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  • Casa Assombrada
    Iniciado por Arph
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Depois de ler aquele excelente relato sobre o prédio assombrado na Póvoa de Santa Iria, lembrei-me dum caso que a minha avó e as amigas comentavam e que passo a descrever:

Como já disse, sou da zona Centro, e cresci no litoral, tendo passado a Primária até ao 9º ano numa aldeia com os meus avós maternos, que eram daqueles velhotes à antiga: muito rectos, educados e que absorviam o tempo no seu trabalho. Embora gente muito terra-à-terra, tinham as suas superstições, aumentadas e alimentadas pelo facto da aldeia só ter tido luz eléctrica já em fins dos anos 70. Lembro-me muito bem de estar à lareira à luz de candeeiros a petróleo, com aquelas chaminés de vidro altas que ficavam cheias de fumo e depois se tiravam e limpavam com muito cuidado, recordam-se?!
Pois bem, com os meus 6 anos dei por mim a absorver as estórias que passam pela memória de gerações para gerações, pela acção da palavra. Contava a minha avó, e confirmava em silêncio o meu avô, que em determinadas alturas as vacas eram encontradas de manhã cedo fora dos currais, ou mudadas de lugar nos currais, ou com os rabos atados (entrelaçados como quem tem duas pontas de uma corda e as entrelaça), o que assustava os animais que até chegavam a perder o apetite, a definhar e até alguns a morrer. Os meus avós tinham cães de guarda, que nem sinal davam nessas noites; nem era natural que vacas, que ficavam presas na manjedoura, não tivessem sido ambas presas e ainda por cima se tivessem esquecido de fechar a porta do curral. Isto tudo, na aldeia, era atribuído a uma mulher que vivia com o marido num recanto afastado da aldeia, junto a uns moinhos de água, e tinha fama de bruxa e de sair na noite para fazer as suas actividades.
Contava ela que em dias em que tinham que passar à noite pela casa dessa mulher viam andar à volta do telhado grandes labaredas de lume que rodopiavam até se lançarem para o céu escuro em evoluções do género "trava-arranca". O que os deixava espavoridos.
Pouco tempo depois falece o marido da bruxa e pouco depois também esta acabou por falecer. E sempre que as pessoas tinham que ali passar já de noite, ouviam sempre vozes na casa desabitada, barulho de portas a abrir e a fechar, de louça a ser mexida e isso sem que se vislumbrasse uma única centelha de luz pelas janelas com as portadas abertas. Outras vezes, viam-se mesmo ao longe (500mts) estranhas luzes a pairar de noite sobre a casa que, de resto, passou a ter uma imagem sinistra e era evitada por toda a gente.
Eu próprio a cheguei a conhecer, pois gostava de ir até aos moinhos, mas já estava degradada, sem grande parte do telhado que já tinha ruído, e com o interior com paredes de adobes já desfeitas, esventrada, sem portas ou janelas e completamente conquistada pelas silvas.
Mesmo assim, passávamos por ela a correr sem olhar para trás.
Hoje já não existe.

Bom relato =) é pena o edificio ja não existir senão ia ai ver =P
A vida é efémera, a morte inevitável mas a palavra é eterna...

panito
Bom relato...mas falta emoção lol just kidding


LOL Tens toda a razão  ;D

Agora mesmo vou escrever um outro que se passou comigo nessa aldeia há uns 15 anos, e acho que pode ter mais alguma emoção  ;)

Abraço a todos

panito
Força já estou curioso =))

Responde-me a uma coisa:

Essas manifestações ainda perduram mesmo com a casa desaparecida? ou quando a casa desapareceu devido ás ruinas nada mais lá se passou?
Sou como sou, quem gosta, muito bem.
Quem não gosta, paciência!
Viva a liberdade de escolha!

Ao que sei, as coisas continuaram a acontecer enquanto a casa esteve de pé e com telhado. Quando entrou em ruína acentuada, com o desabamento do telhado e de paredes, ao que parece as coisas terminaram. Eu já a conheci em ruínas e coberta de silvas. Era uma casa térrea de aldeia com a fachada principal virada para o caminho e com um portão na extremidade que dava para um pátio no interior, com um muro em adobes a toda a volta. No pátio ficavam os currais, capoeiras e arrumos.
Nunca lá vi nada, em criança apenas lá passava a correr por a casa ter "má fama"  :)
Hoje já nem vestígios da casa existem. E nunca mais ouvi falar de que no lugar da casa de passasse algo de anormal.

panito
Secalhar é um daquelas histórias que existem em todas as terrinhas

É uma pena casas dessas se perderem ,mas enfim neste Portugal é o que há mais.As famílias morrem e não ninguém que tome conta, que pena.

panito
...quando não há falta das coisas é assim

acho estranho os fenómenos se é que o eram terem desaparecido com a casa
normalmente tais coisas estão presas à terra e se defacto já nada existe, então só me leva a crer que era uma história de aldeia mesmo em que por motivos pessoais se tomavam certas atitudes e actos na calada da noite e sem ter provas ou apanharem quem fosse em flagrante, tudo era mistério, sobre natural.

