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  • O Mito da Fundação de Cartago
    Iniciado por Hammurabi
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Cartago, a "Capital Nova"
O Mito da Fundação de Cartago


 Através dos Anais de Tiro parece que por volta do ano de 820 a.C. Mattan I deixou o trono de Tiro nas mãos do seu filho Pigmalião, que contava com 11 anos de idade. No sétimo ano do seu reinado, em 814 a.C, a sua irmã Elie fugiria de Tiro e fundado Cartago, cujas circunstâncias seguem a seguinte ordem:
 Elisa ou Elisha estava casa com o seu tio Acherbas ou Zakarbaal, sumo sacerdote de Melqart e, como tal, ocupava o segundo posto do reino, a seguir ao rei de Tiro. Com sefeito, conta-se que Mattan  pretendera deixar o trono aos seus filhos, ao que se opôs o povo de Tiro, que elegeu Pigmalião. Este decidiu apoderar-se das riquezas do seu cunhado e assassina-lo. Sem dúvida, Elisa, junto com um grupo de tírios fiéis ao seu esposo, levou a uma diáspora que que foi uma consequência imediata da situação política vivida em Tiro, que havia feito frente a um jovem monarca, apoiado pelo povo, contra uma parte da aristocracia cidadã, liderada pelo próprio tio do rei, Acherbas.
 A primeira escala foi em direção ao Oeste, Chipre.
 A expedição de Elisa dirigiu-se diretamente ao lugar de Cartago, donde recebeu saudações e hospitalidade por parte de Útica. Isto ocorreu no sétimo ano do reinado de Pigmalião.
 Os colonos foram bem recebidos pelos indígenas Líbios, cujo rei Hiarbas lhes deu livre entrada no seu território: poderiam comprar um terreno que se pudesse cobrir com uma pele de boi. A astuta Elisa, que os indígenas chamaram de dido, recorreu ao estratagema de de cortar em tiras muito finas a pele de boi, com as quais pôde delimitar o perímetro de toda a colina  denominada Birsa, onde se implantou Cartago. O nome mais antigo da acrópole de Cartago, Birsa, significa «pele de boi».
 O rei indígena pretendeu desposar Elisa com ameaças. Esta, fiel ao seu marido amarrou-se a uma fogueira para evitar a aliança. Através desta imolação pelo fogo, os seus súbditos a divinizaram e conservaram o seu culto até aos últimos tempos da história de Cartago.
 Este relato detém traços claramente orientais. A prostituição sagrada e o caráter hereditário do sacerdócio são outros com rasgos semitas. Por último, o ritual de auto imolação de Elisa, totalmente estranho ao mundo Clássico, é bem conhecido na Fenícia em Canaã. Todavia, verifica-se que a fundação de Cartago foi um ato de rutura, ao ser uma colónia construída por profanos políticos, que provavelmente se mantiveram sem o contato com o poder central de Tiro durante as primeiras gerações, e com a firme vontade de permanecer no Ocidente. Deste modo, cabe defini-la já, desde as saus origens, como uma colónia.
Deste modo, em jeito de conclusão verifica-se que a fundação de Cartago, levada a cabo numa zona conhecida por Tiro, Útica, é consequência de uma crise política na metrópole. A níves de instituições, a origem de Cartago aparece associado a uma família da aristocracia tíria e da mais alta hierarquia das instituições religiosas. A fundação da colónia leva implícita uma apropriação de território e a delimitação mediante a fortificação da área habitada. A origem da cidade vincula-se a um rito de sacrifício humano, através da imolação do fogo.

Fonte: Tiro y las Colonias Fenicias del Occidente

chacalnegro
Já vi que gostas do mundo orientalizante  ;)

Boas, bom post ...

Não sei se a ideia era sobre as práticas na fundação de Tiro, mas cá vai ...  ::)

Na verdade a prática de imolação, castração, amputação, esfolamento, etc, etc, era anterior cerca de 2000 a.c. e praticada por um dos povos mais cruéis da história.
Os Assirios.
Uma vez que dominaram toda a região mesopotâmica, após o colapso Sumério/Acadiano, e do primeiro Império Babilónico, e principalmente no Sec. VII a.c. tiveram o seu apogeu, assim parece-me natural, que nas fundações de novas cidades, se usem costumes de impérios anteriores.

