Respeitar as opiniões dos outros, mas...

     Muitas vezes dizemos e ouvimos dizer por aqui frases como "eu respeito a tua opinião, mas em minha opinião...".

     Qual será o motivo inconsciente que nos leva a esgrimir argumentos que contrariam as opiniões de terceiros se achamos que para nós é indiferente a forma como os outros pensam?

    Se virmos o que acontece como simples observadores, apercebe-mo-nos que todos temos como que uma necessidade de expôr as nossas ideias e convicções, talvez não seja tão fácil é aperceber-mo-nos da necessidade inconsciente que temos de que a nossa opinião seja aceite por alguém. E fazemo-lo por necessidade de apoio nestes assuntos em que é a fé e a crença que imperam.

    Bem fundo na nossa mente existe sempre a dúvida e para acalmar essa dúvida precisamos do apoio de quem pense como nós. Basta dar conta do bem estar e quase que alivio, quando alguém responde a concordar com o que dizemos.

    Pelo contrário, senti-mo-nos frustrados e quase nos sentimos ofendidos, quando a opinião de terceiros contradiz a nossa opinião apresentada. Respondemos de seguida dizendo "eu respeito a tua opinião, mas..." e de seguida apresentamos os nossos argumentos. Na verdade e se soubermos fazer uma analise ao nosso intimo, o que estamos a dizer é: "vê lá se mudas de ideias que não sabes o que dizes".

    Não fiquem ofendidos porque isto é uma constatação e eu mesmo me sinto incluído no grupo. Nestas coisas que extrapolam os sentidos, somos comandados pelo subconsciente que, na falta de provas que garantam a realidade do que dizemos ser a verdade, necessita da existência de outros que pensem de igual forma para se apoiar na ideia que se tem como certa.

    Quando apresentamos uma opinião diferente da dos outros dizendo o que pensamos (à quem o faça só para contrariar), não estamos só a expôr a nossa ideia, estamos a lutar contra a possibilidade de constatar-mos que podemos estar errados. É o nosso subconsciente que nos instiga a responder por se sentir incomodado no que tem como possivelmente certo. É esse possivelmente certo que nos leva a contrariar as teorias opostas. É a possibilidade intima de existir erro nas nossas ideias que nos instiga a uma fuga para a frente para que a ideia diferente dos outros não possa ganhar raízes na nossa consciência.

    É tudo uma questão de auto-defesa do nosso subconsciente.

    Se eu respeito mesmo a opinião de terceiros, pela força desse mesmo respeito não a contradigo, pelo menos em público. E se a contradigo é porque o meu intimo se sente de alguma forma ameaçado por uma forma diferente de ver as coisas, e de que haja outros a aprovar essa opinião diferente da minha.  De outra forma não me sentiria incomodado e evitava a minha opinião.

    Quem de alguma forma vem parar a um fórum como este, fá-lo pela necessidade inconsciente de se sentir apoiado no que pensa e nunca com a intenção de vir aqui mudar de ideias.

    O subconsciente é assim mesmo que nos faz agir e é dessa forma que nos leva a procurar respostas e soluções. Não fosse assim e estaríamos estagnados no conhecimento por falta de incentivo a procurar respostas para o que desconhecemos.

    Bora lá a opinar neste fórum, pois é a conversar que a gente se entende e satisfaz o subconsciente nas suas bizarrices.

Eu respeito a sua opinião, mas...estou a brincar!!
É verdade, ja notei que escrevo muito isso, e tambem que digo muitas vezes a palavra "eu", ou que estou sempre a dar exemplos pessoais, e por vezes tento evitar dizer tanto isso porque dá a sensação que estou a ser egoísta, quando isso acontece tenho sempre a mesma imagem na mente (lá estou eu outra vez ) teria eu 5 anos, e fui num passeio do infantário e recordo que por um motivo egoista fiquei a chorar agarrada a uma árvore (não foi bonito de se ver) e lembro de a educadora estar a dizer que eu não tinha motivos para aquilo, e que estava a ser egoísta e mimada (ela tinha razão) e sempre que começo a falar demasiado de mim, surge sempre essa imagem como uma espécie de lembrete de que devo moderar um pouco.
Parabéns pelo tema do tópico, como sempre aliás

Sem me alongar muito, vou dar a minha opinião sobre este texto.
Costumo gostar de ler o F. Leite não só pelos temas que aborda mas, principalmente, pela forma como os coloca e explica o seu ponto de vista.
Mas, neste caso, não posso de todo concordar com algumas das afirmações proferidas.