Esta é a minha opinião simples, podem acreditar ou não, mas é só uma simples opinião
Sou como sou, quem gosta, muito bem.
Quem não gosta, paciência!
Viva a liberdade de escolha!

Citação de: Margarida em 10 setembro, 2010, 11:29
acho estranho os fenómenos se é que o eram terem desaparecido com a casa
normalmente tais coisas estão presas à terra e se defacto já nada existe, então só me leva a crer que era uma história de aldeia mesmo em que por motivos pessoais se tomavam certas atitudes e actos na calada da noite e sem ter provas ou apanharem quem fosse em flagrante, tudo era mistério, sobre natural.

Esta é a minha opinião simples, podem acreditar ou não, mas é só uma simples opinião


Concordo contigo. Pode haver muita efabulação, mas atendendo a quem me contou a história, que depois confirmei com outras "velhas" da aldeia, alguma coisa de muito estranho lá se passou, disso não tenho dúvidas.

Citação de: Arph em 09 setembro, 2010, 20:19
(...)
Pouco tempo depois falece o marido da bruxa e pouco depois também esta acabou por falecer. E sempre que as pessoas tinham que ali passar já de noite, ouviam sempre vozes na casa desabitada, barulho de portas a abrir e a fechar, de louça a ser mexida e isso sem que se vislumbrasse uma única centelha de luz pelas janelas com as portadas abertas. Outras vezes, viam-se mesmo ao longe (500mts) estranhas luzes a pairar de noite sobre a casa que, de resto, passou a ter uma imagem sinistra e era evitada por toda a gente.
(...)

História, sem dúvida interessante.
Porque era aquela aldeã conhecida como bruxa?
Conheciam-se alguns factos que lhe fossem directamente atribuídos ou apenas por se «ouvir dizer» pelos restantes aldeões ou à roda da fogueira?


Citação de: Arph em 10 setembro, 2010, 11:16
Ao que sei, as coisas continuaram a acontecer enquanto a casa esteve de pé e com telhado. Quando entrou em ruína acentuada, com o desabamento do telhado e de paredes, ao que parece as coisas terminaram.
(...)

Citação de: Margarida em 10 setembro, 2010, 11:29
acho estranho os fenómenos se é que o eram terem desaparecido com a casa
normalmente tais coisas estão presas à terra
(...)

Situações pouco frequentes ou anormais aconteceram naquela casa enquanto foi casa.
Nela viveram os seus donos do lado de cá e do lado de lá. Quando o telhado ruiu e se encheu de ervas, a anormalidade acabou porque a casa desapareceu.
Nada mais natural.
Os seus residentes, eram de facto, residentes e nada mais, quando morreram mudarem de plano.
Continuaram a viver na casa porque continuaram a ver a casa. Para eles a casa das sua vidas continuava a existir, como existia de facto para nós, embora em degradação diária.

É conhecido o ambiente de um casa pela energia residente, dos que lá vive(ram), seja deste ou doutro plano.
Quanto se aperceberam que a energia residente se espalhara pelo ambiente natural (ao ar livre) com a queda do telhado desapareceram. E tudo o que os acompanhava, vultos, sombras, luzes e sons desapareceram. Mas só desaparecem do nosso plano.
É conhecido por relatos e descrições que as entidades que vivem noutros planos concebem a sua vivência pela criação metal que fazem de acordo com as princípios, valores e crenças que tiveram enquanto viveram entre nós.
A sua vida noutro plano não muda o essencial das suas vida, pelo menos o que não pressuponha a existência de um corpo físico, porque esse deixaram do lado de cá,

A Margarida estranha os fenómenos terem desaparecido com a casa porque «normalmente estas coisas estão presas à terra».
Do que conheço tais fenómenos, estão sobretudo associados às pessoas e aos locais e não necessariamente à terra, e neste caso, quando as pessoas e o local desapareceram os fenómenos acabaram.
Tudo de acordo com o que se conhece da realidade paranormal.

A grande diferença entre o campo e a cidade ou melhor entre o interior e o litoral é que um não aceita (ou recusa aceitar) os factos e  outro repete o ouve (não distinguindo a realidade e a ficção) não discernindo a verdade da ausência dela.
«Para aqueles que não querem pensar existe o alimento dos templos»
(Manuscrito de Urga)


Damiano, ela tinha fama de bruxa porque fazia feitiços: o que hoje se chamará magia branca e magia negra. Isso era do conhecimento geral. Recebia pessoas doutras aldeias que a consultavam para isso. Muitas pessoas iam à aldeia e perguntavam aos habitantes onde era a casa de fulana tal, com o propósito da "consultarem".
Ao que sei, ninguém da aldeia a consultava.
Sei que mais tarde a aldeia voltou a ter outra, que bem conheci e cheguei a frequentar a casa dela em criança por ser colega dos filhos dela. Faleceu há uns 8 anos.
As aldeias têm destas coisas  ;D

é possível arranjar fotos da bendita casa já agora?  ;D