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  • O culto a natureza no século XXI - Peterson D
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"Acho impossível que um indivíduo contemplando o céu possa dizer que não existe um Criador." – Abraham Lincoln

Saudações,

Na coluna passada, propositadamente, criamos desconforto em alguns irmãos por colocar em evidência que a abstração divina criada por algumas religiões afastou os encarnados dos cultos a natureza e, por consequência, da ligação que os antigos possuíam com ela. A ausência dessa ligação de adoração e reverência pode ter contribuído (veja bem, ninguém está pondo a culpa em ninguém, apenas destacamos uma hipótese) para as atrocidades que presenciamos serem cometidas todos os dias, destruindo o que ainda resta dos pontos de força naturais e tratando a natureza apenas como uma fonte de riqueza material e não como a expressão do Criador.

Não sou nenhum "ecochato abraçador de árvores" como costumam dizer por aí, mas como um praticante de Umbanda e aprendiz de seus segredos naturais, achei prudente trazer esse raciocínio e provocação a todos, para que reflitam sobre essa relação.

Respondendo aos irmãos que comentaram, não estou acusando sua religião de ter sido responsável por nada, apenas trouxe um olhar sobre a questão que, até então, achava que não tinha sido observado. Até então sim, pois durante meus estudos, descobri que Pai Rubens Saraceni já havia dissertado sobre isso em um dos seus livros, o Doutrina e Teologia de Umbanda Sagrada.

O texto abaixo é cópia fiel do que está no livro, e acredito que vem a acrescentar naquilo que falei na coluna passada.

Aos irmãos que praticam as religiões verticais, fica uma pergunta: Se Deus é Onipresente e está em Tudo e em Todos, não está ele também na natureza? Depredá-la não seria um ato contra sua criação e, por consequência, um ato contra Ele?

Boa Leitura!

TFA


Ritual de Umbanda e os Antigos Cultos às Forças Regentes da Natureza – Retirado do Livro Doutrina e Teologia de Umbanda Sagrada, de Rubens Saraceni

Houve um tempo em que as religiões eram praticadas de uma forma muito simples.

Os povos cultuavam Deus que se mostrava sob a forma de uma boa colheita, de um bom tempo, de prosperidade para todos. A seu modo agradeciam com oferendas, cantos, danças, enfim, com festividades.

Para eles Deus era o sol que germinava as sementes lançadas à terra, era a própria terra que alimentava e dava vida às sementes, era a chuva bendita que vinha do céu para molhar a terra e fazer crescer as plantações, matar a sede e encher seus poços de água. As árvores que davam bons frutos também eram respeitadas e algumas eram objeto de culto.

Consequentemente a natureza era sagrada para aqueles povos simples. Eles encontravam Deus em todos os lugares, toda manifestação da natureza era uma manifestação divina. Chamavam essas manifestações de nomes que sobreviveram ao longo dos milênios até nossos dias. Em cada religião essas manifestações receberam nomes diferentes mas seus fundamentos são sempre os mesmos.

E por que isso? Porque Deus se manifesta a todos em todos os momentos e em todos os lugares. Eles eram simples e Deus era encontrado nas coisas simples.

Com o passar dos séculos a humanidade evoluiu em todos os sentidos, e no que diz respeito à religião foram criadas doutrinas e leis que regulavam o modo de se cultuar Deus. Quem não se adaptasse a elas era considerado um herege, pagão, infiel, bárbaro e outras coisas ainda piores. O sacerdote deixou de ser um igual aos seus, passou a ser um guardião das leis por ele mesmo criadas. Passou a ditar normas de conduta ritual, deixou de auxiliar seus irmãos com o conhecimento das forças da natureza e deixou de responder às indagações mais simples sobre o seu dia-a-dia, seus problemas, suas angústias, suas aflições. Os sacerdotes eram a única ligação com Deus e assim ninguém mais conseguia encontrar Deus nas coisas simples, nos lugares comuns, mas apenas nos templos, a cada dia mais grandiosos, mais ornados, mais bonitos. Deus passou a viver no céu num lugar que ninguém sabe onde fica.

Deixaram de dizer que Deus está conosco no nosso dia-a-dia e que podemos encontrá-Lo em tudo e em todos os lugares pelas Suas manifestações mais diversas. Esqueceram-se de que na trindade divina, o Pai é o Criador, o Filho é a Sua Criação, e que o Espírito Santo é a sua Manifestação entre nós. Esqueceram-se de que Deus se manifesta nas mais diversas formas, a  todos e em todos os lugares e que o Espírito Santo nada mais é que a manifestação de seus mensageiros que nos acompanham em nossa caminhada rumo a Ele, o Pai, o Criador.

A Umbanda nada mais é que um retomo à simplicidade em cultuar Deus em aceitá-Lo como algo do qual nós também fazemos parte em vermos, nas manifestações dos espíritos, a manifestação dos nossos mentores espirituais ou como nós os chamamos, os nossos guias, e o templo de Umbanda é o local destinado a essas manifestações espirituais. Os mediadores de Umbanda nada mais são do que os antigos sacerdotes da natureza sempre dispostos a ouvir a quem quer que seja, sem lhe perguntar de onde vem, qual o seu credo religioso, qual a sua posição social, por que nada disso importa. O que interessa é que eles estão ali e que foram conduzidos por mãos divinas.

