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  • Anti-Freud
    Iniciado por Mephisto
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Mephisto
Está a barraca montada  :laugh:

645 páginas de puro sarcasmo à la Nietzsche sem dó nem piedade. Embora conserve algumas reservas em relação à forma como o autor aborda determinadas questões que entram no campo especulativo, no geral, esta obra deve ser degustada com sentido critico apurado. Recomendo vivamente.


Sinopse

E se lhe dissessem que Freud é uma fraude?

Complexo de Édipo, interpretação dos sonhos, teoria do inconsciente, psicanálise — todo o pensamento de Freud seduziu e impregnou a nossa cultura, com o mesmo poder de uma religião. Michel Onfray, o filósofo francês mais popular e controverso da actualidade, dedica-se neste livro a rebater os fundamentos da psicanálise e, em particular, do freudianismo.

Freud, não só não seguia métodos científicos, como não curou nenhum dos seus pacientes, nem libertou a sexualidade. Isto defende Michel Onfray, que apresenta a psicanálise como a aventura autobiográfica de um homem que procurou transformar as suas necessidades e frustrações em fundamentos científicos.

Publicado em França com um enorme sucesso junto do público e recebido com uma apaixonada controvérsia, Anti-Freud revela Michel Onfray em todo o seu esplendor, como o pensador da actualidade que mais contribui para desconstruir os grandes mitos do nosso tempo."



Para abrir o apetite:

DEITAR FOGO AOS BIóGRAFOS

«A verdade biográfica é inacessível. Se acedêssemos a ela, não poderíamos comunicá -la.»
Freud, Carta a Martha Bernays, 18 de Maio de 1896.

«A psicanálise tornou -se no conteúdo da minha vida.»
Freud, Um Estudo Autobiográfico (XVII.119).

Desconfiemos dos filósofos que organizam a sua posteridade e se acautelam contra os biógrafos, cujas pesquisas temem, prevêem, suscitam, enviando os seus seguidores para a frente de batalha a fim de construir um começo de narração hagiográfica; que destroem a sua correspondência, apagam as suas pegadas, queimam os seus papéis, escrevem em vida uma lenda destinada a satisfazer os curiosos, entretêm em seu redor uma guarda pretoriana constituída por discípulos úteis para editar, imprimir e difundir as imagens pias traçadas sob sua alçada, e redigem uma autobiografia, sabendo de antemão que o foco de luz assim projectado por eles dispensa que se vá espreitar nos cantos onde o nó de víboras existenciais sussurra num quase silêncio.

Freud faz parte dessa laia que quer as vantagens da celebridade sem incorrer nos seus inconvenientes: aspira ardentemente a que se fale dele, mas apenas para bem, e nos termos escolhidos sob sua alçada. Qual a grande paixão do inventor da psicanálise? Consagrar a sua existência inteira a dar razão à sua mãe, para quem ele representava a Oitava Maravilha do Mundo. Os leitores de lendas, raramente prosaicos, aborrecem a realidade, à qual preferem uma narração mirífica na qual triunfam o imaginário, o desejo e o sonho. Mais vale uma bonita história falsa que uma lastimável história verdadeira. O falsário aformoseia, repinta, compõe as coisas, suprime o triunfo das tristes paixões activas na sua existência: a cobiça, o ciúme, a maldade, a ambição, o ódio, a crueldade, o orgulho.

O autor de Um Estudo Autobiográfico nunca desejou que se pudesse explicar a sua obra relacionando -a com a sua vida, ou o seu pensamento com a sua autobiografia, ou os seus conceitos com a sua existência. Nisso foi vítima, como a maior parte dos filósofos, do preconceito idealista segundo o qual as ideias caem do céu, descendo de um empíreo inteligível como se fossem línguas de fogo que distinguem o espírito eleito, iluminando -o com a sua graça. Freud deseja absolutamente que subscrevamos a sua narração: enquanto homem de ciência que pretende ser, desprovido de corpo e de paixão, ele teria, qual místico da razão pura, descoberto a pepita escondida naquilo que bastava observar – uma brincadeira de criança, desde que se seja um génio...

