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  • Lagarrona
    Iniciado por Seth
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Segundo as lendas, pois as biografias desses personagens não têm registos históricos precisos, o nome "Bruxa de Évora" [ou Bruxa de YeborathIebora, em árabe يعبره significando ... Cruzado, cruzamento, encruzilhada].

Uma etimologia que sugere a tradução do termo Bruxa de Évora para Bruxa de Encruzilhada ou, bruxa que faz seus trabalhos em encruzilhadas, lugar de Pactos. [Lembrando uma característica que lembra a divindade grega Hécate, senhora dos encantamentos e do mundo dos mortos.]


Com uma pequena mudança gráfica e fonética, se Yeborath é dito Iebora, então o significado muda para Agulha, agulhas e assim resulta, Bruxa das Agulhas. Ou seja, uma bruxa que trabalha com agulhas.

No tempo em que os mouros viviam na região portuguesa de Évora [e os mouros chamavam a cidade de Yeborath a Liberalitas Julia da época da dominação romana], o rei mouro Praxadopel ali construiu um castelo em Montemur  [região vizinha de Évora cujo centro é a cidade de Montemor].

Nesse castelo, hoje chamado Castelo de Giraldo, transformado em ruínas pelo passar dos séculos, em meio às pedras, louvado nas noites escuras pelo uivo de lobos e chacais, que, no fundo da propriedade, enterrada entre montes de pedras, está o Túmulo de Montemur. Nele foram encontrados os restos mortais de sete pessoas e pergaminhos [supostamente] escritos por Lagarrona, a feiticeira de Évora.

Frei Antão de Sis, estudioso dos fenómenos mágicos e da feitiçaria, através dos pergaminhos, encontrou a casa da bruxa, ainda em pé, apesar do tempo. Descreveu-a como uma casa diabólica... No meio dela havia uma cova da altura de um homem. As paredes internas estavam repletas de desenhos representando lagartos, cobras, lagartixas caracóis, rãs, escaravelhos, símbolos egípcios, vespas, baratas e outros bichos peçonhentos.



Do lado de fora, havia quatro sapos e várias figuras de meninos tendo nas mãos molhos de varinhas de ervas com os quais ameaçavam os sapos. Ainda dentro da casa, em dos cantos dessa casa mal-assombrada havia a escultura de pedra de um cavalo-homem, como um centauro. Noutro lugar, outra estátua, esta, a de uma mulher-serpente. Em certo ponto do chão ladrilhado com cerâmica negra, uma inscrição:

O primeiro a abrir esta cova
Verá coisas jamais vistas
Cava por diante para que resistas [enfrentes]
ao grande temor que seu peito prova
Verás sortilégios mágicos que prendem os homens,
o filtro do amor que amarra as mulheres.
Não temas, não temas. Não mostres temor:
acharás sucessos, magia e amor
e, por certo, em tudo será vencedor.

É praticamente inexistente o material documental sobre a pessoa específica de uma Bruxa relacionada, residente ou oriunda da região de Évora. Livros, biografias sobre essa personagem são poucos e contém informações de fonte duvidosa e/ou desconhecida. Edições de obras bem conhecidas não mencionam datas ou originais.

Caçada pelos agentes da Lei, depois de várias peripécias, ela acaba morrendo durante um acidente na realização de um de seus feitiços, que fazia em uma tentativa desesperada de escapar da Justiça. Quando chegaram os soldados, encontraram-na morta. Não foi sepultada.
Como punição post-mortem, foi pendurada na porta da própria casa e ali ficou apodrecendo e sendo devorada pelos abutres e vermes. O cadáver, lentamente virando ossada, oscilando ao sabor das ventanias, era uma visão macabra que parecia vigiar o lugar e a bruxa morta passou a ser chamada de La Guardona [ou, as corruptelas, Lagarrona e Lagardona], algo como A Guardiã... da casa, de suas ruínas e arredores. O local, naturalmente, passou a ser temido e considerado como assombrado.

Todavia, mais adiante, quando fala do encontro da feiticeira com o ex-mago negro, o autor [Santander, Gran Libro de San Cipriano o los tesoros del hechicero, 1985], ignora completamente os dados históricos que, se pouco dizem também sobre a vida do bruxo Cipriano, ao menos bem determinam a data de sua morte, martirizado por ser cristão em 304 d.C., muito antes, séculos antes, portanto, da Bruxa de Santander ter protagonizado aquelas aventuras.

No episódio do feitiço da cobra grávida, o fim da bruxa é outro: cristianizada, bem aposentada com o ouro do último bruxedo que fez por contrato e empregada como Aia [criada pessoal] de uma condessa.

Torna-se claro que os relatos sobre a bruxa de Évora são de fato, um conjunto de lendas e seus supostos escritos são de origem desconhecida, excertos de Grimórios mais antigos de autoria igualmente duvidosa. Alguns são atribuídos a este ou aquele mestre mais conhecido na esfera do folclore, da cultura popular, como Alberto, o Grande, Papa Honório, bruxo Atanásio e o próprio Cipriano, o feiticeiro.

Sobre o sincretismo no qual foi forjada a Bruxa de Évora, Maria Helena Farelli escreve: "...o português sempre acendeu uma vela para Deus e uma para o outro. Até na Igreja ele fazia mirongas... Até os padres eram acusados desses feitos. Mas os considerados grandes bruxos eram os mouros e os judeus... "(Idem, p 29). E mais: ..."segundo a lenda, a Bruxa de Évora era moura... árabe ou mourisca... morena..." (Ibid., p 29).   

Fonte : Sofá da Sala
       
Causa Debet Praecedere Effectum -  ( Não há efeito sem causa )

De Nihilo Nihil - ( Nada vem do nada )

Não sei qual é a sua fonte, mas o texto da bruxa está em português do Brasil e o nome "La Guardona" em espanhol. Algo não bate certo...