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  • Mansão com fama de ser assombrada – Quinta da Paulicea (Águeda)
    Iniciado por Yesterdays Soul
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Localizada na baixa da cidade, na Avenida 25 de Abril. O melhor ponto de referência é o quartel dos bombeiros, que fica nessa rua (do outro lado da estrada), mais a baixo. A casa é fácil de identificar, é enorme e tem um vasto terreno murado.


(portão principal - 2003)

Em Águeda existe uma velha mansão à qual ninguém é indiferente. O seu aspecto evoca a típica mansão assombrada dos filmes de terror. Acredito que muitas das histórias que se contam sobre ela são inspiradas precisamente por esse lado estético, que consegues ser apaixonante e sombrio ao mesmo tempo e que estimula com facilidade a imaginação de todos os que estão habituados a ver a sua silhueta imponente na baixa da cidade. O facto de estar abandonada há décadas, situando-se num terreno com elevado valor imobiliário, bem no coração da cidade, também contribui para aguçar essas histórias. "Como é possível que ninguém pegue naquilo?", é uma pergunta repetida imensas vezes.


(foto de 2003)


(fachada actual)





(traseiras da casa - 2003)


No entanto, há imensos testemunhos de pessoas que já lá foram e que juraram a pés juntos ter experienciado fenómenos assustadores e sem explicação aparente. Antes de partilhar algumas desses relatos, vou fazer uma pequena retrospetiva histórica sobre o seu passado, sobre o qual sei muito pouco.




História da casa

A casa deve ter pouco mais de 100 anos. Foi construída por uma família aguedense que entretanto emigrou para o Brasil. Foi lá, em São Paulo, que nasceu Neca Carneiro, em 1907. Ainda criança, regressou a Portugal e à sua terra natal. Parto do pressuposto que terá passado a infância na casa, baptizada com o nome de um município de São Paulo: Paulicea.

Perdeu vários familiares (todos os irmãos segundo consta) com a gripe pneumónica de 1918. Reagiu à contrariedade e tornou-se um cidadão ilustre da cidade, devido à sua veia altruísta, tendo desempenhado um papel fundamental em diversos movimentos associativos, de ordem desportiva, cultural e social: Colaborou na fundação dos Bombeiros (onde foi bombeiro e director), fundou o Recreio Desportivo de Águeda (onde foi jogador, treinador e director), colaborou na fundação do orfeão de Águeda (onde foi músico e director) e criou inúmeros ranchos folclóricos na cidade. Casou mas nunca chegou a ter filhos, pois morreu aos 37 anos. Portanto desde 1944 que não tenho informações sobre os proprietários da casa. Fala-se que o seu abandono tem-se perpetuado devido a falta de entendimento de herdeiros, residentes no Brasil.

Sei que nos inícios da década de 70, quando os meus pais vieram para esta cidade, a casa já estava abandonada.
Penso que nos anos 90, houve um senhor que habitou na casa dos caseiros (fica numa extremidade do terreno, à direita da mansão) e ali instalou uma pequena oficina.


Relatos de encontros com o sobrenatural na casa:


Se eu for a escrever tudo o que já ouvi falar sobre a casa, estava aqui a noite toda. Vou apenas mencionar alguns casos que me foram contados em primeira mão por pessoas que passaram pela experiência, ou por pessoas ouviram o relato directamente de quem passou pelas experiências:

Um caseiro que tomou conta da casa contou a um familiar meu que era comum ouvirem-se imensos ruídos noturnos estranhos na casa. O mais arrepiante era o relinchar de cavalos, que surgia de repente a meio da noite e deixavam-no aterrorizado, pois há décadas que o edifício das cavalariças estava descativado e, consequentemente, não havia cavalos na propriedade.
Há quem diga que esse caseiro espalhava esses rumores de forma a manter curiosos e ladrões afastados da casa. Conta-se que ele chegou a andar com um lençol branco numa das janelas do último andar da casa, com o mesmo objectivo.   