Ora Freud, como toda a gente, constituiu -se, evidentemente, a partir de leituras, de trocas, de encontros, de amigos – amiúde transformados em inimigos ao cabo de algum tempo; assistiu a aulas na universidade; trabalhou em laboratórios, sob a responsabilidade de patrões; leu muito, citou pouco, raramente praticou a homenagem, à qual antes preferiu a difamação; escreveu uma coisa, o seu
contrário, outra coisa diferente; cruzou -se com mulheres, casou -se com uma delas, escondeu discretamente uma relação incestuosa com outra, teve filhos, criou uma família, evidentemente...

Em 1885, poucos dias antes dos seus vinte e nove anos, Freud escreveu a Martha Bernays, sua noiva, uma carta estranha na qual confessava a sua alegria por ter destruído os indícios de catorze anos de trabalho, de reflexão e de meditação; queimou os seus diários, as suas notas, as suas cartas, todos os papéis em que anotara os seus comentários científicos; deitou fogo aos manuscritos
dos seus trabalhos, ainda escassos; não resta nada disso, e Freud exulta...

Este holocausto em miniatura apaga para a posteridade, e portanto para a eternidade, as provas da natureza humana, muito humana, provavelmente demasiado humana aos seus olhos, de uma personagem que desde tenra idade decidira que haveria de espantar o mundo com as descobertas susceptíveis de impressionar a Humanidade. O que seriam? Ele ainda não o sabe, mas não duvida de que será tal homem: sente -se habitado por esse fogo sagrado, que alumia o seu caminho. Entretanto, o futuro grande homem rejubila, como chega a escrever explicitamente, ao imaginar a cara dos seus biógrafos (ele não diz o seu, mas os seus biógrafos, sem duvidar de que serão vários, não obstante ele ainda não ser nada...) ao descobrirem a proeza que, desde logo, lhe traz tanto gáudio!

Na época, este homem que ri da partida pregada aos seus futuros biógrafos não goza de muita coisa memorável a seu favor: o seu nascimento a 6 de Maio de 1856, em Freiberg, filho de Jacob Freud, mercador de lãs, e de Amalia; a origem judaica dos seus dois progenitores; o seu nome próprio de então, Sigismund; a sua circuncisão; a sua infância banal; os seus estudos corriqueiros no liceu; os seus anos do curso de medicina durante os quais vê o tempo passar sem saber bem em que direcção há -de se orientar dentro desta disciplina geral; as suas pesquisas sobre a sexualidade das enguias; uma publicação sobre o sistema nervoso central de uma larva de lampreia; o seu serviço militar; a tradução de alguns textos de Stuart Mill; o encontro com a sua noiva; as peripécias das suas pesquisas infrutíferas sobre a cocaína e, sobretudo, as extravagantes afirmações pretensamente científicas que publicou sobre esta droga, de que será consumidor por uma dezena de anos; o tratamento dos seus pacientes por electroterapia. Nada de muito notável para umas biografias... Freud tem, pois, vinte e oito anos e, além de obter uma reputação mundial no mais curto prazo e sem saber bem com que meios, a sua preocupação principal consiste em apressar -se a ganhar bem na vida, para poder casar com a sua noiva e instalar -se num bairro chique de Viena, para aí fundar uma grande e bela família. Eis a matéria do auto da fé e a partida que Freud conta pregar aos seus futuros biógrafos...

O episódio da cocaína poderia explicar parcialmente este gesto. Obcecado pela sua aspiração à celebridade, Freud agarrou de imediato a oportunidade de trabalhar sobre essa droga. Ele apressa -se, faz experiências sobre um único caso, um amigo; pretende curá -lo da sua dependência da morfina por via da cocaína, falha, transforma -o em cocainómano, verifica que os efeitos produzidos não são os
desejados, afirma não obstante o contrário, redige as suas conclusões à pressa, publica -as numa revista e apresenta essa droga como propícia para resolver a quase totalidade dos problemas da Humanidade. Para já, ela aquieta a sua própria angústia, decuplica as suas faculdades intelectuaise sexuais, apazigua -o. O seu método encontra -se aqui concentrado: extrapolar, a partir do seu caso particular, uma doutrina de pretensão universal. Digamo -lo em termos mais triviais: tomar o seu caso por uma generalidade.

