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  • Diálogo com uma flor do meu jardim - II
    Iniciado por Templa
    Lido 1.367 vezes
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"Eu sei, sou uma simples sardinheira
E nem te dignaste olhar para mim.
A outra, a vizinha do lado, nem sequer cheira
Nem a sardinheira, nem a alecrim.
Mas logo se tornou na tua querida.
E eu desabrochei primeiro que ela...
Sou vulgar, mas tenho direito à vida,
Vê se não lamechas mais co' a donzela!
Não sou tão delicada como a rosa,
Mesmo assim, tenho o meu lugar no mundo.
Enfeito varandas, sou bem vaidosa
Do meu vermelho sangue vivo e profundo.
À noite não durmo, fico ondulando,
O vento me embalará até à morte.
Cairei um dia de velha mostrando
Em mim de cada sardinheira a sorte."
"Pois bem, minha sardinheira querida,
Far-te-ei sim um poema, seja!
Respeito tanto a ela como à tua vida,
Só não quero ver-te morrer de inveja!
Não vos trouxe às duas p'ro meu jardim
Plantando-as com o mesmo carinho
E dando-vos então o melhor de mim?
E a terra o adubo, o vosso ninho?
Mas sim, sardinheira, perdoa-me a falta,
Aqui peço um sentido perdão,
Regride no tempo, atrás um dia salta
E vê-te a correr no meu coração,
Como vermelho sangue, a tua cor,
Verás então com desprendimento,
Por flores sem nome não tenho mais amor
Do que por uma sardinheira a bambolear-se ao vento."

Templa
Templa - Membro nº 708