O acompanhante

Boa tarde


Nos primeiros anos de casamento dos meus avós, a casa onde viviam foi posta à venda por motivos de trabalho do meu avô,  que o obrigava a viajar bastante e a estabelecer-se com a sua familia durante largos periodos de tempo fora do país.

Numa altura em que o meu avô  se encontrava ausente, coube à minha avó tratar da venda da propriedade.Grávida do segundo filho, a minha avó, depois de ter colocado no berço o filho mais velho, dirigiu-se à escadaria que levava ao andar inferior, quando subitamente foi bruscamente empurrada escadas abaixo, por uma força invisivel. Depois de se consultar com um médico amigo da família (Dr.Sousa Martins) que era também padrinho do seu primeiro filho e de este lhe dizer que felizmente ela e o bébé se encontravam bem, a minha avó voltou para casa com a indicação de repousar durante o resto do dia.

Ao chegar a casa, tencionando descansar um pouco, foi informada pela empregada de que durante a sua ída ao médico, um casal havia passado por lá, para visitar a casa pois estavam interessados em comprá-la.Uma vez que os donos não se encontravam em casa na altura, a empregada pediu-lhes que voltassem mais tarde.

Tendo-lhe sido dito isto, a minha avó ao invés de se retirar para o seu quarto, sentou-se confortávelmente no salão, aguardando a chegada do tal casal.Quando este chegou acompanhado por um rapaz novo, e após os receber, a minha avó pediu à empregada que os acompanhasse e os guiasse na visita à propriedade.


Porém o rapaz, pediu licença à minha avó para ficar com ela no salão enquanto o casal via a propriedade.A minha avó achou aquilo um pouco estranho mas consentiu e ali ficaram os dois a conversar, o rapaz fazendo perguntas sobre a casa e a minha avó respondendo ás perguntas que lhe eram feitas.

Quando os 3 se foram embora, a minha avó comentou com a empregada, que tinha achado o rapaz muito simpático e educado.A empregada confusa pergunta-lhe de que rapaz ela estava a falar, ao que a minha avó indignada respondeu
"Como qual rapaz? O rapaz que vinha com o casal, ora essa.E diz a empregada "A senhora desculpe, mas o casal vinha só" e a minha avô " como veio só? Então e o rapaz que entrou com eles e com quem estive a conversar, quem era ele? " A empregada já sem saber o que dizer lembrou-se de chamar a colega que por ali andava e após explicar-lhe a situação, a empregada diz: minha senhora eu realmente achei estranho, quando por aqui andava a limpar, que a senhora estivesse a mexer os lábios e a murmurar algo mas pensei que estaría a rezar e não a quiz interromper.


A minha avó insistia que havia um rapaz com o qual tinha estado a falar e não havia nada que a convencesse do contrário.Então a empregada resolveu ir falar com o casal, descreveu-lhes o rapaz e contou-lhes o sucedido.Este de pronto manifestou desejo de voltar lá a casa e desta vez levaram um albúm de fotografias com eles, o qual mostraram à minha avó.

Ao folhear o albúm, a minha avó toda afoita diz " ora aqui está o rapaz, afinal eu sempre tinha razão, não estou parva" e logo a mulher se agarra ao marido e este diz " mas isso é impossivel... tem a certeza de que foi com esta pessoa que falou? " tenho a certeza absoluta" respondeu a minha avó." A senhora desculpe, mas o rapaz que assinala na foto é o  falecido irmão da minha esposa".


Pois é, coisas estranhas se passavam naquela casa.Ainda hoje o meu tio fala sobre o medo que sentia quando um velhote se debruçava sobre as grades da sua cama, só para o assustar.

Adorei o relato, muito interessante. Conheces mais historias sobre a casa? Afinal sempre foi vendida?

Felicidades

Adorei o relato, muito interessante. Conheces mais historias sobre a casa? Afinal sempre foi vendida?

Felicidades

Olá Borboleta rosa

Sei que os meus avós a venderam, mas não voltaram ao lugar e isto já faz muitos anos que aconteceu, por isso não tenho mais informação sobre a casa.

Felicidades também para ti.

Como é que reagiu a tua avó quando lhe disseram quem era o rapaz?

E se não for indiscrição, os teus avós eram dados a ver essas coisas ou seria particularidade do local?

Como é que reagiu a tua avó quando lhe disseram quem era o rapaz?

E se não for indiscrição, os teus avós eram dados a ver essas coisas ou seria particularidade do local?

Olá

Não, nenhum deles era dado a ver estas coisas, por isso penso que sería algo da própria casa.A minha avó ficou sem saber o que pensar ou dizer.Mas lembro-me de ela dizer que o rapaz esteve sempre de pé e que ela nunca lhe viu nem as mãos nem os pés.

A minha avó materna também tinha umas histórias giras para contar, mas aqui o "mal" de algumas pessoas da família tinha algum peso.

O que sempre achei engraçado na forma como a minha avó contava aquelas coisas era a naturalidade com que o fazia, como se estivesse a falar de coisas normalissímas.
Mas porque não haveria de o fazer dessa forma? Como ela disse tantas vezes, ela e outras pessoas da mesma geração dela, "naqueles tempos as coisas eram assim".

É de apreciar esta abertura de espírito.