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  • A Cachorra da Palmeira
    Iniciado por MadameX
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Olá, a todos!
É a primeira vez que posto alguma coisa, estava só a ler o site, mas lembrei-me desta história conhecida na minha terra natal. Não sei se este é o lugar ideal para se colocar. Mas vai a história.

Eu sou de um estado chamado Alagoas, situado no interior do Brasil. Morava numa cidadezinha interiorana denominada Palmeira dos Índios, cidade amada e cheia de mistérios. Na época da minha avó, as pessoas eram muito religiosas, a maioria dos mais velhos eram devotos de Pd. Cícero. Figura controvertida, por causa de suas ligações com o cangaço e com os coronéis, e candidato a santo popular. Inclusive, sua biografia é cheia de histórias sobrenaturais que vejo se contarei noutra oportunidade.

Na cidade, morava uma moça filha dos donos de uma loja de tecido. Ela ganhou uma cachorrinha de presente e desenvolveu grande estima por ela. Na época em que Pd. Cicero morreu, no ano de 1934, as pessoas organizaram romaria para visitar a cidade dele e se despedir, pois ele tinha aura de santo. Iam comprar tecido para fazer as roupas de luto pelo falecido padre na loja de propriedade dos pais daquela moça. Conta-se que, ela ao ver o pessoal colocando luto pelo padre falou: -Eu botaria luto pela minha cachorra não por este padre.

Na mesma noite que ela falou isso a cachorrinha adoeceu e veio a falecer. Ela não titubeou e colocou luto pela cachorra e fez seu enterro. Um tempo depois ela acorda afobada e angustiada e conta para os pais que sonhara com  a figura do padre com os olhos em brasa a dizer que, por não ter respeitado o luto dele e colocado no lugar luto pela cachorra, ela estaria destinada a passar as noites de lua cheia a transformar-se numa cachorra.

Não sei se esta história foi criada para explicar as aparições de uma grande cachorra que corria campo a assombrar os moradores, inclusive sendo avistada numa mesma noite em vários estados, mas que sempre retornava a Palmeira dos Índios. Minha vó, que já repousa nos braços do Pai, me contava. E sempre que eu podia pedia pra ela me contar de novo. Tinha algumas dúvidas que miha mãe-vó, como chamava-a, não conseguia me tirar. Por exemplo como o povo sabia que o animal sobrenatural era uma cachorra?

Ela contou-me que o fim da pobre coitada foi com um tiro que deram na Cachorra da Palmeira e que, ao amanhecer o dia, estava a pobre garota morta, já em sua forma humana.  Pois aí está um relato de um lobisomem feminino; ou cachorrosomem, não sei. Sei que já procurei na net alguma referência e não achei. Achei por bem contar aqui para que este relato seja registrado em algum lugar e não se perca no tempo.

Paz a todos.

Citação de: MadameX em 17 agosto, 2012, 16:16
Olá, a todos!
É a primeira vez que posto alguma coisa, estava só a ler o site, mas lembrei-me desta história conhecida na minha terra natal. Não sei se este é o lugar ideal para se colocar. Mas vai a história.

Eu sou de um estado chamado Alagoas, situado no interior do Brasil. Morava numa cidadezinha interiorana denominada Palmeira dos Índios, cidade amada e cheia de mistérios. Na época da minha avó, as pessoas eram muito religiosas, a maioria dos mais velhos eram devotos de Pd. Cícero. Figura controvertida, por causa de suas ligações com o cangaço e com os coronéis, e candidato a santo popular. Inclusive, sua biografia é cheia de histórias sobrenaturais que vejo se contarei noutra oportunidade.

Na cidade, morava uma moça filha dos donos de uma loja de tecido. Ela ganhou uma cachorrinha de presente e desenvolveu grande estima por ela. Na época em que Pd. Cicero morreu, no ano de 1934, as pessoas organizaram romaria para visitar a cidade dele e se despedir, pois ele tinha aura de santo. Iam comprar tecido para fazer as roupas de luto pelo falecido padre na loja de propriedade dos pais daquela moça. Conta-se que, ela ao ver o pessoal colocando luto pelo padre falou: -Eu botaria luto pela minha cachorra não por este padre.

Na mesma noite que ela falou isso a cachorrinha adoeceu e veio a falecer. Ela não titubeou e colocou luto pela cachorra e fez seu enterro. Um tempo depois ela acorda afobada e angustiada e conta para os pais que sonhara com  a figura do padre com os olhos em brasa a dizer que, por não ter respeitado o luto dele e colocado no lugar luto pela cachorra, ela estaria destinada a passar as noites de lua cheia a transformar-se numa cachorra.

Não sei se esta história foi criada para explicar as aparições de uma grande cachorra que corria campo a assombrar os moradores, inclusive sendo avistada numa mesma noite em vários estados, mas que sempre retornava a Palmeira dos Índios. Minha vó, que já repousa nos braços do Pai, me contava. E sempre que eu podia pedia pra ela me contar de novo. Tinha algumas dúvidas que miha mãe-vó, como chamava-a, não conseguia me tirar. Por exemplo como o povo sabia que o animal sobrenatural era uma cachorra?

Ela contou-me que o fim da pobre coitada foi com um tiro que deram na Cachorra da Palmeira e que, ao amanhecer o dia, estava a pobre garota morta, já em sua forma humana.  Pois aí está um relato de um lobisomem feminino; ou cachorrosomem, não sei. Sei que já procurei na net alguma referência e não achei. Achei por bem contar aqui para que este relato seja registrado em algum lugar e não se perca no tempo.

Paz a todos.
Amei muito fixe essa lenda ;)

Gostei da lenda, mas tal como muitas as de teor religioso o propósito é que as pessoas a oiçam e tenham temor a Deus e, neste caso a esse tal padre.

Devem ter sido os populares, que se lembraram de inventar essa história quando avistavam esse tal cão/cadela nessas zonas e de que todos tinham medo.

Mas, muito interessante, de qualquer maneira. Também gostaria de saber mais sobre esse tal padre.
"There are three things all wise men fear: the sea in storm, a night with no moon, and the anger of a gentle man."

― Patrick Rothfuss, The Wise Man's Fear

Vou preparar um post sobre o Padre Cícero. É muito interessante. Obrigadinha por responder meu post ;D