     Muitas vezes dizemos e ouvimos dizer por aqui frases como "eu respeito a tua opinião, mas em minha opinião...".

     Qual será o motivo inconsciente que nos leva a esgrimir argumentos que contrariam as opiniões de terceiros se achamos que para nós é indiferente a forma como os outros pensam?

     Se eu respeito mesmo a opinião de terceiros, pela força desse mesmo respeito não a contradigo, pelo menos em público. E se a contradigo é porque o meu intimo se sente de alguma forma ameaçado por uma forma diferente de ver as coisas, e de que haja outros a aprovar essa opinião diferente da minha.  De outra forma não me sentiria incomodado e evitava a minha opinião.

Uma coisa é respeitar a opinião dos outros, outra bem diferente é discordar ou querer que a pessoa mude de opinião. Eu sou dessas pessoas que normalmente dizem "respeito" ou "entendo" a tua opinião mas acho que a minha é a seguinte... e com isto não quero de forma alguma influenciar a pessoa ou fazê-la crer que a minha opinião está mais certa ou errada que a dela. São, pura e simplesmente, opiniões.

Não posso por isso me identificar com o seu texto. É a mesma coisa relativa aos clubes de futebol. Respeito quem é de outra equipa e não os vou fazer mudar por isso. Aceito e respeito as pessoas com as suas crenças, ideais, manias, defeitos, virtudes, cores partidárias ou clubísticas. Mas isso sou eu, se calhar outros não pensam assim e, lá está, apesar de não concordar, respeito.

       Bem fundo na nossa mente existe sempre a dúvida e para acalmar essa dúvida precisamos do apoio de quem pense como nós. Basta dar conta do bem estar e quase que alivio, quando alguém responde a concordar com o que dizemos.

   
     Quem de alguma forma vem parar a um fórum como este, fá-lo pela necessidade inconsciente de se sentir apoiado no que pensa e nunca com a intenção de vir aqui mudar de ideias.

Outras frases com as quais não posso concordar. Lá está, é a história do "respeito a sua opinião" mas tenho uma diferente.
No meu caso pessoal - e sim eu também uso muitas vezes os meus casos pessoais para dar uma opinião porque acho sempre importante conhecer outros casos e outras vivências - eu vim para este fórum à procura de informação, não para me sentir apoiada nem para me sentir bem quando alguém concorda comigo. Pelo contrário, dá-me mais gozo quando discordam e apresentam pontos válidos de discussão, pois dessa forma faz-me pensar e motiva-me a procurar saber mais.

Mas isto é o meu caso. Acredito que as suas palavras sejam o que acredita e que representem uma realidade, mas não é a minha, daí vir expor a minha opinião contrária à sua, sem querer de forma alguma influenciar para que mude de ideias.

Para mim este fórum funciona como troca de ideias, nunca como de verdades incontestáveis. Porque se alguém daqui as tivesse, duvido, que ainda se desse ao trabalho de ler o fórum.

E já me alonguei demais...

Sem me alongar muito, vou dar a minha opinião sobre este texto.
Costumo gostar de ler o F. Leite não só pelos temas que aborda mas, principalmente, pela forma como os coloca e explica o seu ponto de vista.
Mas, neste caso, não posso de todo concordar com algumas das afirmações proferidas.
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E já me alonguei demais...

   Não Jo, não se alongou demais. Só disse 1/3 do que lhe vai na alma.

   A intenção do tópico é mesmo essa, que as pessoas sintam o seu subconsciente a manifestar-se, a revoltar-se, a defender-se.