Abraço
Causa Debet Praecedere Effectum -  ( Não há efeito sem causa )

De Nihilo Nihil - ( Nada vem do nada )

daquilo que sei cepticamente,  cartago começou como uma colónia grega, que foi levando uma mistura de outras colónias comos egipcios, fenicios, etruscos, etc.

fialves
Creio que está equivocado. Cartago foi fundada por colonos fenícios (o próprio nome significa "cidade nova"). E foi desde o início um rival dos gregos e dos romanos no domínio do Mediterrâneo Ocidental.

E manteve-se fenícia (ou "púnica", na designação romana) até ao fim, com o poder a ser controlado pelas famílias descendentes dos colonos fenícios. Este foi, aliás, um dos factores que contribuíram para a decadência de Cartago, porque a minoria fenícia era obrigada a recorrer a mercenários estrangeiros para reforçar os seus exércitos, tendo estes mercenários se revoltado várias vezes contra o governo. Em comparação, os romanos tinham centenas de milhar de cidadãos em armas.


Citação de: Jack Gordon em 29 julho, 2012, 01:20
daquilo que sei cepticamente,  cartago começou como uma colónia grega, que foi levando uma mistura de outras colónias comos egipcios, fenicios, etruscos, etc.


Vi issso no canal História a modos que não tenho 100 100% certezas, mas é descartável que sejam 40/30% de pop de várias origens?

Eles não tiveram, isto segundo o documentário, um problema de expansão urbana pelo crescimento de populações de fora?  Era só isto que queria saber.

fialves
A cidade foi fundada por fenícios, mas grande parte da população era estrangeira (especialmente povos autócnes do Norte de África). Sabe-se pouco sobre Cartago, e o pouco que se sabe vem de fontes latinas e gregas, ou seja, dos seus principais inimigos. Porém, sabe-se que os fenícios e seus descendentes monopolizaram o poder, como se depreende em nomes como os dos generais Amílcar, Aníbal e Asdrúbal, entre outros. Como os cidadãos eram poucos, os cartagineses eram obrigados a recrutar mercenários em África, na Grécia e na Ibéria, de forma a poder combater os romanos e os gregos. A consequência disto é que o desgaste das três guerras púnicas, para Cartago, foi muito mais profundo do que no lado romano. Os romanos podiam perder 40 ou 50 mil homens numa grande batalha (como na célebre batalha de Canas, contra Aníbal), mas conseguiam repôr esse número de legionários no ano seguinte, dado que tinham quase um milhão de cidadãos em armas. Em Cartago, bastava uma grande derrota para perder um número irreparável de cidadãos. Por outro lado, a minoria fenícia começou a ter problemas em controlar os mercenários e houve guerras sangrentas que o senado de Cartago venceu apenas a grande custo.

Quanto aos problemas de expansão urbana, desconheço, mas acredito que sim. Mas apesar da imigração de estrangeiros, Cartago era uma cidade fenícia.

Há um último pormenor a ter em conta: é que as ruínas que hoje existem no local da antiga Cartago (perto de Tunis) são na sua maioria da cidade romana, fundada por Júlio César cerca de 100 anos depois da destruição de Cartago pelas legiões de Cipião Emiliano. A Cartago romana foi tão ou mais magnificiente do que a púnica, sendo a segunda cidade do Império no Ocidente e um grande porto comercial, de onde era exportada a produção agrícola da província de África (até à fundação de Constantinopla, no século IV, as principais cidades romanas eram, salvo erro, Roma, Alexandria do Egipto, Antioquia da Síria e Cartago).

Citação de: Jack Gordon em 04 fevereiro, 2013, 21:19
Vi issso no canal História a modos que não tenho 100 100% certezas, mas é descartável que sejam 40/30% de pop de várias origens?

Eles não tiveram, isto segundo o documentário, um problema de expansão urbana pelo crescimento de populações de fora?  Era só isto que queria saber.