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  • Um grão de areia no universo da minha solidão
    Iniciado por Templa
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E ele ali ficou
O Tempo
Fechado na minha mão.
Era só para o abrir
Quando aquela sensação de solidão
Se equidistasse de mim.
Um jardim
Onde os pássaros chilreiam
Pendurados nas árvores
E onde o canto se mistura com  o ruído dos carros
Numa estranha cacofonia.
O sol alto, no céu
Caminhando em direcção ao mar
Para morrer mais um dia.
Como eu hei-de de morrer também
Num dia não sei quando
E eu ali,
Na esquina do passeio
Com o Tempo fechado dentro da mão
A mala pousada no chão.
De novo a partida
Mais uma viagem
Sem saber para onde
Na cidade que põe e dispõe  de mim
Sem perguntar a minha opinião.
E o táxi que não chega
Enquanto o vou picado da alma Pousa nas pétalas do amor
Que eu sonho andar por aí à minha procura.
Ah!, e o táxi sem aparecer.
Para me levar para onde eu não sinta esta solidão,
Aqui no meio da rua
Onde os transeuntes
Mesmo olhando para mim nem sabem que existo.
Finalmente, o táxi
Levando-me não sei para onde
Ou para onde não sei se me querem bem.
Mais uma corrida, mais uma viagem
E eu com o Tempo na mão,
À espera de o abrir
Quando eu, o Tempo e a Alma
Nos fundirmos numa plenitude
Onde os pássaros chilreando nas árvores
O barulho dos carros
Uma uma adolescente no passeio à espera de um táxi com as malas pousadas no chão
Tenham apenas a importância de um grão de areia no Universo.

7 de Fevereiro de 2012

Templa
Templa - Membro nº 708

""Ha no homem algo de fundamental, que nao se consegue."

Templa - Membro nº 708

""Ha no homem algo de fundamental, que nao se consegue."

Obrigada, querida. Eu acho que, por aí algures, já peguei nesta memória. Mas não faço ideia de como  a vesti, em palavras.

Abraço

Templa
Templa - Membro nº 708

#5
Faço minhas as palavras da Luna ... " Quando não são ocas as palavras, criam belos poemas ". ;D

Parabéns mais uma vez Templa ... continua a postar essas "memórias", que no caso dão "belas telas", com a côr das palavras. ;)
Causa Debet Praecedere Effectum -  ( Não há efeito sem causa )

De Nihilo Nihil - ( Nada vem do nada )

Citação de: Seth em 07 fevereiro, 2012, 22:31
Faço minhas as palavras da Luna ... " Quando não são ocas as palavras, criam belos poemas ". ;D

Parabéns mais uma vez Templa ... continua a postar essas "memórias", que no caso dão "belas telas", com a côr das palavras. ;)


Obrigada Seth. Eu não sou muito de escrever poesia... Mas, se calhar tens razão no que disseste no outro post. Eu ando um bocado ansiosa, daí... Eestou com um problema bastante grave, duas fracturas nas 6ª e 7ª vértebras desde há um ano e se calhar a doença era mesmo a minha...  :(
Templa - Membro nº 708

Citação de: Templa em 08 fevereiro, 2012, 15:00

Obrigada Seth. Eu não sou muito de escrever poesia... Mas, se calhar tens razão no que disseste no outro post. Eu ando um bocado ansiosa, daí... Eestou com um problema bastante grave, duas fracturas nas 6ª e 7ª vértebras desde há um ano e se calhar a doença era mesmo a minha...  :(

Esperemos que a recuperação seja breve, e o menos dolorosa possivel ... ;)

Podia ser uma "janela" ... É mais o que desconhecemos, do que aquilo que sabemos ...

As melhoras  ;)

Causa Debet Praecedere Effectum -  ( Não há efeito sem causa )

De Nihilo Nihil - ( Nada vem do nada )

Templa - Membro nº 708

gostei! =)

só é pena que estejas preocupada em manter a mão fechada sem deixares fugir o que lá está.

é caso para dizer: coitadinho do teu tempo.....está aprisionado... não é livre.


#10
Citação de: aros em 14 fevereiro, 2012, 13:44
gostei! =)

só é pena que estejas preocupada em manter a mão fechada sem deixares fugir o que lá está.

é caso para dizer: coitadinho do teu tempo.....está aprisionado... não é livre.




Boa observação.... Mas, em contrapartida, só quando  abrimos mão do tempo e do espaço é que  ficamos a saber o que andámos a fazer na vida, porque é o dia em que morremos.

Mas, está bem!,  coitadinho do tempo,  fechado na minha mão, sufocado,  sem respirar, porém, enquanto lá estiver, não deixa de estar a lutar pela vida.... ;D

Abraço
Templa - Membro nº 708

#11
a ideia que tenho do que acontece quando morrer é muito simples: deixo de ser eu e passo a ser outra coisa.

enquanto sou eu, não quero aprisionar nada na minha mão. as coisas existem para se movimentarem.

por isso existe espaço -  para nos movimentarmos.

se por acaso fechar alguma coisa dentro de mim, tenho algum dia de a deixar sair outra vez.

isto tão evidente, que as coisas que ficam literalmente dentro de nós (como exemplo.: a comida) entram e saem!

tal como nós estamos sempre a entrar e a sair dos mais variados espaços..  nós próprios somos um espaço para muitas coisas entrarem e saírem.. como a matéria que compõe o nosso corpo ou o ar que inspiramos e expiramos.... e neste processo existe sempre uma mudança.

ora isto inclui as ideias.

e o tempo é uma ideia.

logo, nenhuma ideia se fixa eternamente em nós - porque nós não somos eternos.

somos movimento: entramos e saímos, mudamos. =)

eu digo isto porque vejo que a infelicidade de muita gente existe devido a elas não deixarem certas coisas seguirem o seu caminho... prendem-se muito.

afinal, amar é saber dar espaço. - é deixar ir.

a criança ama assim. possúi, ama, e deixa ir. por isso elas crescem tão depressa - porque não estão muito presas ás coisas (ideias).

Templa - Membro nº 708