A leitura da correspondência com Fliess, fonte da maior importância que permaneceu escondida por longo tempo e foi primeiro publicada sob forma de trechos escolhidos com ocultação das posições teóricas extravagantes, mostra um Freud nos antípodas do bilhete -postal que o apresenta como um cientista que procede de modo experimental, traçando a direito o sulco em direcção às descobertas que não pode deixar de fazer, já que carrega esse tropismo do sábio destinado a obras maiores.

Descobrimos nessa correspondência um Freud indeciso, hesitante, que afirma uma coisa e depois o seu contrário, umas vezes embalado pela sua descoberta de uma psicologia científica, outras vezes pronto a queimar um achado ontem genial e revolucionário, tornado no dia seguinte, na sua própria opinião, uma dissertação desprovida de interesse. Podemos observar, assim, um Freud a
somatizar, desde o furúnculo no escroto até às enxaquecas recorrentes, da miocardite ao tabagismo desenfreado, das falhas sexuais aos desarranjos intestinais, da neurose à irritabilidade, da fraca tolerância do álcool ao uso costumeiro da cocaína, da angústia dos comboios à fobia da falta de comida, do medo de morrer às numerosas superstições doentias.

Verifica -se por fim a obsessão em ter sucesso, em ganhar dinheiro, em atingir a celebridade, que lhe vai corroendo a alma quotidianamente: o que fazer para tornar-se um cientista reputado? Escreve a Fliess, a 12 de Junho de 1900: «Acreditas mesmo que um dia, na fachada desta casa, poderá ler -se numa placa de mármore que aqui, a 24 de Julho de 1895, o sistema do sonho foi revelado ao Doutor Freud?». Eis aqui uma dupla informação: o fantasma da celebridade que o atormenta e a ideia de que as suas teorias procederiam de uma revelação e não de leituras, de trabalhos, de reflexões, de cruzamento com hipóteses de outros investigadores, de assimilação crítica da bibliografia sobre o tema, de deduções, de verificações clínicas, de acumulações de persistentes experiências...

Eis portanto o imperativo metodológico que explica aquele primeiro auto da fé em 1885: apagar tudo quanto mostre a produção histórica da obra, suprimir qualquer possibilidade de genealogia imanente da disciplina, proibir quanto escape à versão desejada e imposta por Freud: não um desenvolvimento histórico, mas uma epifania lendária. Como acontece amiúde em semelhantes casos,
a fábula começa com um nascimento miraculoso. Como surge a psicanálise? Sai directamente da coxa de um Júpiter chamado Sigmund Freud, já com armadura e capacete rutilantes, cintilando num sol vienense finissecular.

O desejo que não ver biógrafos a trabalharem nos bastidores da sua aventura leva Freud a teorizar sobre a impossibilidade de qualquer biografia. Depois de ter zombado, na carta à sua noiva, com o embaraço em que colocaria os seus futuros biógrafos, Freud desenvolve um arrazoado pro domo: «Um indivíduo não pode tornar-se biógrafo sem ficar comprometido com a mentira, a dissimulação, a hipocrisia, a adulação, sem contar com a obrigação de mascarar a sua própria incompreensão. A verdade biográfica é inacessível. Se acedêssemos a ela, não poderíamos comunicá -la.» (18.V.1896). A coisa fica dita: sendo a biografia em si própria uma tarefa impossível, tratemos, para garantir que o seja, de torná -la de facto impraticável! E acrescenta -se a ambiguidade: a tarefa é impossível, mas mesmo que o não fosse, não seria comunicável. Mas no caso do infeliz presidente Wilson, Freud proíbe a si próprio a aventura da biografia?

