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  • A hipótese da escrita atlante
    Iniciado por Cassandra
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Se a Atlântida de facto existiu e se desapareceu como está descrito, poderemos esperar encontrar algum dia esse "continente perdido"? Talvez não. Mas isso não quer dizer que a Atlântida não tenha realmente existido.
Se a Atlântida existiu e se era a potência que Platão descreveu, a sua influência deve ter-se estendido para lá das suas fronteiras e para outros povos.

Na adaptação que se segue do artigo de José Carlos Fernández, o autor demonstra através do estudo das provas que vão surgindo a possibilidade de ter havido um alfabeto de origem comum, muito mais antigo do que aquilo que convencionalmente se defende.

Diferentes zonas do globo, diferentes civilizações, alfabetos semelhantes... terão tido a mesma origem? Será que essa origem é a Atlântida?


Na demanda da escrita atlante

(...) Há pouco tempo afirmava-se (...) que o alfabeto latino e o grego procediam do fenício, língua que seria, dizem, a mãe de tantos modos de escrita como o púnico, as runas germânicas, o glagolítico (o búlgaro), o cirílico e tantos outros. (...) Também se consideram derivados do alfabeto fenício, o tartéssico, o ibérico e o etrusco, quer directamente, ou então indirectamente, através do grego. No entanto, esta teoria que, desde há mais de meio século é ensinada de um modo dogmático, foi, no princípio do século XX, mais uma opção entre várias, e não a mais sólida. Na década de 30 debatia-se com outra que afirmava o contrário, que o alfabeto fenício tinha sido adoptado por este povo viajante ao entrar em contacto com as culturas micénica e cretense (com as quais tem uma grande semelhança) ou, o que é mais interessante, com as proto-culturas ibero-tartéssicas que se estendiam pela Península Ibérica, pois os signos do seu alfabeto são quase idênticos.
(...)
O achado de Glozel, França, em 1924, provocou uma verdadeira batalha campal entre os arqueólogos que aceitavam e os que rejeitavam a descoberta como se fosse uma fraude, pois, e esta era a grande questão, nas suas figuras de tipo neolítico, apareciam signos de uma língua escrita (a denominada escrita «Glozel»), muito semelhante à ibero-tartéssica (à qual nos atrevemos chamar «escrita atlante»), o que converteria esta, e não o fenício, no alfabeto mãe das nossas línguas modernas. Todos os arqueólogos e linguistas da «hipótese fenícia» levantaram as suas armas para defenderem as suas opiniões negando, de um modo cego e selvagem, as evidências que apareciam diante dos seus olhos. Dadas as circunstâncias do achado e visto que na terra apareciam mais e mais peças assombrosas, qualquer pessoa com sentido comum teria adaptado a teoria ao facto, em vez de tentar negar ou manipular os factos para salvar a teoria (o que é muito frequente, diga-se, na nossa ciência moderna). (...)

Passaram mais de cinquenta anos e Glozel, considerado uma fraude, desapareceu das páginas da actualidade e dos textos de história, pois ainda estava presente o paradigma histórico «fenício». E ainda está – incapacitado para explicar a soma desconcertante de achados que agora se conservam no Museu de Glozel (...). No entanto, as técnicas de datação arqueológica evoluíram, e muito.(...) Aplicando métodos de radiocarbono (nas matérias orgânicas, como ossos) e de termoluminiscência (na cerâmica), os especialistas – não os arqueólogos – deram às peças encontradas uma antiguidade de, pelo menos, 17 000 anos.

Mais especificamente, os resultados de datação por Carbono 14 foram os seguintes:
    Os ossos, com signos gravados, tinham uma antiguidade de entre os 15 000 e os 17 000 anos, e eram claros expoentes da arte Mesolítica e Neolítica.
    As cerâmicas tinham 5 000 anos de antiguidade.
    As tabuinhas gravadas tinham 2 500 anos.
    Algumas das peças são da Idade Média.
(...)
Ninguém entende como no «Campo dos Mortos» de Glozel, podemos encontrar tantos objectos de antiguidades tão diferentes, a não ser que fosse um santuário desde a mais remota antiguidade e que a sua importância mágica e cerimonial se transmitisse de geração em geração. (...)

No Alvão, Nordeste de Portugal, nas mágicas terras de Trás-os-Montes, encontraram-se, junto a um dólmen, uma série de pedras esculpidas e gravadas com signos idênticos aos de Glozel (e a todos os signos dos quais falamos neste artigo) e com uma antiguidade de 4 000 a.C. como mínimo. Esta descoberta foi tão extraordinária que, no princípio, se duvidou dela, somente depois, quando se descobriram as tábuas de Glozel, é que foram, reciprocamente, um certificado de autenticidade. As pedras do Alvão tinham forma de animais e de homens, e estavam gravadas, claramente, com signos alfabéticos que, inicialmente, foram identificados como ibéricos. De facto, das 22 letras ibéricas que correspondem aos signos de Alvão, 14 delas encontram-se em Glozel, embora alguns signos, como a Suástica, somente seja próprio de Glozel.  (...)