De qualquer forma, a história do relinchar nocturno dos cavalos é reincidente. Já ouvi casos semelhantes mencionados pelo menos por outras duas pessoas (que não se conhecem) e que visitaram o local em situações diferentes. 

Tem havido algumas intervenções para debastar a vegetação e terraplanar algumas zonas do terreno e uma delas foi com recurso a uma pequena máquina-retroescavadora. Um amigo conhece o operador da máquina. Ele contou-lhe que quando se aproximou mais da casa com a máquina, sentiu a dor de cabeça mais intensa da sua vida (sendo que era muito raro padecer disso: "contam-se pelos dedos de uma mão as vezes que tive uma dor de cabeça em toda a minha vida", dizia-lhe). Acabou por ter de interromper a tarefa e abandonou o local. O trabalho foi concluído por um colega, posteriormente, mas não tenho informações se ele sentiu alguma coisa.

Uma amiga contou-me que sentiu uma carícia no cabelo, quando seguia atrás dos seus amigos, ou seja, não tinha ninguém atrás dela. Assustou-se mas não interpretou a situação negativamente.

Um conhecido, enquanto percorria a zona exterior da casa, afirma ter ouvido, distintamente, sons de piano provenientes do interior.

Um amigo diz que ouviu um som de um tiro do que aparentava ser uma caçadeira, já de noite, enquanto também estava na zona exterior. O som pareceu-lhe próximo, como se tivesse sido disparado perto dele. No entanto, ele estava acompanhado por outro amigo, que se encontrava a uns 50 metros dele e não ouviu absolutamente nada. Estranho.
Nessa visita, esse amigo diz que trouxe com ele uma carta manuscrita que encontrou lá dentro, na altura em que a casa ainda tinha algum recheio (ler próximo subtítulo). 
Esse amigo é médium e frequenta um centro de espiritismo. Lembro-me de na altura o ter criticado por ter trazido algo, ele disse que queria apenas fazer uma experiência de psicometria e que tencionava devolver o objecto à casa. Não sei se o chegou a fazer. Essa conversa aconteceu há uns 18, 19 anos.

Houve um grupo de conhecidos que me contaram que num Halloween foram para lá desenhar pentagramas, beber umas garrafas e fazer "umas evocações". Dizem que a determinado momento um deles levou uma lambada. Não atribuo muita credibilidade a esse relato. Se aconteceu, acredito que terá sido um dos elementos do grupo a fazê-lo, como uma partida, embora eles me garantam que a pessoa estava sozinha num dos cantos da divisão. De qualquer maneira, nunca me pareceu uma história credível, até pela índole das pessoas em causa.

Há vários relatos de vultos avistados nas janelas, mas como há indícios de lá ter habitado um sem-abrigo (ler próximo subtítulo), isso pode ter uma explicação normal.   


A experiência da visita à casa:


Durante anos senti-me fascinado com esta casa. Por volta dos 16 anos, cheguei a ter tudo combinado para lá ir com um grupo de amigos. No entanto, um deles desistiu, amedrontado, e esse sentimento acabou por contaminar a maioria do grupo. Depois fui estudar para outra cidade, onde fiquei a viver muitos anos, e o plano ficou eternamente adiado. Curiosamente, foi finalmente cumprido há dois meses atrás. O tema surgiu em conversa (foi quando ouvi o relato da retroescavadora) e foi decidido de forma espontânea. Concluí que um dia a casa desabava e eu ia lamentar nunca a ter conhecido por dentro. Por isso combinei com dois amigos e lá fomos. O amigo que ouviu em primeira mão a história da retroescavadora não quis ir.

Numa das extremidades do terreno há uma torre de castelo.


(torre - 2003)

Antigamente, era este o ponto de acesso mais comum. Entrava-se por uma janela da torre, desciam-se umas escadas e havia um acesso que levava às traseiras da casa. No entanto, presentemente, essa torre está engolida pela vegetação, ao ponto de até passar despercebida. Junto a essa torre há uma escadaria de pedra que leva a uma fonte. O caminho prossegue à esquerda da fonte. Mais à frente há uma zona onde é possível descer e entrar no terreno da casa.