Ninguém duvida que o biógrafo mantenha com o seu objecto de estudo uma relação singular; que seja natural que uma vida se apresente complexa e emaranhada; que alguns façam abundante uso de dissimulação e de ocultação de pistas; que outros, ainda em vida, escrevam uma lenda com o escopo de empastelar a sua história; que os testemunhos dos sobreviventes se teçam com devaneios
e sonhos, desejos e lembranças alteradas; que a inveja e os ciúmes se revelem até nos amigos mais fiéis, chamados um dia a prestar o seu depoimento; que os textos autobiográficos actuem amiúde como chamarizes úteis para afastar os olhares daquilo que é essencial; e que o empreendimento da biografia seja difícil e quase sempre aproximativo. Mas a dificuldade da tarefa não proíbe a iniciativa nem a audácia. Freud, que convidava a praticar a psicanálise dos filósofos, agiria de má fé ao prescrever para outrem uma posologia que desaconselhava para si próprio! Freud, o freudismo e a psicanálise não relevam da epifania lendária, e é isso que a iniciativa biográfica
pode e deve mostrar.

Que Freud tenha procurado emaranhar propositadamente o novelo, dissimular deliberadamente as pistas, apagar conscientemente os vestígios, teorizar sobre a impossibilidade do acto, falsificar os resultados das suas descobertas e, na maior parte das vezes, praticar a
liberdade literária escondendo -se por trás do pretexto científico, destruir a correspondência trocada, tratar de readquirir as cartas mais perigosas, que podiam pôr em risco a cintilação da sua lenda, eis o que, pelo contrário, torna a tarefa interessante: a biografia intelectual de Freud confunde -se com a biografia intelectual do freudismo, que recobre parcialmente a biografia intelectual da psicanálise.

A carta de Freud à sua noiva fala de mentiras, de dissimulação e de hipocrisia. Parece uma confissão mal encoberta daquilo que o atormenta a ele, Sigmund Freud. Porque, de facto, as lendas impostas pelos biógrafos, Ernest Jones à cabeça com o seu conjunto de mil e quinhentas páginas intitulado A Vida e a Obra de Sigmund Freud, tornam a biografia impossível na medida em que o Doutor Vienense logrou impor as suas lendas, as suas fábulas, as suas narrações literárias, os seus mitos e as suas quimeras. Esta biografia serviu de matriz a muitas outras que, todas elas, duplicam à exaustão os bilhetes -postais do escaparate freudiano.

Manterei a igual distância os autores de hagiografias e de patografias: os primeiros tratam de regar uma planta sublime, os segundos de arrancar uma vegetação venenosa. Quero mostrar que, para lá dos bilhetes -postais, a psicanálise é o sonho mais elaborado de Freud – um sonho, portanto, uma efabulação, uma ilusão, uma criação literária, um produto artístico, uma construção poética no
sentido etimológico do termo. Proponho também mostrar os fundamentos eminentemente biográficos, subjectivos, individuais do freudismo, não obstante as suas pretensões à universalidade, à objectividade e ao carácter científico. Não me instalo no terreno da moral moralizadora: não  julgo que a mentira (provada) de Freud deva conduzir directamente à necessidade de um auto da fé das suas
obras, do seu trabalho e dos seus discípulos!

Seguindo o princípio de Espinoza – não rir nem chorar, mas compreender – instalo -me na perspectiva nietzscheana, para lá do bem e do mal. Sugiro a desconstrução de um empreendimento, da mesma forma que se poderia desconstruir uma sonata de Anton Webern, uma pintura de Kokoschka ou uma peça de teatro de Karl Kraus. Freud não é um cientista, não produziu nada de universal, a sua doutrina é uma criação existencial feita sob medida para viver com os seus fantasmas, as suas obsessões, o seu mundo interior atormentado e devastado pelo incesto. Freud é um filósofo, o que não é pouco; mas ele recusava tal entendimento com a virulência daqueles que, pela sua ira, apontam com dedo para a ferida: o local da dor existencial.

Anti Freud de Michel Onfray cap I pp 49 a 57

Um Francês a tentar meter na lama o nome de um Alemão/Austríaco. Típico. Jogada típica de franceses que fazem o mesmo com os Ingleses.

Mephisto
Já leste? Creio que, de longe, o objectivo se possa resumir a uma redutibilidade nacionalista.  ;)

Não li. Mas fiz o comentário tendo em conta um plano mais geral. E realmente a inveja e vontade de afirmação dos franceses é uma característica que lhes é inata desde o século XIX.

