Uma Lady debaixo de trapos

Hoje vos trago um relato não sobre fantasmas e aparições,mas um desse mistérios da vida,que só Deus sabe a resposta,por que muitas vezes vem Dele!

Conheci essa moça no tempo em que eu morava em outro bairro. O nome dela é Ana Paula. Teria pouco mais de 20 anos, era uma garota frágil, magrinha, sempre com um enorme saco de pets nas costas. Era catadora de pets para reciclagem. Vivia num dos bairros mais pobres e mal afamados dessa cidade, e tendo perdido os pais cedo, tinha de cuidar sozinha de seus dois irmãos menores e um filhinho pequeno. O pai da criança também a abandonara.

Eu a conheci quando seu filhinho estava doente, muito doente, e ela estava numa correria para o hospital. Ás vezes batia na porta, e então eu dava a ela o que tivesse, frutas, pão, café, ou mesmo um pouco de dinheiro, dentro das minhas possibilidades. Eu simpatizava com ela e sabia o que ela passava, mas alguma coisa mais nela me chamava a atenção; era a sua dignidade marcante,no modo de agir, de falar, até mesmo em sua postura. Ela tinha uma educação fina, que muita gente de berço e dinheiro não tem. Era isso que me espantava.

Certo dia ela passou la com um ar muito triste e abatido, carregando uma trouxa de cobertores velhos e travesseiros. Então me contou que o filhinho dela, de pouco mais de um ano, havia falecido e fora enterrado naquela mesma tarde, numa cova rasa destinada aos indigentes. Ana Paula estava triste, mas conformada, com sua dignidade de sempre. Eu disse: "Ana Paula, espera que eu vou te dar uma coisa". Sabia que ela não tinha nada em casa para ela e seus irmãos comerem. Peguei e lhe dei uma nota de 50 reais. Ela ficou espantada, e acreditem, não queria aceitar a nota. Depois me agradeceu muito e disse: "Amiga, Deus lhe abençoe, porque eu não tenho mesmo nada em casa, nem de onde tirar. Mas eu não venho aqui com interesse no seu dinheiro, mas porque gosto da senhora e venho ver como está".

Que linguagem estranha na boca de uma jovem tão pobre! E por algum tempo continuou assim, ela aparecia, sempre com aquele jeito correto e digno e puro, eu se tivesse lhe dava um pouco de dinheiro ou alguns alimentos... Ana Paula era muito especial em tudo. Jamais um palavrão, jamais uma queixa sobre a própria sorte, seu jeito de comer,de falar e agir tudo muito educado...

As coisas melhoraram um pouco quando uma assistente social a encaminhou para receber o Bolsa Família programa do governo federal. Seus irmãozinhos estavam na escola, e a última vez que vi Ana Paula, ela estava muito feliz, pois ao menos eles tinham o mínimo para comer...

Depois que me mudei, não soube mais dela. Mas nunca a esqueci. Ana Paula, na minha visão, é uma daquelas almas elevadas e nobres um anjo,que às vezes visitam esse planeta para nos ensinar uma lição.

Como alguém tão pobre e de infância pobre pode ter atitudes tão refinadas e elegantes,educação e nobreza?

Acho que só os bons são assim,porque a verdadeira beleza e bondade esta na alma, e alma pura dinheiro nenhum compra.

Acredito que vivemos em meio a grandes mistérios.

Que lindo Helena!!!
Fiquei comovida!!
Beijinhos

gostei muito!!

Boa tarde Helena,devo dizer-te que gostei muito da tua história ,fiquei muito comovida ,obrigado.bjs