Entrámos pelas traseiras. É uma entrada um bocado arrepiante, aparenta ser muito estreia, quase coberta pela vegetação. Leva directamente ao andar de baixo da casa, onde começam as escadas.



Tenho imensa pena de não ter lá ido antes – muitos anos antes - pois actualmente a casa está completamente nua por dentro. Não tem móveis, nem quadros, nem livros ou documentos, ou outros objectos que costumavam ser descritos quando alguém contava a sua aventura na casa.


(a sombra em baixo é a sombra do para-sol, que me tinha esquecido de retirar, ao usar o flash)



































A casa é lindíssima mas infelizmente está muito degradada e vandalizada. No primeiro andar existem murais com pinturas lindíssimas de zonas da cidade, que estão cheias de graffitis com mensagens idiotas. É difícil de compreender a falta de sensibilidade desse tipo de mentalidade vândala. Móveis já não existem. Apenas uma velha arca de latão, enorme, numa divisão no último andar. Mas está numa extremidade da casa com o piso todo esburacado, não arrisquei lá ir espreitar embora a curiosidade fosse muita.









(ainda por cima são vândalos burros)


(a tal velha arca de latão)














Fomos ao final da tarde e ficámos lá até às 23 horas, aproximadamente.

Quando saí da casa, enquanto a contornava ouvi um barulho enorme proveniente do último andar, parecia uma pancada seca. Sabíamos que não estava mais ninguém lá dentro, pois estivemos lá cerca de quatro horas e percorremos cada centímetro da casa. A casa tem um velho soalho de madeira que range imenso a ser percorrido, por isso não há passos que passem ali despercebidos. Atribui o barulho a alguma telha que, por coincidência, se soltou e caiu naquele instante, e não pensei mais nisso.

Senti-me sempre bem lá dentro, sem nenhum tipo de mal-estar. Já de noite, cheguei a estar num dos andares sozinho, separado dos meus dois amigos, e nunca senti algum tipo de desconforto. O entusiasmo monopolizava os sentidos todos.

Fiquei com a sensação que quem lá vai com respeito pela casa, para a conhecer e admirar, sem ter o mau intuito de a vandalizar, não é mal recebido lá. Não é que seja necessariamente bem-vindo, mas a sua presença é mais tolerada.   


Alertas importantes:

A escadaria em madeira e os pisos estão muito degradados. Não aconselho que levem grupos muito grandes (mais de 4 ou 5 elementos) e sugiro que subam a escada um de cada vez. Analisem muito bem os tectos antes de subir aos pisos de cima, pois há zonas que estão esburacadas nos tectos, sendo que nessas zonas o piso estará fragilizado no andar superior, mesmo que não tenha aspecto disso. Pelo mesmo motivo, aconselho que entrem na casa de dia e a explorem bem ainda com visibilidade, e então sim, caso seja a vossa intenção, permaneçam lá até anoitecer, já com uma noção do espaço e das armadilhas que a estrutura pode ter apresentar com visibilidade reduzida.

Há lá indícios da presença de um sem-abrigo, embora o colchão tenha aspecto de não ser usado há imenso tempo (está coberto por uma densa camada de pó). De qualquer forma, não é incomum deslocarem-se lá grupos com as mais variadas intenções. Desde rituais (um amigo já encontrou lá vestígios disso) a meras bebedeiras, até paintball lá dentro já jogaram, a contar pelas inúmeras marcas de tinta. Por isso, tenham cautela relativamente a encontros imediatos com "assombrações de carne e osso".

Embora a casa seja muito visitada, sei que existe uma pessoa responsável pelo espaço e que não gosta que as pessoas saltem os muros e invadam o espaço. Caso vão lá, o ideal seria tentar descobrir quem é a pessoa e pedir autorização. Caso tal não seja possível, sejam discretos e por favor respeitem a propriedade.