   Nós para sermos felizes precisamos de conhecer o nosso intimo e é no desafio que nos conhecemos, seja nas glórias, seja nos fracassos. Se não formos desafiados nunca nos conheceremos, senão pela imagem que o espelho dá de nós mesmos.

   A intenção é que as pessoas se consultem, se perguntem: E eu, também ajo assim? E que façam a sua própria auto-crítica. Se forem honestos nessa auto-crítica, ficarão a conhecer-se um pouco melhor e ao seu intimo.

   Por acaso já tinha pensado que em muitas situações é assim, como eu relatei, que o nosso intimo funciona? E se eu generalizei foi de forma propositada, não para ofender, mas para que as pessoas se questionem.

   Conhecer-nos a nós mesmos deveria ser o primeiro passo do nosso conhecimento. E nós não nos conhecemos a nós mesmos e de tal forma que reagimos mal sempre que alguém nos indica falhas ou defeitos no nosso comportamento. Isto acontece porque são os outros que estão errados e não sabem ver-nos como nós somos, ou somos nós que, por instinto, nos vemos com um olhar que não consegue alcançar o que os outros vêm em nós?

    Não Jo, não se alongou demais. Só disse 1/3 do que lhe vai na alma.

    A intenção do tópico é mesmo essa, que as pessoas sintam o seu subconsciente a manifestar-se, a revoltar-se, a defender-se.

    Nós para sermos felizes precisamos de conhecer o nosso intimo e é no desafio que nos conhecemos, seja nas glórias, seja nos fracassos. Se não formos desafiados nunca nos conheceremos, senão pela imagem que o espelho dá de nós mesmos.

    A intenção é que as pessoas se consultem, se perguntem: E eu, também ajo assim? E que façam a sua própria auto-crítica. Se forem honestos nessa auto-crítica, ficarão a conhecer-se um pouco melhor e ao seu intimo.

    Por acaso já tinha pensado que em muitas situações é assim, como eu relatei, que o nosso intimo funciona? E se eu generalizei foi de forma propositada, não para ofender, mas para que as pessoas se questionem.

    Conhecer-nos a nós mesmos deveria ser o primeiro passo do nosso conhecimento. E nós não nos conhecemos a nós mesmos e de tal forma que reagimos mal sempre que alguém nos indica falhas ou defeitos no nosso comportamento. Isto acontece porque são os outros que estão errados e não sabem ver-nos como nós somos, ou somos nós que, por instinto, nos vemos com um olhar que não consegue alcançar o que os outros vêm em nós?

Agora está a colocar as coisas de outra forma. Como se estava a referir apenas ao fórum e aos comentários, foi disso que falei.

Em termos gerais, sim, concordo que muitas vezes não aceitamos bem as críticas, eu que o diga. Não aceito, mas depois "vou para casa" a pensar nisso. E se vir que realmente há algum fundo de razão, sou mulher suficiente para o admitir e mudar as minhas atitudes. Se soubesse a quantidade de vezes que isso já me aconteceu ao longo da minha vida...

Mas não, não disse 1/3 do que queria. Disse apenas o que me ia na alma depois de ler o texto e referindo-me apenas ao fórum. Mas de forma nenhuma estava a defender-me, estava apenas a dar a minha opinião. Porque acho que nem toda a gente é assim.

Mas se era essa a sua intenção, conseguiu

Não costumo usar essa expressão, porque sei exactamente que ao comentar vou contrapor a afirmação de outrem, tentar que as minhas ideias e crenças "abram os olhos" dos outros. E por mais que o faça com toda a educação e bom senso, vai se gerar uma discussão,  porque irá aparecer algum fanático de uma teoria contrária que só não me irá apedrejar, porque essa é a vantagem de um fórum.

Por exemplo respeito quem acredita em algo contrário ao que eu acredito.  E quando assim é, evito discussões sobre esse tema. Apenas ponho uma cara de paisagem e aceno com a cabeça.  Aceito a sua opinião e fico quieta.

Mas na realidade, é com a discussão,  saudável e sem fanatismo, obviamente, é que se aprende e se chegam a novas conclusões,  novos conhecimentos. 

Sem tentar impor as nossas ideias é que se aprende.