Na simplicidade do ritual umbandista é que reside a sua força pois não adianta um templo luxuoso cheio de pessoas ignorantes sobre a natureza do Ser Divino. Quantas vezes encontramos pessoas que nada sabem a respeito das forças divinas que habitam na natureza? Sobre isso um médium pode falar com um pouco de conhecimento já que os Orixás são os regentes dessas forças todas elas colocadas à nossa disposição desde o tempo da criação do mundo. Quando vamos a um local, um ponto de força da natureza, muitos nos olham como tolos ou como pagãos, e isso não é verdade. Se somos pagãos no modo de cultuarmos o Criador através de suas mais diversas manifestações, bárbaros são eles que estão distorcendo a essência do próprio Deus que cultuam.

A Umbanda é um movimento espiritual muito forte no astral e que sempre esteve ativo, muitas vezes com nomes diferentes mas sempre ativo. Cultuar os orixás na natureza nada mais é que reconhecer o lugar onde a Árvore da Vida dá os seus melhores e mais saborosos frutos. O crescimento de uma religião deve ser horizontal e nunca vertical. O crescimento vertical das religiões levou os homens a se antagonizarem usando o nome de Deus como desculpa. Entenda-se por crescimento vertical a hierarquização do culto colocando-se vários sacerdotes sob as ordens de uns poucos. No processo de crescimento horizontal, todos os sacerdotes são iguais e têm os mesmos poderes e obrigações perante o conselho invisível dos Orixás. Todo crescimento vertical é perverso na sua execução por que poda os mais capazes em detrimento dos mais espertos, intrigantes ou astutos. Essa poda se dá no momento em que os mais capacitados em levar a mensagem ao povo são bloqueados.

O dom natural em relação a qualquer religião não é algo que se adquire numa escola. O máximo que uma escola pode ensinar é o ordenamento das forças desse dom e o aprendizado de seu uso em benefício dos que praticam aquela religião. Quando alguém tem um dom natural muito evidente os menos dotados logo começam a bloqueá-lo por simples inveja. Isso é comum em todos os rituais e religiões. Se aqueles que bloqueiam o dom natural de alguém dentro de uma crença religiosa soubessem o erro que cometem não iriam fazê-lo em hipótese alguma, pois o preço de tal atitude é muito alto.

O que importa atualmente é manter o maior contato possível com as forças da natureza pois aí está o maior mistério do ritual de Umbanda, o ritual aberto a todos os povos sem distinção de cor, credo ou raça, já que as forças da natureza atuam em todos os pontos do globo terrestre quase sempre de forma oculta. Antigamente a natureza regulava a vida dos seres e não o contrário. Eis por que havia um equilíbrio natural das populações e do meio de sustento das mesmas. O equilíbrio permaneceu por milênios incontáveis. Quando o expansionismo das religiões verticais se fez sentir nesses locais o culto das divindades naturais foi suprimido a ferro e fogo, a natureza foi desprezada e destruída e a lógica simples do seu ritual foi suprimida. Os espíritos guardiões olham para a natureza e vendo-a ser destruída tentam lutar contra isso. O ritual de Umbanda é uma tentativa de os espíritos guardiões da natureza reverterem esse processo de destruição da fonte da vida no planeta. Porém muita resistência está sendo colocada por parte dos adeptos das grandes religiões estabelecidas de forma vertical que não querem perder o poder, em detrimento da livre manifestação dos cultos à natureza.

Que Oxalá permita que possamos reverter esse processo de destruição por que se não conseguirmos isso virá o dia em que a falta de pontos de força para a livre manifestação do divino trará como conseqüência a esterilização do nosso planeta.

Que o ritual de Umbanda consiga na simplicidade do culto às forças da natureza em seus pontos de força, realizar a comunhão dos homens com o Criador por meio da sua melhor e mais saudável forma de culto, o culto na natureza.

Antes de Julgar, procura ser justo; antes de falar, aprende. Eclesiástico cap 18 verc 19

catuxo
Ola mano Lancelot

Eu fui educado no ceio de uma religiao vertical que francamente não pratico, mas respeito, aliás como outra qualquer religiao, culto ou "tendencia".

Na parte do texto que refere as religiões "horizontais" como preferíveis às religioes "verticais" no que respeita à "organizaçao das hierarquias", devo confessar-lhe que também considero "preferivel" nao podendo no entanto considera-la "melhor".

Considero que, se por um lado, nas religioes verticais a hierarquia estipulada ser responsável por defenir a "homogenidade" das matérias é mau, decerto que a "disperção" de interpretações a que as religioes horizontais estão sujeitas não será melhor.

Concordo no entanto que na sua essencia, ambas são a mesma coisa ou se preferir, consideram os mesmo objetivos. Concordo também que qualquer forma de agressão à natureza deverá ser entendido como uma ofensa directa aos "Deuses".

Sempre que tenho oportunidade, "convido" os meus cães a vir dar um passeio comigo em algum monte, floresta ou qualquer espaço natural que se me apresente agradável.

Essa é a minha "oração" e o meu ritual.

E não pretendendo rebaixar qualquer ideal ou "preferencia", muitas vezes sinto que as minhas orações me apaziguam muito mais que outras com rituais muito elaborados apaziguam os seus seguidores.

Talvez o texto que expoe esteja efetivamente correcto, principalmente quando expoe "Deus" como sendo "tudo e todos", significando portanto mais intimamente que deve cada um de nós  seguir a "sua" religiao, devendo esta assentar numa única máxima: Respeito a Deus...

abraço