P.S. As fotos do interior da casa tiveram tratamento apenas ao nível de acertos de luminosidade e contraste. Se por acaso quiserem alguma das fotos sem qualquer tratamento, posso disponibilizar.
"What we do in life echoes in eternity"


Bom tópico, está muito completo.
Adorei a casa, é pena ter chegado e esse estado de degradação. Além da ação do tempo há quem se entretenha a vandalizar.  ::)

Excelente tópico! Essa casa tem um aspecto misterioso e merece uma investigação detalhada,

linda essa mansão que pena ter chegado a este ponto...excelente tópico,bastante completo,excelente reportagem,gostei bastante :)

 ficares ate depois das 3 da manha?
mas muito bom topico

Iei Or (faça-se luz)
Shalom Aleichem


Se não estou em errol, é o segundo tópico acerca desta casa...
Templa - Membro nº 708

Obrigado a todos. :)
Entretanto encontrei um site com algumas fotos do interior da casa, tiradas em 2007, com alguns motivos (móveis e decoração) que hoje são inexistentes. Vou postar as fotografias (autoria de Eduardo Silva).


(escadas que levam à cozinha)


(entrada da cozinha)


(banca cozinha)


(móvel cozinha)




(ornamentos de madeira retirados/roubados)


(ornamentos de madeira retirados/roubados)


(tecto em melhor estado do que o presente)

Templa, na altura pesquisei e não há qualquer tópico com as designações "Águeda" ou "Paulicea", relativo a esta casa. Há um tópico intitulado "Casarão em Águeda", mas é relativo a outra casa, também muito interessante e que também já visitei, tendo deixado algumas fotos e um pequeno relato da experiência nesse tópico. A dada altura, alguém confunde a casa desse tópico com a casa que menciono aqui, mas a dúvida foi elucidada. ;)

Jgof, pretendo fazê-lo, embora tenha se ser um plano muito bem preparado e idealizado, pois há vários cuidados e condicionantes a ter em conta. A casa fica no centro, está virada para uma avenida muito transitada e qualquer vestígio de luz à noite (lanternas ou flashes das máquinas) será facilmente percepcionado, sendo que as visitas não são toleradas, nem pelo responsável pela casa, nem pelas autoridades. No entanto, ressalvas um ponto engraçado que me deu uma ideia para um novo tópico. ;)
"What we do in life echoes in eternity"


Excelente, muitas fotos e óptima discrição...

Eu neste momento só consigo pensar, que desperdício, uma casa assim merecia ser restaurada e criar tipo um pequeno hotel charme. Magnifica.
Be good or bad.... Your Call.

Pena eu estar longe, porque fiquei fascinada com a mansão  :laugh:
"A solidão pode nos magoar mas pelo menos tem a vantagem de não nos trair!!"

Citação de: Guerreiv em 09 outubro, 2014, 17:33
Eu neste momento só consigo pensar, que desperdício, uma casa assim merecia ser restaurada e criar tipo um pequeno hotel charme. Magnifica.
.

Também era o que eu mais gostava que acontecesse. Acho que ia ser fantástico para a cidade transformar a casa num hotel de charme, cheio de personalidade e identidade própria. Mas pelo que me foi dito, a estrutura está demasiado danificada para poder ser reparada, provavelmente só mesmo desabando e reconstruindo, o que quebra um bocadinho esse encanto. No entanto, gostava muito mais dessa opção do que a mais provável. Face à localização e ao valor imobiliário do terreno, um dia ainda vejo ali um condomínio de apartamentos. Seria uma pena, pois são edifícios destes, cheios de história e peculiaridades que dão alguma cor às cidades. À medida que estas perdem esses traços de personalidade, perdem um bocadinho de si.
"What we do in life echoes in eternity"


Sim, como já foi referido atrás, tem donos e uma pessoa responsável que cuida do terreno. Segundo apurei, há intenção de venda.
"What we do in life echoes in eternity"