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  • Cosmogonia egipcia: A criação do mundo por Aton
    Iniciado por AndreiaLi
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AndreiaLi
A criação do mundo por Aton

Como se deduz na versão apresentada, o demiurgo Aton, que em Heliópolis estava sozinho na colina primordial, depois de se masturbar, engoliu o sémen e lançou de sua boca Chu e Tefnut, respectivamente o ar e a humidade, existindo aqui uma calra adaptação posódica - Chu vem de Ichech (cuspir) e Tefnut é Tefen  (tossir), Acrescente-se que a mão com que o criador Aton se masturbou foi logo título importante de rainhas: "mão do Deus" (Deret-netjer).

O modelo cosmogônico serve de padrão arquetípico para muitas outras criações. E como a função mestra do mito é a de fixar os modelos exemplares para todos os ritos e para todas as acções humanas significativas, já se vê a importância dos mitos de criação que nos chegaram do Antigo Egipto. Este muito interessante mito criacional, com outro qualquer mito, conta como, "graças às acções primordiais dos seres sobrenaturais, surgiu um facto qualquer, seja a realidade total - o cosmos - seja apenas um dos seus fragmentos" (Mircea Eliade).

Como é referido na próprio inscrição do texto da criação por Ptah, o palavra foi inscrita no bloco foi supostamente copiado a partir de uma versão antiga e deteriorada por acção dos vermes (o suporte original seria um papiro). A datação do texto original é alvo de controvérsia. A linhagem arcaizante nele utilizada levou alguns a optar por uma datação bem antiga, algures do Império Antigo, mas há quem date do Império Novo. Antes da invocação da criação do mundo por Ptah, a Teologia Menfita apresenta a seguinte introdução: "Este livro foi copiado por ordem de sua majestade na morada do seu pai, Ptah, o que está a sul da sua muralha. Foi a própria majestade que encontrou a obra dos seus antepassados. Ela estava tão carcomida pelos vermes que não podia ser lida inteiramente do início ao fim. Sua majestade deu-lhe durabilidade. Ele copiou o livro e este ficou melhor do que era antes, de acordo com o seu desejo. Que o seu nome permaneça e os seus monumentos perdurem na morada do seu pai, Ptah, o que está a sul da sua muralha, por toca a eternidade como uma obra filho de Rá, Chabaka, para o seu pai Ptah-Tatenen. Que ele viva eternamente!".

A criação pela força mágica da palavra protagonizada por Ptah é uma inteligente resposta à mais antiga forma de criação elaborada apartir da masturbação por Aton de Heliópolis. O hábil clero menfita de Ptah urdiu uma concepção mais filosófica para suplantar a versão de Heliópolis, colocando toda a Enéade sob a égide do Deus menfita e entafizando a sua forma de criação pelo pensamento (sia) e pela palavra (bu), isto é, o coração e a língua de Ptah, que procuram responder às arcaicas imagens do sêmen e da mão de Aton.

A criação

Nada ainda existe no mundo a não ser Nun, o grande oceano primitivo que um dia será chamado pelos sábios de "sagrado Nilo". Ao seu redor, reinam o silêncio, as trevas e o caos infinito, não havendo ainda olho humano que possa perceber a ausência das formas, dos volumes e das cores. Não há nem mesmo morte nesse opaco universo, já que vida alguma existe ali. O informe deus Nun permanece imerso desde sempre em seu sono primitivo, não passando ele — e o próprio universo, já que Nun e ele se confundem — de um grande espelho liquefeito de águas imparciais, escuras e salientes, a reflectirem o nada inexpressivo que habita o mundo.

E então, inesperadamente, o grande mistério acontece: Nun começa subitamente a mover-se, despertando, enfim, de seu longo sono primordial. Negras tempestades agitam o espelho opaco das águas revoltas enquanto grandes massas escuras de água são lançadas para o alto, fazendo explodir em todas as direcções, imensos e trepidantes jorros de espuma negra. Aos poucos a força vital de Nun começa a operar, e das profundezas do mar revolto surge lentamente uma pequena ilha envolta pelo impenetrável manto da escuridão. Um primeiro progresso se fez perceber, pois onde antes havia somente uma, agora ha duas trevas: a treva imóvel da terra e a treva ondulante do mar.

Uma gota cristalina desliza e cai de seus olhos brilhantes, indo entranhar na terra dura e seca que o calor de seu próprio corpo gretara. Dessa gota divina, um dia, surgirá a humanidade. Depois, os olhos do poderoso Rá fecham-se e seu pensamento se dedica a criar outras divindades que lhe façam companhia. Uma a uma elas vão surgindo, nomeadas pelo Deus solar: primeiro Tefnut, a deusa da água, e Shu, o Deus do ar, que habitarão no firmamento, glorificando o seus supremo. Então, da união desses dois deuses nascem Geb, Deus da terra, e a bela Nut, deusa do firmamento.


Brotada no centro dessa pequena ilha ergue-se, aos poucos, uma pequena flor de lótus, alva e delicada e que se destaca no meio da treva circundante. O universo conhece seu primeiro momento de espantosa beleza ao contemplar aquela pequena for, frágil e solitária, a desafiar a escuridão silente do Nada. Então, do centro da flor começam a emanar lentamente finíssimos raios de uma fulva claridade. As pétalas do lótus vão abrindo-se e da luz que dele emana forma-se, finalmente, a figura soberana de uma nova e luzente divindade. Alguns a chamarão de Rá, outros, de Amon e, ainda outros, de Amon-Rá — aquele ser divino que um dia as gerações futuras louvarão como o abençoado deus solar. A nova divindade emerge de seu delicado leito estendendo seus raios flamejantes pela terra inteira — ainda vasta paisagem árida e infinitamente desolada —, riscando o horizonte negro com seus retilíneos feixes dourados, até que tudo se torna claro o bastante para que se possa separar a luz das trevas. Recém-despertos para a vida, os olhos de Rá nublam-se de luminosas lágrimas ao enxergar o pouco que ainda há no mundo e o muito que lhe falta.


Os últimos, por sua vez, dão origem a primeira geração de deuses a habitar a sagrada terra do Egipto: as Deusas Isis e Néftis e os deuses Seth e Osíris. Primogénito entre todos, o puro Osíris virá ao mundo para cumprir o ciclo inteiro da vida e da morte. Será o grande Deus civilizador que ensinará aos homens, ainda imersos na barbárie e na ignorância, as sagradas artes da agricultura e do culto. Ele tornara próspero o Egipto, espalhando a civilização por todo o mundo, além de ser o primeiro Deus a possuir a forma humana e a reinar sobre as criaturas de forma inconteste. Isis, sua irmã e esposa, reinará ao seu lado sobre as terras que circundam o majestoso Nilo, em paz e harmonia, ainda que sob os olhos amargos de inveja do sinistro Seth, sedento de maldade e poder.

Fonte: Templo de Apolo

"Eu já te disse o que temos em comum? Energia. E sabes o que faz a energia? Vibra. Nós os dois vibramos porém com frequências distintas." Alexandra Solnado

Tópico interessante, é engraçado se examinarmos o simbolismo inerente ás diferentes história de criação encontramos muitos pontos em comum... é uma convergência interessante
Fueled by Satan