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  • Rituais de Morte
    Iniciado por sofiagov
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sofiagov

A morte é o génio inspirador, a musa da filosofia, sem ela provavelmente a humanidade não teria filosofado.
Desde os primórdios da civilização, a morte é considerada um aspecto que fascina e, ao mesmo tempo, aterroriza a humanidade. A morte e os supostos eventos que a sucedem são, historicamente, fonte de inspiração para doutrinas filosóficas e religiosas, bem como uma inesgotável fonte de temores, angústias e ansiedades para os seres humanos.
Falar sobre morte, provoca um certo desconforto, pois damos de caras com uma finitude, o inevitável, a certeza de que um dia a vida chega ao fim.


Montes do Silêncio

Zoroastrianos
Na tradição zoroastriana, assim que um corpo deixa de viver, ele pode ser imediatamente invadido por demônios e tornado impuro. Para prevenir essa possessão póstuma, os seguidores de Zoroastro purificavam os corpos de seus mortos expondo-os aos elementos no topo das dakhmas, torres construídas sobre os platôs do deserto.

Segundo a tradição — que remonta a mais de 3000 anos — os corpos dos falecidos, devidamente despidos, eram abandonados no topo das torres formando três círculos concêntricos. Os homens ficavam na circunferência mais externa; as mulheres no círculo intermediário e as crianças formavam o anel interno. Os cadáveres eram abandonados até serem desintegrados naturalmente ou despedaçados pelas aves de rapina do deserto.

Após esse processo de purificação, os ossos eram retirados e guardados em ossuários localizados no interior das torres ou dentro delas. Monumentos fúnebres dos zoroastrianos, essas torres-ossuários existiam em grande parte do sul da Ásia — foram descobertas dakhmas dos séculos IV e V antes da era comum nas proximidades de Mumbai, na Índia.

Mas as mais famosas dessas torres eram conhecidas como Torres do Silêncio. Situadas em Yazd,  no Irã, elas continuaram a ser usadas até o começo dos anos 1970. Mas a crescente urbanização deixou as dakhmas incomodamente próximas dos limites urbanos de muitas cidades, obrigando o governo iraniano a proibir o milenar ritual fúnebre.

Aos poucos mazdeístas que ainda restam no mundo (cerca de 120 mil), sobrou apenas a opção de cremar seus mortos. Embora não sejam mais usadas cerimonialmente, as Torres do Silêncio continuam a ser uma grande atracão do deserto iraniano.



Hinduísmo
No Hinduísmo o morto é completamente consumido pelo fogo, destruído até às cinzas, que eram lançadas ao vento, ou nas águas dos rios. Sendo tratado como vítima de um sacrifício, a destruição do cadáver marcava a Destruição integral da sua existência, ficando livre de todos os seus pecados. Após a cremação, a família é considerada impura e deve tomar um longo banho ao voltar para casa. O período de reclusão dura de 7 a 40 dias. Todos ficam em casa, comem só coisas leves, livram-se dos pertences do morto e fazem orações. Durante o período, os familiares não frequentam templos nem o comércio.

Nesta sociedade a morte era interpretada como a via de acesso ao Absoluto, ao Eterno, e à paz originária:
As comunidades hindus não procuravam a sua permanência na terra.
A lenda desta sociedade, diz que quando a "mãe terra" se encontrava sobrecarregada de pessoas vivas, apelava ao deus Brahma, que enviava a "mulher de vermelho" (que representa a morte, na mitologia ocidental) para levar pessoas, aliviando assim, os recursos naturais e a sobrecarga populacional da "mãe-terra".



Sociedade Grega
Os antigos gregos praticavam o mesmo gesto cultural – a incineração – com um sentido completamente diferente da cremação entre os hindus. No caso dos gregos, as cinzas não eram lançadas ao anonimato dos ventos, mas cuidadosamente guardadas em memória dos mortos, como os hindus, os antigos gregos cremavam os corpos dos mortos, como sacrifício de tudo o que era mortal e findável, para preparar a passagem dos mortos para uma outra condição de existência, a condição social de mortos.

No entanto, em sentido totalmente oposto ao dos hindus, o sacrifício não tinha a intenção de apagar por completo as memórias do falecido, de dissolver para sempre sua identidade, fundindo-a com o Absoluto, mas de determinar dois tipos diversos, de mortos: de um lado, a morte regular, uniforme e anónima, que afrontavam o comum dos mortais. Esses eram os cadáveres cremados colectivamente e depositados numa vala comum. Do Outro lado, eram levados à pira crematória os corpos falecidos dos grandes heróis, na cerimônia da bela morte, a morte precoce no campo de batalha – aquela cuja marca distintiva estava em ser a atestação mais efetiva da virtude e da excelência. Essa morte tornava distinto, tornava aristocrático e, em sentido grego, verdadeiramente imortal o morto.