Mephisto
#4
Citação de: Antoine em 06 janeiro, 2013, 21:57
Não li.
Creio que o acima citado revela muito da fundamentação da tua opinião. Munires-te de um «plano mais geral» ao qual eu chamo preconceito para argumentar a característica objectiva do livro, é fugir ao tema, flanquear o raciocínio, e, sobretudo, não dizer rigorosamente nada.  ;)

Admito que possa ter algum preconceito nas minhas analises mas é impossível ninguém ter os seus "ódios de estimação". Quanto ao tema em questão e porque ainda não o li, realmente concordo que não posso agrupar o mesmo nas minhas analises e deduções.

Ligeia
Agora percebo de onde advém a fama dos psiquiatras serem malucos: com um "paizinho" recalcado, coquinado e ambicioso como poderiam ser de outro modo?  ;D


Mephisto
Citação de: Ligeia em 06 janeiro, 2013, 22:12
Agora percebo de onde advém a fama dos psiquiatras serem malucos: com um "paizinho" recalcado, coquinado e ambicioso como poderiam ser de outro modo?  ;D



Se um psiquiatra te ouve comparar a sua ciência médica à psicanalise freudiana, interna-te compulsivamente.  ;D

Ligeia
Citação de: Mephisto em 06 janeiro, 2013, 22:15
Se um psiquiatra te ouve comparar a sua ciência médica à psicanalise freudiana, interna-te compulsivamente.  ;D

Nem ciência, nem médica - a psiquiatria. Isto após uns anitos a ver muito de perto a realidade desta "disciplina", na prática. Qualquer psiquiatra lúcido com muita "prática" to dirá por entre três copos de gin tónico  ;)

Digamos que à pala destas "brincadeirinhas" de Freud deu-se corpo à especulação e fez-se dela um manancial de dinheiro constante e se arruinaram muitas vidas. A filosofia, se destituída de princípios, teria feito exactamente o mesmo... Não o fez, limitou-se a inspirar as horas vagas e ambições de uns quantos. Afinal, o que há de científico na psicanálise? Nada! Meras inferências em catadupa...
Agora se o senhor com nome de hipermercado é apenas e só um alucinado com as suas taras sexuais e recalques? Óbvio que não, pois muitas das suas conclusões revelaram-se pertinentes e válidas. No entanto, limitar o mecanismo pensante e agente do homem a meras pulsões sexuais e seus afins... É coisa de homem, mesmo!  :P
Quanto ao internamento compulsivo, apenas falei no "paizinho", não nos seus filhos bastardos  ;D ;D ;D

Citação de: Ligeia em 06 janeiro, 2013, 22:27
Nem ciência, nem médica - a psiquiatria. Isto após uns anitos a ver muito de perto a realidade desta "disciplina", na prática. Qualquer psiquiatra lúcido com muita "prática" to dirá por entre três copos de gin tónico  ;)

Digamos que à pala destas "brincadeirinhas" de Freud deu-se corpo à especulação e fez-se dela um manancial de dinheiro constante e se arruinaram muitas vidas. A filosofia, se destituída de princípios, teria feito exactamente o mesmo... Não o fez, limitou-se a inspirar as horas vagas e ambições de uns quantos. Afinal, o que há de científico na psicanálise? Nada! Meras inferências em catadupa...
Agora se o senhor com nome de hipermercado é apenas e só um alucinado com as suas taras sexuais e recalques? Óbvio que não, pois muitas das suas conclusões revelaram-se pertinentes e válidas. No entanto, limitar o mecanismo pensante e agente do homem a meras pulsões sexuais e seus afins... É coisa de homem, mesmo!  :P
Quanto ao internamento compulsivo, apenas falei no "paizinho", não nos seus filhos bastardos  ;D ;D ;D


Pois, eu também achei sempre que aquela ideia de que uma grande parte das coisas do nosso dia a dia são para nós símbolos fálicos era um exagero e reneguei o homem aí até aos 35. Só nessa altura lhe dei alguma razão a propósito dos meninos e das meninas ( grandes que todos sejam ). O nosso paizinho ( e a nossa mãezinha)  condiciona sempre um bocado aquilo que a gente faz...

