morte".

Mas jamais agir segundo o ditado "olho por olho dente por dente", que seria basicamente o que se passaria se deixasse de ajudar o pedófilo à beira do precipício, só porque era pedófilo... Isso faria de mim uma pessoa, mais justa ou mais correcta? Não! Mostraria que teria uma crueldade dentro de mim semelhante à dele...


Esta é a função do dilema, fazer-nos pensar.  ;)

Citação de: VCris em 28 junho, 2019, 16:38
Mas jamais agir segundo o ditado "olho por olho dente por dente", que seria basicamente o que se passaria se deixasse de ajudar o pedófilo à beira do precipício, só porque era pedófilo... Isso faria de mim uma pessoa, mais justa ou mais correcta? Não! Mostraria que teria uma crueldade dentro de mim semelhante à dele...

Em teoria, acho que só teria o impulso de matar alguém se me visse numa situação de "matar ou morrer" que seria, lá está, outra situação limite.

Ninguém quer viver numa sociedade que se guia pela lei do "olho por olho, dente por dente", porque isso levanta uma série de outros problemas, bastante mais graves e complicados de gerir que o sistema em que vivemos. Que tem muitos defeitos, é verdade que sim, mas dentro do que existe é o menos mau.
E concordo, não é porque há bestas que devemos adoptar comportamentos semelhantes.

Mas isto é o racional a pensar. Isto é a parte mental que pensa que o mundo para ser um lugar melhor, temos de dar o exemplo e fazer melhor. O problema é que nem sempre o lado que pensa é o lado que age. A grande dificuldade da mudança no ser humano não é na parte racional, é no lado emocional.

Citação de: VCris em 28 junho, 2019, 16:38
E achas que é humanamente possível estarmos atentos a tudo o que se passa à nossa volta para nos apercebermos de determinadas situações nas quais poderíamos evitar  dar uma "maozinha à morte"?

Sempre que pudermos, e tivermos conhecimento, defendo que devemos ajudar mas dentro daquilo que nos é permitido, e se o fizermos não estaremos a "dar a mãozinha à morte".
Não é possível saber tudo, mas sabemos muitas coisas.

Lembrei-me de uma das últimas cenas do filme A Lista de Shindler. A guerra tinha terminado e os trabalhadores da fábrica estavam livres, ao contrário de Shindler que tinha de fugir. Todos os trabalhadores assinaram uma carta que explicava de que forma Shindler os tinha ajudado durante a guerra. Apesar do que ele fez e das pessoas que salvou, naquela cena o homem começa a pensar no que mais poderia ter feito. O anel que tinha, quantas pessoas valia? O carro? Quantas mais pessoas ele podia ter levado para a fábrica dele?

Penso que essa é a questão que fica sempre connosco e que se deve tornar particularmente presente na hora da morte: fiz isto, fiz aquilo... fiz muito. Mas terei feito o suficiente?

Esta é a duvida... fazemos o suficiente?
"Cedo ou tarde você vai perceber, como eu, que há uma diferença entre conhecer o caminho e percorrer o caminho". 
(Morpheus, The Matrix)

Citação de: Cassandra em 28 junho, 2019, 17:33


Penso que essa é a questão que fica sempre connosco e que se deve tornar particularmente presente na hora da morte: fiz isto, fiz aquilo... fiz muito. Mas terei feito o suficiente?

Esta é a duvida... fazemos o suficiente?

Depende do que cada um considere ser suficiente! :)

Se eu achar que os meus comportamentos se coadunam com aquilo que eu acho correto, na minha consciência será o suficiente...
Se, quando deixar este plano, houver um "julgamento" e considerarem que poderia ter feito mais, já são outros 500. Até porque não sabemos o que há de facto depois da morte física, se é que há alguma coisa! :)

Desta forma, voltamos ao cerne da questão.... a nossa consciência. :)

#12
Citação de: Cassandra em 28 junho, 2019, 14:44
pedófilo responsável por violar e assassinar 20 crianças, justificando esse comportamento dizendo que eram as crianças que o provocavam e seduziam.
Após ter passado uma temporada na cadeia, de onde saiu mais cedo por bom comportamento, e poucos meses depois de ter saído, a "tentação" voltou a acontecer e foi mais forte do que ele, sendo que o individuo voltou a atacar e matar mais crianças.

E agora ali está ele, pendurado no abismo. Diz-se arrependido e promete que se vai redimir. Tudo o que precisa é que tu lhe estendas a mão.

...e agora?

