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  • Imponderabilidade
    Iniciado por KALKI
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Imponderabilidade




Imponderabilidade significa você não saber exatamente o que está acontecendo com você. Imponderável é o que não podemos avaliar.

Uma pessoa dentro de um avião sem janelas e em queda livre, não saberá se está no espaço na ausência de gravidade ou se está caindo. Sua situação é imponderável.

Aqueles que procuram de alguma forma caminhar na direção de sua realização passarão por vários momentos imponderáveis. Todo movimento é cíclico, ondular. Tudo se move dentro de um ritmo, de oscilações.

O caminho retilíneo, sem oscilações, é a apatia, a morte inercial. Você não está mais agindo, morreu e está sendo levado. Apenas não sabe disso. Segue sua vida dia após dia fazendo as mesmas coisas, sem questionar porque o faz nem saber exatamente porque continua fazendo aquilo.

O verdadeiro caminho em direção a alguma coisa é oscilatório, você sofre perturbações, desce e sobe, precisa agir, ter consciência, atuar constantemente, viver ! Age e reage ao meio, questiona o porquê das coisas, cria coisas novas e faz com que o início de cada dia seja o início de uma nova jornada, com infinitas possibilidades.

A oscilação, aquela linha curva como o serpentear de uma cobra é vida, é a busca do conhecimento, como um ser tentando estar ao mesmo tempo em todos os lugares, subindo, descendo, na esquerda, na direita, ...  tentando provar um pouco de tudo que está a sua volta, insaciável.

A reta é a morte, é um cadáver à deriva, sem desejos e sem vontade.

Nestas oscilações corremos o risco de nos desviar da rota. Como saber o quanto nos afastamos do centro ? Como saber se estamos seguindo o ritmo oscilatório e voltaremos ao centro ou se nos perdemos do caminho ? Esta é a imponderabilidade do viajante !

Como em um avião sem janelas, não temos referências, nosso centro, nossa referência está em nosso ser superior. Mas se oscilamos e nos afastamos dele, mesmo que temporariamente, iniciamos um voo cego.

Como confiar e em que confiar, onde nos agarramos ?

Podemos nos aventurar um pouco mais e nos afastar um pouco mais do nosso centro. Neste caso, conseguiremos voltar ?

Ao nos permitir trilhar caminhos mais distantes de nosso centro iniciamos uma verdadeira aventura pela busca de novos conhecimentos. Neste voo cego, nossa única referência somos nós mesmos. Não podemos perder a capacidade de introspecção, de encontrar nosso centro, voltar a ele e nos tornarmos o observador.

Ficar na posição de observador e contemplar a viagem é uma das mais belas experiências de nossa jornada.

Bela não pelos inúmeros perigos que contém, mas pela vida efervescente que ela possui, pelas inúmeras possibilidades, é o Todo na sua manifestação plena, e o perigo é apenas uma consequência desta aventura. O maior destes perigos é a vaidade, aquela síndrome de grandeza que nos engana e nos dá uma falsa sensação de a tudo controlar quando já perdemos o controle há muito tempo e estamos apenas despencando pelo penhasco. Não sentimos a gravidade porque já estamos em queda livre dentro do escuro absoluto.

Esta beleza, irmã da loucura traz as maiores promessas de recompensa.

Observar nos permite absorver a beleza de cada experiência, mas nos entorpece com a beleza do conhecimento. Esta embriaguez pelo belo pode nos levar a sensação de grandeza pela posse, ou de humildade pela compreensão da nossa insignificância. Esta é a grande armadilha que pode nos impedir de voltar ao caminho.

Na verdade não é o observador que se embriaga, somos nós que abandonamos o observador e entramos na experiência.

Novamente o imponderável, a perda da referência nos assola e nos tenta. É a beleza do conhecimento que nos puxa.

Viver sem perder a condição de observador é o nosso desafio.

Controlar o imponderável.







através de Pramashanti

A verdade doi, mas liberta

"o imponderável penetra o impenetrável."
Lao Tsé