E tu, Ligeia, a propósito de uma enormidade qualquer  que um qualquer  gajo faça aí por esse mundo de Cristo, nunca ouviste esta pergunta:

- Será que ele não tem mãe?

Isto deve ter a ver com Freud e já deve estar há cerca de um século na nossa memória genética. Daí perguntas assim... Mas eu também gosto de lançar umas achas para a fogueira da discussão... ;)

Abraço

Templa
Templa - Membro nº 708

Mephisto
#10
Pois eu sempre fui Anti-Freud e não me canso de dizê-lo. Embora ele tenha estruturado e legitimado uma linguagem sensual para a compreensão dos mais obscuros lugares da mente, foi um bocado básico (mas muito necessário). Corajoso na medida da sua ambição e compreensão dos seus próprios demónios. Devemos tanto a ele quanto a Kardec numa perspectiva antagónica doutrinária. O problema é, ou reside, precisamente na cicatriz que o autor faz questão de abrir, para de seguida pisar a ferida com toda a força! Ser revolucionário, conceptualmente, não dá o direito de se firmar uma «religião», em torno de um ideal pessoal não comprovado cientificamente. Isso é iconoclastia, agravada pelo facto de se disseminar como verdade, numa metodologia cientifica falaciosa. Ainda aqui Jesus o Cristo bate às léguas  :D :D :D figuradamente. Conceito de religiosidade.  ;)

Portanto, a memória genética que referes, prender-se-à mais a esta «realidade» aceite, do que propriamente com uma incrustação natural de informação genética na cadeia molecular constituinte do DNA.

Ligeia
Citação de: Templa em 07 janeiro, 2013, 00:51
(...) nunca ouviste esta pergunta:

- Será que ele não tem mãe?

Isto deve ter a ver com Freud e já deve estar há cerca de um século na nossa memória genética. Daí perguntas assim... Mas eu também gosto de lançar umas achas para a fogueira da discussão... ;)

Abraço

Templa


Olá Templa!  :)
Por acaso a expressão é-me estranha se aplicada a seres autónomos, adultos! Por norma enquadro-a num sentido mais pedagógico (não terá mãe = ausência de educação) do que propriamente psicanalítico.
Quando algum energúmeno pratica uma enormidade o que normalmente me assoma ao espírito  e/ou ouvidos é algo mais deste género:
- Fosses filho de meu pai / minha mãe e verias...

Noutros casos, em que alguém tem atitudes pouco dignas, lá sai:
- É uma besta, mas até os monstros têm mãe.

Resumindo: Freud nasceu de uma pedra parideira na Serra da Freita  ;D





anokidas
Citação de: Mephisto em 07 janeiro, 2013, 01:14
Pois eu sempre fui Anti-Freud e não me canso de dizê-lo. Embora ele tenha estruturado e legitimado uma linguagem sensual para a compreensão dos mais obscuros lugares da mente, foi um bocado básico (mas muito necessário). Corajoso na medida da sua ambição e compreensão dos seus próprios demónios. Devemos tanto a ele quanto a Kardec numa perspectiva antagónica doutrinária. O problema é, ou reside, precisamente na cicatriz que o autor faz questão de abrir, para de seguida pisar a ferida com toda a força! Ser revolucionário, conceptualmente, não dá o direito de se firmar uma «religião», em torno de um ideal pessoal não comprovado cientificamente. Isso é iconoclastia, agravada pelo facto de se disseminar como verdade, numa metodologia cientifica falaciosa. Ainda aqui Jesus o Cristo bate às léguas  :D :D :D figuradamente. Conceito de religiosidade.  ;)

Portanto, a memória genética que referes, prender-se-à mais a esta «realidade» aceite, do que propriamente com uma incrustação natural de informação genética na cadeia molecular constituinte do DNA.