Xi Cassandra, pedófilo ? esse ai acho que ainda detesto mais que qualquer outro ser na terra, se calhar mais ainda do que se fosse mesmo o tal demónio a aparecer..  bem aproveito tb para responder de forma geral:
Muito boas respostas de todos, e cada um a especificar-se em determinado ponto o que permite de forma positiva alargar ainda mais a reflexão da parábola ou pergunta.

No meu caso eu ajudaria, que raio de pessoa eu seria se não ajudasse, ou dar pelo menos uma chance a quem diz querer ter chance...depois isso depende só dele...mas se lhe virasse as costas acho que o pior demónio seria eu...Jesus também não dizia não a ninguém que lhe pedisse ajuda...ajudaria um demónio...mas um pedófilo ? hum seria muito mais difícil para mim ajudar, confesso, porque para mim deve mesmo ser o ser mais repugnante a abominável deste mundo, conseguiria até perdoar muito mais facilmente a um assassino arrependido, do que a um pedófilo nojento por mais que se redimisse...eu por exemplo não me vejo a matar ninguém, mas se eu tivesse uma criança e fosse violada por alguém, eu nem iria querer saber das consequências iria lá matar o filho da mãe e antes se calhar até o torturar ao máximo...pois é, só tenho uma asa branca, a outra é negra...bom mas para não fugir mais à questão e dar uma resposta final :
Ao demónio ajudaria
ao pedófilo....hum mais dificilmente, mas acabaria também por dar a chance, mas esse se violasse outra criança, eu própria iria atrás dele!

Citação de: MMFH em 28 junho, 2019, 15:03
Boa pergunta Cassandra,
Podem até ter patologias associadas a esses comportamentos, mas crimes que envolvam crianças ou pessoas fragilizadas física ou psicologicamente eu não consigo perdoar!

Quem quiser "atire a primeira pedra"   

Ninguém aqui atira a primeira pedra, cada um com sua opinião e são todas respeitas,
no fundo todos têm a sua razão, acho que nem é tanto questão mesmo de evolução,
mas talvez mais de personalidade, sensibilidade e experiência de vida,
no fundo no fundo acho que tb dependeria muito do demónio pedófilo ou outro tipo de criminoso,
se nos inspiraria ou não confiança, enfim muitas variáveis em jogo,
acho que só mesmo numa experiência real frente a frente decidiríamos talvez até algo diferente do que supomos...who knows ?
apenas queria realmente ver que tipo de respostas dariam..o que me agradou imenso.
A psicologia é um grão de areia. A espiritualidade a praia inteira.

#13
Há muitas formas de ajudar nesta situação, mas neste caso não usaria as mãos mas sim uma corda.
A corda parece ser algo mais justo nesta situação, porque é algo que vai envolver a confiança de ambos, se um falhar na confiança basta largar a corda e o efeito será pior.
Basta ver os alpinistas presos pelas cordas (é preciso confiar bastante na corda e na rocha onde prende a corda)  Se bem que muitos por vezes apanham "cag@ços" enormes :)
"Tudo aquilo que o homem ignora não existe para ele. Por isso o universo de cada um se resume ao tamanho de seu saber." - Albert Einstein

Boa reflexão essa da corda Indigo

- Novo Pica-Miolos :

- O senhor Pedro é um homem que nunca fez mal a ninguém,mas mesmo a ninguém; mas o que é certo é que também nunca fez propriamente bem a ninguém(em termos matemáticos pode-se dizer que o saldo em vida foi nulo, ou seja Zero ,nem mal nem bem )

- O senhor Lúcius por sua vez foi um criminoso famoso, matou, assaltou e vigarizou imensas pessoas, mas num dos assaltos algo correu mal, a sua companheira na arte do crime foi morta, e isso fez com que Lúcius sofresse muito na vida, e repensasse em tudo , ele modificou totalmente a sua conduta, começou a ajudar a tudo e todos, a fortuna que já era muita, a distribuiu por pobres e orfãos, começou a salvar vidas em vez de as matar, doou até um rim a alguém que precisava, ajudava até a velhinha a passar na passadeira e defendia sempre os mais desfavorecidos e esquecidos da sociedade, mas numa rixa para defender alguém ele também morreu, no entanto o saldo de vida dele foi negativo, o numero de gente a quem ele fez mal foi ainda assim superior ao numero de gente a quem ele fez bem quando se estava a redimir.

E agora pergunto qual dos 2 vcs mais valorizam ? vão seguir a matemática de que zero é sempre melhor do que negativo ?
ou qual dos 2 mereceria mais a vossa consideração ..
A psicologia é um grão de areia. A espiritualidade a praia inteira.