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  • A última palavra
    Iniciado por Templa
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Acabei de escrever a palavra hoje e de repente fiquei a olhar para ela. Por momentos, não a associei a nada, a minha cabeça ficou momentaneamente vazia de significados. Eram apenas letras, não tinha um conceito onde a encaixar. Nem sequer uma história para lhe adaptar. Pelo menos uma que valesse a pena contar e que vigorasse para o futuro, o amanhã, que, mais do que de projetos, se alimenta de assuntos acabados.
O hoje tem sempre a estranha natureza das coisas precárias. Todavia, é no hoje que se concentra a ação e a transformação do mundo, é o hoje que faz a história do ontem, deixando-nos com um pé no passado e outro no futuro. O hoje talvez não exista. É apenas o hiato entre dois tempos inexistentes: um por ter morrido e outro por nem sequer ter ainda nascido. Não, deve ser o inverso. Existe apenas o presente. O passado e o futuro é que são inexistentes. Um porque não se recupera e outro porque não se alcança daqui deste hoje onde eu estou a refletir sobre o tempo.
O tempo devia ser banido e o espaço também. Se isso pudesse acontecer, hoje não estaria aqui a dissertar sobre duas realidades tão condicionantes, neste lugar que ocupo em frente ao computador, confortavelmente sentada numa cadeira e ocupando um certo espaço. Sem duas barreiras tão limitadoras, neste momento que conheço como hoje estaria, sem dúvida, num sítio parecido com uma praia, a ver uma coisa parecida com o sol que eu conheço a cair num mar imaginado e com uma cigana, igualmente imaginada, a tentar ler-me a sina para me mostrar o futuro. Teria uma idade semelhante aos 25 anos,  medidos pelo tempo conhecido e lançaria, como coisa inútil, os meus óculos ao oceano, do alto de uma falésia onde o espaço nem sequer representaria perigo de queda.
A cigana curiosa bate no vidro do carro e insiste em ler-me o destino, arrancando-me àquele abraço onde me sinto a pessoa mais feliz do mundo
- Você é uma embusteira, mulherzinha! – digo-lhe imaginariamente, mal me recomponho da surpresa.   Porque quer mostrar-me aquilo que eu trago ínsito na minha natureza energética que me propulsiona em todas as direções quando e se eu quiser?
A mulher, toda vestida e negro como se fosse um fantasma, quer dinheiro, 1 euro e, para me convencer a conhecer o futuro que ela me quer mostrar, fala-me de coisas do meu passado, que eu conheço infinitamente melhor do que ela.
- A menina trabalha com telefones..., diz-me ao ver-me os riscos da mão direita, que lhe estendo  sem esforço,  numa leveza de quem, ali naquele hoje imaginado, era a imagem da própria felicidade.
- Trabalho sim. E você? Trabalha por acaso com Deus e vem trazer-me notícias do futuro?
- São 250 euros.
- É demasiado para eu o ficar a conhecer. Sobretudo se ele não for risonho como o dia de hoje – respondi-lhe olhando para aquele rapaz ali a meu lado na falésia, a olhar por entre os vidros o mar imaginado,  com aqueles belíssimos olhos verdes.
- Olhe que vale a pena!...
- Não quero saber. De qualquer modo, eu vou chegar ao meu futuro. Desde que nasci, tenho-o assegurado e, aliás, já sei qual vai ser o último ato da minha vida.
- Já agora, qual é?
- E é você uma cigana que lê sinas? É igual ao seu. Ambas vamos morrer...
A mulher foi embora e eu dei um beijo ao rapaz da falésia, naquele hoje que, daí a pouco, era passado e agora uma história que guardo na memória de um tempo que já não existe.
Se Deus quiser, amanhã, às 9 horas, irei fazer uma curta viagem, acompanhada de alguém para quem o hoje não anda lá muito risonho, depois de um passado feliz. Queira também Deus que ele descubra que o passado e o futuro se encontram unidos no mapa-mundo do Altíssimo e que este, para além das escolhas que o meu companheiro possa fazer, vai ter sempre a última palavra.

Templa
Templa - Membro nº 708


Belíssimo, Templa, belíssimo.

#2
Citação de: Arph em 08 agosto, 2012, 20:36
Belíssimo, Templa, belíssimo.

Ò Arph, de vez em quando saem umas coisas profundas como esta.

Abraço e obrigada pelo elogio. Também devia agradecer à Wollpidia, mas às vezes esqueço-mo do gosto, por ainda não estar familiarizada com ele.


Templa
Templa - Membro nº 708

Olá Templa

Posso responder ... Não respondendo ? ?

Se responder como devia ... corro o risco de me tornar repetitivo e enfadonho ...  :P

Obrigada pelo ....  momentum ... ;)

Abraço
Causa Debet Praecedere Effectum -  ( Não há efeito sem causa )

De Nihilo Nihil - ( Nada vem do nada )

Olha, Seth, sabes o que fiz depois de te ler?

Coloquei a mão direita sob o queixo, baixei os olhos e reflecti por uns brevíssimos momentos...

E fiquei muito pequenina...

Abraço

Templa
Templa - Membro nº 708

Nem mais ... Se bem que comigo foi a mão esquerda a apoiar a testa ...

Fiquei nostálgico ...

Abraço
Causa Debet Praecedere Effectum -  ( Não há efeito sem causa )

De Nihilo Nihil - ( Nada vem do nada )

lima/limão123
Tão profundo...e tão belo ao mesmo tempo..

E que pequeninos que nós somos...

Abraço 

:)

É lima/limão, o tempo e o espaço limitam-nos tanto!"


Abraço

Templa
Templa - Membro nº 708