Podes ter lá as tuas razoes acerca do Homem (confesso que também não sou fã numero um)  mas o que é certo é que ainda é muito falado e admirado nas aulas de psicologia.Concordo com o estudo do complexo de Édipo e o complexo de Electra que ele fez em relação ás crianças deixando assim alguns discípulos que completaram a sua obra como o Erik H. Erikson, Arnold Gesell, Jerome Bruner e Piaget. O estudo que fez do Id e do ego e do super-ego .Já em relação ao significado dos sonhos é que ponho em questão mas isso são outras conversas.
O homem acabou por ser útil á humanidade numa forma pouco convincente dado ás circunstancias talvez da época mas não o abomino literalmente a importância que teve na comunidade do estudo do comportamento humano e do desenvolvimento da criança.

Mephisto
#13
Pois. A mim não me diz nada, sinceramente, nomeadamente complexos de Édipo e de Electras  :laugh:. Freud não inventou nada que já não estivesse pensado, simplesmente, fez uma operação de cosmética nas definições/ conceitos. Nietzsche também matou Deus e este sempre fez falta à humanidade. Ninguém morreu por isso.  :laugh:

É importante analisar os factos por detrás da lenda. Depois da leitura deste livro, tive o prazer de ler o manifesto anti Onfray de uma sotôra psicanalista com mais uns quantos títulos (Elisabeth Roudinesco Historiadora e psicanalista. É professora na École Pratique dês Hautes Etudes) e outros tantos engalinados, e achei impressionante o facto desta, em particular, limitar-se a atacar (em duas dezenas de páginas) as posições abertamente declaradas por parte do autor, ao longo da sua extensa obra. Ataca o autor, enaltece a vitima deste através do seu legado mas, curiosamente, subtrai-se ao ponto chave do livro. É isso que me faz cócegas sabes? Contra factos não há argumentos, e, na ausência deste último por força do primeiro, ataca-se com todo o estrondo para ver se aquilo que é capaz de abrir a ferida passa ao lado. Por isso disse que é preciso ler com um apurado sentido critico. Depois pesquisem as opiniões acerca deste e verão o quão anedótico se torna a leveza do argumento perante o peso do facto.

anokidas
Só lendo a obra de um e de outro para tirar ilações ,até lá abstenho-me e remeto-me á ignorancia que aprendi nos tempos de escola ;D

Freud não é tão insignificante quanto se pensa ,se fores mais atrás no tempo as crianças antigamente não tinham significado algum perante a sociedade,eram tratadas como uns enfermos e só serviam para trabalhar. Aos 3 e 5 anos já tinham uma inchada nas mãos eram concebidas para trabalhar.Não tinham direitos alguns e eram desprovidas de alimentos roupas e brinquedos.Freud foi o único homem que se preocupou em mudar esta atitude no humanidade,obtendo factos relevantes do desenvolvimento humano.

Citação de: Mephisto em 07 janeiro, 2013, 05:09
Pois. A mim não me diz nada, sinceramente, nomeadamente complexos de Édipo e de Electras  :laugh:. Freud não inventou nada que já não estivesse pensado, simplesmente, fez uma operação de cosmética nas definições/ conceitos. Nietzsche também matou Deus e este sempre fez falta à humanidade. Ninguém morreu por isso.  :laugh:

É importante analisar os factos por detrás da lenda. Depois da leitura deste livro, tive o prazer de ler o manifesto anti Onfray de uma sotôra psicanalista com mais uns quantos títulos (Elisabeth Roudinesco Historiadora e psicanalista. É professora na École Pratique dês Hautes Etudes) e outros tantos engalinados, e achei impressionante o facto desta, em particular, limitar-se a atacar (em duas dezenas de páginas) as posições abertamente declaradas por parte do autor, ao longo da sua extensa obra. Ataca o autor, enaltece a vitima deste através do seu legado mas, curiosamente, subtrai-se ao ponto chave do livro. É isso que me faz cócegas sabes? Contra factos não há argumentos, e, na ausência deste último por força do primeiro, ataca-se com todo o estrondo para ver se aquilo que é capaz de abrir a ferida passa ao lado. Por isso disse que é preciso ler com um apurado sentido critico. Depois pesquisem as opiniões acerca deste e verão o quão anedótico se torna a leveza do argumento perante o peso do facto.