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  • A minha gata pariu no meu braço
    Iniciado por cepticooucrente
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Estava sentada ao computador quando a minha gata apareceu e me chamou. Enorme, de olhos muito abertos, veio uma e outra vez ao pé de mim até eu perceber finalmente que era suposto segui-la.

– O que foi, Mia? Onde me queres levar?

Ao armário onde guardo as minhas camisolas de lã. Era lá que a minha gata desejava trazer ao mundo a ninhada que há dois meses lhe pesava na barriga.

Conheço-lhe a teimosia, semelhante à minha. Ela estava decidida, não valia a pena contrariá-la... pelo menos muito. Fui a correr buscar o caixote que havia preparado para o momento e coloquei-o perto do local que ela escolhera.

– Pode ser aqui... mas no caixote. Temos acordo, Mia?

Também ela me reconhece a teimosia. Aquele era o meu único meio-termo possível, por isso cedeu. Aninhou-se no caixote, com as suas patas sobre o meu braço e, sem tirar os olhos dos meus, suplicando-me que ficasse, começou a parir. Por cada filho que lhe saía, lambia-me a mão. A dor era intensa, mas eu estava ali com ela e por ela. Eu sabia o que era aquela dor. Assim como sabia o que era a alegria que se lhe seguia. A sua curiosidade por aqueles que saíam de dentro dela. A ternura com que os pegou e os colocou junto ao seu corpo. A sua vontade de os nutrir, de leite e de amor. Amor e mais amor. Incondicional. Tudo aquilo eu senti. Em tudo aquilo que a minha gata vivia, me revi.

E, de repente, senti-me recuar à criação do universo, ao surgimento de vida no nosso planeta, ao feminino e masculino, em tantas formas de vida, completando-se e fundindo-se para que a vida aconteça, se expresse e se multiplique, num jogo de forças único e apaixonante.

Poderíamos ser um planeta em que todas as formas de vida tinham um só género. Mas, por alguma razão que desconhecemos, o mundo encheu-se de feminino e masculino, mulheres e homens que, ao fim de mais de cem mil anos de existência, não compreenderam ainda que o mundo precisa das características intrínsecas de ambos para existir. Não fomos nós que nos fizemos assim. Nem acredito que, num universo tão inteligente, existamos dessa forma por razão nenhuma. Por isso não faz sentido a separação, a imposição, a opressão, tão pouco a competição, se existimos tão-somente para a harmónica cooperação (em liberdade e consciência) que regula toda a natureza.

Nos dias que correm, o homem procura outra Terra, outro planeta que nos possa suportar. Não é mais ficção científica, é uma realidade que os nossos filhos, os nossos netos ou bisnetos terão de enfrentar. Por isso mesmo – e porque, muito provavelmente, teremos de começar tudo de novo algures no universo – seria uma boa hora para colocarmos uma das mais elementares questões: por que razão existirão seres femininos e masculinos? Que contributo vital pode dar cada um dos géneros (e que está longe, muito longe, de se esgotar na maternidade)? Num novo mundo, num novo tipo de sociedade, de que forma poderiam ambos os géneros articular-se para que todos os abusos, subjugações, opressões e desigualdades deixassem de existir? De que forma o melhor de cada género poderia ser potenciado e canalizado para um bem comum?

Talvez este novo mundo seja uma utopia, aqui ou noutro planeta qualquer. Felizmente, a esperança é também humana e transversal a ambos os sexos. A capacidade de iniciativa também. Por isso cabe-nos a nós, homens e mulheres, continuar a procurar essa fórmula mágica da saudável convivência. Esse "porquê" e esse "para quê" de sermos como somos, para sermos finalmente, de uma forma profícua para todos, tudo aquilo que podemos ser...

Fonte: mariacapaz.pt

adorei o texto... e identifico-me com a situação completamente, pois já passei pelo mesmo várias vezes... não só com as várias gatas que já tive como também com 2 cadelas... (uma ainda tenho)...

quem passa por uma sitiação dessas, não tem dúvidas que os animais têm sentimentos tal como nós... já quem não lida sequer com animais... pensa neles como animais... e acaba por tratar outros humanos como tal...
a minha religião é a verdade...