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  • Porque o gato é considerado sagrado no antigo Egito?
    Iniciado por carlos
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carlos
O Deus Gato

Venerado e sublimado, o gato conheceu as suas horas de glória sob o céu do Oriente.
Durante a época de transição entre o Médio e o Novo Império, entre 1785 e 1557 A.C., os egípcios veneravam Bastet, a deusa-gato com corpo de mulher e cabeça de gato. Símbolo do amor e da procriação, foi venerada em Bubastis, cidade que se tornaria a capital durante o reinado dos Reis Líbios, e em Saqqara, local onde foi construído o templo Bubastéion. A criação de gatos sagrados, objeto de culto durante as festividades anuais, era uma prática frequente. Estes animais eram alimentados com pão embebido em leite e peixes do Nilo. Seguidamente, eram exibidos num cesto afim de receberem as homenagens do povo. Quando morriam, eram cobertos por um lençol e o seu corpo era tratado com óleo de cedro por um embalsamador. A prática de mumificar os gatos só teve início a partir da XXII dinastia (950 A.C.). Mais tarde, sob a XXX dinastia, durante a qual se verificou uma intensa propagação da cultura grega no país dos Faraós e no século IV A.C., época da ocupação do Egito pelos Persas, a prática estava bastante enraizada nos costumes: as múmias eram cada vez mais numerosas. Este fato foi comprovado pela descoberta de dezesseis necrópoles de gatos, das quais as mais importantes estão localizadas em Beni-Hassan, no santuário da deusa-gato Bastet, em Saqqara e em Bubastis.
Quando foram enviadas por barco para a Europa, estas múmias de gatos ficaram inicialmente conservadas no Museu de História Natural de Londres. Porém, o seu número era tão elevado que acabaram por ser utilizadas como fertilizante. Graças aos progressos alcançados nas áreas de radiologia, foi possível estudar estes antigos tesouros, os quais constituíram uma importante fonte de revelações.
De fato, estes gatos eram muito jovens, tendo a maioria dos quais idades compreendidas entre os 2 a 4 meses ou os 9 a 17 meses. Um detalhe veio proporcionar novos conhecimentos sobre os costumes dos egípcios. A marca de estrangulação presente no pescoço dos gatinhos demonstra que, antes de serem mergulhados em natrão e posteriormente embalsamados, a sua morte nem sempre provinha de causas naturais.
No entanto, o culto egípcio dedicado ao gato deixa os seus vestígios. A sua glória estendeu-se ao estrangeiro: na Gália, a descoberta de amuletos, estatuetas e sistros – nomeadamente na cidade de Toulouse, onde estes objetos eram provavelmente datados do século I A.C – ocorreu em simultâneo com a descoberta de vestígios de gatos na Grã-Bretanha, em Budbury, em Gussage All Saints e em Danebury. Esses locais testemunham a forte implantação e disseminação do gato. Durante muito tempo, a veneração do gato no Egipto "alimentou" a escrita dos autores gregos. Heródoto evocou um período de luto para as famílias que sofressem pela morte do animal. A tradição exigia que as sobrancelhas fossem rapadas como sinal de consternação. Diodoro de Sicília descreveu a paixão que os Egípcios sentiam pelo gato. Numa narrativa que se desenrola numa época crucial, em que os egípcios temiam uma guerra com Roma, este autor descreve como o Rei Ptolomeu Aulete, pai de Cleópatra, foi incapaz de salvar um inocente romano, o qual teria morto um gato acidentalmente. As leis que contemplavam os assassinos de animais sagrados eram de uma tal rigidez que o rei não tinha qualquer poder para as transgredir.
O gato era um animal sagrado e podia influenciar as decisões dos seus adoradores. No século VI A.C., segundo o historiador Políbio, este animal teria ocupado uma posição estratégica durante um evento militar. Durante o cerco de Peluse por Cambises II, Rei da Pérsia, o inimigo apoderou-se dos gatos e colocou-os precisamente na linha da frente da batalha. Esta astúcia provocou a rendição imediata dos egípcios, os quais se recusaram a ter os seus animais sagrados no alvo das batalhas.
No Oriente, o gato foi igualmente reverenciado. De acordo com a lenda, Maomé preferiu sacrificar a sua roupa e cortar uma manga em vez de acordar a sua gata Muezza, que dormia no seu colo. No século XIII, o sultão El-Daher-Beybars deixou como herança para os gatos vadios a totalidade de um jardim, ao qual foi dado o nome de "O Pomar dos Gatos" ou Gheytel-Qouttah.
No Extremo Oriente o gato foi tratado com grande estima. Os monges budistas faziam criação de gatos sagrados. No Japão, o palácio de Kyoto abriu as suas portas a uma gata branca a qual deu à luz cinco gatinhos. O templo dedicado à gata Maneki-Neko, o qual retrata a deusa sentada com uma pata erguida em sinal de boas-vindas, prova a grande adoração que existia pelos gatos no país do Sol Nascente.

Parece que arqueólogos descobriram recentemente no centro de Alexandria, no Egipto, um templo de 2000 anos dedicado á deusa-gata Bastet! Ao que parece, o templo pertenceu á Rainha Berenice, esposa de Ptolomeu III.
"Eu não cometerei a estupidez de considerar tudo o que não posso explicar como fraude." Carl Jung

''A tradição é a personalidade dos imbecis"