Tabuletas de Glozel



Pedra do Alvão


Depois descobriram-se estes mesmos signos, de uma «linguagem desconhecida indo-europeia», num osso encontra-do no Bancal de La Coruña, A Montexano fez uma interpretação brilhante, que reproduzimos aqui:
«Platão, na história da Atlântida ou Atlantis, conta que os Atlantes conheciam a escrita. Estrabão, por seu lado, afirma que os povos Turdetanos – descendentes directos dos Tartéssios – conservavam anais históricos e leis escritas numa gramática que remontava a mais de 6 000 anos antes do seu tempo. A arqueologia académica ainda não aceita que isto tenha sido certo, pensam que é uma mera invenção de Estrabão, no entanto, na Ibéria apareceram muitos testemunhos de inscrições gravadas ou pintadas em covas, dólmenes e em diversos objectos de osso e cerâmica cujas datas remontam a mais de 4 000 anos antes de Cristo (6 000 anos antes do presente), embora alguns achados reportados por Watelman Fein, Georgeos Díaz-Montexano e Jorge Maria Ribero-Meneses, mostrem evidências claras do uso de caracteres de escrita linear alfabética num claro contexto paleolítico. (...)
«As dúvidas sobre quem foram os primeiros a descobrir a escrita – os Fenícios ou os Gregos – tornaram-se numa certeza quando Paul Fore, professor francês de renome internacional, especialista em Arqueologia Pré-histórica, publicou um relatório no Nestor (...). Nesse relatório, Paul Fore apresenta e decifra placas com escrita linear grega encontradas no muro ciclópico de Pilikates, na Ítaca, e que remontam ao ano 2 700 a.C., tendo a data sido determinada através da utilização de métodos científicos modernos. A língua que estava inscrita nestas placas era o Grego.(...) Desta forma, Paul Fore provou que os Gregos já falavam e escreviam em Grego pelo menos 1 400 anos antes do aparecimento dos Fenícios e da sua escrita na história. Mas, as escavações arqueológicas realizadas na Grécia ao longo dos últimos 15 anos proporcionaram-nos muitas mais surpresas: os Gregos escreviam utilizando não apenas a escrita Linear A e B, mas também utilizando um tipo de escrita idêntico ao do alfabeto desde, pelo menos, o ano 6 000 a.C. (...)

«Todos sabemos que aqueles dados que saem fora dos limites do nosso paradigma histórico são rejeitados ou diminuídos na sua importância ou, o que é pior, entregues às revistas de ciência ou esoterismo-ficção, que os desacreditam – muitos deles de enorme importância – no seio de hipóteses fantásticas, próprias de alucinados. Mas, no entanto, dados são dados, e interpretações são interpretações. A não ser que seja fraudulento, não se pode negar a veracidade de um dado só porque contradiz a opinião triunfal do momento.»
(...)
Onde não há dúvida de que se trata de uma escrita e que os signos são os que depois se vão repetir no fenício, nas distintas línguas do Mar Egeu, no etrusco, no tartéssico, no ibérico e mesmo no alfabeto sabeu (que deriva, ao que parece, do etíope), o brahmi da Índia, etc., etc., são os textos ou signos isolados que apareceram, repartidos em todo o mundo e associados sempre ao Neolítico (antes mesmo de termos conhecimento de que se trabalhavam os metais). Estes signos, pela sua antiguidade e pela sua provável origem, encontramo-los, exactos e sempre com uma antiguidade que oscila entre os 3 000 a.C. e os 7 000 a.C. no povoado neolítico de Banpo, na China; nas misteriosas e polémicas sepulturas, já mencionadas, de Glozel, em França; na cultura dolménica de Huelva, em Espanha; do Alvão, no Nordeste de Portugal (em Trás-os-Montes); em inscrições em osso na Galiza, na mais primitiva Grécia Micénica; na Macedónia; na chamada Cultura Vinca, junto ao Danúbio, no Egipto pré-dinástico, etc. (...)Quero referir uma conversa com o director do Museu de Tiahuanaco, que dizia tê-los encontrado nas cerâmicas Tiahuanacotas, na Bolívia, sendo também encontrados em petróglifos nas Ilhas dos Açores.
(...)
Recapitulando e meditando sobre todo este aluvião de dados, a realidade é que, de um modo objectivo, e sem preconceitos de paradigmas carcomidos, não nos cabe considerar mais do que duas hipóteses em relação à procedência destes signos:
1 – Hipótese neolítica: Uma cultura mãe indo-ária no seio do Neolítico, com uma antiguidade compreendida entre 7 500 a.C. e épocas já históricas. Onde nasceu ou onde tinha os seus focos a referida cultura? A escrita, actualmente, mais antiga que encontramos é a da Macedónia, logo esta poderia ser, quiçá, o centro de difusão, ou talvez tenha sido a cultura Vinca, no Danúbio, ou alguma das culturas que originaram as do Vale do Nilo, cuja datação mais antiga é já de 7 000 a.C. Tão-pouco podemos confiar, totalmente, nas datações de radiocarbono e de termoluminiscência que, especialmente com esta antiguidade, dão muitos erros e dependem de muitas variáveis não controladas (por exemplo, a radiação cósmica ou de outras fontes, nesse momento e nesse lugar). Este sistema de datação tem que ir acompanhado de outros como o da dendrocronologia, que não serve para mais longe do que os 3 000 anos de antiguidade.

2 – Hipótese de uma escrita atlante: a extensão, não só pelo continente Euro-Asiático, mas também na América, nas Ilhas dos Açores, no Mediterrâneo; unida aos testemunhos de Platão e de tantos outros clássicos; unida ao facto de encontrarmos esta escrita numa infinidade de focos culturais mas não numa civilização ou num Império que permitisse sustentar a unidade de todos estes dados; tudo isso leva-nos a pensar que há uma civilização «por detrás» e que esta é a mítica Atlântida, submersa nas inquietas águas do oceano que tem o seu nome, e da qual ainda as suas montanhas nevadas de outrora se elevam desafiadoras sobre as ondas com o nome de Açores.


Para quem quiser aprofundar o tema, o artigo é bastante mais extenso e contém bem referenciadas as fontes que vão surgindo no texto.
"Cedo ou tarde você vai perceber, como eu, que há uma diferença entre conhecer o caminho e percorrer o caminho". 
(Morpheus, The Matrix)