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Detidos 225 feiticeiros na Tanzânia

A polícia da Tanzânia anunciou, esta quinta-feira, a detenção de 225 feiticeiros e adivinhos tanzanianos, durante uma megaoperação realizada em várias partes daquele país da África Oriental para travar a onda de ataques e assassinatos de albinos. Segundo o porta-voz da polícia, Advera Bulimba, a intervenção policial, que vai ser alargada a todas as 30 regiões do país, resultou na prisão de alguns cidadãos "encontrados na posse de vários itens, nomeadamente pele de lagarto, dentes de javali, ovos de avestruz, caudas de macaco, de mula, garras de aves e pele de leão".

Na Tanzânia, os albinos são alvo de ataques regulares, vítimas de crenças que atribuem poderes mágicos aos seus órgãos, que, de acordo com os políticos, são utilizados por feiticeiros e curandeiros e vendidos por cerca de 600 dólares (557 euros).

Na terça-feira, as autoridades policiais tanzanianas detiveram sete suspeitos no âmbito do inquérito sobre a agressão a uma criança albina de seis anos, a quem foi cortada uma mão no fim de semana passado.

O rapaz, Baraka Cosmas, foi atacado no sábado à noite quando dormia com a mãe, na localidade de Kipenda, na região de Rukwa, no sudoeste da Tanzânia.

Em comunicado hoje divulgado, Advera Bulimba disse que a campanha policial teria como alvo toda a rede de "gangsters", comerciantes e feiticeiros, acrescentando que 97 dos detidos já foram apresentados no tribunal.

A nota também apelou aos líderes religiosos, anciãos tradicionais, políticos e jornalistas "para continuarem a campanha de consciencialização contra as crenças supersticiosas que estão a atrasar o desenvolvimento do país".

O anúncio de hoje é feito poucos dias depois de o Presidente tanzaniano, Jakaya Kikwete, ter considerado que os ataques em curso contra as pessoas com albinismo, cujas partes do corpo são usados para bruxaria, são atos "repugnantes e um grande embaraço para a nação".

Segundo um especialista da ONU, mais de 70 albinos foram mortos desde 2000 na Tanzânia.

O Alto-Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad Al Hussein, apelou hoje para que se lute contra a impunidade, após a subida de ataques contra albinos na África Oriental.

A ONU indicou que a situação se deteriorou na Tanzânia e no Malaui.

Nos últimos seis meses, pelo menos 15 albinos foram raptados, feridos, mortos ou vítimas de uma tentativa de rapto na África Oriental, tendo-se registado três incidentes apenas na última semana, lamentou um porta-voz do Alto Comissário, Rupert Colville, num encontro com jornalistas.

O albinismo é uma ausência total de pigmentação na pele, sistema piloso e íris, devido a fatores genéticos. A doença, hereditária, atinge um ocidental em 20.000, mas afeta um tanzaniano em 1.400, devido sobretudo aos casamentos consanguíneos, de acordo com especialistas.



Fonte:MSN

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