Na mitologia grega, acreditava-se que o ceifador fosse o "Caronte", o barqueiro dos mortos, também conhecido como barqueiro de Hades, que levava os mortos através do rio Estige e Aqueronte. Quando alguém morria eram realizados rituais onde se colocavam moedas sobre ou dentro da boca do morto (em outros lugares da Grécia a moeda era colocada sobre os olhos), para que pudessem pagar pela travessia do rio até o inferno, e aqueles que não tinham a moeda para pagar a travessia eram condenados a ficar vagando por 100 anos. Para eles isso explica que, os supostos fantasmas que hoje conhecemos, são as almas daquelas pessoas que não puderam pagar a travessia.



Judaísmo
A mais antiga das religiões ocidentais fundamenta-se nas escrituras deixadas pelos profetas na Bíblia Sagrada. A vida é preparação para um mundo vindouro; a cremação é proibida. Judeus não velam mortos com caixão aberto, pois a exibição do corpo é considerada desrespeito. Os homens são enterrados com seu xale de oração. Durante a cerimonia, o rabino discursa e os filhos homens recitam oração (kadish). O luto judaico acontece em três fases: shivá – sete primeiros dias; shloshim – período de 23 dias; avelut – estende-se até o primeiro ano após o falecimento, porém só deve ser observado pelos filhos.
Após o enterro, alguns grupos da religião judaica não costumam ir direto para casa; os enlutados mais próximos alteram a rota, param em algum lugar e pedem algo doce para comer. O desvio do caminho é feito para "despistar o anjo da morte" e o açúcar ingerido disfarça o amargor causado pelo óbito.

Ao voltar do cemitério, a família fica em casa, de luto, por sete dias. Três vezes ao dia, fazem orações e recebem visitas. Tudo o que reflete, como espelhos e porta-retratos, fica coberto , para que o morto não "veja" a própria imagem. Ao fim do período de luto, a família caminha nas proximidades da casa.

O último ritual fúnebre dos judeus é a inauguração da lápide, que não é colocada no enterro. O tempo de espera varia de país a país: em Israel, segue-se o tempo mínimo, um mês; no Brasil, a lápide só é colocada 11 meses após a morte. Na cerimônia, o túmulo é coberto com um pano preto e pequenas pedras.





Cristianismo

Abrange as religiões que professam os preceitos deixados por Jesus Cristo, crê nos profetas bíblicos e no Novo Testamento dos profetas cristãos. Inclui Católicos, Evangélicos, Pentecostais e Ortodoxos (o Espiritismo, que reúne os seguidores de Alan Kardek, é uma tradição particular nesse contexto, pois crê na reencarnação do espírito, que é eterno e evolui). Os cristãos crêem que após a morte o espírito vai para o céu ou para o inferno (os católicos crêem no purgatório), de acordo com os pecados que cometeu. Crêem no Juízo Final, quando os mortos ressuscitarão para uma vida eterna junto a Deus. Os rituais de morte e luto têm similaridades, incluindo: unção, velório, enterro e orações (cultos, missas).

O luto católico pode durar 7, 30 ou 365 dias, dependendo da vontade dos familiares. Antigamente, as mulheres vestiam preto por pelo menos um ano quando pai, marido ou filhos morriam.

O clássico ritual fúnebre dos católicos é a missa de sétimo dia, celebrada para iluminar a alma do falecido, já que acreditam em ressurreição.




Islamismo
Pertence à tradição dos profetas bíblicos, mas tem Maomé como último grande profeta. Vê a morte como passagem para uma próxima etapa; no Juízo Final acontecerá a ressurreição, todas as almas retornarão a corpos jovens e sem defeitos. A cremação voluntária é proibida. O caixão serve apenas para transportar o corpo até o cemitério; deve ser simples. O velório apenas serve para cumprir a burocracia ou aguardar um parente. Quanto antes for realizado o sepultamento melhor. Não há luto; para o islamita a morte deve ser vista como natural.
Em países árabes, três dias após a morte, parentes do falecido contratam vários qãri', profissionais que declamam o Alcorão ao lado da sepultura. O ato iluminaria o corpo em sua viagem até a eternidade. Ritual mais comum é o encontro de amigos e familiares, depois de 40 dias do óbito, para lembrar o falecido.




Budismo
Equipara a vida presente a uma situação de "sono", motivada pela ignorância que mantém o homem inconsciente de sua verdadeira natureza e preso a um ciclo de renascimentos e mortes (tudo é transitório e interligado). Ao obter a "Verdadeira Sabedoria", ele se liberta, alcançando o Nirvana ou estado de perfeição espiritual. Os budistas adoptam prioritariamente a cremação. Durante o luto é importante cultivar sentimentos de gratidão com relação aos familiares que se foram e aprender com o morto sobre a inevitabilidade da morte.
Após sete dias da morte, familiares e amigos reúnem-se para celebrar a memória do falecido, e esse encontro repete-se em intervalos de sete dias, até o 49º, completando sete reuniões.




Candomblé
De origem africana, entende que a vida continua por meio da força vital imperecível de cada um: o ori, que volta a reencarnar em outro corpo da mesma família. O rito funerário (axexé) começa após o enterro e pode durar dias; objectos pessoais do morto são quebrados e jogados em água corrente. A morte leva tempo para ser superada e mais tarde o ente que se foi interfere na energia do grupo ao qual esteve ligado.




Indonésia
A tradição da Indonésia diz que os mortos devem ser enterrados com uma mortalha cobrindo todo o corpo e amarrada sobre a cabeça, no pescoço e em outras partes do corpo.
A outra parte de lenda diz que a alma da pessoa morta fica 40 dias presa no corpo embaixo da terra e que após esse tempo os laços devem ser liberados para que a alma possa ir embora.



Funeral Celta
A morte não deve ser encarada com tristeza e sim com alegria, aquele nosso companheiro de vida, seja ele novo ou velho, homem ou mulher, presente em nossas vidas o tempo todo ou por alguns dias ou meses, estará se libertando da carne que o carregou durante sua vida para poder desfrutar de lugares e experiências que ainda não estamos prontos para conhecer.

Na época medieval era comum que certas tribos queimassem os corpos de seus mortos em enormes piras de madeira em respeito ao morto e houve casos em que o morto era posto em um pequeno barco e a certa distância da margem do rio eram ateadas fechas com fogo, levando o morto para a liberdade do vento e seus restos para as profundezas da água.

Já os Celtas não praticavam deste costume, todos aqueles que partiam desta vida para a outra deviam estar preparados e cada Clã cuidava disso a sua maneira. Para o morto era, e em alguns lugares continua sendo, preparado um tumulo adornada com objetos que serão necessárias a ele seja no Outro Mundo ou para a próxima vida. Guerreiros eram enterrados com suas armas e pintados como se fossem para o campo de batalha ao invés do tumulo, os homens comuns, eram enterrados com seus facões ou foices, mulheres comuns com utensílios domésticos como panelas de barro, os sacerdotes, tanto homens quanto mulheres, com seus instrumentos mágicos, athames, bastões e cajados, e os que eram considerados como príncipes e princesas, reis e rainhas eram enterrados com seus ouros e seus objetos valiosos.

Antes de o morto ser entregue ao seu tumulo era muito comum que sua cabeça fosse cortada e esmagada ou simplesmente enterrada há certa distância como prevenção de que seguissem o ciclo da forma correta e não ficassem presos a este Mundo.




Barcos Vikings
Vikings da Idade Média não só viveram como morreram à beira-mar. Depois de mortos, os mais ricos eram colocados em navios carregados com comida, jóias, armas, alimentos e às vezes até mesmo servos ou animais, tudo para o seu conforto na vida após a morte. Os barcos eram enterrados no solo, incendiados ou enviados para o mar.




"Enterros" Em Árvores

Tribos indígenas do mundo inteiro descobriram que a melhor forma de "sepultar" os mortos é colocá-los em cima, não embaixo. Em alguns locais da Austrália, do sudoeste americano e da Sibéria, por exemplo, as tribos praticam enterros em árvores, envolvendo o corpo em uma mortalha ou um pano e pendurando-o para se decompor.




Enterro em Cavernas Neandertais
Antes de começar a enterrar seus mortos no solo, há cerca de 100.000 anos, os Neandertais deixavam os falecidos no interior das cavernas da Europa e do Oriente Médio. Arqueólogos argumentam que para os Neandertais, as cavernas escuras e misteriosas pareciam um bom lugar para passar para outro mundo.




Cremação em Bali
No oriente há muitos funerais sombrios, porém as cerimônias de cremação entre os hindus de Bali têm uma atmosfera quase carnavalesca. Os corpos flutuam em um festival pelas ruas até um terreno em chamas, onde eles são transferidos para um recipiente e incendiados.




Mumificação
As múmias do Egito antigo são famosas no mundo dos cadáveres. Reservada para os membros das classes superiores, a mumificação envolvia a remoção de todos os órgãos, incluindo o cérebro, que era puxado pelo nariz por um gancho. O corpo era então preenchido com materiais como serragem seca e envolto em lençóis. Os egípcios acreditavam que mumificação preservava a alma durante sua viagem para o além.




Sociedade da antiga Mesopotâmia
Os povos mesopotâmios tinham por costume enterrar os corpos dos mortos da maneira mais escrupulosa, sendo o cadáver cuidadosamente acompanhado de todas as marcas da sua identidade pessoal e familiar, como os seus pertences, objectos de uso, roupa e até mesmo as suas comidas predilectas.

Era tido muito cuidado, para que nada faltasse na travessia, nada perturbasse, ou violasse, o espaço sagrado do túmulo, antes de ser enterrado era escolhido o local, tendo em conta a pertença do morto a uma determinada família ou importância Social. Situados junto às cidades, os cemitérios a elas pertenciam de modo essencial, marcando uma espécie de margem entre os limites do mundo dos vivos e o mundo dos mortos.
in almanaquemistico

Tópico muito interessante! Isto também é cultura!  ;)

Duas curiosidades: já vi, em algumas aldeias, viúvas e mães de luto o resto da vida! E já vi em África, festa durante uma semana! Não sei a que religião ou sociedade pertence, mas a tradição é festejar a partida daquele ente querido por ter ido para um lugar melhor e ter cumprido a sua missão na Terra. Fazem uma grande festa, muitas delas na praia, com cânticos, muita comida e bebida, uma verdadeira festa! Quem não sabe, pensa que é algum casamento ou aniversário! :)